Olhei para Nico, que estava tão chocado como eu, ou até mais. Quíron deu um sorriso quando viu nossas expressões de surpresa.

– Vocês ainda têm alguma pergunta? Gomes? Di Ângelo?

– N-não, nenhuma. - Respondi. Nico apenas negou com um gesto de cabeça.

Não teria concentração para mais nenhum treino do dia, então resolvi ficar andando pelo acampamento até a hora do jantar. Acho que Nico resolveu fazer o mesmo, e até me acompanhou enquanto eu andava:

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– Ei, Gomes.

Di Imortalles! Pare de me chamar de Gomes! Use meu nome! Pamela.

– Sabe que nunca vou parar de te chamar de Gomes, não sabe? - Fiz um biquinho - Então não insista.

– Tanto faz, um dia me acostumo. O que queria falar. mesmo?

– Ah sim. Então agora está explicado porque você faz eu ter pontada na têmpora. Você tem mesmo minhas habilidades, eu não estou ficando Louco. Mas... meu pai não é muito de abençoar outros semideuses, sabe? e você tem habilidades que nem meus irmãos têm. Isso é tão estranho...

Fiquei parada sem saber o que dizer, apenas encarando Nico. Então uma pergunta surgiu em minha mente.

– Então meu sonho... Eu vi mesmo a minha avó?

– Sim. Você tem visitado o mundo inferior quase todas as noites. Sempre que sonha com ela você está lá de verdade. Com os semideuses os sonhos acontecem de uma forma diferente dos mortais. Nossos sonhos são...reais.

– Então você realmente conversou com vovó? O que falou com ela?

Nico pareceu constrangido e me arrependi de ter feito a pergunta. Ele já estava sendo muito legal comigo. Ele parecia diferente do que era descrito nos livros. Não parecia ser tão fechado. Conseguia notar cada sentimento dele só pelas expressões que ele fazia; algumas vezes, só pelo olhar.

– Eu estava falando com ela sobre as coisas que eu sentia perto de você. Ela sente muito sua falta. Te ama muito.

– Ela era maravilhosa...- Parei um momento, lembrando de como eu gostava de estar com vovó. Então mudei um pouco de assunto, enquanto caminhávamos e eu começava a sentir o delicioso cheiro do campo de morangos e o sol de fim de tarde nos aquecendo - Nico, por que não fala muito com o pessoal do acampamento? Sabe, eles costumam dizer que você é muito na sua, não gosta de falar muito.

Ele pareceu analisar por um momento minha pergunta e um jeito aceitável de respondê-la:

– Não sei se fechado seria o termo mais correto. Alguns filhos de Hades, e você, têm habilidades que outros semideuses dificilmente entenderiam. Por exemplo. Nós andamos pelas sombras, e eles sabem disso, mas não sabem como é exaustivo, ou como isso traga nossa energia. Até com meus irmãos não falo muito, porque nenhum deles aqui do acampamento tem essa habilidade. Por isso fiquei tão intrigado em notá-la em você, que nem é filha de Hades. Além disso, como fico muito tempo lá embaixo, não tenho muitas coisas em comum para conversar. Acho que meus assuntos não seriam muito interessantes pra eles. - Ele esboçou um sorriso torto e meio triste.

– Nico. Talvez eu possa entender daqui um tempo. Mas ainda não entendo. Não sei nem como usar essas habilidades.

– Você sabe. Só não sabe que sabe. Entende o que quero dizer?

– Sim. Mas como sei se não sei que sei?

Rimos e pela primeira vez notei uma sinceridade no sorriso de Nico. Não era aquele sorriso só para que os outros não fizessem perguntas.

– Você só aprendeu a usá-los enquanto dorme. Talvez por isso não seja tão exaustivo pra você. Ao mesmo tempo que está gastando a energia com a passagem pelas sombras, fazendo a passagem entre o mundo inferior e a terra, está repondo as energias.

Agora estávamos bem na frente dos campos de morango. Parei para observá-lo. Rick Riordan não exagerara. Eram realmente lindos. Uma faixa vermelha em meio a um verde intenso. Era possível ver alguns sátiros saltitando, colhendo os frutos alegremente, e outros tocavam suas flautas, que era um som que, de onde estávamos, se misturava dos murmurinhos que começavam a se formar com os semideuses saindo de suas atividades e indo para os chalés se aprontar ara o jantar.

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Nico também parara e observava de frente, assim como eu. O sol fraco batia em sua pele pálida que contrastava com seus cabelos e olhos muito negros e fazia com que parecesse ainda mais que ali não era o lugar certo para ele.

– Como vou aprender a usar minhas habilidades acordada?

– Vamos consultar Quíron primeiro, mas acho que posso ensiná-la a usá-las.

Sorri sem tirar os olhos do campo de morangos.

– Não se anime tanto, Gomes. Será um trabalho muito exaustivo.

– Sem problemas, professor Di Ângelo. - Falei me virando para ir me aprontar para o jantar. Nico me seguiu até chegar ao Chalé 13.

– Até daqui a pouco, Gomes.

– Até mais, Di Ângelo.