O Retorno dos Antigos

Mundo de Teceu [O Último Portal] - Parte 3


Annie acompanhava tudo pela televisão da lanchonete que havia no meio da estrada daquele lugar que não tinha aparentemente mais nada além daquele estabelecimento. Parecia um lugar normal, sem nenhuma peculiaridade, a não ser pelo fato de que todo mundo se amontoava na frente do televisor para assistir melhor o que estava passando. Uma das atendentes foi obrigada a aumentar o volume ao máximo. Todos tinham a atenção voltada para o mesmo lugar.

A exterrorição havia sido interrompida. Uma chuva forte muito forte havia caído. A cada minuto, o título da manchete mudava:

Sig participa de exterrorição

Chuva nunca vista causa caos em Gali

Hospedeiros lutam na praça Central

Hospedeiro estava por trás de todo o caos

Guardas e policiais estão sendo nocauteados por hospedeira e águia gigante.

Reforços foram convocados para fortalecer a segurança

Annie tinha de admitir que as coisas estavam bem interessantes.

Entretanto, estava preocupada com o que havia acabado de acontecer. Uma nova possibilidade. Os selos espirituais sendo libertos… Algo estava acontecendo. Ela podia sentir, com um arrepio súbido. Os selos haviam sido bloqueados há muito tempo, mas, por algum motivo, estavam libertos de novo. Ela se sentia na tentação de invocar o espírito do Futuro naquele momento, apenas para apreciar sua presença, mas não era algo exatamente necessário e gastaria uma boa parte de sua força.

E, enquanto isso, seu irmão continuava dormindo em um sono profundo. Droga, o que estava acontecendo?

“Nós não temos certeza, mas tudo indica que o Sig, líder da Cavalaria, está caído no meio da praça. Todos os seus homens também estão desacordados” A imagem exibida vinha de cima, de um helicóptero, certamente. Annie julgou que a tal hospedeira com a Águia havia feito bem o seu trabalho de acabar com todos os policiais. Algo de se impressionar.

A imagem mudou e mostrou a praça, pela visão de um repórter que estava no meio do tumulto, descrevendo aos gritos toda a situação que os telespectadores poderiam ver. “O palco inteiro se transformou em água. Os prisioneiros foram ajudados por um grupo de terroristas. Ah, não é possível. Deem uma olhada nisso!”

A câmera deu um zoom desajustado com a lente embasada e focou no grupo.

Andrea não imaginara que conseguiria se sentir com tanto poder quanto naquele momento. Os selos foram libertos. Os selos foram libertos!

Ela ergueu a mão no ar, como se estivesse feito aquilo dezenas de vezes. Em seus dedos, surgiu uma chave de prata. A ponta formada pelo bico de uma águia e o resto decorado com penas em relevo. As palavras surgiram como se sempre estivessem lá. Pode sentir o poder enrijecendo seus músculos. A força percorrendo suas veias como uma droga e eriçando os pelos do corpo.

— Abra-te, portão do espírito estelar da águia!

O som de um sino, vindo da chave, pode ser ouvido e ecoou por toda a praça junto com uma rajada súbita de vento que fez seus cabelos molhados balançarem. Aquila desapareceu do céu em um flash de luz vermelha, logo acima de Andrea, e, em seu lugar, apareceu um portal, como uma fenda para outro mundo. E de dentro desse portal, um animal enorme se esgueirou para sair. Primeiro foi o bico, seguida das asas em uma mistura de penas multicoloridas. O espírito estelar da Águia pousou na frente deles com tanta força que ameaçou os lançar para trás. Era tão grande quanto um prédio…

E Andrea estava absolutamente fascinada com aquilo.

Annie ficou absolutamente perplexa. “Há. Aquilo sim é um águia gigante.” Observaram o grupo inteiro subindo nas costas do espírito , se preparando para alcançar voo. Quando a Cavalaria chegou em comboios e começou a atirar, o animal gigante já havia se lançado ao céu.

