O Peso De Uma Mentira

Capítulo 30


CAPÍTULO 30

POV BELLA

Estava frio e chovia torrencialmente. Era a terceira vez que Edward levantava pra ver como Amanda estava e mesmo ele dizendo que ela nem se mexera, eu não conseguia ficar tranquila. Durante todo o dia estive inquieta, sentindo uma dorzinha chata e agora, que eu achava que conseguiria dormir... Sem contar que Edward estava ficando inquieto também.


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— Amor, o que há? Você está nervosa o dia inteiro e agora não consegue dormir...


Edward acendeu o abajur e sentou-se de frente pra mim. Ele não estava incomodado, estava preocupado na verdade. Mas eu não tinha uma resposta pra lhe dar; eu não sabia de onde vinha aquela inquietação, aquela sensação estranha. Não era algo ruim, de qualquer forma.


— Acho que essa chuva me deixou assim. Não me lembro de ter chovido tanto e tão forte como hoje.

— Fique calma. É apenas isso; uma chuva forte e logo passa.


Balancei a cabeça e Edward se ajeitou na cama, tentando me deixar confortável contra seu peito — o que era bastante difícil, levando em consideração o tamanho da minha barriga. Talvez fosse aquilo que estivesse me deixando ansiosa; eu já havia completado os nove meses e meu pequeno poderia nascer a qualquer momento. Por vezes Edward ria de mim e dizia que o bebê não queria nascer porque tinha medo de apanhar por conta da demora...


Fechei os olhos, tentando encontrar o sono perdido e me deixei levar pela respiração calma de Edward. Adormeci em algum momento entre pensamentos, mas acordei com um barulho muito alto de um trovão e acabei por assustar Edward com meu grito.


— Bella... Por Deus! É só chuva! Água caindo do céu como acontece quase todos os dias em Forks. Você tem que se acalmar, amor.


Eu disse que tentaria e ele foi ver Amanda, antes de me trazer água. A dor que eu sentia intensificou e ofeguei. Ah, não! Mas aquele moleque não ia fazer isso comigo... Tinha que ser filho do Edward mesmo!


— Bebê, hoje não, amor. Espere até essa chuva passar, por favor! — eu pedia, enquanto acariciava minha barriga e trincava os dentes. Aquilo não era bom... Era bom, mas não pra uma noite como aquela... Tão fria e assustadora.


Me ajeitei na cama e senti outra pontada. Mais forte. Ele não ia esperar...


— Sua água...

— Ligue pra minha médica! — tentei soar tranquila, mas não surtiu efeito e Edward ficou meio que paralisado — É pra ligar agora, ok? O bebê não vai esperar.


Aquilo não estava adiantando... Ele estava me olhando como se não entendesse nada do que eu dizia.


— Edward, eu preciso de você, ok? Pegue a porra do telefone e ligue agora! — gritei a última parte, mas foi por conta da dor mesmo.


Ele apenas acenou com a cabeça. Seus movimentos pareciam em câmera lenta... Ele colocou o copo sobre a mesinha, deu a volta, sentou-se na cama, pegou o bloco onde eu deixava os números mais importantes anotados e só então pegou o telefone. O que estava acontecendo ainda não havia chegado ao cérebro dele, mas quando chegasse...


Por mais que eu tentasse respirar fundo e me acalmar, não dava certo. Edward não estava falando ao telefone e aquilo era um péssimo sinal. Mas eu ainda tinha esperanças. Talvez as coisas estivessem começando a se clarear em sua mente...


As dores eram suportáveis e bem espaçadas; daria tempo de chegar ao hospital. Se Edward se mexesse. Chamei por ele e sua expressão não era nada boa...


— O... Bella... Mudo...

— O quê? O telefone está mudo?


E eu não consegui segurar as lágrimas. Eu sabia que aquela chuva não era bom sinal... Como seria agora? Não tinha a mínima possibilidade de eu sequer cogitar pedir que Edward me levasse ao hospital. Não do jeito que ele estava. E muito menos com o céu desabando daquela forma. Só me restava me controlar e fazer com que ele percebesse que o filho dele ia nascer. Pedi que ele tentasse o celular e não adiantou. Não havia sinal.


