A tarde mal havia começado e eu já estava me sentindo exausta. Christian McInstosh estava em uma viagem de negócios, mas isso não era o suficiente para impedi-ló de dar uma ordem atrás da outra. O pior era que eu tinha que executa-lás com a mesma velocidade que ele solicitava. Depois de acatar todos os seus pedidos me joguei na cadeira giratória com as mãos sobre os olhos. A frustração me atingiu em cheio. Era apenas o meu primeiro dia e eu já me questionava se realmente daria conta de todo aquele trabalho.
- Não Bella! Nem ouse a desistir! - Disse a mim mesma. Precisava daquele emprego mais do que nunca e por isso não podia desistir na primeira oportunidade.
Ainda com as mãos sobre os olhos,escutei uma leve batida na porta.Suspirei desanimada,pois sabia que seriam mais ordens do senhor McIntosh.
- Entre... - Disse, enquanto tentava me recompor do cansaço.
- Isabella Swan...
Meu corpo petrificou ao ouvir aquela voz pronunciar meu nome. Não tive coragem de erguer os olhos para encara-ló. A unica coisa que eu queria era sair dali logo e nunca mais voltar.
- E-Edward Cullen...- Fazia tantos anos que eu não pronunciava aquele nome em voz alta que soou estranho aos meus ouvidos dize-ló.
- A quanto tempo. - Disse Edward amigavelmente.
- Preciso ir embora.- Saltei da cadeira e peguei minha bolsa e o blazer. Não queria ter aquela conversar, eu mal conseguia olha-ló e está no mesmo ambiente que ele me deixava nervosa e ansiosa. Era como se todos os fantasmas voltassem a minha mente.
- Espera... - Ele segurou meu braço, me obrigando a parar e olha-ló.
Para o meu profundo desespero,Edward Cullen não havia mudado quase nada, pelo contrario, os anos só o fizeram bem. Seus olhos verdes cintilavam sobre a luz fluorescente,enquanto esquadrinhavam meu rosto absorvendo cada detalhe.
- Me solta, Edward. - Puxei o braço e me afastei dele. - O que está fazendo aqui? Como me encontrou?
- Nossa, quantas perguntas de uma vez? - Sorrio ele com uma certa ironia que me deixou irritada. - Pensei que ficaria feliz ao me reencontrar, não imaginava que ainda sentia tanta raiva de mim.
- Não imaginava? -Desdenhei. - Será que a sua memoria é curta ou você só é cínico mesmo? Eu preferiria morrer do que ver você novamente. Porém,quero saber como me encontrou?
Edward sorrio. Maldito sorriso, pensei com raiva ao sentir meu coração bater descompassado.
- Bom, Christian McIntosh é meu cunhado. - Respondeu ele, deliciando com a minha expressão de surpresa. - Sou um dos acionistas da empresa, o que me torna um dos donos.
- Que bom saber. - Disse secamente. - Agora se não importa irei até ao RH pedir minha demissão.
- Ah,não vai não. - Disse Edward,bloqueando a porta. - Deu muito trabalho convencer o Christian contratar você.
- Como é que é? - Disse espantada. - Que tipo de jogo sádico você pretende fazer comigo, pedindo para que outras pessoas me contratem...
- Bella, não é jogo nenhum. - Disse Edward,serio. - Não houve um dia se quer que eu não me culpasse pelo o que aconteceu a você. Tentei procura-lá, mas não tive coragem o suficiente para encara-lá. Quando encontrei o seu currículo por acaso sobre a mesa da minha secretaria,pensei que aquilo fosse um sinal do destino e por isso convenci Christian a contrata-lá. Você jamais aceitaria o emprego se soubesse que eu estava por trás disso.
- Acertou e por isso que pedirei demissão agora mesmo. - Disse com firmeza, mas Edward tornou a me impedir de sair.
- Não a deixarei pedir demissão tão fácil assim. - Disse Edward,cruzando os braços. - Temos um contrato e por isso sair da empresa será quase impossível.
- Depois de tudo o que você me fez passar...como ousa fazer isso...
Edward descruzou os braços e aproximou-se de mim. Meu corpo entrou em estado de alerta com aquela aproximação. Estava preparada para fazer o que fosse preciso se caso ele tentasse chegar mais perto.
- Eu quero te recompensar...- Ele sorrio ao ver minha expressão assustada. - ...corrigindo, quero fazer algo por você. Tenho consciência do que fiz no passado não foi certo e por isso quero me redimir com você.
Balancei a cabeça recusando a acreditar nas palavras que acabaram de sair dos seus lábios. Só podia ser uma piada de muito mal gosto. Edward não tinha ideia do inferno que fui obrigada a enfrentar e agora simplesmente ele decide que quer me recompensar para aliviar o peso na consciência.
- Isso é ridículo! - Disse inflamada de ódio. - Você não pode simplesmente aparecer e decidir que quer me recompensar por algo tão terrível. Nada do que você fizer vai mudar o passado. Não vai trazer o meu bebê de volta...
- Eu sinto muito por tudo que aconteceu...
- Não mais do que eu...então tenha uma boa noite. - Aproveitei sua distração e escapuli da sala.
Não sei como consegui chegar até o elevador. Meu corpo tremia de raiva. Depois de três anos de tratamento e terapia, eu ainda não estava preparada para reencontra-ló. Amanhã mesmo resolveria a questão da quebra de contrato. Com certeza um bom advogado encontraria algum furo nas clausulas. Céus, isso só podia ser um pesadelo.