Katy não acreditava em onde estava. Ela nunca havia pensado em voar em cima do espírito da Observadora. Era uma possibilidade que nem sequer passara por sua cabeça. Ela sentiu um frio na barriga quando a ave se lançou ao céu, todos segurando fortemente nas penas, formando uma grande fileira. Chris estava logo na sua frente e ela ficou feliz por estar perto dele. Rose era a única que não ficara muito feliz com a ideia, certamente pela falta de cinto de segurança.

Nunca se sentira tão feliz, com o vento gelado tocando sua pele. Nunca se sentira tão livre.

Entretanto, ainda não havia acabado. Eles precisavam chegar no portal. E só então estariam seguros.

— O fato do portal estar na delegacia não seria um problema? - gritou Katy para que Andrea, que estava na frente, pudesse ouvir.

— Ah, não acho que isso vai ser um problema.

Katy não ficou nem um pouco menos aliviada com aquele comentário.

Henry nunca havia se sentido tão ansioso durante toda a sua vida. Ele queria deixar que suas pernas tremessem, mas não estava acostumado a fazer aquele tipo de coisa. No final, ele havia golpeado Sig, que, naquele momento, jazia desmaiado ali perto.

Foi uma pancada bem forte.

Além disso, Henry não sabia quando teria novamente uma oportunidade como aquela, quando tomou o microfone de um repórter e o empurrou para o lado quando este protestou sua atitude.

— Continua gravando! - gritou Henry para o cinegrafista, que não ousou desobedecer. - Está ao vivo? - O homem assentiu.

Sim. Era ali e naquele momento que ele daria um pronunciamento que deveria ter sido feito há muito tempo. Era uma oportunidade única.

— Povo de todas as cidades. - começou Henry, mantendo uma postura firme. - Estou aqui para um pronunciamento importante a respeito dos terroristas. - ele deu uma pausa e tentou se acalmar. - Tudo o que vocês sabem a respeito deles é uma mentira! Vocês estão apenas sendo enganados!

Henry imaginou quem poderia estar assistindo do outro lado. Uma garota em uma lanchonete que tem poder de prever o futuro; Um garoto que é herdeiro de uma cidade secreta, vivendo em um lugar cercado de assassinatos; hospedeiros e milhares de pessoas...

Todos estavam assistindo.

...

Annie arregalou os olhos e ficou paralisada por cerca de meio segundo enquanto uma visão do futuro invadia sua mente.

Ah, não. Isso não vai acontecer mesmo!

Pensou em solicitar um celular emprestado a uma das pessoas que estava ali, entretanto, isso iria levar tempo, então resolveu simplesmente furtar do bolso de um homem, sem que ele sequer percebesse, e começou a discar.

“Há um tempo atrás, após a guerra, nossos ministros decidiram que o melhor para a população era se livrar de toda a nossa cultura, que foi tanto motivo de guerras e massacres ao longo dos anos. Eles estavam certos. As diferenças entre os espíritos sempre foram motivo de repulsa entre os povos e, por isso, a ideia da existência deles foi banida, usando quaisquer meios necessários para mantê-la assim. Manumentos foram derrubados e pessoas foram mortas, como desculpa de obter a paz, mas tudo se trata apenas de uma mentira. Uma mentira para que as pessoas se sentirem melhores.”

Todos da redação estavam prestando atenção no televisor que exibia as imagens de Gali. Um homem de terno havia tomado à dianteira do microfone e começara um discurso. Todos estavam em silêncio, prestando atenção. Bran deu uma olhada sobre o ombro e observou que até o pessoal da limpeza e os superiores estavam focados em alguma tela.

Ele não pôde deixar de se lembar de Annie, sua colega de trabalho. Ela havia sumido uns dias atrás. Policiais vieram fazer algumas perguntas a respeito dela na qual a equipe sempre respondia negativamente as perguntas sobre terem percebido Annie ter atitudes suspeitas.

“Eles estavam certos que nossas diferenças eram motivos de guerra, mas isso não é sinônimo de paz. A guerra ainda existe e sempre existirá. As pessoas e nossos entes queridos continuarão a morrer, a não ser que resolvamos nos unir. Esse é o momento para se restaurar uma nova ordem, baseada na antiga. Os mais novos talvez não saibam do que isso se trata, entretanto, os mais velhos e aqueles que foram ensinados por estes ainda conhecem aquilo que foi obrigado a se perder…

Bran ficou admirado com aquilo, mas, ao mesmo tempo, perplexo. O que poderia estar se passando na cabeça dos colegas naquele momento?