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— Edward, vá até a casa de Angie e derrube a porta se for preciso, mas traga o Ben aqui.


Mais uma vez ele agiu mecanicamente e já estava me deixando assustada. Dizendo que era pra eu ficar quietinha, ele saiu e uma nova onda de dor me atingiu, fazendo com que eu gritasse mesmo. Eu tinha esquecido como aquilo doía! Passei a mão em minha testa, que já estava úmida e rezei pra que meu amigo estivesse em casa. Se ele não estivesse... Era assustador demais pensar no que poderia acontecer...


— Mamãe... Tá doendo? — Amanda apareceu na porta do quarto, completamente assustada e apontando pra minha barriga — Cadê o papai?

— Oi bebê... Dói um pouquinho, mas não se preocupe, ok? O papai foi chamar seu padrinho e ele vai ajudar a mamãe a ter seu irmãozinho.

— Posso ficar com você? Eu seguro sua mão pra não doer muito.


Consegui sorrir, mesmo que minimamente. Pedi que Amanda pegasse uma toalha e molhasse um pouco, o suor estava começando a me incomodar e eu sabia que a tendência era piorar e muito! Minha pequena ficou ao meu lado, passando a toalha por minha testa e rosto e eu já estava ficando preocupada com a demora de Edward. Não era possível! Eu não perderia meu bebê. Ele nasceria bem. Nós ficaríamos bem. Tínhamos que ficar.


POV EDWARD


A chuva realmente caía sem trégua e o barulho não era nem de longe, agradável. Mal coloquei o pé do lado de fora e fiquei completamente encharcado, mas eu tinha que ir até a casa de Angie e chamar por Ben. Bella estava sentindo dor e eu não sabia como ajudá-la, uma vez que sua médica havia suspendido qualquer tipo de analgésico.


Bati na porta uma, duas, três, dez vezes e ninguém atendeu. Gritar também não adiantou. Depois eu daria outra janela à Angie, mas peguei uma pedra em seu jardim e joguei bem na janela de seu quarto. Eu só esperava mesmo que a cama dela não ficasse ali.


— Mas que porra! Quem é o filho da pu... Edward? — Angie colocou a cabeça na janela e acho até que me xingou pouco... — Mas que merda você está fazendo na minha porta a essa hora? Não posso nem transar em paz que você me atrapalha? Está bêbado, cacete?

— É a Bella. Ela não está se sentindo muito bem e pediu que eu chamasse seu marido.


Os olhos de Angie pareciam que iam saltar das órbitas e ela pediu que eu esperasse, pois já estavam descendo. Não me custaria nada, eu já estava molhado mesmo... Poucos minutos depois eles estavam na porta, me olhando como se eu fosse um ET ou algo assim. O que foi?


Eles estavam bem protegidos por um enorme guarda chuva e assim, seguimos para casa. Quando chegamos à cozinha, ouvi o grito de Bella e Ben subiu as escadas correndo, sem nem mesmo nos esperar. Angie ainda me olhava e estava me incomodando.


— É o quê? Eu sei que sou lindo mesmo ensopado.

— Edward... Você tem a mínima noção do que está acontecendo aqui?

— Claro que tenho! A Bella está um pouco indisposta.


A mão de Angie acertou em cheio meu rosto e eu queria muito entender o motivo dela ter feito aquilo. Eu não tinha atrás de ajuda, meu Deus?


— A Bella está parindo, porra! Você acha que esses gritos são porque ela está indisposta?


Dessa vez, meus olhos quase saltaram das órbitas. Meu filho ia nascer. Estava chovendo pra cacete. Não tínhamos comunicação telefônica. Não dava pra sair de carro debaixo daquele temporal. Puta que pariu! O moleque não podia esperar?


— A Bella vai precisar de nós, ok? Troque essa roupa e vamos ver o que o Ben nos diz.


Antes que Angie dissesse a última palavra, eu já estava chegando à porta do quarto e Bella estava mesmo gritando. Ben conversava com ela e olhava o relógio. Aquilo não estava me dando uma boa sensação...


— Não vai demorar Bella. A bolsa deve ter estourado no banho, por isso você não percebeu.

— Acho que sim... Eu... — ela falava entre ofegos e eu me sentia inútil — Foi à tarde que comecei a sentir esses incômodos.


