O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa

Capítulo 35 - O Segundo Co-Evento Principal


Rubão era a linha de frente do grupo rumo à sala de cirurgia, mesmo já tendo passado algumas vezes por aquele corredor, era necessário ter muito cuidado. Algumas pessoas tem receio de hospital e refutam muito a ideia de ter que passar a noite em um, porém, a ideia de se passar a noite em um hospital em meio a um apocalipse zumbi é uma das mais aterrorizantes de todas.

Daniel era o segundo, logo atrás de Rubão, segurava a bebê nos braços e olhava para os lados a todo o momento, praticamente não piscava. Alex deixou a cadeira de rodas de lado e passou a se apoiar na maca que empurrava com a ajuda de Vic, era uma maneira de se movimentar e ser útil ao mesmo tempo. Victoria vinha por último, empurrando pela parte de trás a maca que continha Andressa em seu estado mórbido.

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Ela estava um tanto ansiosa, como médica precisava estar sempre centrada em uma cirurgia, porém era impossível manter-se impassível ante aos momentos vividos. Planejava em sua mente cada segundo da operação que se seguiria e sabia que tudo deveria sair milimetricamente perfeito para que desse certo.

Uma cirurgia cerebral costuma ser planejada com bastante antecedência pelo grupo multidisciplinar, e exigem profissionais qualificados e experientes, uma cirurgia em um aneurisma, traz muitos riscos ao paciente e por isso é muito delicada.

Vic não tem experiência em neurocirurgias, apenas na faculdade quando estudou ‘Cirurgia de Cabeça e Pescoço’ em um dos períodos, mas vê uma enorme precisão em seus atos, trata a situação como ela deve ser tratada, um caso de vida ou morte, sem espaço para dúvidas ou medo.

As paredes dos corredores são pintadas com cores alegres, um azul claro mesclado com branco. Durante a passagem por eles, pode ser visto um ambiente de filme de terror, luzes fracas e piscando, o frio na espinha ao a cada curva, a incerteza da sobrevivência e urgência em se realizar algo muito arriscado e comprometedor.

Todas as portas são checadas pelos seus respectivos nomes, e é por esses nomes que a sala de cirurgia é encontrada, uma sala com uma grande porta que abre no meio, eles adentram com cautela e a observam vazia, sem mortos e sem vivos.

O setor de cirurgia é dividido em três salas, o primeiro no qual adentraram é uma espécie de sala de planejamento, onde começa a preparação para as intervenções. A segunda sala é onde os médicos e profissionais vestem suas roupas privativas para em seguida adentrarem a terceira sala, que é o centro cirúrgico por assim dizer.

–- Onde vai ser? – Perguntou Rubão ao entrar na grande sala.

–- Eles primeiro vão se trocar naquela sala... – Disse Daniel apontando para outra porta.

–- Vocês podem ir... – Disse Vic – Sei que você tem que alimentar a criança – Falou direcionada a Daniel – Peço também que prestem atenção na entrada, para que nenhum zumbi chegue até aqui! – Finalizou.

–- Pode deixar! – Respondeu Rubão batendo continência.

Os dois desejaram boa sorte a Alex e Victoria e saíram. O casal que permaneceu na sala se olhou, e após um tempo um pouco pensativo mesclando olhares direcionados a And, partiram para os preparativos.

–- Alex... Preciso que mantenha a calma e não se impressione com nada que ocorrer durante a cirurgia, ok? – Perguntou calmamente Vic.

–- Não se preocupe, vou ajudar! – Respondeu.

Victoria caminhou em sua direção, e após aproximar-se, os dois se beijaram calorosamente. A médica soltou algumas lágrimas durante o beijo, foi consolada por Alex, que passando a mão em seu rosto disse-lhe:

–- Vai dar tudo certo! Eu confio em você! – Tentando exprimir um tom mais animador, Victoria respondeu:

–- Eu sei que sim...


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–- Vamos para onde agora? – Perguntou Daniel.

