O do contra.

Eu odeio Oliver Queen!


Estava tudo muito bonito.

A decoração vermelha ficou perfeita junto com o tom antigo que tinha a mansão Queen. Do lado de fora luminárias davam um ar mágico junto com as mesas que tinham a toalha vermelha e dourada. O Queen tinha acertado na decoração, no final das contas. As pessoas que paravam em suas limousines em frente à mansão Queen para poder entrar no evento pareciam tão maravilhadas com a beleza do local quanto eu, todas elas estavam impecavelmente vestidas com seus trajes elegantes e jóias mais caras que meu apartamento. E eu, com a exceção das jóias caríssimas, não estava muito diferente.

Obriguei Diggle a passar o dia escolhendo vestido, jóias, penteado e maquiagem comigo para compensar o fato dele ter me deixado na mão no dia anterior. Eu não gostava muito de ter que pedir a opinião de um homem (ainda mais um homem como Diggle) para escolher coisas femininas, mas ele era o meu único amigo na cidade e ele tinha um carro. Contei à ele toda a minha aventura com o quase assalto e o vigilante na noite anterior, mas ele não pareceu tão surpreso quanto deveria. Isso não me impediu de tagarelar o dia inteiro de como o vigilante era incrível e como ele disse que enfiaria uma flecha no Queen caso eu conseguisse alguma prova contra ele.

Três segundos depois de terminar o meu discurso sobre "vigilantes e suas flechas" eu me arrependi amargamente de ter abrido a boca. Diggle fez um sermão do monte explicando o quanto o vigilante era perigoso e que o Oliver não tinha feito nada de tão grave contra mim para justificar o fato de eu querer uma flecha cravada nele. Resultado: Diggle me fez prometer que não faria nada para investigar o Queen até que eu tivesse um motivo realmente válido para isso, além do motivo "não vou com a cara dele".

Entrei na mansão Queen tendo o meu próprio moreno-fortaleza como acompanhante. Mesmo assim, eu ainda sentia os olhares masculinos sobre mim. O vestido vermelho que eu escolhi com Diggle tinha ficado perfeito em meu corpo, seu decote nas costas davam um ar sensual e seu comprimento me deixava elegante. Eu apenas carregava uma pequena bolsinha de festa para guardar a minha carteira e meu inseparável celular, fora isso, eu estava com as mãos livres para ser tirada para dançar. Eu amava dançar.

Andamos mais um pouco por entre muitos bilionários até encontrar o maníaco no meio de algumas mulheres vestidas de prostitutas. Óbvio. Oliver vestia um smoking que parecia ser de um azul marinho. Mesmo com toda a sua maldade, implicância e cinismo, o desgraçado conseguia ser bonito. Muito bonito.

— Maldito gostoso. – praguejei entre dentes.

— Hã?

— O Oliver. – expliquei para Diggle quando paramos à alguns metros de distância do cretino. – Olha pra ele, todo sexy nesse smoking, mas aposto que ele é bem mais bonito sem ele.

— Felicity... – Diggle tentou chamar minha atenção.

— Ele seria bem mais fácil de odiar se fosse feio. Sabe, ele bem que podia ter os dois dentes da frente grandes demais, ou ter a orelha muito pontuda e um narigão. – simulei com as mãos. – Quem sabe ele podia ser careca. Mas não... o universo manda a encarnação de Adônis pra ser meu chefe odiado.

— Felicity, escute....

— Olha só aquela bundinha dele. – observei me inclinando levemente de lado para ver melhor os músculos do Queen, que havia dado as costas para nós. – Aquelas panturrilhas são um pedaço de mal caminho. Se eu não detestasse tanto ele, talvez até gostaria que aqueles brações me segurassem.

Mordi o lábio inferior só com o pensamento. Inferno, o desgraçado do Queen devia ser horroroso! Nesse exato momento, Oliver se virou para encarar eu e Diggle de longe e eu soltei meu lábio instantaneamente.

— Felicity, você sabe...

— Você já viu o Oliver sem camisa, Diggle? – perguntei cortando a fala dele mais uma vez, mas a pergunta me surgiu de repente. – Ele deve ter um tanquinho lindo não é mesmo? Toda essa beleza desperdiçada em um homem psicopata... – lamentei. – Ainda mais se o pepino dele for bem grandão...