Angie me empurrou até o banheiro e nunca troquei de roupa tão rápido como naquela hora. Bella teria mesmo nosso bebê. Voltei ao quarto e só então percebi Amanda ali, ao lado da mãe, segurando sua mão. Sentei-me do outro lado e recebi um sorriso cansado.


— Me desculpe por não ter... Sei lá... Acho que eu não queria acreditar que esse moleque sem vergonha nasceria logo agora.


A resposta que recebi foi Bella gritando. Mais uma vez. Por mais que eu já tivesse passado por aquela situação com Alice, era minha mulher ali, porra! Dava muita agonia de não poder fazer muita coisa, de saber que, por mais que depois ela dissesse que faria tudo outra vez, ela estava sofrendo.


— O tempo das contrações está diminuindo, Bella. Vou preparar algumas coisas, ok? — Ben disse e saiu do quarto, junto com Angie.


Só de imaginar o que ela estava sentindo... Um homem, por mais forte e muito macho que fosse jamais aguentaria vinte ossos sendo quebrados ao mesmo tempo. A dor que Bella sentia era equivalente a isso. Vinte ossos! E eu só sabia disso porque pesquisei na internet.


Pensei em tirar Amanda dali e cheguei a falar com Bella, mas ela pediu que a deixasse. Talvez fosse melhor assim. Ela veria como a mãe estava e nunca pensaria em arrumar um namorado pra que ele lhe desse a “sementinha”. Na verdade, eu estava tentando pensar em qualquer coisa pra me desligar dos gritos.


— Papai, por que a mamãe não vai pro hospital igual a tia Alice?

— Porque está chovendo muito e não dá pra sair de casa assim e não vai dar tempo de chegar lá. Mas a gente está aqui e vai ajudar a mamãe, não é?


Amanda balançou a cabeça, muito animada por ser útil.


— Por Deus! Eu não aguento mais!

— Só mais um pouco, amor. Já, já nosso garotão estará aqui.


Ângela e Ben voltaram e fiquei alarmado quando ele me chamou; sua expressão não era boa.


— Edward, eu não sou obstetra e nunca fiz um parto na minha vida. O que sei sobre isso é o básico que se pode aprender, mesmo sendo médico, mas garanto que farei todo o possível. Não vou mentir pra você, é arriscado, mas não temos como conter isso; o bebê nascerá a qualquer momento.


Eu o entendia; claro. Não era a especialidade dele e jamais poderia culpá-lo por qualquer coisa.


— Só peço que faça o que lhe for possível.

— Não duvide.


Eu não duvidava. Talvez eu duvidasse de mim naquele momento, mas jamais das outras pessoas naquele quarto.


POV BELLA


Eu já não aguentava mais. Pelo parto de Amanda, eu sabia que estava na hora, que o bebê não esperaria mais. Mesmo tentando me controlar, eu gritava mesmo e olhei ao redor, percebendo que Amanda não estava assustada com o que via e ouvia e pra não machucá-la, soltei sua mão, me agarrando ao travesseiro.


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Ben pediu que Edward se posicionasse atrás de mim, me dando apoio e Angie pegou um lençol, evitando assim que Amanda visse tudo. Realmente não era necessário.


— Bella, você terá que fazer força e empurrar quando eu disser; tudo bem? Edward vai te ajudar.


Balancei a cabeça e realmente estava doendo, mas Edward estava ali, segurando uma de minhas mãos e beijando meus cabelos. Ouvi-lo dizer que tudo ficaria bem era só o que eu precisava.


Ben sentou-se na ponta da cama e disse que era a hora. Eu não consegui pensar muito, mas acho que acabei por machucar a mão de Edward, tamanha força que empreguei naquele momento.


— Vamos, Bella! Empurre!


Mais uma vez, segui a voz de Ben e respirei fundo, antes de repetir o ato.


— Edward, da próxima vez, traga seu corpo junto com o dela, ok? Não vai machucá-la.


Tinha alguma coisa errada com meu bebê... Eu não podia perdê-lo! Eu não ia deixar que isso acontecesse. Não podia acontecer.


— Eu sei que você está cansada, mas não desista, Bella. Tome a maior quantidade de ar que conseguir e empurre. Vamos.


