O Meu Ídolo - Sem Cortes

A Verdadeira Face dos Bonecos de Plástico.



[Júlia]

Acordei cedinho só para ter muito tempo para escolher uma roupa adequada. Pena que agora terei que esperar aquela "mala" de irmã que se atrasou e agora está lá em cima empatando meu tempo. Se bem que ela está sendo tão legal em ter vindo me acompanhar, que eu não tenho do que reclamar.

[...]

– Até que enfim, a princesa desceu. - debochei.

– Ah, sim. Minha carruagem está preparada serviçal? - Rebeca revidou.

– No momento não disponho de nenhuma carruagem, senhorita. Só tenho uma carroça pra senhorita puxar. - falei com um enorme sorriso de quem ganha um jogo.

– Respeite os mais velhos, sua moleca. Vou escolher uma roupa tão sexy, linda e fodástica que o Bill vai virar homem, e olhe que será um feito épico, porque... né? Você sabe.

.- Isso não importa. Pra mim importa que hoje eu vou conhecer os garotos de perto e hoje é o dia mais feliz da minha vida.

Seguimos para as ruas da cidade à procura de lojas. Entramos em muitas, mas eu optei por não comprar coisas chamativas, aliás, eu pouco me importava com qual roupa iria, até porque era um show. Ficamos o dia inteiro fora, vendo bobagens, passeando.

Depois da correria que passamos na rua, voltamos direto para o hotel. Minha irmã prestou toda a assistência com a minha maquiagem, afinal, ao lado do Bill eu não podia deixar a desejar.

Finalmente, nos arrumamos, eu, com uma calça jeans e uma blusa bem bonita, nada muito chamativo, uma maquiagem negra imitando a do Bill e um escarpim preto. Afinal, eu poderia me dar ao luxo de usar um salto alto, já que eu ficaria em uma área vip, não ia pular no meio do povão e depois tiraria foto ao lado do Bill, - ele é um poste - então, eu precisaria de uma ajudinha para não fazer feio. Pegamos o táxi que ficou de nos apanhar e seguimos ansiosas para o show, até mesmo minha irmã, que nem gostava deles. Eu estava tão tensa que comecei a sentir uma dorzinha de barriga sem-vergonha.

Chegamos enfim, ao local do show. Apresentamos os nossos ingressos e entramos sem nenhum problema. Ficamos na seção reservada, de onde tínhamos uma visão privilegiada do palco. Parecia que o tempo não passava. Aqueles putos tiveram atraso de meia hora.

Finalmente, toda a plateia consegue ver um vulto de uma volumosa cabeleira emergindo do palco, e eu começo a gritar feito louca. Começar a tocar Ready, Set, Go e Bill ergue sua voz esganiçada, quase gritante e a música segue um ritmo eletrizante, fazendo até mesmo minha irmã pular. Sempre achei Bill bonito, mas nesse dia, vi que as fotos deixam ele feio, e o Tom? O que é aquilo? Mesmo usando roupas que caberiam dois dele dentro ainda consegue ser gato. Nesse dia, até o Georg decidiu tocar sem camisa. A minha visão agradeceu muito. O Gustav sempre na dele, não menos interessante por isso.

Na hora de Don't jump, não segurei, acabei chorando, mas de forma silenciosa, tamanha a emoção que eu sentia naquele momento, e essa era uma música que me tocava muito, primeiro por ser linda e segundo, por ter sido a primeira que eu ouvi.

Na hora de Reden, Bill chama uma garota para subir ao palco e cantar com ele, é claro que ela vai com a maior cara de sacana. Confesso que eu senti uma ponta de inveja. Hum, mas eu nem deveria sentir isso, dentro de alguns minutos eu poderia estar perto deles, HA!

Meus saltos me incomodam na hora de pular, e procuro não me importar, já que o show está chegando ao fim. Logo eles tocariam monsoon, que encerraria a noite, e sabe lá quando eu voltaria a vê-los ou chegar perto, preferi não imaginar.



"Estou lutando contra todo esse poder

Que está vindo em minha direção

Deixa isso me levar pra você

Estarei correndo noite e dia

Estarei contigo logo

Apenas eu e você

Estaremos lá em breve

Em breve"


Essa canção sempre significou muito, principalmente naquele momento, senti que ele estivesse cantando só para mim, como se estivesse narrando tudo o que se passava.

