O Verdadeiro Lar

Veneno Amigo


Song acordou. Se viu em um dos quartos do grande barco e a luz do dia invadindo-o pela janela. A única coisa que se lembrava era de estar dançando com suas companheiras na festa do imperador tigre Hui Nuan e depois estar com ele à caminho de Gongmen, já que suas "amigas" a haviam abandonado. Um certo rancor crescia em seu peito, estava magoada por essa atitude, mas seus dois amigos talvez pudessem curá-la. Hui e Po. Começava a ganhar uma amizade que além de ser útil, a fazia bem, e voltaria a ver seu tão querido panda e seu bumbum em forma de coração.

“Aquelas traidoras, me deixaram, eu era sua líder... elas poderiam estar voltando pra casa comigo, mas agora nem sei onde estão”, pensava a leopardo, triste por ter sido abandonada. Mas havia um novo amigo agora que não a deixaria, assim como seu amigo panda, no qual podia confiar plenamente.

A festa da qual participou estava linda, todo o vilarejo enfeitado, bem iluminado, haviam muitos e muitos felinos de espécies distintas. O imperador apreciou a dança e além de um pagamento maior que o combinado, elas passariam a acompanhá-lo. Ele estava indo na mesma direção de sua viagem de volta para casa.

Ele chamou Song e os felinos passaram algumas horas conversando, se conhecendo, mas era para poder seguir viagem com alguém em quem pudessem confiar ou nascia ali uma amizade? Na verdade, o que o tigre queria inicialmente era mostrar sua rota de viagem, já que ela era a líder. Depois de um tempo de conversa, ele mudou de assunto e colocou um mapa da China na mesa à qual eles estavam ao redor. A leopardo-fêmea olhava atentamente.

– Então, iremos para Gongmen City. É meu destino final.

– Vamos passar por onde?

– Pelo caminho mais rápido possível, não acho que tenho muito tempo - disse Hui Nuan assinalando com uma garra o caminho pelo qual viajariam. Passou com sua garra pelo Vale da Paz e aí um sorriso se abriu no rosto dela que não passou desapercebido pelo tigre - vejo que gosta desse lugar.

– Tenho um amigo lá, ele me tirou de um destino ruim que eu tinha escolhido para mim - ela ainda olhava alegre para o mapa.

Hui adquiriu uma expressão de choque. "Estou aqui para te tirar desse destino ruim que você está escolhendo pra si mesmo, e ainda leva outros para o abismo. Não vou te abandonar, deixe isso de lado e vamos recomeçar juntos", era a frase que Akame sempre dizia a ele quando se lembrava da vingança. Nem sempre ele quis, ele já desistiu algumas vezes por ela e por Dishi que não tinha mais seu pai, mas seu coração não se iluminou por completo, mesmo estando com quem dizia amar.

Se recuperou rapidamente sem permitir que a felina suspeitasse de alguma tristeza de sua parte.

– Bom, então, avise suas companheiras que vamos partir no meio da manhã, seria muito ruim acordarmos cedo depois de uma festa dessa, não é? – Sorriu para ela de forma estranha.

Ela levantou uma sobrancelha para ele, não sabia se tinha entendido esse sorriso, mas ignorou a sensação. A curiosidade de Hui Nuan cresceu quando ela parou de falar, sentiu interesse repentino em continuar a conversa, talvez fosse porque não conversava com uma fêmea que fosse tão dócil quanto ela ou porque lhe lembrava Akame justamente por isso, não importava. Mas não deveria ter feito essa pergunta.

– Quem é esse seu amigo?

– O nome dele é Po, um panda, o melhor amigo que alguém poderia querer, tem um grande coração...

Enquanto Song dizia os atributos que conhecia de Po, sem citar que era um guerreiro, a mente do imperador se deteve na palavra "panda". Há tanto tempo não via um, será que esse seria um daqueles que ele teve o desprazer de conhecer? Não conseguia se lembrar desse nome.