Usei toda a força que consegui reunir e ainda senti Edward me ajudando. Bem ao longe, ouvi o chorinho que eu tanto queria, mas não consegui manter meus olhos abertos para vê-lo.


POV EDWARD


O corpo de Bella praticamente desabou sobre o meu no mesmo instante em que o quarto era tomado por aquele barulhinho mágico e eu fiquei sem saber o que fazer. Chamar por ela não adiantou e Angie me olhou, como se pedisse pra que eu mantivesse a calma.


Do outro lado da cama, Amanda estava alheia à mãe, muito interessada em observar o que Ben fazia com seu irmão. Depois de limpá-lo como dava, ele foi entregue à Angie, que não estava conseguindo ficar tão calma assim.


— O que está havendo, Ben? Bella não acorda. — mesmo tentando, eu não consegui controlar minha voz, que saiu alta demais — E o bebê? Como ele está?

— Uma coisa de cada vez, papai. O garotão está ótimo, pelo menos, aparentemente. Só saberemos melhor quando todos os exames forem feitos e agora, vamos cuidar dessa mamãe preguiçosa.


Eu não estava entendendo nada! Ele era médico, sabia como lidar com as emoções e talvez estivesse agindo daquela forma pra que Amanda não notasse que havia algo de muito errado ali.


Atendendo a seu pedido, deixei o corpo de Bella sobre a cama, com sua cabeça um pouco mais elevada e fiquei ao seu lado, temendo o pior.


— A pressão dela está ótima, os batimentos... Ela só estava cansada, Edward. Em breve ela acorda.


Consegui respirar aliviado. Muito aliviado, pra dizer a verdade.


— Graças a Deus correu tudo bem. Só teremos que esperar pra levá-los ao hospital... Eu não quis falar nada antes pra que vocês não ficassem nervosos, mas a estrada está fechada; houve um acidente feio e nada passa até amanhã. — ele deu uma batidinha em meu ombro — E então? Quando vamos encher a cara pra comemorar?

— Ele não vai comemorar nada! É um filho da mãe mesmo! E eu quero uma janela novinha, ok? — Angie sussurrava, mas não deixamos de rir.


Saí do quarto sendo acompanhado por Ben e ele realmente parecia tranquilo. Eu já estava mais calmo e queria muito pegar meu menino e que Bella acordasse logo.


— Já salvei muitas vidas, já fiz um sem-número de operações e vi muitos milagres, mas o que aconteceu naquele quarto... — Ben estava emocionado — Foi a primeira vez que ajudei uma vida a vir ao mundo e você não tem a mínima noção de como estou me sentindo agora.

— E eu agradeço por ter sido meu filho o privilegiado. Sem você, eu não sei o que poderia ter acontecido... O entendimento sobre o que estava acontecendo só veio quando sua mulher me estapeou.


Nós rimos e ele disse que pediria a Angie que me ajudasse a dar banho no bebê — sim, ele ainda não tinha nome, escolheríamos quando olhássemos pra ele — e confesso que nunca me senti tão feliz como naquele momento. Mesmo com um medo desgraçado de deixá-lo cair, lhe dei banho e Angie fez questão de registrar o momento, inclusive minha cara apavorada. Amanda estava conosco, separou a roupinha que o irmão usaria e exibia um sorriso enorme.


— Você é a garotinha mais corajosa que eu conheço e eu te amo do tamanho do mundo todinho. — falei e beijei sua testa.

— Eu só queria ajudar a mamãe... Quando eu tinha sonho ruim, ela sempre ficava comigo e segurava a minha mão...

— E você ajudou. Sou o papai mais orgulhoso do mundo!


Fiquei um pouco mais no quarto do bebê, pois Ben ainda tinha algumas coisas a fazer em meu quarto e eu não me cansava de olhar aquele serzinho tão pequeno e indefeso. Os cabelos eram quase inexistentes e ele ainda estava bem vermelhinho, mas Ben disse que era normal. Amanda também estava encantada com o bebê e fazia o mínimo possível de barulho, ela dizia que não queria acordá-lo. Mas isso ia acontecer a qualquer momento... Ele tinha que mamar, não? Ele parecia ser bem calminho, parou de chorar poucos minutos após nascer e isso me preocupou de início; não que houvesse razão pra isso, ele era simplesmente perfeito. Segundo Ben, ele havia respondido aos estímulos auditivos e visuais, mas só saberíamos mais quando realmente estivéssemos no hospital.