— Felicity! – Diggle exclamou para me chamar a atenção. – Eu sou o segurança do Oliver.

Franzi o cenho ao olhar pra ele.

— Eu sei.

— Está vendo esse comunicador preto no meu ouvido? – perguntou virando a cabeça em minha direção. – Oliver tem um igual. Em eventos grandes nós usamos esse comunicador para a segurança dele.

Oh merda.

Voltei a olhar para Queen, que agora digitava algo em seu celular. Só naquele momento eu percebi o pequeno comunicador no ouvido esquerdo dele. Mil vezes merda.

— Ele... – apontei timidamente para Oliver, com medo de terminar a frase.

— Sim. – Diggle concordou em resposta à minha pergunta incompleta. – Ele escutou tudo.

Meu telefone apitou o recebimento de uma mensagem. Tirei o celular da bolsa com o coração à mil e as mãos trêmulas.

Mais um comentário sobre o meu corpo e vou processá-la por assédio sexual.
— O. Q.

O sangue automaticamente se concentrou em minhas bochechas e eu pedi aos céus por uma corda para me enforcar. Todos os palavrões existentes passaram pela minha cabeça, mas a minha boca aberta e meu rosto vermelho não tiveram forças para pronunciar nenhum deles em voz alta. Mas que merda, Felicity Smoak! Ontem você fez o favor de falar aquela frase de duplo sentido para o Queen, e agora isso?!

— Vou dar uma volta para verificar o perímetro. – Diggle avisou fazendo menção de se afastar.

Segurei o seu braço.

— Por favor. Não me deixe aqui sozinha no mesmo ambiente que o... – ... cretino, eu quis completar. Mas lembrei do comunicador, eu nunca mais esqueceria da existência daquela coisa. – ... o Sr. Queen.

— Oliver quer falar com você, algo sobre uns energéticos para ressaca que ele quer que você verifique. – apontou para o Queen. – Enfrente seus medos, Felicity.

Fuzilei Diggle com os olhos. Ele tinha que falar em voz alta que eu tenho pavor do maldito Queen?

— Eu preciso ir. – sorriu.

Fiquei lá parada só admirando Diggle se afastar para fazer o seu trabalho, mas depois do que eu disse, eu não sabia se conseguiria fazer o meu trabalho. Oh droga, eu chamei o Queen de gostoso, eu falei que ele devia ter um tanquinho lindo, eu falei do pênis dele! Acho que eu se quer teria coragem olhar na cara do Oliver de novo.

— Qual é o seu problema?

Falando no diabo... Um arrepio me subiu pela espinha quando escutei a voz de Oliver atrás de mim. Quando foi que ele andou em minha direção? Acho que fiquei mais tempo parada com cara de pateta do que eu pensava.

Virei-me lentamente para encará-lo, mas seus olhos estavam fixos em meu vestido, com um olhar claramente reprovador.

— Sr. Queen... Eu...

— Por quê veio com a droga desse vestido vermelho? – ralhou ao levantar seus olhos para os meus. – Você por acaso faz parte da decoração?

Como é que é?

— Desculpe, Sr. Queen, acho que não entendi.

— Você entendeu perfeitamente. – levantou uma sobrancelha. – Porquê veio com um vestido vermelho quando sabia que a decoração era vermelha?

— Porque eu não sabia que o evento tinha restrição de cor. – devolvi na lata.

— É lógico que se um evento tem por tema a cor vermelha, as pessoas não irão vir com uma roupa vermelha. Você vê mais alguém aqui de vermelho, Srta. Smoak?

Varri rapidamente os olhos pelo local, já tinha visto pelo menos duas pessoas com vestidos vermelhos, mas não tinha nenhuma por perto para que eu pudesse apontar para o Queen.

— Vá trocar de vestido. – ordenou.

— O Quê?!

— Eu falei muito baixo?

— Sr. Queen, não acho que será necessário..

— Vá trocar de vestido. – repetiu. – Não quero ninguém de vermelho na minha festa vermelha.

Ele tinha noção do quanto isso parecia sem sentido e infantil?

