O bilhete

Capítulo 3


Ele ignorou o nó em seu estômago. A ânsia de vômito. Os nós dos seus dedos estavam brancos, suas mãos firmemente apertadas. Com uma fúria quase incontrolável, ele espetava a comida em seu prato.

_Esse frango é inocente, você sabe.

Levantou os olhos para o amigo, mas o ignorou. Moony era irritantemente inteligente e racional. Ele não queria ser racional naquela hora.

_Deixe-o em paz, Moony.

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James agradeceu internamente pelo comentário de Peter. Este estava comendo avidamente uma coxa de frango, a boca cheia enquanto falava. Ao seu lado, Remus limpou a manga da camisa.

_Sim, deixe-o choramingar como uma garota. É muito divertido.

James não estava choramingando. Não como uma garota pelo menos. Ele apenas não podia controlar seus sentimentos e eles o estavam incitando para lançar um feitiço estuporante em Edgar Bones.

_Eu só... Ah, calem a boca. Não é nada demais.

Ele tentava convencer a si mesmo. Não era nada demais. E daí que Bones e Evans saíram por um tempo, ano passado? Ela não gostava mais dele, não podia gostar. Só estava lá, na mesa da Lufa Lufa, conversando com ele, por causa de Marlene MacKinnon. A morena estava saindo com Amus Diggory, o melhor amigo do néscio Bones.

_Ela não está saindo com ele, James.

Ele não precisava ouvir isso, ele sabia. Ele saberia se estivesse também. Chegava a ser assustador. James se inclinou para frente, Sirius ao seu lado fazendo o mesmo. Quem não os conhecesse poderia pensar que o amigo estava zombando dele, mas não era assim. Sendo os mais íntimos dentre os quatro, James e Sirius sempre estavam tão em sintonia que era quase como se fossem metades de um corpo só. Eles tinham pensamentos, gestos e tiques parecidos. Eram inseparáveis.

_Eu sei. Mas isso não importa.

Não deveria.

_Se você quiser, eu posso fazer MacKinnon parar de sair com ele.

James bufou, revirando os olhos.

_Você faria isso por mim, Pads?

O outro, com seu cabelo escuro descendo até os ombros – o qual ele jogava sobre o rosto, numa ação muito charmosa – sorriu de forma condescendente.

_Só por você, meu amigo.

_Você é um humanitário, Sirius.

O comentário seco de Remus fez James rir. Era uma visão e tanto, embora o rapaz não soubesse disso ou se importasse. Havia algo na risada de James Potter. Ele jogava a cabeça para trás, os ombros chacoalhando, lágrimas escorriam às vezes. O som era tão acolhedor que os demais sorriam instintivamente. Ele não percebia que as pessoas sempre o olhavam quando fazia isso, ele não percebia que isso sempre atraía a atenção de determinada ruiva.

_Esperem. O que é isso?

James parou de rir, gemendo imediatamente. Sirius estava segurando o bilhete de sua admiradora secreta. Isso não poderia acabar bem.