“É hora de nos unirmos. Deixarmos nossas diferenças de lado para restaurar aquilo que foi perdido. Antigamente, o Conselho da Magia governava o mundo, mas ele foi desfeito por acharem que não fora bem sucedido em impedir tais desastres. A verdade é que essa sempre fora uma tarefa coletiva de toda a população. Hoje, sem o Conselho da Magia, nada impede que hospedeiros malignos, como aqueles que o próprio Conselho combatia antes de sua queda, se erguessem ao poder, tendo o controle de nossas capitais.”

O que aquele cara estava dizendo? Hospedeiros malignos como líderes políticos ou aliados destes? Não fazia sentido.

Um telefone começou a tocar e Bran sentiu a vibração na coxa. Todos continuavam vidrados na tela quando ele sacou o celular do bolso e observou o número desconhecido. Quem lhe ligaria àquela altura?

“O Líder da Cavalaria, por exemplo, Sig, é um hospedeiro.”

Murmúrios se manifestarão por todos da sala. Bran resolveu atender o telefone.

— Alô? - disse ele, ficando surpreso com a voz que reconheceu em seguida.

— Oi Bran. Sou eu, Annie.

— Annie, onde você está? O que foi que aconteceu? - Era notável a quantidade de perguntas sem respostas. - Está vendo o que está acontecendo?

— Não posso responder a maioria das perguntas, mas sim, estou vendo tudo e preciso de sua ajuda. Coloque no viva voz e chame a atenção de todos que estão por perto.

Bran obedeceu, com relutância.

— Pessoal, prestem atenção aqui. Recebemos um telefonema da Annie!

Muitos se viraram e olharam para ele, passando a prestar atenção também na voz vinda do celular.

— Ótimo. - disse a voz de Annie do outro lado. - Preciso da ajuda de vocês e é muito importante, pelo bem do mundo. Espero que vocês façam o que estou propondo como honra a nosso cargo de jornalista. Deveríamos transmitir a verdade para as pessoas e é isso que realmente temos de fazer. Agora, mais do que nunca.

Houve uma pausa. Mais pessoas se aproximaram.

— Daqui a 31 segundos a transmissão será cortada pela nossa central e a televisão ficará fora do ar. Vocês não podem deixar que isso aconteça!

Nesse momento, eles ouviram um barulho forte de uma porta batendo.

— ONDE FICA A SALA CENTRAL DE TRANSMISSÃO? - gritou um homem forte, com rosto rígido, que aparentemente liderava o grupo de policiais armados que acabara de entrar pela porta da escada de emergência.

Ele encarou Ruís, que estava no caminho, esperando por uma resposta. O colega de trabalho olhou surpreso, com os olhos arregalados, sem conseguir raciocinar rápido o suficiente, até que levou um soco no rosto que fez seu corpo girar e tombar no chão. Os outros se espantaram e recuaram.

Uma mulher soltou um grito.

— ONDE ESTÁ?

— A sala fica no final do corredor! - respondeu ela, se encolhendo e se pressionando contra a parede enquanto deixava o esquadrão passar.

O telefone continuava ligado. Annie estava ouvindo tudo.

— VOCÊS PRECISAM FAZER ISSO LOGO!

Eles se entreolharam. Estavam em dúvida quanto aquilo, mas quando o grupo de policiais chegara, todos pareciam ter o mesmo pensamento.

— Bran passou pelas pessoas e foi ajudar Ruís, caído no chão. Sua bochecha estava inchada e roxa. O soco fora tão forte que o amigo ficara desnorteado e teve dificuldades para se sentar na cadeira mais próximas.

Bran lançou um olhar para os outros atrás dele.

— Nenhum deles vai sair daqui impune. - disse Bran. - Nenhum deles vai desligar essa transmissão. Nós vamos impedí-los!

Aquele poderia ser facilmente considerado como algo impossível. Já era difícil de imaginar estar no Mundo Espiritual. Ainda mais difícil e improvável era falar com um espírito e pedir para que desativasse seus poderes por um período de tempo.