–... ele é um ser especial depois de tudo isso que passou, coitadinho. Ah, também cozinha bem, é brincalhão... - dizia ela contando nos dedos para ver se não estava esquecendo algo. Estava entusiasmada por vê-lo de novo em tão pouco tempo.

– Devo dizer que está apaixonada pelo panda? - Estava um pouco desconfiado disso, mas só queria mexer com ela.

– Claro que não, é meu melhor amigo... - disse ela, ofendida e deu um soco de leve em seu ombro - como pode pensar isso de mim?

– Me desculpe - ele riu nervoso - bem, avise suas amigas e vão descansar.

– Está bem.

Ao sair da sala, buscou suas amigas pelo acampamento improvisado ás margens de um rio cujo trajeto era ao lado do vilarejo onde foi realizada a festa. Demorou um pouco para encontrá-las, estavam em sua cabana empacotando suas coisas.

– O que vocês estão fazendo?! - Perguntou Song sem entender a atitude das companheiras, ela não havia dito nada ainda.

– Precisamos ir embora daqui o mais rápido possível - disse a mais velha das leopardo deixando sua mochila de lado e se virando para sua líder com uma expressão de desespero.

– Mas por quê? O que há de errado?

– É o imperador, ele não é boa pessoa... - disse a segunda, sendo brutalmente cortada por Song.

– Como não?! Ele nos deixará viajar de graça e ainda nos pagou pela apresentação.

– Nada mais justo do que pagar pelo que fizemos - respondeu a segunda, cruzando os braços.

– Temos que ir, por favor - implorou a primeira, tomando Song pelos ombros - ouvimos os planos de soldados, diziam que Hui Nuan quer matar alguém próximo ao Dragão Guerreiro, estão procurando o lugar onde ele mora pra saber a quem matar, e não nos pergunte porque quer fazer isso, mas tenho medo que seja você!

Song olhou para as outras três amigas que estavam mais afastadas ainda embalando suas coisas. Só a olharam confirmando com um aceno de cabeça e os olhos arregalados, com temor.

– Mas que bobagem... por que iria me matar? Não sou nada - olhou de forma terna para sua amiga segurando as patas dela com as suas e disse pausadamente - se acalmem, talvez tenham ouvido errado. De qualquer forma, vamos ver o que está acontecendo e se realmente for coisa de Hui... vamos ajudar meu... amigo Po.

– Não! - Se soltou do agarre de Song deixando-a em choque, assim como as outras três dançarinas que foram nessa viagem - não queremos ficar, não vamos ficar, não vamos ficar para esperar o pior!

– Vocês deveriam confiar em mim...

– Confiamos, mas parece que você não confia em nós! Você é importante pra nós e queremos te proteger te tirando daqui, estamos com medo por todas, mas se não quer, tudo bem... - virou-se para as outras e agarrou sua mochila já pronta para a viagem - vamos meninas.

– Esperem! - Gritou Song, mas já era tarde, elas saíram da cabana com velocidade. Observou por onde se afastavam suas amigas e tratava de entender a reação delas... "não é normal elas estarem assim, conseguimos lutar, nos defender... o que deu em vocês?"

Levantou-se da cama e foi tomar café com Hui no convés. O dia estava lindo, ensolarado e ela poderia não se sentir realmente bem, mas estava melhor. A companhia de Hui a ajudava, melhorava. Não via sinal algum da maldade que suas amigas juravam existir nele, podia não ser coisa da cabeça delas porque não seriam todas que ouviriam a mesma coisa, mas não sabia se desconfiava dele ou apenas dos soldados.

Balançou a cabeça para se livrar desses pensamentos, sem sucesso.

Ao chegar à mesa, a comida estava posta. Ela inclinou-se para Hui em respeito e sentou a frente dele. Começaram a comer em silêncio, até que...

– Song... não precisa de toda essa cerimônia comigo, somos amigos, mesmo que nos conhecendo há pouco tempo - olhou para ela com um pequeno sorriso.