— Eu estou muito longe da minha casa e dependo da carona do Diggle para voltar, Sr. Queen. – argumentei calmamente para não dar chance à raiva tomar conta de mim. – E não acho que o senhor vá liberá-lo para me levar em casa só para trocar de vestido. Então eu terei que ficar com esse.

Oliver pareceu pensar por alguns segundos, eu morria de medo do que aquela cabeça diabólica estava planejando pra mim. Odiei Diggle nesse momento, então quer dizer que o maníaco pode fazer planos diabólicos para mim e eu não podia fazer pra ele?

— Me acompanhe. – Oliver murmurou ao caminhar em direção à escada.

Fiquei parada lá por tempo o suficiente até minhas pernas entenderem que "me acompanhe" significava seguir o Oliver. Ai Jesus, era agora que ele iria me esquartejar e fazer empada de Felicity?

Subi as escadas e segui o Queen para um quarto distante de todo o evento, aquele lugar estava realmente deserto. Apesar dos meus comentários indecentes sobre o corpo do Oliver (que eu dei graças a Deus por ele não ter falado nada sobre, ainda), eu não queria entrar em um quarto sozinha com ele. Nem pensar. Eu gostava de viver. Mas o Queen não me deu escolha quando parou em frente à porta e sinalizou para que eu entrasse.

O quarto era obviamente de uma garota. Os pôsteres de cantores na parede, o tapete rosa e a penteadeira cheia de maquiagem e outros utensílios femininos deduravam isso. Oliver foi direto para uma porta que ficava na lateral e revelou o closet de quem quer que seja. Haviam fileiras e fileiras de vestidos de grife, entre outras coisas.

— São da minha irmã. – o Queen explicou assim que entramos.

— A sua irmã tem quantos anos? – perguntei ao pegar um dos vestidos. Talvez o meu braço coubesse nele, porque o meu corpo não entrava naquilo nem a base de pauladas.

— 17. Você pode escolher qualquer um dos vestidos. Que não sejam vermelhos.

— Sua irmã por acaso é anorexa?

Oliver me lançou um olhar assassino pela minha pergunta impensada.

— Desculpe. – esbocei um sorriso amarelo. – É que esses vestidos são de um número bem menor do que o meu. É impossível eu entrar em um desses.

— Eu deveria saber. Você é do mesmo tamanho que a Thea, mas é mais gorda.

Como é que é?!

— Bem, mas nós não temos muitas opções. – continuou. – Um desses terá que servir em você. Pode se sentir à vontade para experimentar quantos quiser. Ah, e deixe o seu vestido vermelho do lado de fora.

— Por quê?

— Isso não importa, apenas obedeça. E não se preocupe com o valor dos vestidos, eu vou restituir para Thea.

— Sua irmã concordou com isso? – questionei quando ele começou a se afastar.

— Ela não sabe.

[...]

Sr. Queen?
— F.S.

Mandei a mensagem para o Queen por um único motivo: o Diggle não tinha respondido nenhuma das minhas. Eu estava à pelo menos meia hora dentro daquele closet experimentando os vestidos mais largos da irmã vara-pau do Oliver. Resultado: no canto daquele cômodo estavam os restos mortais de pelo menos três vestidos, que abriram uma fenda ou simplesmente estouraram quando eu tentei vestí-los.

O que foi?
— O. Q.

Eu quase podia ouvir o tom aborrecido dele na mensagem.

Nenhum dos vestidos serviram mim, senhor. Eu até vestiria o meu vermelho, mas não o encontrei.

— F. S.

Porquê eu queimei ele.
— O. Q.

O quê?!
— F. S.

Não quero você de vestido vermelho aqui.
— O. Q.

Ha! Eu sabia que isso tudo era implicância comigo. Oliver Queen me detestava tanto quanto eu queria arrancar a cabeca dele. A diferença é que eu nunca fiz nada para ele me odiar tanto, já ele...

Sr. Queen, eu não tenho nada pra vestir. Os vestidos da sua irmã não vão servir em mim.
— F. S.

Aguarde alguns minutos. Vou dar um jeito.
— O. Q.

Sentei em uma poltrona que tinha ali para esperar. Eu estava só de calcinha e sutiã e não havia nada naquela casa que pudesse me servir de vestimenta. Até onde eu sabia, Oliver só tinha uma irmã e... Uma mãe.