Por que não?

Entretanto, Kurt sabia que Ramza, o espírito dos Símbolos, uma mulher com tatuagens de símbolos diversos absolutamente por todo o corpo, que morava numa espécie de jardim/ateliê de arte, com certeza iria querer algo em troca e era isso que o deixava com medo.

— Tenho certeza de que isso não será de graça. - comentou Kurt para Ramza, enquanto a seguia para o alto do jardim.

— Bom, você está me pedindo para desativar os símbolos de proteção. Isso é um negócio muitíssimo grave, querido. - respondeu ela. - Pode afetar todo o equilíbrio do mundo e até mesmo causar o apocalipse!

Kurt franziu a testa.

— Você está brincando, não é?

Ramza lhe lançou um olhar de relance

Aparentemente ela não estava mentindo com relação à possibilidade do fim do mundo como consequência da realização de seu pedido.

— Então, o que eu posso fazer? - perguntou Kurt finalmente.

— Bom, desativar o efeito dos símbolos ocasionaria numa série de eventos das mais diferentes possibilidades pelo mundo. - Ramza flutuou acima dele, exibindo sua típica roupa roxa de inverno, embora nada ali parecesse frio ou quente. - Isso exigiria uma reunião com os espíritos primordiais e não seria algo tão rápido assim, entende?

— Hm… Então, qual seria a outra alternativa?

Os dois chegaram no jardim de cima. Era uma grande plataforma circular de pedra, com plantas crescendo ao longo das bordas.

— Você precisa me matar. - disse Ramza, parando no centro da plataforma. Kurt franziu a testa.

— O quê? - disse ele, confuso.

— É isso mesmo. Você precisa me “matar”, por assim dizer, entretanto, para isso, você precisa responder uma pergunta. Ou melhor, desenhá-la.

Ramza balançou as mãos e fez surgir em magia roxa uma tela de pintura e um pincel. O espírito dos Sìmbolos os entregou à Kurt. Ele ficou apenas observando.

— Hã, então, qual seria a pergunta? - disse Kurt, desconfiado de tudo aquilo.

Ramza deixou soltar uma risada que pôde facilmente ser considerada maligna, com um pouquinho de sarcasmo.

— Simples. - comentou ela. - Qual é o meu símbolo de proteção?

...

A águia voava bem rápido. Sequer se passou dois minutos, depois de um tempo aproveitando a vista úncia da cidade lá embaixo, quando Aquila mergulhou em direção ao solo. Todos se seguraram fortemente em suas penas, pronto para se chocarem de encontro com a morte, o que seria algo bastante ruim depois de tudo que passaram.

Seria desastroso.

Katy não soube como aquilo aconteceu. A águia se transformou em uma espécie de cometa e explodiu em magia. Katy caiu e sentiu arrepios, mas quando se recuperou, estava no chão, junto com os outros. Toda a frente da delegacia estava destruída e a águia desaparecera. Em seu lugar, estava apenas Aquila em sua forma menor, que costumava acompanhar Andrea por toda parte. Pessoas da polícia que estavam mais próximas voaram pelos ares há uns bons metros de distância.

— Vamos! Vamos! - Gritou a hospedeira observadora para eles. Ela e Katy seguiram na frente com os outros logo atrás.

Surgiram policiais por toda a parte. Os primeiros estavam mais atordoados pelo que acabaram de presenciar e não tiveram lá muito tempo de reagir quando Andrea e Aquila partiram para cima deles. Mais alguns vinham atrás, por um corredor que dava acesso ao interior. Katy e os outros tiveram de se proteger dos lados para que não fossem atingidos pelos disparos.

— Onde fica a porta? - perguntou Andrea, elevando a voz para ultrapassar o som dos tiros.

— Fica na saída da sala do interrogatório. - disse Chris. Mais tiros foram disparados e penetraram no concreto da parede onde estavam protegidos. - Katy, tenta alguma coisa.

Ela assentiu, correu para a mesa da recepção do lado onde estava e procurou por uma caneta, ignorando a mulher que estava encolhida ali, pegando também um bloco inteiro de post-it.

Começou a escrever.

Explodir.