– Obrigada Hui, é justamente de um amigo que preciso agora...

– Você está chateada com elas, não está? - Tocou a pata esquerda dela com a sua direita.

– Como poderia não ficar? Me deixaram, por uma besteira...

– O que foi?

Song exitou em contar, sentia que trairia suas amigas. Ao pensar bem, resolveu contar, já não estavam ali, a abandonaram, não podia chamar de amigas. Se elas realmente se preocupavam deveriam ter ficado. Hui ouvia tudo com seu coração batendo cada vez mais rápido. Aquelas idiotas sabiam parte do que planejava, sorte que não sabiam de tudo.

– Elas estão certas - disse sério, vendo que a resposta da leopardo foi o silêncio, junto ao tremor de seu corpo - mas não é você e nem uma delas, fique tranquila. É apenas um tigre traidor que ameaça derrubar o que construí com tanto empenho... meu reino. Ele me tirou meu único herdeiro, meu filho - dizia dissimuladamente, deixando aparecer em seu rosto uma expressão de dor, como se quisesse chorar. Tudo mentira.

– Sinto muito... se eu puder fazer alguma coisa...

– Hm, acho que pode sim. O Dragão Guerreiro está protegendo esse traidor. Preciso saber onde ele está para que possa levá-lo à justiça para ser punido por seus atos - esperava resposta, mas sua nova "amiga" exitava em responder - eu preciso fazer isso para ficar em paz, e não vou machucar ninguém.

"Se eu pude fazer essa idiota confiar em mim tão facilmente, ela logo se juntará aos meus planos, ou terá o mesmo destino que você, minha Akame", pensava o imperador. Queria tanto rir e chamar essa leopardo de tapada e burra, ou ingênua, só assim para não acreditar em suas amigas. Ou será que ele tinha lábia? Não importa, só não podia fazer nada disso, ela se viraria contra ele.

– O Dragão Guerreiro é Po, meu amigo, eu te contei. Aquele que está no Vale da Paz, se ele souber disso, ele vai ajudá-lo, é um guerreiro justo. Mas... por que protegeria esse tigre?

– Porque esse tigre é o mais dissimulado que já nasceu em nosso povo, ele engana até os mais sábios.

– Está bem, eu vou ajudá-lo - ela sorriu e virou sua pata para retribuir o leve aperto de Hui.

A essa hora da manhã, o treinamento já havia começado. Po e Dishi estavam junto à Louva-a-Deus, cada um com uma parte da arena dos bonecos de madeira. O inseto mostrava eles algo mais sobre seu estilo de luta, e logo seria a vez do jovem tigre mostrar que aperfeiçoou o que o Dragão Guerreiro lhe ensinou desse estilo, que foram alguns golpes básicos. Estavam quase terminando o treinamento básico e partiam de encontro ao temível Hui Nuan.

Víbora estava em uma luta com Macaco, Garça estava na tartaruga de jade e treinava seu equilíbrio enquanto tentava desvias as flechas com o vento produzido por suas asas. Tigresa estava treinando seus golpes no ar ao fundo da sala de treinamento para ver qualquer falha e aplicá-los quando treinasse com seus colegas.

Depois de voltar da montanha com Dishi, voltou a ficar distante dos outros, até mesmo os evitava para não falar nada além do que havia escrito em seu bilhete. Sabia que qualquer um deles iria interrogá-la, em especial, Po, e pensava que ele faria isso por curiosidade, mas não era o verdadeiro motivo. Shifu tentava conversar com ela ou perguntar porque saiu assim, mas deixava sempre claro que não queria conversar. A única pessoa que sabia sua situação era o jovem príncipe, que passava cada vez mais tempo com ela, ambos tentando ajudar um ao outro como podiam. Dishi se colocava à disposição da felina sempre e se aproximava, a amizade dele estava sendo maravilhosa. Quem diria que se daria bem com quem ela jurava que queria tirá-la do sério? Bem, só uma coisa ainda a irritava sobre ele: o fato de ele sempre mexer no colar que ela usava. Não queria que ninguém tocasse, era presente de Po e tinha horas que ele "brincava" com o pingente como se fosse uma bolinha de lã sabendo que ela não brigaria com ele por tudo que ele havia passado nos últimos tempos. Mas na verdade, queria arrancar aquilo do pescoço dela.

