O Mistério De Catherine Robersten

Vergonha alheia | Mãe, o que foi isso? | CABUUM!!


– Err... Oi, pessoal. – Só eu acho que eu e o Victor estamos parecendo dois pimentões gigantes?

Eles estavam de queixo caído. Não sei por que... eu também tenho uma vida amorosa... não? Não.

Ok, eu entendo por que eles estão de queixo caído.

– Juliana Parks, você tem 5 minutos para me explicar, quem é ele, o que vocês estão fazendo aqui, porque estavam quase se beijando, e... – John olhou para Victor – Ele brilha?

– Tecnicamente, sim – Victor respondeu e eu dei uma cotovelada nele.

– Olha, John, meu irmão querido, é longa história que nem eu entendi ainda, mas eu prometo que te explico – olhei pra ele e ele assentiu com a cabeça – tudo bem... Vamos pra casa.

Saímos da lanchonete e fomos caminhando até em casa. Eu não podia soltar a mão de Victor, se não desapareceria. Na realidade, eu podia soltar. Era só nos distanciarmos um pouco, ele sumia e eu dava a desculpa que ele foi pra casa dele, ou qualquer outra coisa, mas... Eu não queria soltá-lo. Eu sei, eu acabei de conhecer ele, mas eu quase o perdi. Quero ele comigo mais do que nunca.

– Espera um pouco – disse e me virei pra trás onde estavam todos – Todos vocês vão lá pra casa?

– Sim – responderam em uníssono.

– Não quero você na minha casa- falei olhando diretamente pra James que abaixou a cabeça – Não quero você, nem sua namoradinha.

Madge me olhou indignada. Depois olhou pro meu irmão, pedindo ajuda, mas como meu irmão sabe que eu a odeio ele apenas fez um gesto com a mão, expulsando-a.

James soltou a mão de Madge e saiu pisando duro. Madge me mostrou a língua e correu para alcança-lo.

– Esqueceu as vaquinhas! – gritei quando eles já estavam um pouco longe e as amiguinhas da Madge saíram correndo pra perto dela.

– Não acha que foi muito rude com eles? – Peter me perguntou quando eles viraram a esquina.

– Eles merecem mais – Lia respondeu por mim.

– Vamos – me virei e continuei andando.

Chegamos em casa e logo que pisamos no quintal, Victor soltou a minha mão. Olhei pra ele como quem diz: “Pirou?!”, mas ele apenas sorriu de canto.

Olhei pra trás e meus amigos estavam normais, continuavam vendo-o.

Cheguei perto do meu irmão e cochichei, só pra ter certeza:

– Tem alguma coisa... hum, diferente... Com o Victor?

– Tem sim – respondeu e eu me desesperei – Ele parou de brilhar.

Soltei o ar aliviada e dei um tapa na cabeça do meu irmão.

Chegamos à porta, e eu a abri. Todos entraram menos o Victor.

– Ok, o que ta acontecendo? – perguntei, já que todos já estavam sentados no sofá e só estávamos nós na porta.

–Preciso da permissão da sua mãe pra entrar aqui.

– Ta, eu já chamo ela, mas... me responde uma coisa: porque você ta aparecendo pra eles, mesmo sem estar... hum... tocando em mim? – acho que corei um pouco.

Ele deu aquele sorrisinho de canto e mexeu no cabelo, bagunçando-o.

– Aqui, na propriedade de sua mãe, eu apareço livremente, mas se faz questão... – ele sorriu – eu não ligo em segurar sua mão.

– idiota – Corei – vou chamar minha mãe.

Minha mãe estava na sala servindo biscoitos para os “visitantes”. Chamei ela e ela foi comigo até a porta. Quando viu Victor ela se endireitou toda.

– Oh, Victor.

– Majestade – ele fez uma reverencia básica (isso existe?).

Ela retribuiu a reverencia. Ele ajoelhou e mamãe começou a falar umas coisas estranhas.

– Victor Stewart, filho de Carter Stewart, guardião da Princesa, aluno de Rendebuu, tens permissão para entrar em minhas terras e em minha casa.

– Obrigado, vossa majestade. – então ele se levantou.

Minha mãe entrou novamente e eu olhei pra Victor.

– O que foi isso? -perguntei pausadamente.