Incinerar.

Detonar

Paralisar

Ela se surpreendeu com a velocidade que escreveu tudo aquilo. E ainda mais por ter conseguido aprender muito mais sobre como usar seus poderes durante aquele semana do que toda a sua vida antes disso.

Amassou os papeis e esperou dar mais uma pausa dos intervalos dos tiros e os tacou.

Os bolinhas de papeis se espalharam pelo corredor e seus efeitos foram ativados. Um por um, ao desejo de Katy. Houve o estrondo da explosão, seguidos de gritos de alguém pegando fogo. O chão e as paredes tremeram e, de repente, tudo se acalmou.

Paralisar.

Quando olhou novamente, destroços das paredes estavam parados, em pleno ar, causados pela explosão. As chamas estavam congeladas, em uma das portas.

— Vamos! - Katy gritou e os outros os seguiram.

Depois do corredor, um policial saiu de uma das salas atrás deles. Obviamente estava escondido, mas foi surpreendido por Garret, que lhe prendeu pelo pescoço por trás e apertou forte, deixando ele sem ar e o jogando para o lado, desmaiado.

Mais policiais apareceram das salas adiante e eles foram obrigados a se abaixar e ficar onde estavam. Katy escreveu novamente Paralisar e tacou no meio do próximo cômodo. Tudo ficou no mais absoluto silêncio e eles avançaram.

— Lá está a porta! - apontou Chris.

— Vamos! - gritou Andrea.

Eles ouviram um estranho barulho de uma explosão e os gritos de alguém do corredor de onde vieram.

— A paralisia não vai durar para sempre. - observou Garret. - Rápido!

Katy se aproximou da porta. Desejou que pudessem ir à casa de campo onde havia ido com Minerva e sentiu um formigamento. A magia percorrendo e preenchendo a porta. Ela a abriu.

— Esperem, preciso pegar uma coisa! - disse Chris. - Vão na frente.

Katy indicou e deixou Rose e Garret passarem primeiro. Fizeram isso olhando para trás.

— O que você está fazendo? - perguntou Katy.

— A minha mochila. - disse ele com um sorriso. - Não posso dexá-la aqui.

Katy sorriu de volta. Claro, a mochila. Atmaya Patrel. O leopardo espiritual que ela dera de presente para ele.

Arthur passou pela porta. Os dois esperavam do outro lado, em um cômodo completamente contrastante do cenário da delegacia.

— Depressa! - gritou Garret.

— Ah, droga. Sua magia não vai durar muito tempo.

E era verdade. A paralisia não iria. Chris compreendeu e se apressou. Entrou em uma sala onde encontrou inúmeros objetos embalados em sacos plásticos, organizados em prateleiras. Katy foi atrás dele.

— Cadê… Onde está.. - Chris passou o olho em tudo. - Ah, aqui! Achei!

Ele pegou a mochila que estava na prateleira, embrulhada em um saco plástico como todas as outras coisas, com o símbolo de proteção de todas as doze capitais.

— Vamos! - gritou ele. Katy agarrou sua mão e os dois seguiram para porta. Andrea ainda não havia atravessado.

— Rápido! - disse ela.

Nesse momento, uma coisa muito estranha aconteceu. Do outro lado do portal, Katy conseguiu ver Bernard e Minerva, ajudando a família de Chris. Aquilo a surpreendeu. A princípio, não entendeu o que eles estavam fazendo lá, e não em casa. Alguma coisa deve ter acontecido. Em seguida, a imagem da porta mudou. Andrea se afastou e observou. Primeiro apareceu a imagem de uma sala ainda mais diferente. E depois, outra e mais outra, cada vez mais rápido.

Atrás deles, o feitiço da paralisia estava desfeita. Andrea não pensou duas vezes em se jogar no portal, mesmo que a passagem estivesse instável. Os cenários estavam mudando. Poderiam levar a qualquer lugar. Era só uma questão de Sorte.

Ou Azar.

— Vamos? - Chris perguntou olhando nos olhos dela. Os dois deram as mãos. O portal havia ficado completamente branco, de tanto mudar de cenários e mais cenários.

— Claro.

Juntos, de uma só vez, eles pularam.