O garoto novo

Capítulo 7


Van:– Então, quando tu ignorou a saudação do Pedro, ele ficou com um olhar estranho, que só depois eu interpretei como tristeza.

Assenti pra que ela continuasse.

Van:– Então, eu na hora pensei que era fingimento e tal. Depois disso beleza, só que ele vivia se trancando no quarto e colocando o som alto pra caramba, aí em uma dessas vezes, acho que umas duas semanas depois de a gente ter chegado ao Rio eu decidi que ia descobrir o que ele ficava fazendo trancado. E justamente nesse dia era o meu dia de fazer a faxina. E ele estava trancado como sempre e como curiosa que sou fui olhar pela fechadura, isso sem fazer barulho nenhum. E quando eu olhei pela fechadura, eu vi uma coisa que me deixou de boca aberta por dias... O Pedro tava... tava chorando.

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Nessa hora foi a minha vez de ficar de boca aberta, mas eu pedi pra ela continuar.

Van:– Na hora eu pensei que tivesse acontecido alguma coisa com ele ou algo do tipo, só que ele tava segurando uma foto na mão. Eu tentei ver que foto era, mas acabei não conseguindo. Aí me veio uma ideia, eu bati na porta e disse que queria limpar o quarto dele. E continuei olhando pela fechadura, eu vi que ele guardou a foto num fundo falso da cômoda dele. Quando ele saiu, eu fui primeiro arrumar a cômoda e tentar ver a foto. E... eu consegui.

Manu:– Ai continua Van, não me deixa nesse suspense.

Van:– A foto era... Aquela foto que vocês tiraram juntos no dia dos namorados. Eu fiquei embasbacada, eu guardei a foto no lugar e terminei de arrumar o quarto dele. Só que eu passei o dia pensando nisso, eu até pensei que ele podia ter me ouvido chegando e feito aquela cena na esperança que eu te contasse. Mas depois eu percebi que não tinha como, porque eu fiz muito silêncio e o som tava alto. Aí eu fiquei com isso matutando na minha cabeça. Várias vezes eu presenciei a mesma cena, mas eu nunca te contei. Porque eu pensei que se tu soubesse disso, talvez perdoasse ele. Desculpa amiga, mas eu iria detestar se vocês reatassem, não por você não ser boa o bastante pra ele, na verdade é o contrário. Ele não é bom o bastante pra ti.

Eu fiquei uns cinco minutos assimilando tudo. Então ele tinha sofrido por se separar de mim, se só com aquela conversa com ele eu já tinha ficado balançada, com aquela história da Van eu fiquei muito mais confusa. Eu comecei a imaginar que talvez ele tivesse mesmo se apaixonado, como sempre eu fiquei dividida, uma parte mínima de mim queria perdoar ele por tudo, mas a parte racional, essa queria que eu esquecesse ele logo.

Acho que a Van adivinhou o que eu estava pensando pela cara que eu fiz. E já começou a me dar uma bronca:

Van:– Não, não e não Manuela, nem pensa na possibilidade de perdoar o Pedro, eu sabia que eu não tinha que te contar essa história, agora tu tá pensando que o Pedro se arrependeu, que vocês vão se casar, ter um gato, dois filhos e viver feliz pra sempre.

Manu:– Eu nem pensei nessa possibilidade. - Menti.

Van:– Claro e eu sou loira.

Manu:– Ahh, tá eu até pensei, mas sei lá.

Van:– Meu Deus Manu, aquele menino foi um babaca contigo, não interessa se ele se apaixonou por ti. A única coisa que interessa é que ele fez uma aposta tosca igual aquela. Nada do que ele disser vai apagar o que ele fez, pode até ser meu irmão, mas eu nunca mais tratei ele do mesmo jeito, pela idiotice dele.

Manu:– Ai cara, eu tô confusa, muito confusa. Mas relaxa, eu vou ficar bem.

Van:– Espero, palhaça. - Abracei ela.

Depois disso eu fui esperar meu pai na portaria. Chegamos em casa até rápido, eu almocei e subi pro quarto. Minha mãe veio me avisar que meus tios iam jantar lá em casa, isso significava que o Gabriel também vinha. Por um lado achei uma merda, mas por outro, eu ia tirar minha dúvida logo. Fiz minhas tarefas e passei a tarde reclamando da dor na perna no twitter. Quando deu 19 horas, fui me arrumar, me vesti ate razoável.