Minutos depois Po avisou aos outros que iria cozinhar e pediu que fossem para a cozinha. Tigresa não o ouviu, ainda estava concentrada em seus golpes.

Quando ficaram sozinhos, ele ficou algum tempo encarando-a da porta e decidiu se aproximar. Ela estava tão estranha, ele podia ver, e estava preocupado com ela como os outros estavam também. Ela estava de costas, ele estendeu sua pata para tocar seu ombro.

– Tigres... auch! - Po caiu de costas, quase dando uma cambalhota quando recebeu um soco da felina. Chegou bem na hora que ela se viraria para mais golpes no ar e acabou ganhando uma mostra do que ela pensava em fazer. Ainda deitado de olhos fechados, levou suas patas ao focinho.

– Ah, Po! Me desculpa - ela se aproximou dele para ajudá-lo a se sentar e ele murmurou um "tudo bem" que ela conseguiu compreender - você não deveria chegar perto de mim assim sem chamar - uma vez sozinha com ele ajoelhada a seu lado, sorriu ternamente para ele.

– Hehe, me desculpe. Só queria dizer que está na hora do almoço.

– Hm, então vamos... - um grunhido a interrompeu e ele não vinha do estômago do panda, mas sim do dela - é, vamos comer.

Saindo em silêncio da sala de treinamento, Po diversas vezes abriu a boca para falar, mas desistia, vendo isso ela o intimou a falar.

– O que?

– O que, o que?

– O que você quer falar? - Tigresa se deteve nas escadas que levavam ao pátio e colocou as patas nos quadris. Po começou a olhar para os lados, não queria irritá-la, mas não percebeu que já fazia isso.

– Ah, bem... eu queria perguntar... o que você foi fazer com Dishi quando saiu sem avisar antes? Quero dizer... você voltou calada, sei lá... estamos preocupados, eu estou preocupado - tomou as patas dela que se deixou segurar. Não sabiam que eram observados por uma criatura de pelos alaranjados que sentia uma reviravolta em seu estômago pela cena.

– Não estou estranha, estou como sempre estive...

– Antes de salvarmos a China. Você mudou enquanto nos tornamos amigos, agora você está do mesmo jeito de quando eu cheguei. Me diz, o que aconteceu?

– Não aconteceu nada, Po! - Sua voz saiu num tom mais alto do que esperava, arrancou suas patas do aperto dele e deu as coisas, descendo as escadas.

Po a seguiu, queria pedir desculpas e quando conseguiu segurá-la pelo braço e quem os observava enciumado estava prestes a se manifestar, mas Zeng chegou pelo ar gritando.

– Mestre Po! Mestre Po!

– Oi, Zeng - disse o panda soltando sua amiga. Ambos se viraram para encarar o ganso.

– Tem um lince querendo falar com você e parece ser urgente. Ele está no Sagrado Hall dos Heróis com Mestre Shifu.

Dishi, satisfeito com o ocorrido, foi para a cozinha com os outros enquanto Po correu. Era chamado justo agora que tentava acabar com suas preocupações, e que deveria estar indo cozinhar também...

"Ah, esqueci do macarrão! Eles vão me bater", pensava ele. Só quando chegou no salão percebeu que era seguido por Tigresa. Pararam na porta, ele olhou para a tigresa que o olhava e com um aceno de cabeça, indicou que abrisse as portas.