Entrei em pânico.

— Por favor, que Oliver não me traga uma das roupas de sua mãe. – rezei baixinho.

Não me entenda mal, Moira Queen era uma mulher muito elegante e só se vestia bem. E esse era exatamente o problema, ela se vestia bem para pessoas da idade dela. Sair dali vestindo um dos vestidos teen da irmã do Oliver era uma coisa. Mas voltar para a festa vestida como uma mulher de cem anos era uma coisa completamente diferente, ainda mais se eu encontrasse a Moira por aí.

A porta do closet abriu e Oliver entrou sem pedir permissão. Num único pulo eu alcancei os vestidos rasgados no canto e me cobri com eles.

— Você não sabe bater?! – gritei exasperada.

Oliver me encarou pelo canto do olho antes de colocar uma roupa em cima da prateleira de bolsas.

— Não se preocupe, não há nada em você que me atraia. Já vi mulheres bem mais bonitas. Nuas. – murmurou como se fosse a coisa mais natural do mundo. – Ao contrário de você, logicamente, que gostaria que eu te segurasse com os meus brações.

Cretino infeliz!

— Se eu não te detestasse tanto. – lembrei entre dentes.

— Detalhes, Srta. Smoak. – revirou os olhos. – A propósito, preciso que faça algo para mim. – pegou algo do meio da roupa que trouxe e me estendeu. – Preciso que verifique onde esses energéticos para ressaca foram feitos, sou muito rigoroso com o que bebo.

Peguei as seringas da mão dele ainda sem acreditar na sua cara de pau de mentir pra mim. Ele achava que eu era burra só porque sou loira?

— Se são energéticos para ressaca... – umideci os lábios e suspirei, numa tentativa falha de conter a irritação. – ...porquê estão numa seringa?

— Minhas garrafinhas acabaram.

Arfei. "Não discuta com o Queen, Felicity!", minha mente me lembrou.

— Sr. Queen, eu estou apenas com uma bolsa pequena, não tenho como guardar isso.

— Eu coloco num saco de papel e deixo em cima da cama para você. – resmungou ao pegar a seringa da minha mão.

— Sr. Queen...

— Se apresse, Srta. Smoak, ou então não terá visto o suficiente desse envento para me fazer um relatório.

Dito isso, Oliver se afastou mais uma vez, batendo a porta do closet atrás de si. Mas que cretino idiota! Era óbvio que naquela seringa tinha algum tipo de droga, mas eu não poderia falar nada, culpa de quem? Culpa do Diggle! Resolvi deixar esse assunto para lá, pelo menos por hora, e me concentrar na minha vestimenta, que no momento era o meu maior problema. Esperei três segundos para poder me livrar das roupas rasgadas e pegar a que o Queen trouxe para mim, só para ter certeza de que ele não voltaria.

Meu celular apitou o recebimento de uma mensagem.

A propósito, eu esqueci de lhe falar: essa foi a única roupa que eu encontrei que serviria em você.
— O. Q.

Desdobrei a roupa já com medo do que viria a seguir, só para ter um susto com elegância da roupa que eu tinha em mãos... Aquela era uma elegante roupa de garçon. Roupa de garçon, Oliver Queen! As de garçonete já tinham acabado?!

Eu tinha visto vários garçons com a roupa padrão aquela noite: blusa branca, calça preta e gravata borboleta. Até a gravata o maldito Queen fez o favor de trazer. Retiro o que eu rezei, umas das roupas de Moira Queen seriam bem melhores agora. Será que o Oliver me achou tão gorda que pensou que eu não caberia nem nas roupas daquela múmia da mãe dele?

Bufei de raiva.

A minha vontade era de picotar aquela roupa e jogar como confete na cara do Queen. Mas a não ser que eu quisesse desfilar de calcinha e sutiã por um evento em que tinham vários fotógrafos presentes, eu teria que usar aquela coisa. Mas eu me vingaria de Oliver Queen, e como me vingaria... Ele esta pedindo guerra.