Quando fomos avisados de que poderíamos voltar ao quarto, fiquei mais calmo ao ver que Bella estava mais corada e eu queria tanto que ela abrisse os olhos! Eu queria que ela visse nosso pequeno e ficasse tão apaixonada quanto eu.


Com a ajuda de Angie, Ben havia trocado os lençóis e a roupa de Bella, mas eu sabia que assim que acordasse, ela ia querer se enfiar debaixo de um chuveiro. Não que ela pudesse fazer isso naquele momento, mas eu duvidava muito que ela nos daria ouvidos. Por mais alguns minutos eu fiquei ali, observando Bella, e já estava saindo quando ouvi sua voz.


POV BELLA


Cansada. Era assim que eu estava. Assim que abri os olhos, lembrei do chorinho do meu filho e olhei em volta, vendo que Edward estava saindo do quarto, mas não vi se nosso bebê estava com ele.


— Edward... Onde está meu filho? — perguntei com um misto de medo e ansiedade. Se alguma coisa tivesse acontecido a ele, eu jamais me perdoaria.

— Esse rapazinho aqui? — quando Edward virou, pude ver o pequeno embrulho em seus braços e não contive as lágrimas. De felicidade. De alívio.


Ter meu pequeno nos braços era a melhor sensação do mundo e ver como os olhos de Edward brilhavam... Ele estava feliz. Eu sabia que estava. Mas não era apenas felicidade por ter visto seu filho nascer, era por ter estado comigo quando aconteceu. E eu sentia por ele muito mais do que amor, paixão ou qualquer outro sentimento romântico. Eu sentia gratidão. E agora eu entendia perfeitamente quando Alice disse que ele era especial.


— Eu te amo. — falei, enquanto limpava as lágrimas que molhavam seu rosto.

— Eu também te amo. Muito. E nunca mais me assuste daquele jeito.


Só consegui balançar a cabeça, concordando com o que ele havia dito. Me inclinei em sua direção, depositando um beijo em seus lábios, mas fomos interrompidos por um chorinho lindo.


— Oi bebê... Você deve estar com fome, não é?


Recebi ajuda de Edward para retirar a camisola e desabotoar o sutiã e senti seu olhar sobre mim. Não era desejo, tesão nem nada disso. Era um olhar de admiração; como se eu fosse a coisa mais... Especial que pudesse existir e nem mesmo a voracidade com a qual nosso filho abocanhava meu seio foi suficiente pra que nossos olhos desviassem um do outro. A intensidade de tudo o que sentíamos um pelo outro era expressa através de nossos olhares e era muito mais forte do que qualquer um poderia sequer imaginar.


Quando abri a boca, tencionado dizer mais uma vez o quanto eu o amava, ele fez um sinal pra que eu parasse e não entendi muito bem no início, mas depois, quando notei que ele estava realmente admirado com o fato de eu estar amamentando, fiquei quieta.


O pequeno finalmente parecia saciado e então, pude voltar a falar e perguntei a Edward o nome que ele escolhera. Sua expressão era um tanto confusa e só consegui sorrir.


— Pensei que faríamos isso juntos. — disse ele.

Você é o pai. Escolha o nome dele.


O sorriso que vi era o mais bonito e eu jamais conseguiria esquecê-lo.


...

Mesmo após um mês, todos ainda ficavam babando meu filho, dizendo o quanto ele era lindo. Eu concordava plenamente; era a cara do pai.


Logo depois que saí do hospital, com a certeza de que tudo estava perfeitamente bem com meu pequeno, minha vida seguia uma rotina perfeita. Edward se mostrava um companheiro incrível; parecia ler meus pensamentos e antes que eu pudesse lhe pedir qualquer coisa, ele já estava fazendo. E ele cuidava do nosso filho talvez melhor do que eu; sua atividade preferida era dar banho nele. Pareciam se entender bastante.