Fiquei charlando até meus tios chegarem. Quando eles chegaram, eu desci bem devagar, quase não chegava lá, com a maldita perna engessada. Falei com meus tios e com o Vini príncipe, o Gabriel eu só disse que queria falar com ele:

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Gabriel:– Hm, então quer falar comigo? Aposto que vai pedir desculpa pelo soco.

Manu:– Cala a boca. Só quero saber de uma coisa.

Gabriel:– Manda. - Ele deu de ombros.

Manu:– Acho bom tu me dizer a verdade, ou eu posso persuadir a minha mãe a não te defender quando a minha tia ver a tua nota de Química. - Sorri.

Gabriel:– Mercenária.

Manu:– Teu cu, agora me responde. O... Pedro ele... ele aceitou o prêmio da aposta?

Gabriel:– Já te disse que aceitou. - Ele tentou parecer convicto, mas eu vi pelo olhar dele que ele estava mentindo. Aí pronto, minhas defesas desabaram, tudo que era defesa contra perdoar o Pedro desapareceu.

Ele foi pra sala constrangido, eu fiquei sentada na cadeira que estava lá na varanda olhando as estrelas e pensando na minha vida. Não foi á toa que eu tomei um susto quando o Vini falou comigo:

Vini:– Tudo bem que eu sou lindo, mas já cansou isso de ficar pensando em mim né Manu?

Eu dei língua pra ele e ri. Ele se sentou do meu lado no chão.

Vini:– Conta.

Manu:– Contar o quê?

Vini:– Jura? Tentando esconder as coisas de mim?

Manu:– Ah odeio esse talento de saber o que eu tô pensando.

Ele sorriu e eu contei tudo que tinha acontecido desde a última vez que a gente se falou. Ele esperou eu terminar de contar e ficou um tempo pensativo.

Vini:– Posso te dar minha opinião?

Manu:– Deve.

Vini:– De todos os amigos do Gabriel, o Pedro é talvez o mais sentimental de todos. Mas isso não significa exatamente que ele é bom o bastante pra ti. Quando eu descobri o que ele tinha feito contigo, eu tive vontade de estrangular aquele viado. Mas quando eu me acalmei, pensei melhor. Ele pode sim, ter se arrependido de participar daquela brincadeira babaca, mas isso não muda o que ele fez, nada vai mudar a atitude dele. Mas se tu quiser perdoar ele, tu tem esse direito, mas se eu fosse tu, eu tentaria descobrir se ele gosta mesmo de ti, princesa, eu tomaria cuidado se fosse tu, ele te magoou uma vez, um choro não garante que ele não vai te magoar de novo. E olha que dessa vez, não vai ter cabeça fria que me segure pra quebrar a cara daquele otário.

Manu:– Eu sinceramente não sei o que seria de mim sem ti me escutando e me defendendo. - Abracei ele.

Vini:– Acho que se não fosse eu tu já estava vendendo o corpo pra comprar chocolate.

Manu:– Idiota. - Dei língua.

Vini:– Que tu ama, chatinha.

Manu:– Claro. - Fiz um coraçãozinho com as mãos.

Ficamos conversando sobre outras coisas até a minha mãe nos chamar. Quando eu deitei pra dormir eu fiquei pensando na vida. E decidi. Decidi que agora eu vou deixar acontecer, não vou me forçar a evitar o Pedro, vou viver minha vida normalmente, se é que é possível, vou me permitir sorrir mais. Se eu esquecer logo, ótimo. Se não, vamos ver como fica tudo. Não vou mais me produzir toda para atrair um olhar dele, não vou mais sentir aquela expectativa para encontrá-lo pelas escadas e corredores, não vou mais mudar meu dia só para ter uma chance de ver ele, não vou sequer evitar. Se eu ver ele, beleza, se não, melhor ainda. Desisti de gostar tanto dele, o único problema é me convencer disso.