–- Vamos para a cozinha, acho que lá vai dar pra preparar a comida da gatinha! – Respondeu Rubão.

–- E você sabe onde fica?

–- Não... Vamos procurar! – Respondeu.

Os dois seguiram andando pelos corredores, faziam o caminho contrário ao que haviam feito anteriormente. Imaginaram que a cozinha seria afastada do centro cirúrgico, o que era plausível.

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Passaram a andar por um setor que estava mais escuro que os demais, era justamente o setor de Radiodiagnóstico. Daniel passou a observar tudo em um tom saudosista, achou que não veria mais um hospital, muito menos o setor de raios-x, olhou tudo carinhosamente e lembrou-se da época em que trabalhava com Angélica em Manaus.

O local não era muito grande, portanto não foi difícil encontrar a cozinha. Mais uma vez, era um local com uma grande porta com abertura no meio. Cuidadosamente adentraram o lugar e atestaram a inexistência de zumbis.

–- Achamos! – Exclamou Daniel.

O local estava revirado, havia panelas espalhadas pelo chão, que estava bem sujo, com certeza não era um ambiente propício a se encontrar em meio hospitalar. Olharam os armários e encontraram mantimentos que não foram utilizados. No freezer havia carne estocada, porém não havia como saber sua procedência e se estava própria para consumo.

Nesse mesmo local também havia água, e o mais importante, um fogão que funcionava. Os dois comemoraram como se tivessem encontrado ouro, o novo mundo exigia muito e lhes dava pouco, eles agora se contentavam ao encontrar algo que ainda funcionasse.

–- Você vai comer agora, sua pestinha! – Disse Daniel olhando para a criança. Ela apenas olhava fixamente para Daniel com seus grandes olhos castanhos.

Rubão pegou uma das panelas e começou a preparar a fórmula para o bebê. Daniel deitou a criança sobre a mesa e também se utilizou de uma panela para preparar um dos enlatados que guardava, há algum tempo que não comiam algo quente, portanto era preciso aproveitar.


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–- Nós temos que prepará-la! – Afirmou Victoria, que já começava a preparar a anestesia que seria aplicada em And.

Esse era um dos grandes problemas de se realizar essa cirurgia, And teria que fazer sozinha o trabalho de diversos profissionais, e tal atitude era arriscada.

–- Como eu disse... Você vai ter que me guiar! – Falou Alex.

–- Não se preocupe amor, por enquanto eu mesmo resolvo tudo! Você me ajudará no instante da cirurgia! – Disse ela.

–- Ok... – Alex estava confuso.

Andressa encontrava-se deitada, com o dorso encostado na maca. Victoria começava nesse instante a aplicar a anestesia em sua veia, como se fosse um soro. O segundo passo era instalar todos os eletrodos em seu corpo para medir os sinais vitais durante o procedimento. Vic também ligou o oxigênio no nariz de And, para que sua respiração permanecesse constante durante o ato.

Por enquanto tudo corria bem, os preparativos eram um sucesso, porém agora se iniciava a parte mais complicada, a cirurgia em si. Vic levou Alex até a sala para se trocarem, é uma espécie de vestiário, onde há diversos armários para se guardarem as roupas dos médicos e as privativas serem postas.

Os dois posicionaram-se no local e lá se trocaram, também foi lá que Victoria ensinou Alex a lavar as mãos de forma correta e calçar as luvas. Agora os dois estavam vestidos adequadamente, com uma camisa azul, seguido de uma calça própria também azul, touca, luvas, máscaras e uma cobertura para os sapatos. Eles realmente tiveram sorte em encontrar um local equipado e preparado para essa situação. O próximo passo agora era partir para a cirurgia.


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Daniel estava agora alimentando a criança, que se mostrava faminta, devorava a mamadeira que Rubão havia preparado. Os dois observavam a cena e achavam engraçado, ela era uma maneira de distração dentre tantas fatalidades.

–- Ela tava faminta mesmo, não é não? – Perguntou Rubão rindo.