Meu pequeno Dean era muito calmo e parecia adorar a voz de Amanda... Se ele estivesse chorando, bastava que ela falasse pra que aos poucos ele se acalmasse e ficasse quietinho. Todos ficaram abismados quando dissemos que ela acompanhou o parto do irmão e ela só dizia que “não foi nada, só queria ajudar”.


Todos os meus desejos estavam realmente sendo realizados... Quando, em meu aniversário, Edward me perguntara quais eram meus desejos de aniversariante, eu havia lhe dito que não queria muito, apenas filhos saudáveis e um marido que ficasse comigo até quando Deus permitisse. Em resposta, ele disse que ficaríamos juntos até muito, muito depois da eternidade. E eu acreditava plenamente nisso.


Meu corpo inteiro estava aquecido e meus olhos não desviavam daquela cena... Estávamos na casa de Esme, em mais uma reunião de fim de semana, mas Edward estava dormindo no sofá da sala, tendo Dean sobre seu peito e um de seus braços mantendo-o seguro. E foi uma luta pra convencê-lo de que poderíamos sair, de que estávamos perfeitamente bem... Como era superprotetor!


O barulho das risadas e das brincadeiras não me atingia mais, eu só conseguia prestar atenção àquela cena, àquele homem, que havia acordado e me olhava tão intensamente quanto eu o olhava. Aqueles olhos verdes seriam minha perdição eternamente... O sorriso torto... E eu o amava tanto! Amava seu jeito de menino, sua forma de ver o mundo, a forma como ele acreditava nas pessoas... Eu o amava por ele ser simplesmente ele... Por ter aquele brilho nos olhos, o riso fácil...


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Eu o amava porque sabia como era ruim estar longe, porque eu sabia que sem ele não havia felicidade. E ele era tão imperfeito! Isso fazia com que eu o amasse mais.


E quando ele se aproximou, ainda com Dean nos braços, meu coração bateu mais forte, como se eu o estivesse vendo pela primeira vez, como se me apaixonasse por ele outra vez. Talvez fosse isso mesmo...


— Seus pensamentos eram quase audíveis. — disse ele, beijando minha testa em seguida.

— Eu estava pensando se um dia conseguirei dimensionar o que sinto por você.

— Espero que não... Porque quando isso acontecer, deixará de ser amor.


Sorri e peguei nosso pequeno, apoiando minha cabeça contra o peito de Edward. Jamais deixaria de ser amor... Porque o que eu sentia por ele ia além do que se pode imaginar. Era algo capaz de superar qualquer obstáculo, qualquer problema... Era algo que fazia com que tudo de ruim fosse esquecido... E eu só queria continuar a amá-lo... Pra sempre.


POV EDWARD


Isabella... Uma mulher que um dia, enquanto adolescente, jamais pensei que sequer me olharia, que nutriria por mim os mesmos sentimentos que eu nutria por ela e agora... Ela era minha esposa, a mãe dos meus filhos, a mulher que eu amaria eternamente. Poderia soar ridículo para alguns, mas eu sabia que o que sentíamos um pelo outro era forte demais pra ir “até que a morte os separe”, apenas. Não... Iria muito além disso.


Bella me ensinou que era possível não viver de passado. E por isso, eu seria eternamente grato. Me ensinou a perdoar.


Eu a admirava. Por ser mãe, esposa, companheira... Por tudo.


A cada dia eu descobria que a amava mais, mas o melhor de tudo, sem sombra de dúvidas, era me apaixonar por ela todos os dias. Éramos um só. A mesma alma habitando dois corpos. E saber que se é amado é bom, mas sentir... Não havia palavras que explicassem... Ela não precisava dizer “eu te amo”; eu sentia isso em cada olhar, com cada gesto que era direcionado a mim.


Não havia como não me apaixonar... Seu sorriso, as bochechas coradas, os olhos expressivos... Os defeitos... Tudo nela era perfeito.


E agora, olhando em seus olhos, eu tinha certeza de que o nosso “pra sempre” estava apenas começando.


Porque sem ela... Eu não seria o Edward bobão e apaixonado, eu não seria o “papai lindão” de uma menina linda e muito menos teria nosso pequeno... Sem ela não haveria vida.


Porque ela era não era a luz que iluminava meu caminho; ela era o meu caminho.


“Não importa quanto vai durar – é infinito agora.” Caio F. Abreu


Fim?