Pulei, cantei, chorei e ri tanto que nem percebi o tempo passar. Os garotos fizeram muitas brincadeiras e os agradecimentos usuais e se foram. Eles eram muito simpáticos e humildes.

Seguimos, eu e Rebeca para o meet. Na fila, chegou um rapaz, da organização dando orientações a todas as pessoas que estavam lá:

– Em primeiro lugar, vocês são proibidas de entregar presentes, comidas para os rapazes. Ah, nem vão pensando em roubar selinhos, dar beijos ou abraços deles. Estamos simplesmente repassando as regras que a banda impôs, e que devem ser respeitadas, se vocês quiserem curtir o momento sem possíveis incômodos.

Nessa hora, todo mundo começa a cochichar, achando o maior absurdo. Rebeca comentou comigo:

– Hum, esses caras são gente fina, haha. E aí, Júlia? Já pensou como vai fazer pra fisgar o Bill?

– Você distorce tudo. Eles são meus ídolos, não são homens pra mim. São modelos que eu admiro, tenho horror de imaginar me oferecendo pra qualquer um deles. Existem muitas garotas que são loucas pra ter alguma coisa com eles, ainda bem que não sou assim, até porque nunca me dariam bola.

– Deixa ver se eu entendi: você não gostaria de ter alguma coisa, ou é por que você acha que não tem chances?

– Não gosto de falar duas vezes, você entendeu o que eu disse.

– Se você não quer, tem quem queira. Eu vou tirar foto ao lado do gato de dreads. Vou aproveitar e dar uma apertadinha na bunda dele, lá por trás, ninguém vai nem perceber, ele só vai sentir a mão boba, kkkk.

– Vai fundo, quem sabe você consegue o telefone dele.

Os quatro surgiram no recinto e as garotas soltaram um "UUUU" e continuaram seguindo como se não tivessem visto nada. Fomos todos dispostos em uma fila única para autógrafos. Minha irmã ficou o tempo todo ao meu lado e isso acabou sendo bom.

Estendi meu poster para eles assinarem. O primeiro a passar por mim seria Bill. Notei que ele vinha assinando de cabeça baixa, sem ao menos olhar para qualquer um. Quando chegou a minha vez, abri um sorriso e disse:

– Oi, Bill. - ele não me olhou, nem respondeu; tudo bem, ele deve não ter ouvido.

Depois vieram os outros, e eu decidi dar um "oi" só para o Georg. E não é que ele respondeu com um sorrisinho sem sal? Nada mal.

Chegou a hora de tirar foto com os garotos. Quando chegou a minha vez, me postei entre Bill e Tom. Fiquei tão perto de Bill que pude sentir o aroma dos seus cabelos, tão cheirosos, e percebi que ele não usa perfume. Fiquei alguns instantes imperceptíveis olhando para ele admirando aqueles finos traços, os olhos castanhos tão profundos delineados pela forte maquiagem. Ele percebeu que eu estava fitando-o, e deu uma olhada de cima a baixo em mim. Não era um retribuição de olhar e sim, desdém.

Me aproximei dele e tentei falar de novo:

– Olá, Bill. Será que eu poderia te dar um abraço?

Ele se limitou a me olhar e depois virar a cara dando uma risada irônica. Fiquei sem entender nada. Só sei que saí decepcionada, porque eu os via de um jeito e eles se mostraram completamente diferentes. Minha irmã foi depois de mim, e como prometido, ela ficou ao lado do Tom e acho que ela apertou a bunda dele, porque eu o vi dando um pulinho para frente.

Voltei para o hotel me sentindo dividida: por um lado, eu tinha adorado o show, por outro, detestei a frieza deles. Senti um arrependimento por ter me deslocado de tão longe, perdido aula, criado confusão em casa, para sentir essa coisa péssima. Rebeca veio correndo me contar que a bunda do Tom é ossuda e magrela, mas que ele aproveitou e apertou a bunda dela também. Eu já estava cheia e disse para ela que isso pouco me importava. Me senti enojada de tudo e me perguntei para onde tinha ido aqueles garotos simpáticos, brincalhões, que há pouco tinham chamado uma garota pra subir no palco, na maior simplicidade.