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(...)

Edward sentou na cadeira giratória com um sorriso largo nos lábios. Bella Swan não era mais aquela garotinha frágil que havia conhecido a muitos anos atrás. Ela tinha se tornado uma mulher de beleza extraordinária. Era como se nem a conhecesse mais. Talvez isso seja algo bom, ou não. Por um momento ele sentiu vontade de voltar no passado e poder fazer o certo, mas isso estava longe do seu alcance. A unica coisa que poderia fazer agora era tentar consertar seus erros e torcer para que um dia ela o perdoe de todo mal que a causou.

(...)


Sai do elevador transtornada, mal conseguia enxergar as pessoas a minha frente. Edward não tinha o direito de fazer isso comigo, não depois de tudo que eu passei por sua causa. Eu quase podia sentir as cicatrizes abrindo na minha alma. Era como se estivesse revivendo toda a dor e sofrimento. As lagrimas até então contidas, marejaram meus olhos e antes que pudesse limpa-lás trombei em algo ou alguém. Pela firmeza era difícil de distinguir.
- Você está bem? - Mãos firmes e fortes seguraram meus braços impedindo que eu caísse no chão.
Eu queria responder "sim", mas ao invés disso me entreguei as lagrimas. Depois de cinco anos lutando para me manter forte, vi tudo desmoronando diante dos meus olhos.
- D-desculpa... - Disse com a voz embargada por causa do choro. -...desculpa... - Limpei as lagrimas com as costas da mão e ergui o olhar para o meu salvador. Ao foca-ló me segurei para não ficar boquiaberta. O homem diante dos meus olhos parecia ter saído de um das revistas da Vogue que Renée colecionava.Ele era alto e esguio, porém musculoso. Os ombros eram largos e o quadril estreito. Os cabelos negros contrastavam intensamente com os olhos azul-violeta e a pele pálida.
- Não precisa se desculpar... - Disse ele,gentilmente. - ...você está sentindo bem? - Insistiu.
Estava tão perplexa com a sua beleza que demorei alguns segundos para absorver a pergunta e finalmente responde-ló.
- S-sim... - Respondi depois de alguns segundos. - ...desculpe por ter esbarrado em você....é que...
- Já disse que não tem importância. - Disse ele,sorrindo. - Será que posso ajuda-lá com algo?Talvez você aceite beber uma água ou outra coisa...
Será que eu estava ficando maluca ou aquele homem surreal estava flertando comigo? Está maluca seria a opção mais plausível. Talvez ele só estivesse sendo gentil, enquanto eu estava fantasiando como sempre fiz a vida toda.
- Tudo bem...uma água seria ótimo. - Disse.
O homem sorrio e juntos saímos do prédio movimento.