>>>> POV Liv

–Vocês não precisam fazer nada, queridas. – Ingrid falava, enquanto caminhava pelo quarto, passando a mão pela cômoda que ficava do lado da porta e depois pela lareira.

Depois virou para nós, que tinhamos nos encolhidos entre as duas camas de solteiro, juntou as mãos e disse, com o ar mais tranquilo do mundo:

– Apenas estar aqui já é o suficiente para me ajudar.

Olhou diretamente para cada uma de nós, deu um sorrisinho e sumiu no ar.

Essa mulher é louca, só pode ser. O que ela queria dizer com “Vocês não precisam fazer nada, estar aqui já é o bastante para me ajudar”?? E depois dessa frase ela sumiu no ar, evaporou! Que irônico, eu pensei. A Snow Queen evaporando do nada.

– Queria que ela evaporasse assim de verdade. – eu disse, rangendo os dentes.

Ellie, que agora já estava sentada na segunda cama do quarto que íamos dividir, riu e falou:

– E eu queria que fosse tão fácil assim.

E deitou na cama, olhando para o teto.

Eu fiz o mesmo e suspirei.

Meu cérebro sabia que o melhor para todos era que mamãe não desconfiasse de nada, mas meu coração estava doendo por causa do seu olhar indiferente à nós. Ela nos amava, claro que amava, mas como poderia amar duas meninas de 18 anos que apareceram de repente? Ela não poderia, não nos conhecia. E então um pensamento tomou conta de mim.

–Ellie, será que nós sumimos do futuro? Quer dizer, será que mamãe está nos procurando enquanto estamos aqui, presas no passado?

–Não sei, provavelmente. Mas não podemos fazer nada.– ela disse, tirando as botas e as meias. Olhou para mim e falou: – Ainda não vimos o papai, onde será que ele está?

–Provavelmente se pegando com a mamãe em algum lugar do porão dela. – eu disse, rindo quando dei um grito, fazendo Ellie dar um pulinho de susto – Roland! E Henry! Nós ainda não vimos eles! Eles devem estar tãooo bonitinhoos!

– Siiim! Precisamos vê-los! – Ellie disse, gargalhando comigo.

Depois de relaxar um pouco lembramos que não tínhamos nenhuma roupa para trocar, então pegamos uma parte do dinheiro que Snow nos dera e fomos à uma boutique que conhecemos 18 anos depois. Compramos algumas blusas e 3 vestidos. Voltamos ao quarto e nos arrumamos para sair. Nós duas estávamos usando vestidos, o de Ellie era azul e o meu, vermelho.

Descemos para a Granny’s, afim de encontrar Ruby e irmos para o Rabbit Hole, mas ela não estava a vista, então Ellie perguntou à Granny, que estava no balcão:

– Boa noite, Granny. Ruby está pronta?

– Está quase pronta, querida. – ela disse, tirando seus minúsculos óculos do rosto e sorrindo para a Ellie. – porque vocês não sentam naquela mesa e esperam por ela?

Aceitamos sua sugestão e sentamos na mesa que ela apontara. Eu de frente para a porta e Ellie de costas. Eu estava mexendo na pulseirinha que mamãe me para mim, cada miçanga significava uma coisa: duas meninas de mãos dadas, que obviamente são Ellie e eu; um arco e flecha que significava, também obviamente, meu pai e a arte do arco e flecha que ele me ensinou todo orgulhoso; um coração, que representava minha mãe e o amor dela por mim. Ellie também tem uma pulseira igual, mas não estava olhando para ela. Sempre mais atenta que eu, Ellie estava olhando para as pessoas que estavam na Granny’s. Reconheci Leroy e Tom, conversando na mesa ao nosso lado e Belle, lendo um livro na mesa perto da porta. Eu estava tentando ler o título do livro quando escutei o barulho da porta se abrindo.

Olhem na direção do barulho automaticamente e segurei o fôlego. Dei um chute na perna de Ellie por baixo da mesa e fuzilei ela com um olhar que gritava um grande: “NÃO OLHE PARA TRÁS”.

Um não-grisalho Robin entrava na Granny’s de mãos dadas com um mini-Roland, eles foram direto para o balcão e se sentaram praticamente ao nosso lado, olhando para nós sem se importar com quem eramos.

Fiquei observando suas roupas e ouvindo sua voz. Não fazia idéia da saudade que estava até ouvi sua risada. Então percebi que não respirava e soltei o ar pela boca. Estava engoli o nó na garganta quando Ruby chegou:

– Olá, meninaas! – ela disse, passando a mão em meu ombro e ficando meu na frente do pap… Robin. – Desculpem o meu atraso, vovó me prendeu aqui até tarde.

– Sem problema, Ruby! – Ellie disse, levantando da cadeira e ajeitando seu vestido. Levantei e também ajeitei o meu.

– Vamos? Quero conhecer o Rabbit Hole! – eu disse.

Ruby abriu um sorriso e disse:

– Só se for agora!

>>>>POV Reginana Storybrooke de 2032

Sala. Quarto da Ellie. Quarto da Liv. Meu quarto. Banheiros. Biblioteca. Cozinha.

Eu já tinha olhado em todos os cômodos da casa e elas não estavam em lugar algum.

Peguei meu celular e liguei para Robin.

– Alô?

– Amor, as meninas estão com você? – falei, assim que ouvi sua voz.

– Não, querida. Estou esperando Liv para a aula de arco e flecha, mas ela não apareceu.

– Se ela aparecer por aí, me avise.

– Certo.

Desliguei a ligação e liguei para Henry, ele demorou alguns segundos para atender e quando finalmente o fez, parecia estar arfando:

– Alô... mãe?

– Henry? Você está bem?

– Estou ótimo, o que foi?

Olhei para a chave do meu carro que estava em cima da mesa da sala de jantar e falei:

– Você sabe onde estão suas irmãs?

Ele pensa um pouco e responde:

– Não faço a menor idéia. Você já ligou pro Alex ou pro Chris?

Alexander e Christopher eram os namoradinhos de Liv e Ellie, respectivamente.

– Não.

– Então ligue, elas provavelmente fugiram com eles. – e começou a rir. Revirei meus olhos e falei:

– Ok. Se você tiver alguma notícia delas, me avise.

– Certo, tchau.

–Tchau, filho.

Desliguei o telefone e peguei as chaves de cima da mesa.

Onde diabos essas meninas estão? Pensei, enquanto me dirigia ao carro.

Sair sem avisar não é do feitio de nenhuma das duas, pensei. Entrei no carro e antes de sair resolvi ligar para o Alexander. Ele atendeu no terceiro toque:

– Alô?

Pigarreei e respondi:

– Olá, Alex. Eu queria saber se você sabe da Liv e da Ellie.

– Olá, Regina. Não sei, não. A última vez que falei com a Liv foi hoje pela manhã e ela estava em casa. Mas deixa eu perguntar se o Chris sabe da Ellie, ele está aqui perto. Só um minutinho.

Escutei barulhos de vozes do outro lado da linha, mas não consegui entender nada.

–Ele falou com a Ellie ontem à noite, Regina.

Ò céus, pensei.

Vou tentar ligar para o celular da Liv, se eu conseguir falar com elas eu lhe aviso.

– Certo. Obrigada, Alex.

Desliguei o celular e comecei a ficar preocupada. Liguei o carro e me dirigi à cidade. "Com certeza elas estão bem, não deve ser nada sério", pensei, mas senti um calafrio correr por todo o meu corpo.