Capítulo 39 - Sempre Contigo.

Alguns dias depois.

Era dia do casamento da minha mãe com o Otávio.

Passamos o dia todo nos preparando, dessa vez o casamento seria na cidade, consegui convencer a minha mãe a se casar em uma igreja de verdade, seria a igreja em que ela sempre vinha quando a Manuela estava desaparecida, a Igreja da Sé. Ela concordou porque disse que esse lugar a ajudou nos momentos ruins. Ela iria agradecer porque ela sempre pedia para encontrar uma filha e acabou encontrando duas.

O Otávio alugou alguns ônibus para trazer o pessoal da cidade.

Eu e a Manuela iriamos entrar juntas na igreja, estávamos com o mesmo vestido só que o meu era lilás e o dela era rosa.

Já a nossa mãe estava maravilhosa. Desde que conheci a Rebeca, achei ela muito linda, mas hoje ela estava mais ainda. Eu estava muito feliz por ela, ela amava o Otávio e tenho certeza que seriamos muito felizes como uma família.

Depois do casamento iriamos morar juntos em um lote que o Otávio esteve construindo, estava linda nossa nova casa, e eu teria um quarto só meu!

O casamento começou e entramos logo atrás da nossa mãe de mãos dadas.

A cerimônia foi linda, a nossa mãe não parou de sorrir um segundo.

Quando acabou voltamos para os ônibus e fomos de volta para o vilarejo, a festa seria lá.

Chegamos e ficamos sentadas em uma das mesas com nossos amigos.

Começou a tocar a valsa dos noivos e a minha mãe e o Otávio foram dançar juntos, o Joaquim pediu para dançar com a Manu e eles foram para a pista, depois o Téo pediu para dançar comigo também.

Ele estava com os braços em volta da minha cintura e eu segurando no pescoço dele e ficávamos balançando de um lado para o outro.

Ele disse em meu ouvido.

— Você está linda com esse vestido. Estou feliz que eu posso ver você dessa vez, perfeita assim.

Eu sorri e puxei ele para um beijo.

Mais tarde começou a tocar algumas músicas mais agitadas. Ficamos todos dançando juntos na pista. Estava me divertindo muito, demos as mãos e ficamos pulando. Eu estava suando de tanto mexer.

Eu estava muito feliz, naquele lugar, dançando com todos meus amigos, não poderia ser melhor.

Então uma angustia bateu em meu peito e eu comecei a sentir mal, me lembrei do meu pai.

Sai de perto de todos e fui sentar em um canto. Não consegui segurar e comecei a chorar.

— Filha, o que aconteceu?

Eu me virei e a Rebeca estava me olhando preocupada.

— Eu estou sentindo uma dor no coração mãe. Eu acho que nunca vou conseguir ser totalmente feliz.

Ela se sentou do meu lado parecendo ainda mais preocupada.

— O que aconteceu minha filha? – Ela disse passando as mãos pelo meu cabelo.

— Eu lembrei do meu pai e me senti mal.

— Porque querida?

— Eu acho que nunca estive tão feliz na minha vida, mas eu me sinto culpada e triste por ele ao mesmo tempo. Porque eu nunca imaginei que poderia ser feliz de novo depois que ele se foi. E agora mesmo sem ele eu estou feliz. Eu devo ser uma pessoa horrível mesmo.

— Claro que não Isabela. Tenho certeza que seu pai está te olhando e está muito feliz, tenho certeza de que é isso que ele quer para você.

— Mas como eu posso ser tão feliz se ele não está aqui comigo... E como você pode ter certeza de que ele não se importa? – As lágrimas continuavam a cair sem eu querer.

Ela me abraçou.

— Eu tenho certeza porque eu sei que ele te amou o tanto quanto eu te amo, e se eu estivesse no lugar dele eu não poderia querer outra coisa para você.

Eu comecei a chorar ainda mais.

— Isabela, você tem que me prometer que não vai mais se sentir assim, você merece ser feliz filha.

Eu abracei a Rebeca.

— Eu prometo mãe. Obrigada.

— E tem outra coisa Isa. Seu pai sempre vai estar com você. Aqui. – Ela disse e colocou a mão no meu coração. Eu concordei.

Pai, não importa onde você esteja, eu nunca vou me esquecer de você, tem uma parte de mim que sempre vai sentir sua falta. Mas a partir de hoje eu vou me permitir ser totalmente feliz, porque eu sei que você nunca vai ir realmente. Você sempre vai estar comigo.

Eu sorri e a Rebeca me abraçou de novo e ficamos assim por um tempo.

— Eu também te amo mãe. - Eu disse respondendo a o que ela tinha falado antes.

De repente, me lembrei do horário e levantei assustada.

— Eu tenho que ir falar com a Manuela mãe. Pode voltar para a festa.

Saí andando rápido e fui procurar a Manu. Quando ela me viu ela fez expressão de aliviada.

— Estava te procurando Isa!

— Eu acabei esquecendo da hora.

— Tudo bem. Você acha que nossa mãe vai gostar da surpresa? – Ela disse preocupada.

— Tenho certeza que sim. – Eu sorri para ela e fomos para o coreto.

O pessoal da banda dela já tinha preparado tudo quando subimos no coreto.

Os dois microfones estavam posicionados para nós.

Antes de cantar o Téo veio me dar um abraço, acho que ele percebeu que eu estava nervosa.

— Vai dar tudo certo. – Ele disse e me deu um beijo no rosto.

Fui e parei em frente a um dos microfones, a Manu já estava no outro.

Dei a mão para ela e a melodia começou a tocar, a Manu começou cantando a primeira parte.

“Você é tudo em nossa vida

Importante, sempre aqui

Tanto amor que guarda só para nós.”

Na minha parte respirei fundo antes de começar a cantar. A Rebeca estava olhando para a gente super feliz.

“Nada temo em minha vida.

Quanta luz eu vejo em ti.

Antes me sentia só, agora.

Você está aqui.”

Eu tinha conseguido! Depois de tanto tempo treinando meu canto, finalmente consegui cantar!

Na próxima parte cantamos juntas.

"Estarei contigo sempre

Minha única razão

Mesmo que o tempo nos separe

É teu meu coração”

— Vem também mãe! – Eu disse e a Rebeca subiu no coreto e cantamos o resto da música as três juntas.

Quando terminamos todos bateram palmas. A Rebeca abraçou a Manuela e depois me abraçou.

— Você está cantando perfeitamente filha! Você conseguiu!

— Obrigada mãe!

Eu fiquei feliz, acho que descobri o que sempre me impediu de cantar, ter alguém que acreditava em mim. E eu sabia que todos ali acreditavam e me incentivavam.