–- É o que parece... – Respondeu Daniel olhando para ela.

Rubão aproveitava também para comer os feijões em lata que haviam acabado de preparar, ele também devorava tudo ferozmente. Entre uma e outra mastigada, ele voltou a exclamar:

–- Ela precisa de um nome brother!

–- Verdade... Eu já pensei em alguns, mas não sei...

–- Fala aí! Quais são?

–- Na verdade em pensei em um... Annabelle... Que tal?

–- Annabelle... Annabelle... Taí, gostei brow! – Disse Rubão – Mas vou continuar chamando ela de gatinha! – Daniel riu.

–- Então vai ser esse, Annabelle... – Daniel olhou para Annabelle e foi inevitável não se lembrar do fato ocorrido do acampamento dos caipiras.

Aquilo não saia de sua mente, ele sempre imaginava diversas coisas. E se ele sobrevivesse e criasse a criança? Teria coragem de contar a ela a verdade? Ele conseguiria viver com esse peso?

Só uma coisa era certa, Annabelle era sua responsabilidade, e ele ganhava cada vez mais apreço por ela, e a esse apreço se juntava a enorme vontade de continuar vivendo pra que ela também continuasse.

O clima estava leve, mas também era inevitável não tentar imaginar o que ocorria no Centro Cirúrgico naquele momento, a situação era difícil e todos sabiam disso. Daniel não admitia, mas no fundo ele não acreditava que algo desse tipo alimentasse chances de dar certo, para ele, a morte de And era questão de tempo. E foi Rubão quem puxou o assunto.

–- Será que a cirurgia já começou?

–- Acho que sim! – Respondeu Daniel.

–- Tu que entende mais dessas paradas... Quanto tempo demora? – Indagou Rubão.

–- É uma intervenção longa, o que nós costumamos ver por aí duram mais de seis horas!

–- Uau! É muito tempo irmão!

–- Verdade... – Tentando puxar o assunto um pouco para outro lado, Rubão questionou:

–- Eu não conheço muito bem a história de vocês, só por alto... Como se conheceram? – Perguntou.

–- Ela me acertou com uma flechada no ombro! – Respondeu rindo.

–- Puta que o pariu! – Exclamou Rubão também rindo.

–- É... Pra você ver... – Disse Daniel.

–- Temos que torcer agora brow... Temos que torcer...


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Alex e Victoria já estão na sala de cirurgia, devidamente vestidos e equipados. Os típicos sons de batimentos cardíacos e outros bips podem ser ouvidos no local. Andressa está sedada e tem todos os seus sinais vitais monitorados pelos aparelhos que se mostram ao lado da maca onde ela está deitada.

Victoria arrumou perto de si, uma mesa com todos os utensílios médicos dos quais ela precisará durante a intervenção. A típica e forte luz branca ilumina a cabeça de Andressa, que começa a ser preparada para ser aberta.

Vic começa a passar o também conhecido líquido vermelho usado pelos médicos antes de realizarem uma incisão. Alex observa tudo próximo aos monitores e sente certo calafrio ao imaginar que daqui a poucos instantes verá a cabeça de And ser aberta e seu cérebro exposto. Victoria olha brevemente para Alex, e ao voltar-se para Andressa pergunta:

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–- Pressão e batimentos?

–- Onze por oito e cento e doze... – Respondeu. Ele já havia sido instruído por ela como verificar nos monitores os batimentos e pressão, pois essas informações eram muito importantes à médica.

–- Ok... – Respondeu Victoria.

Ela se direcionou até a mesa e pegou o bisturi com a mão direita, respirou fundo, aproximou-se de And, e fez uma incisão em sua nuca, de uma ponta a outra. Com a outra mão ela segura uma pinça com esparadrapo, que utiliza para limpar o sangue que começa a escorrer. Alex observa a tudo receoso, afinal isso não se vê todos os dias. Agora não há mais volta, a cirurgia de fato, começou.