Abri os olhos, como eu tinha parado deitada naquele chão? Olho para baixo e percebo que não poderia ser chamado de chão e sim de carvão carbonizado, tudo ali fedia uma podridão insuportável.

Olho ao meu redor e vejo rochas sobre rochas, árvores carbonizadas e sem vida, um castelo arruinado, e bem na minha frente um lago escuro, só de pensar em chegar perto já provocava arrepios.

Aperto um pouco mais os olhos e vejo três vultos coberto por um manto branco e todo encapuzado, segurando cada um uma tocha.

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Levanto-me sorrateiramente para que eles não percebam a minha presença, e me escondo na primeira rocha que vejo, e o espio pela pequena fissura.

Logo atrás dos três vultos aparece um ser magnífico, todo encapuzado de preto, com certeza era ele, que estava carregando um corpo em seus braços, não poderia ser considerado um corpo e sim uma alma.

O demônio ergue o corpo de seus braços e diz alguma coisa para os três encapuzados que não consigo identificar, logo em seguida os seres erguem a tocha em direção ao corpo e o carboniza, bem ali, na minha frente.

O que eu tinha presenciado ali ficaria marcado para sempre em minha vida terrena, eu tinha acabado de ver o demônio destruir um espírito, simplesmente isso.

Tento me mover para sair daquele local, mas não consigo, era como se estivesse pregada e sendo obrigada a presenciar aquela cena.

Logo após terem destruído aquela alma, os três vultos desaparecem floresta adentro, e o demônio ficou parado olhando para o chão, como se estivesse pensando em alguma coisa, e antes mesmo dele ir embora ele levantou os olhos e olhou diretamente em minha direção, levo um susto e caio sentada no chão, será que ele sabia que eu estava aqui? Isso não podia acontecer.

Olho para os lados a procura de qualquer lugar para que eu saísse dali e encontro uma trilha, eu sei que ela era um pouco sombria, ou melhor, muito sombria, mas era o único caminho, antes de entrar na trilha olho pela última vez para trás e vejo que ele não está mais ali.

Então, sem pensar duas vezes, adentro a trilha.

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Como estava muito escuro, acabo tropeçando em vários buracos, e no último que eu tinha tropeçado, acabo torcendo o pé, me fazendo trincar os dentes para não dar um berro ali mesmo, eu estava me sentindo um lixo de tão cansada, com saudade da minha família, dos meus amigos, de Ryan, será que ele tinha conseguido sair daquela cabana horrenda?

Então ouço uma voz em minha cabeça dizendo: Não pare, continue andando.

_ Ryan, é você? Você está bem? Fale comigo. – Digo um pouco desesperada de mais, mas a voz não atende ao meu chamado.

Continuo a andar, ou melhor, a mancar, já que eu não conseguia me manter em pé direito.

A minha cabeça começa a queimar e as minhas vistas a escurecer, o que era horrível, pois se no mundo das almas já estava tudo escuro, imagina com as vistas escurecendo? Era o fim da picada.

Não consigo suportar a dor e caio de joelhos no carvão carbonizado, piorando ainda mais a dor no meu pé, então começo a ter rápidos vislumbres de David pegando fogo, não, aquilo não podia estar acontecendo, a última coisa que eu iria querer era a alma de David destruída, isso seria o fim para mim, eu não iria suportar, e ainda tinha Hiley, eu não iria sair dali sem capturar aquelas duas almas que eu amava tanto.

Sinto minha cabeça rodar e então caio de vez no chão duro e áspero, e a última coisa de que me lembro é de uma mulher se aproximando de mim e dizendo:

_ Tudo bem, eu estou aqui para te ajudar!

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Acordo com uma dor insuportável na nuca, e sinto algo úmido sobre a minha testa.

_ Acho melhor você não se mexer muito, pode piorar o seu estado.

Levo um susto e olho em direção a voz, uma mulher de longos cabelos grisalhos estava sobre uma bacia torcendo um pano e colocando sobre os meus inchados pés.

_ Quem é você? – Pergunto suspirando de alívio quando o pano triscou o meu pé, aliviando bastante a dor que eu estava sentindo.

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_ Isso não importa. – Responde ela pegando uma cadeira e colocando ao meu lado.

_ Importa sim, eu não posso não saber quem você é! – Digo já tentando me levantar, o que me fez fazer uma careta horrível de dor.

_ Tudo bem, eu falo quem eu sou, mas só se você não se mexer tanto. – Responde ela colocando a sua mão já um pouco marcada pela idade sobre o meu ombro e me empurrando de volta para a cama. – Eu era uma bruxa quando ainda estava viva, na minha época, eu sofri muito por isso, a igreja descobriu e me queimou, amaldiçoando-me pelo resto de minha vida.

_ Ai meu Deus, você é da época da inquisição? Eu sinto muito – Digo dando um olhar de desculpas.

_ Tudo bem, mas quando eu morri, mantive os meus conhecimentos, mas devido essa maldição nunca poderei sair daqui, e a única coisa que eu faço para preencher o meu tempo é ajudar as almas que vem para cá, mas eu percebi que você não é uma alma.

_ Acertou, eu estou aqui para capturar duas almas que vieram por engano.

_ Ninguém vem aqui por engano. – Responde a bruxa. – Mas quem são essas almas?

_ David e seu irmão Hiley. – Digo, ela olha para mim com um ar pesaroso e diz:

_ Vejo que você terá grandes desafios pela frente!