A roupa de garçon coube perfeitamente em meu corpo, pelo menos isso o cretino tinha acertado. Pior do que sair por aí vestida de homem era sair por aí vestida de homem gordo. Ao olhar no espelho eu tive uma grande decepção: eu parecia uma lésbica. A roupa de garçon não combinavam com o penteado caprichado e a bela maquiagem que eu havia passado horas produzindo. Se Oliver Queen queria que eu parecesse uma lésbica, ele teria uma Felicity Smoak parecendo uma lésbica. Soltei o penteado e amarrei o cabelo num coque baixo, o que fez eu ficar ainda mais ridícula por causa da maquiagem em meu rosto.

— Imbecil infeliz! – gritei para o espelho, querendo que o Queen estivesse na minha frente. A cada segundo a minha vontade de matá-lo aumentava, onde está o vigilante e suas flechas quando eu precisava dele?

Procurei um banheiro naquele quarto e não foi difícil encontrar. O ambiente maior do que o meu quarto contava com um imenso espelho e o que eu estava procurando: uma torneira. Coloquei o rosto embaixo d'água e lavei a maquiagem, deixando os restos mortais do meu batom vermelho e meu blush na toalinha de rosto pendurada em cima da pia. Oliver Queen que se entenda com sua irmã.

Agora sim eu era oficialmente uma lésbica. Cara lavada; cabelo pra trás e roupa de garçon. Oliver Queen que me aguardasse.

Desci as escadas à passos firmes, levando comigo a sacolinha de papel que ele deixou em cima da cama da irmã e minha bolsinha de festa. Eu estava decidida a no mínimo jogar vinho na cara do cretino, com o copo e tudo. Diggle me avistou descendo as escadas e foi ao meu encontro, seus olhos estavam arregalados pela minha mudança brusca de visual.

— Não diga uma palavra. – avisei entre dentes quando ele chegou ao meu lado. Empurrei a sacolinha de papel e minha bolsa contra o seu peito, para que ele segurasse. – Agora sim, eu digo que eu odeio Oliver Queen. Odeio com todas as minhas forças e agora eu estou oficialmente em guerra contra ele!

— Felicity...

— Mandei ficar calado. – apontei um dedo em sua direção. – Eu vou me vingar dele, nem que eu use a droga do vigilante à meu favor. Agora, se me der licença, preciso arranjar uma taça de vinho para jogar na cara do cretino.

Passei por Diggle bufando de raiva, a cada passo que as pessoas que me viram antes me olhavam com cara de interrogação e as outras que não me viram pediam para mim alguma aperitivo, eu me via com mais raiva do Queen. No caminho, peguei duas taças de vinho da bandeja de um dos garçons e saí cômodo por cômodo à procura do Queen, até que o encontrei no salão principal.

Oliver estava encostado no balcão do bar e parecia pensativo. Suas mãos brincavam com uma taça e seus olhos focavam alguém do outro lado da sala. Meu olhos automaticamente seguiram os dele para quem quer que fosse, focando Laurel Lance. Adivinha? Ela estava de vestido vermelho! Duvido muito que o Queen tenha se quer pensado em dizer pra ela tirar o vestido. Todo mundo conhecia a história deles: ex-namorada que foi traída antes do Queen's Gambit afundar, o rumor era que Oliver tinha levado a irmã dela para o barco e a garota acabou morrendo no acidente. Eu nunca tinha pesquisado para saber se era verdade, mas foi Diggle que tinha me dito, no final das contas. Oliver lançava para Laurel um olhar claramente apaixonada. Hum, então ele ainda gostava dela... Que interessante.

Algo na minha cabeça sussurrou que eu não deveria jogar a taça de vinho na cara do Queen, que eu deveria fazer uma vingança mais calculista e que deixasse ele mais abalado, assim como ele estava fazendo comigo. Oliver já me odiava, e eu faria ele me odiar muito mais... A mesma voz na minha cabeça me lembrava que, se o Queen tivesse traído a Lance com a irmã dela, ela o odiava tanto quanto eu, e eu poderia usá-la na minha vingança. E foi aí que, como uma lâmpada acesa, a ideia surgiu na minha cabeça.

Quem disse que a vingança é um prato que se como frio?