– Ela me deu permissão para entrar – Ele respondeu como se fosse óbvio.

Puxei ele pra dentro e fechei a porta.

– E porque você precisava da permissão da minha mãe pra entrar? – ele abriu a boca pra responder, mas minha mãe chegou por trás e nos empurrou de leve.

– Vamos crianças, vamos pra sala.

Sentei no chão, já que os sofás estavam cheios.

– Ah, Juliana – Peter me chamou se levantando – Pode se sentar aqui.

– Oh, não, não precisa. Pode ficar.

– Vai logo, amiga – Clarisse me chutou de leve.

Me levantei e fui até a poltrona em que Peter estava sentado.

– Obrigada.

– Disponha – ele respondeu com aquele sorriso perfeito no rosto, eu, como já se pode imaginar, me derreti toda.

Ele ficou apoiado no encosto da cadeira e minhas amigas ficavam toda hora olhando pra mim, depois pro Peter e depois pro Victor. Olhei para Victor também, ele estava de pé, ao lado de minha mãe. Ele encarava Peter, desconfiado. Fiquei observando-o por um tempo. Seus cabelos negros eram lindos. O bom deles é que eles não eram arrumados, era como se ele só acordasse e pronto, o penteado estava feito.

Seus olhos eram negros como o próprio cabelo. Eles estavam sempre atentos e olhavam tudo com muita cautela. Mas, sempre que ele me olhava, era como se o resto não precisasse da atenção dele. Era como se eu fosse a coisa mais importante. Mas, eu acho que isso é normal. Afinal, ele é meu guardião... Tem que se preocupar comigo mais do que com qualquer outra coisa.

Mas, se é assim, o que aquela “coisa” quis dizer com: “O Guardião apaixonado pela protegida.” Ela disse isso, não disse? Lá, na lanchonete, quando segurava Victor.

O Guardião apaixonado pela protegida.

A frase ecoava na minha cabeça. Palavra por palavra... Será? Será que ela estava certa? Será que... O Victor... Apaixonado... Por mim? Eu acho que...

– JULIANA!! – Aii meu ouvido!! Todos da sala gritaram e me tiraram do transe.

– Galera! – disse repreendendo-os. – Querem me deixar surda, é?

– Caramba, a gente ta aqui te chamando à uns 10 minutos e você nem se mexeu! – Lia falou.

– É, custa responder?! – John apoiou.

– Desculpa, desculpa – disse erguendo os braços em gesto de rendição – o que vocês querem?

– A gente quer saber o que rolou na lanchonete, dã! – Clarisse revirou os olhos.

Olhei para Victor pedindo ajuda, mas ele estava olhando pro chão com aquele sorrisinho de lado irritante. Olhei para minha mãe e ela olhava para mim com preocupação, como se já soubesse o que havia acontecido. Rolei os olhos pela sala. Todos me olhavam ansiosos.

– Ok – comecei – Vocês querem saber o que aconteceu na lanchonete, certo? – perguntei enrolando o máximo possível.

– Desembucha, criatura! – Claire pode ser bem direta às vezes...

– Bom... – olhei mais uma vez para Victor e agora ele me olhava.

Os olhos dele me fitavam e diziam apenas uma coisa: “Minta!”

– Depois da briga entre o Peter e o Carlos – lancei um olhar significativo para Peter que abaixou a cabeça e deu uma risadinha – Eu voltei para a sala e infelizmente era aula de artes. Não que eu não goste de artes. Eu adoro artes, mas, convenhamos, a professora é um saco! Mãe, você não sabe. Teve uma vez em que...

– Continue – ela me cortou.

– Nossa, beleza... – pus a mão em meu peito e fiz uma expressão triste. – estou magoada com a senhora. Onde já se viu, dar uma patada dessas na filha e.. – eu tentava achar qualquer coisa para atrasar ainda mais a parte assustadora. Mesmo sabendo que eu teria que mentir, ainda não tinha uma versão completa para o fato. – Estou realmente chateada. Não, eu estou “xateada” isso mesmo: com “X”...

– CARAMBA, JULIANA, CONTE LOGO O QUE ACONTECEU! – meu irmão gritou se descontrolando.

– Ok, Ok... – suspirei pesadamente. – A verdade é que...

E foi ai que a cozinha explodiu.