Capítulo 4 – A transferência

Passado alguns dias que esse incidente aconteceu, e após muita ajuda dos amigos de meus pais, eu e Jaine conseguimos nos reerguer financeiramente, eu já estava de maior na época, então pude arrumar emprego, e ela me ajudou vendendo algumas coisas que tínhamos criado e conseguimos recuperar após o incêndio.

A vida seguiu, e eu me conformei com tudo que havia acontecido, mas todo o dia me doía chegar em casa e ver Jaine olhando para o além pela janela de nossa nova casa, com o olhar triste e perdido. Então comecei trabalhar em um projeto pessoal, tinha por objetivo criar uma maquina (ou algo semelhante a isso) que pudesse fazer uma transferência de corações; estava disposta a trocar o meu coração conformado pelo de minha irmã que estava infeliz.

Passei semanas trabalhando nesse projeto, e finalmente eu terminei. Só que não era algo completamente confiável, e só consegui fazer para que funcionasse apenas uma vez, depois se tornaria um objeto inútil.

Fiquei muito tempo cogitando sobre o que eu estaria fazendo... Estaria tirando o meu próprio coração! Mas era insuportável ver a tristeza de Jaine, então decidi que era realmente aquilo que eu queria. Fui visitar Jaine, e aproveitei enquanto ela descansava para colocar o meu plano em pratica. Coloquei a máquina para funcionar, deitei e aguardei. Passado algumas horas o processo estava concluído, e eu estava finalmente com o coração de Jaine.

Tudo correu muito bem. Jaine passou a voltar a sorrir, e brincar com as pessoas pela rua, se apaixonou e se casou. E hoje ela tem uma linda filha e um esposo dedicado. Por outro lado, eu, achei que poderia “burlar” o coração de Jaine, como eu era uma pessoa feliz antes, imaginei que poderia ser mesmo com o coração dela, porem não aconteceu como eu esperava. Por mais que eu tente, eu sinto no coração uma enorme angustia e um sentimento de culpa tão grande, que me impede que viver como uma pessoa comum, mesmo eu sabendo que não tenho culpa do que aconteceu, o sentimento existente no coração de Jaine, só sairia dali por intermédio dela própria.

Então passei a tentar me acostumar com essa nova vida, infeliz. “