Com um imenso sorriso no rosto eu andei em direção a Laurel Lance. A mulher parecia entediada perto de uma planta no canto, ela olhava de um lado para o outro enquanto tamborilava os dedos na bolsinha de festa que carregava. Ela era bonita, pelo menos o Queen tinha bom gosto para mulheres. E eu, na minha versão lésbica aquela noite, também tinha.

— Boa noite. – cumprimentei ao chegar no lado dela.

— Obrigada, não quero vinho. – ela rejeitou com as mãos, sem ao menos me olhar direito.

— Não sou um garçon. – murmurei chateada. – O cretino do Oliver Queen fez eu me vestir assim. Eu sou a secretária dele.

Laurel finalmente olhou pra mim. Ela passou os olhos pelo meu corpo e a surpresa em seus olhos logo se transformou em pena.

— Sinto muito pelo Oliver. Ele sabe ser um idiota quando quer.

— Não sinta por ele, eu estou determinada a me vingar. – esclareci.

Ela franziu o cenho.

— Como?

— Bem, eu queria jogar essa taça na cara dele. Mas isso só o irritaria.

— Tem razão, você precisa fazer algo mais elaborado.

— É bom saber que existe alguém que odeia tanto o Queen cretino quanto eu. – sorri.

— O que ele fez pra você o odiar tanto? – questionou curiosa.

— Além de fazer eu me vestir de garçon? – ironizei sarcástica. – Ele é totalmente do contra. Nós dois somos água e Óleo, branco e preto. Cada respiração dele me irrita.

— Isso porquê ele não te traiu com a sua irmã. – comentou ao pegar uma taça das minhas mãos.

Olhei atordoada para ela.

— Então isso foi verdade?

— Ele ainda teve a audácia de querer vir conversar comigo depois que voltou. – falou em tom de confidência. – Como se eu não soubesse que, antes da minha irmã, ele tinha me traído com metade da população feminina da cidade.

— Que imbecil. – arfei.

— Um cretino. – concordou

— Idiota.

— Mulherengo.

— Psicopata.

Laurel sorriu.

— Dessa parte eu não tenho tanta certeza. – graciou ao bebericar um pouco de vinho.

— Mas ele é um psicopata. Acredita que ele me proibiu de usar roupas coloridas?

— Por quê?

— Porquê ele é um cretino psicopata. – respondi como se fosse óbvio.

Ela se limitou revirar os olhos, claramente decepcionada com a infantilidade do maníaco.

— Você parece entediada. – comentei.

— É por que eu estou. – suspirou. – O único motivo de eu ainda estar aqui é porquê ainda não arranjei nenhuma desculpa para ir embora.

— Quer dar o fora daqui e ainda se vingar do Queen ao mesmo tempo?

Laurel me analisou por alguns segundos, até virar a taça de uma vez e me olhar determinada.

— Comece a falar. Eu sempre morri de vontade de me vingar do cretino.

Dei um sorrisinho vitorioso antes de puxá-la para um canto mais reservado da mesma sala, tomando o cuidado de não sair da vista do Queen.

— O Oliver ainda está apaixonado por você. Ele não para de te olhar nem por um segundo. – sussurrei chegando mais perto dela. – E eu estou igual uma lésbica, então...

— Entendi onde quer chegar. – estalou os dedos. – Oliver ver nós duas saindo juntas e acreditar que eu dormi com você faria ele ter o que pensar à noite toda.

— Ele não dormiria.

— Ele te odiaria ainda mais. – avisou.

— Esse é o objetivo. – dei um sorriso de canto. – Oliver já me odeia, pensar que eu dormi com a mulher que ele é apaixonado faria ele querer a minha morte.

Laurel se aproximou ainda mais de mim, encostando seu corpo contra o meu de forma sugestiva e sussurrando eu meu ouvido:

— É uma ótima ideia. Vamos fazer o idiota ficar de queixo caído.

— É isso aí.

Ela deixou um selinho em minhas bochechas antes de pegar a minha mão para sairmos do evento. Olhei pelo canto do olho para o Queen por tempo o suficiente para identificar que ele havia assumido uma feição atordoada ao me ver com a Laurel. Isso fez eu espandir ainda mais o meu sorriso e puxar Laurel para perto de mim, segurando firme na sua cintura.

Agora aguente, Oliver Queen, porquê estamos em guerra.