O Outro Lado

Lição 10: Depressão


A briga já demorava alguns minutos, e nenhum dos dois garotos falavam nada, mas eu não conseguia sair dali. Só que, de uma hora para outra um deles ganhou vantagem e imobilizou o outro no chão. Quando o caído estava quase tendo o pescoço quebrado, eu decidi interferir na situação.

Orihime: Já chega vocês dois!

Garoto 1: O que está fazendo aqui garota?

Orihime: Solte ele!

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Garoto 1: Quem você pensa que é pra se meter?

Orihime: Só o solte, desse jeito vai acabar cometendo um assassinato!

Garoto 1: Se você não for embora eu vou cometer dois! Esse cara aqui merece o que está levando!

Orihime: Ele fez uma coisa tão ruim assim?

Garoto 1: Sim, ele agarrou minha namorada à força!

Garoto 2: Você sabe muito bem que não foi assim... Eu apenas fiz o que ela queria....

Garoto 1: Calado seu maldito, não me faz querer te matar ainda mais! E você vai embora ruivinha, eu sei que está tentando ajudar, mas não vai conseguir me impedir.

Orihime: Olha, eu não sei quem é essa garota, ou qual de vocês dois está com a razão, mas será que o que ele fez é tão ruim que vale a pena manchar suas mãos de sangue? Você confia tão cegamente nessa garota ao ponto de virar um assassino? Se sua resposta for sim, eu vou embora nesse momento.

Ele não respondeu, apenas livrou o outro e me olhou com os olhos cheios de fúria, se aproximando lentamente, tão próximo do meu corpo que eu automaticamente o considerei como uma ameaça. Como se fosse uma expert em brigas, eu me movi rapidamente e acertei um murro tão forte na cara do rapaz que sangue espirrou pra todos os lados. Antes que alguém falasse alguma coisa, sai correndo desesperada.

Em que eu estava me tornando? Tudo bem que na situação anterior com o ladrão eu estava obviamente em perigo, mas quanto tempo havia levado pra eu começar a atacar cegamente. Buscando na minha memória recente, vi que o garoto estava com as mãos baixas, então seria quase impossível que ele estivesse prestes a me atacar. As pessoas ao meu redor me observavam, afinal de contas, uma garota descabelada correndo por ai com as mãos cheias de sangue não era uma coisa lá muito comum... Fui para o único lugar que consegui pensar: O pátio da escola, já que dificilmente teria alguém lá a essa hora. Me sentei embaixo de uma arvore, respirando fundo, tentando entender o que seria feito a seguir... E, ironicamente, comecei a rir.

Não era uma risada comum, do tipo que se dá quando se ouve uma piada, nem uma risada de histeria, era uma risada de felicidade pura e simples, como se eu tivesse acabado de ganhar o melhor presente do mundo. Junto com a risada, começaram a surgir grossas lagrimas no meu rosto, transformando-me numa expressão clara de insanidade completa. Ah, como eu queria que W estivesse aqui agora, ele certamente... Não, já chega! Já era o bastante de ir correndo pro W cada vez que eu perdia um pouco o controle, tinha que aprender a me virar sozinha. Mas eu me perguntava como W conseguia se manter tão instável, enquanto eu estava aqui aos prantos por estar completamente embriagada pelo cheiro do sangue nas minhas mãos. Por mais que eu tentasse limpar as mãos na blusa, meu corpo novamente não respondia. Pensei em todos que me conheciam, como eles reagiriam se soubessem que eu sou essa coisa estranha e sem emoções benignas? Eles já ficaram completamente chocados pela minha mera mudança de visual...

Por minha sorte, ou talvez pelo destino (porque eu não acreditava mais em sorte, não depois de tudo que aconteceu), aquele lugar permaneceu vazio por bastante tempo, então eu consegui chorar tudo o que tinha preso no meu peito, mas mesmo assim eu me sentia sufocada por alguma coisa, e eu sabia muito bem o que era aquilo... Minha terrível e sádica sede de sangue. Será que eu ia acabar sucumbindo a ela ou ainda restava alguma força escondida na minha alma lutando para se libertar?

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Não sei ao certo quanto tempo passou, mas quando voltei a mim, senti uma presença perto, como se fosse uma pessoa. Respirei fundo e levantei a cabeça, só pra me deparar com o inicio do meu fim. A ultima pessoa que eu gostaria de ver agora, estava parada na minha frente, com um olhar totalmente serio encarando meus olhos inchados. Ele se abaixou e tocou levemente minha pele, causando uma confortável sensação de alegria temporária, porque eu já sabia o que viria a seguir, e não seria nada agradável.

??: E então, está pronta pra me contar o que diabos está acontecendo? E nem invente de dizer que não é nada, eu só vou embora quando souber a historia inteira.

O pior de tudo nessa situação é que eu sabia que ia acabar contando tudo para aquela pessoa... E que talvez ela nunca mais fosse me olhar na vida... Afinal, quem quer ficar perto de uma assassina?