No dia seguinte levantei com muito sono, fui me arrastando pro banheiro, tomei banho, tomando cuidado pra não molhar o gesso u_u. Fiz um coque frouxo no cabelo, vesti um short cintura alta jeans, a blusa do uniforme e uma sapatilha preta. Desci pra tomar café e quando eu acabei, meu pai foi me deixar no colégio. Quando eu cheguei só a Van estava lá sentada. A gente ficou conversando, quando ela saiu pra ir ao banheiro, eu aproveitei pra fazer o que eu tinha começado a planejar no dia anterior. Eu tinha visto o Guilherme saindo de perto dos meninos e aproveitei para ir falar com ele.

O Guilherme era o único amigo do Gabriel que eu simpatizava e a gente tinha virado amigos na época que eu namorava com o Pedro. Ele estava voltando da coordenação. Eu me apressei e parei ele no meio do caminho:

Manu:– Gui. - Gritei não muito alto.

Gui:– Oi. - Ele falou com certo receio, afinal a gente mal se falava depois que eu terminei com o Pedro.

Manu:– Preciso de um favor teu.

Gui:– Um favor? - Ele olhou com receio.

Manu:– Fica tranquilo, nada que te complique com o Gabriel- fiz careta.

Ele riu e perguntou:

Gui:– Tá, que favor é esse?

Manu:– Eu preciso que tu fique de olho no Pedro pra mim.

Gui:– De olho nele? Eu lá sou homem de ficar olhando pra macho.

Manu:– Não leso, eu preciso que tu observe ele. Depois eu preciso de um - fiz aspas com os dedos. - relatório.

Gui:– Relatório?

Manu:– É, se ele parece triste, enfim tudo.

Gui:– Ah entendi. - Ele sorriu. - De boa.

Manu:– Ah valeu.

Voltei pro pátio o mais rápido que eu pude, a Van voltou menos de um minuto depois de eu chegar lá. E não desconfiou de nada. Depois o resto do pessoal foi chegando. e a gente ficou conversando. Quando tocou nós subimos, dessa vez a Van foi comigo no elevador. Passei a aula toda com sono, quando tocou pro intervalo eu desci pelo elevador com a Ju.

Não quis comer nada no intervalo, a Ju também não, a Nanda pediu uma vitamina de graviola, o Art um salgado, a Van um biscoito de chocolate, o Luc só um suco de acerola e o Rodolfo um Doritos. Ficamos só charlando e conversando. De repente, o Pedro, o Guilherme, o Gabriel e mais dois meninos passaram pela gente, eu fingi que nem vi, mas fiquei observando pelo canto do olho, vi que o Pedro virou pra olhar pra mim. Tirei esses pensamentos da minha cabeça e voltei minha atenção pra conversa da galera.

Quando tocou quem subiu comigo foi o Luc, consegui prestar atenção na aula, graças a Deus. Quando tocou pro fim da aula, fui junto com todo mundo na portaria e fiquei esperando meu pai, a Van como a gente tinha combinado veio comigo. Chegamos em casa e fomos direto almoçar, depois do almoço fui tomar banho e vesti uma blusa tomara que caia soltinha e um short jeans e uma havaiana. Descemos pra sala e ela foi fazer o brigadeiro enquanto eu fazia a pipoca.

Quando a gente terminou eu coloquei uma comédia no DVD e a gente assistiu se empanturrando de pipoca e brigadeiro. Depois a gente assistiu um de terror e por último um romance (bleer).

Depois que o filme acabou, nós arrumamos tudo e fomos fazer a tarefa. Depois eu liguei o som bem alto e a gente ficou dançando que nem louca, quer dizer eu tentei porque era impossível com o maldito gesso ;@@. Depois fomos tirar milhões de fotos, acabou que a gente postou só 30.

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Depois que eu postei as fotos fui assistir TV enquanto a Van atualizava as redes sociais dela. Quando minha mãe chegou, nós ajudamos ela a terminar de ajeitar o jantar e arrumar a mesa. Jantamos e depois a gente ficou vendo TV. Lá pras 22h00min fomos dormir. Ela armou a rede e se deitou. Eu não tava conseguido dormir e percebi que ela também não:

Manu:– Vanessa?

Van:– Meu nome.

Manu:– Avá?! Siiim, posso te fazer uma pergunta?

Van:– Outra?

Manu:– Ai chata, se... se eu voltasse... com... o Pedro, o que tu ia achar? - Soltei de uma vez antes que eu perdesse a coragem.

Ela me encarou:

Van:– Tu tá pensando em voltar com ele? Não mente.