Capítulo 6

Quando me virei todos já haviam acordado e estavam olhando curiosamente para o que seria aquela tempestade negra:

– Não! Não podemos ir, é perigoso e arriscado - Falei contestando Brad.

– Estão queimando algo - P falou.

– Ótimo, garota esperta, o que faremos então? Ficaremos sentados como se nada tivesse acontecendo - Lisa falou para mim.

– E-Eu não sei, se vocês quiserem ir, podem ir, mas eu não acho certo - Falei.

– Zoey está certa, é muito perigoso - Dylan falou tocando em meu ombro.

Olhei para ele concordei sorrindo. Dylan parecia mais disposto e alegre, como se algo bom tivesse acontecido:

– Ha ha ha, Dylan sua namorada é a Jill, não se esqueça disso - Lisa gritou saindo da sala.

Lisa era ruiva, estava com um rabo de cavalo, tinha olhos castanhos, usava uma calça preta colada de couro, uma blusa branca com uma jaqueta vermelha e botas. Raramente sorria, tinha um olhar forte e personalidade difícil.

Continuamos vendo a fumaça se espalhar cada vez mais veloz pela floresta, quando vimos Lisa indo em direção da mesma:

– Essa não! - Mike falou.

– Eu vou com ela - Falei.

– É muito perigoso, eu vou, conheço melhor esse lugar - Dylan falou.

– Não foi uma pergunta - Afirmei.

Dylan e eu fomos atrás de Lisa. A cada passo que nós dávamos a fumaça se aproximava, quando ela imensidão de cor preta chegou meus olhos começaram a lacrimejar, comecei a me sentir tonta e a tossir. Olhei para o lado e vi que Dylan estava sentindo o mesmo:

– Tente segurar o máximo a respiração e coloque sua blusa no nariz - Ele falou fazendo o mesmo.

Andamos mais alguns passos e alcançamos Lisa que estava desmaiada no chão. Dylan a pegou no colo:

– Temos que ir para o depósito de armas - Dylan falou com Lisa em seus braços.

Apenas concordei e o segui. A fumaça estava tornando cada vez mais difícil enxergar Dylan, sentia que à qualquer momento eu poderia cair ali mesmo, continuei em passos apressados e aos poucos conseguíamos ver o depósito:

– 3723183 é a senha da sala - Dylan falou tossindo.

Digitei rapidamente e entramos, fechei a porta para evitar que a fumaça entrasse, Dylan deitou Lisa no sofá e sentou-se no outro:

– O que era aquilo? - Falei.

– Não sei, mas desconfio que seja mais um jeito de nos capturar, eu me sinto fraco, cansado - Ele falou deitando-se.

– Quis vir para o depósito? - Perguntei.

– Era o caminho mais rápido - Ele respondeu fechando os olhos.

– Sentei-me no chão, coloquei meus braços no joelhos e peguei no sono também. Quando me levantei vi Jill e Dylan mortos e sangrando, ao me virar vi Max com sua boca cheia de sangue:

– Me mate - Ele implorou.

Acordei suando, olhei para o lado e Dylan ainda estava dormindo, mas Lisa havia sumido, me levantei e fui até a entrada, ela estava sentada em uma cadeira de madeira velha olhando a pequena janela:

– Como você está? - Perguntei puxando outra cadeira.

– Bem, acho que era para desmaiarmos, não para nos matar - Ela respondeu.

– Certo... - Falei me virando para janela.

– Obrigada, Zoey - Ela falou olhando para mim.

Aquilo era real? Eu estava tendo outro sonho?

– De nada - Falei sorrindo.

– Como está seu irmão? - Ela perguntou.

– Os médicos disseram que ele está com sintomas para morte, mas ele continua firme - Falei.

– Já vai amanhecer, logo você poderá estar junto à ele - Ela falou séria.

– O que foi, Lisa? - Perguntei.

– Eu vim para esse inferno grávida, tive minha filha naquela cela, passei tanto estresse, tanta pressão que quando ela nasceu uma das enfermeiras disse ''está morta'' e passou para outra que a jogou em um saco preto e não me deixaram nem se quer vê-la - Lisa falou chorando.

– Eu sinto muito, não sabia - Falei chegando mais perto com a cadeira.

– Ninguém sabia - Ela falou se levantando e indo acordar Dylan.

– Vamos voltar? Nunca tinha dormido tão bem, podíamos pedir para o hospital soltar mais fumaças dessas - Dylan falou brincando.

Sequei meus olhos que estavam um pouco vermelhos por conta da história de Lisa, me levantei e saí do depósito fechando a porta. Caminhamos até chegar em um penhasco:

– Não íamos para base? - Questionei Dylan.

– Sim, só queria contar para vocês a minha história, já que estamos nesse espírito - Ele falou sorrindo.

– Seu besta! Ficou ouvindo nossa conversa? - Falei sorrindo.

– Eu sinto muito, Lisa - Dylan falou a abraçando.