Shifu estava sentado à frente da piscina de reflexão e a seu lado estava o lince que tinha um pergaminho em suas patas e olhava atentamente o Dragão Guerreiro, o examinava. Suas feições eram parecidas com as de seu novo amigo, exceto pelos olhos verdes que pôde notar conforme Po se aproximava. Tudo bem que os pandas eram realmente parecidos, mas uma ou outra expressão os diferenciava, fora a cor dos olhos, voz e obviamente, o nome.

– Me chamou, mestre? - Po inclinou-se para saudar Shifu e recebeu permissão para se sentar. Tigresa fez o mesmo e se sentou ao lado dele.

– Sim, eu... - parou de falar para encarar Tigresa com uma sobrancelha levantada - ah, o que está fazendo aqui, Mestre Tigresa?

– Po e eu estávamos conversando, mestre. Temos um assunto á tratar depois, peço permissão para ficar - disse ela, e quando o panda vermelho abriu a boca com a intenção de expulsá-la, o lince interveio.

– É bom que ela fique, é a líder dos Cinco, certo? - o Grão-Mestre só assentiu - então ela deve ficar, precisamos de toda ajuda possível.

– "Precisamos"? - repetiu Po.

– Sim, te. É uma mensagem para você e talvez goste de ler - disse o lince estendendo a ele um pergaminho lacrado.

Po o abriu e o leu junto à Tigresa. Havia a seguinte mensagem:

"Dragão Guerreiro, enquanto lê essa carta, estou em viagem para um ponto seguro onde deverá nos encontrar. Precisamos de sua ajuda. É um caso urgente relacionado à Hui Nuan, quer se vingar de nós. Obtive informações de que o herdeiro dele o procurou com o mesmo propósito de derrubá-lo. Em nome de toda a China e do meu povo, ao qual você pertence, espero que atenda a esse novo chamado.

Estou guiando meus seguidores de volta à Gongmen junto aos Mestres Crocodilo e Boi, e assim os protegerei enquanto não chega. Há coisas que preciso lhe dizer, esclarecer e que não devem ser por mensagem. Até logo,

Imperador Jing-Quo"

– Meu povo, como assim? - Perguntou enquanto entregava o pergaminho à Shifu - Tá, eu vou ajudar, acho que os Cinco Furiosos também, mas... como assim?

– O povo que está pedindo ajuda, é o povo panda - disse simplesmente o lince deixando a todos em choque.

– Mas como? Não foram exterminados? - Perguntou Shifu.

– Não, ao que parece, um terço conseguiu escapar, mas foram ameaçados de morte por Hui Nuan há mais de vinte anos e agora de novo. O motivo, só os pandas mais velhos da aldeia podem responder, eu não sei exatamente, mas tem algo a ver com um massacre planejado por aquele tigre tirano.

Po olhou para baixo e apertou os punhos, respirando profundamente.

– Bem, vamos partir hoje à tarde - disse Shifu - vão e ordenem à todos que se aprontem, depois de comer, ele nos guiará.

Os dois guerreiros se curvaram para o mestre e saíram.

"Não sou mais o único panda que existe, isso é demais! Mas, como me encontraram? Será que pelo que falam de mim?", mil coisas passavam pela mente dele. Embora a situação não fosse das melhores, ele estava alegre em conhecer os seus. Tigresa se incomodou com as palavras daquele lince e com Po ter parado de lhe fazer perguntas, mas não entendia bem o por quê estava assim.

Todos estavam nos limites do vale, devidamente alimentados. Sr. Ping já se havia antecipado em preparar a mochila do filho, deu um abraço tão apertado quanto podia e desejou-lhe sorte, com o coração cheio de orgulho.

– Não se preocupe pai, logo eu estarei de volta - disse Po e virou-se para correr com os demais.

– Eu sei que sim filho, eu te amo! - Gritou com lágrimas nos olhos, feliz e orgulhoso do filho e com medo por ele. Po conseguiu ouvir e responder.

– Eu também te amo, pai! - e finalmente foi.