– Eu também quero abraçar você, posso? - Perguntei à Lisa.

– Não - Ela falou negando com a cabeça.

Sorri e a abracei mesmo assim, após alguns segundo senti ela colocando a mão em minhas costas, retribuindo o mesmo:

– Meu irmão morreu aqui, atiraram nele, quinze vezes - Dylan falou paralisado olhando para o chão.

– Esse lugar é horrível - Falei colocando minha cabeça no ombro de Dylan.

– Mas nós vamos sair daqui e vamos destruir tudo e todos daquele hospital - Lisa falou olhando nos olhos de Dylan.

Algo começou a nos rodear, cada vez mais rápido, Dylan falou para recuarmos, estávamos cada vez mais perto de cair daquele lugar. Ele pegou uma arma que estava presa entre sua calça e cintura, mirou para todos os lugares em que algo se mexia. Foi quando um tigre cinza pulou em nossa frente, ele era muito maior que os comuns, sem muita enrolação ele pulou para nos matar mas nos jogamos em direções diferentes.

Dylan estava na frente do animal e atirou várias vezes no corpo do bicho, mas suas balas acabaram e o mesmo só estava sangrando, ele foi caminhando em direção de Dylan que tentava escapar ainda deitado.

Lisa parou atrás do bicho, perto da ponta do penhasco:

– EI! - Ela gritou chamando atenção do tigre.

O mesmo correu em direção dela, Lisa pulou fazendo uma cambalhota no ar e se agarrando no couro da parte de trás do tigre que não conseguiu frear e caiu do penhasco:

– LISA! - Gritei.

Me levantei rapidamente, corri e quando chegue na ponta vi Lisa segurando em uma pedra escalando para subir, Dylan e eu pegamos em sua mão e a ajudamos:

– Obrigado - Ele falou.

– Tudo bem, só vamos voltar - Lisa falou se levantando.

Andamos mais alguns metros e logo chegamos na base, Lisa correu para dentro enquanto eu e Dylan caminhávamos:

– Você viu o que ela fez? Como ela fez aquilo? Foi muito legal - Falei para Dylan.

– É... Lisa sabe fazer essas coisas, ela é uma caixinha de surpresas - Dylan falou colocando o braço pelas minhas costas até meu ombro.

– Dylan! Zoey! Vocês estão bem - Jill falou beijando-o.

– Graças à Lisa - Dylan falou abraçando Jill.

– Temos novidades, más novidades - Jill falou puxando nós dois.

– Watson estava com uma escuta esse tempo todo - Brad falou.

– O que? Como assim? - Perguntei.

– Minha nuca coçava muito, até que senti algo muito duro e pequeno, pedi para P abrir e eles haviam implantado uma escuta, eles sabem de tudo - Watson falou colocando a mão na testa.

– Então temos que sair agora! - Jill falou.

– Sim, arrumem o que precisam levar, vamos para o helicóptero em poucos minutos - Dylan ordenou.

Fui para o quarto pegar Max que estava dormindo, ele estava quente, suando e cada vez mais pálido e magro:

– Você está bem? - Mike perguntou.

– Sim - Respondi.

– Fiquei preocupado - Ele riu.

– Está tudo bem, já arrumou suas coisas? - Perguntei.

– Sim, não preciso de mais nada além da minha arma e de vocês - Ele falou. - Quer ajuda com o Max?

– Por favor - Pedi.

Em questão de minutos já estávamos caminhando na floresta rumo à nossa fuga:

– Então, Jill, usou seus poderes? - Watson perguntou.

– Não, não usei mais a droga e nem pretendo - Jill respondeu cortando as folhas de seu caminho.

– Então, qual seu poder Jill? - Perguntei.

– Você não vai gostar de saber - Jill falou séria.

– Jill tem o poder mais forte que já vi - Watson afirmou.

– Está anoitecendo, pessoal, vamos correr - Dylan falou.

Quando chegamos no local tomei a droga e em alguns segundos consegui atravessar, eu estava abrindo a porta para os outros quando ouvimos o sino, Mike colocou Max em um canto e nos ajudou a procurar as chaves:

– Achei! - P falou na frente da porta aberta, sorrindo e segurando a chave como se fosse um peixe raro.

Nesse mesmo momento trés tiros passaram pelo coração de P, que ajoelhou-se e caiu. Todos se abaixaram, Brad segurava Watson para que ela não fosse baleada. Era Raina, ela tinha cabelos compridos castanhos passando do umbigo, olhos verdes bem claros que talvez fosse possível vê-los no escuro. Ela usava uma blusa de manga comprida preta colada que aparecia parte de sua barriga, uma calça colada vermelha e botas com o cano chegando em seu joelho:

– Ora, ora, ora - Ela falou sorrindo, entrando e pisando no sangue que escorria de P. - Droga, sujou minha bota preferida...

Olhei para o lado e vi Dylan falando para que eu saísse com Max, afinal ainda estava com o efeito da droga.