O Maior Amor

Capítulo 54


Por Paser

Por uma das janelas observo o exército a postos na frente do palácio, inúmeros soldados fortemente armados aguardam apenas a presença do soberano para partirem. Ramsés está cometendo a maior insanidade de sua vida indo atrás dos hebreus. Mas, de nada adiantou alertar meu genro, ele não deu ouvidos a ninguém. E como se não bastasse o pedido infame de minha filha, o nosso rei ainda teve por incentivo o príncipe Jahi, que ficou furioso ao saber que sua irmã partiu com os hebreus. Temo por Moisés e seu povo, mas sinceramente temo ainda mais pelo que pode acontecer ao faraó e seu exército.

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—Está preocupado, senhor Paser? — Pepy pergunta ao me ver em silêncio.

—Estou sim, criança. — Respondo e volto minhas atenções para ele. — Mas, isso não significa que deva se preocupar também.

—Meu pai vai partir com o exército. — O menino diz, triste. — Ouvi ele dizer para a mamãe que tem medo de não voltar.

—Ele irá voltar, Pepy. — Afirmo, mas sei que minto para o filho de Ikeni e para mim mesmo. — Todos irão voltar.

—Com licença, sumo sacerdote. — Um oficial pede ao entrar em minha sala. — A rainha o agurda em seus aposentos.

(...)

—Quero que faça um ritual de proteção para Ramsés. — Nefertari pede.

—Como quiser, minha filha. — Me aproximo dela. — Mas, se realmente se preocupa com seu marido deveria impedir que ele vá atrás dos hebreus.

—Não entendo.

—Ramsés reuniu todo o exército para ir atrás de Moisés e seu povo. Acha mesmo que ele quer apenas trazê-los de volta de forma amigável? — Indago. — Seu marido vai matar todos os hebreus!

—A morte é exatamente o que eles merecem. — A rainha fala do alto de sua soberba.

—Como pode dizer uma coisa dessas, Nefertari? — Questiono, incrédulo.

—É a função do exército exterminar os inimigos.

—Os hebreus não são nossos inimigos! — Exclamo, indignado. — Acaso se esqueceu que sua filha está com eles?

—Ramsés me garantiu que trará Mayra de volta. — Ela diz, confiante. — Talvez até Henutmire e suas filhas sejam trazidas de volta.

—Quando o exército atacar não haverá distinção entre este ou aquele, todos serão mortos sem piedade alguma. — Falo sem rodeios. — Você está mesmo disposta a isso? Disposta a carregar em sua consciência o peso pela morte de sua filha, de suas sobrinhas e de sua cunhada, que está grávida?

—Não serei culpada pela morte de ninguém! — Nefertari esbraveja. — Elas retornarão em segurança, serão novamente princesas do Egito, e Mayra a futura rainha.

—O exército está partindo. — Falo ao ver o rei a frente dos soldados, indo em direção aos portões da cidade. — Agora já não há nada a ser feito. Quando você se arrepender será tarde demais.

Me retiro dos aposentos antes que Nefertari possa dizer o que quer que seja. Me sinto um péssimo pai ao ver o ser humano cruel que minha filha se tornou, mesmo sabendo que não é minha culpa. Detenho meus passos ao entrar em um dos corredores e meu coração é tomado pela certeza de que há apenas dois desfechos para o que está por acontecer: o massacre do povo hebreu ou o fim de todo o exército egípcio. Pois o Deus de Israel, que enviou dez pragas sobre o Egito, certamente será capaz de livrar o seu povo das mãos do faraó.

Por Hadany

Há poucos dias atrás avistei um homem rondando o acampamento. Suas vestes indicavam que se tratava de um egípcio, certamente um espião mandado por meu tio. Mas, com que propósito ele faria isso? Não contei a ninguém, mas desde então o medo assombra meu coração. Talvez o rei do Egito tenha planos de reaver seus escravos e não gosto nem de pensar que táticas usaria para isso.

—Eles se aproximaram bastante de um tempo para cá. — Leila diz ao avistar Tany e Alon conversando a uma certa distância. — Isso tem envolvimento seu, não é?

—Apenas pedi que Alon a olhasse com outros olhos, e parece que deu certo. — Sorrio ao olhar para os dois. — Eu quero que minha irmã seja feliz, mesmo que eu não possa ser.

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—Fala isso pelo desentendimento que teve com Chibale, não é? — Ela indaga e eu apenas confirmo. — Não se precipite em achar que é o fim, vocês ainda podem se acertar.

—Não quero que isso aconteça, Leila. — Falo para sua surpresa. — Eu nunca serei capaz de perdoar a atitude que ele teve naquele dia. — Olho para minha cunhada. — Eu pedi que não viesse me pedir perdão, disse para entrar em Canaã com seu arrependimento quando percebesse que estava errado.

—Você disse isso por pensar que nunca mais iria vê-lo, mas agora divide com ele o mesmo caminho e o mesmo povo. — Ela olha em meus olhos. — Acha que será fácil conviver com Chibale dessa maneira?

—Nunca fui dada a coisas fáceis, gosto de desafios. — Afirmo. — Se eu tiver que passar o resto de meus dias ignorando a existência de Chibale, esteja certa de que é isso o que farei.

—E o amor que sente por ele? Irá ignorá-lo também?

—Até que desapareça por completo. — Respondo com segurança. — Depois de tamanha decepção com meu primeiro amor, não quero nenhum envolvimento amoroso tão cedo.

—Você ainda é jovem, Hadany. — Leila ri. — Mal começou a conhecer a vida.

—Minha idade não diminui em nada tudo o que já passei até aqui.

(...)

—Descansaremos um pouco antes de seguir. — Moisés diz e logo a multidão procura alguma forma de descansar de nossa caminhada.

—Ainda se lembra dos mapas que estudamos no Egito? — Tany pergunta e eu afirmo que sim. — Sabe onde estamos?

—Não saberia dizer ao certo, mas creio que este seja o Mar Vermelho. — Respondo ao olhar para o mar a nossa frente.

—Chibale não tira os olhos de você. — Minha mãe diz e só então noto o olhar do filho de Gahiji sobre mim, pleno de arrependimento.

—Desde que não se aproxime de mim, não importo que me olhe. — Falo.

—A convivência de vocês será insustentável se continuarem assim. — Minha irmã ressalta.

—Não quero convivência alguma com Chibale, quero distância. — Afirmo seriamente. — Embora seja algo que eu não vá ter totalmente já que estamos indo para o mesmo lugar.

—Apenas seja capaz de perdoar, minha filha. — Minha mãe pede. — Dê uma chance a ele, talvez ainda possam se acertar.

—Por que todo mundo me diz isso? — Questiono ao lembrar do que Leila me disse há poucos dias atrás.

—O que disse? — Ela pergunta.

—Não quero me acertar com Chibale! E mesmo que quisesse, não deveria. — Falo um pouco nervosa. — Ele não merece, ou melhor, não me merece.

—E o que pretende fazer a respeito? — Tany questiona.

—Exatamente o que já estou fazendo. — Respondo.

—E o amor que sente por ele? — Minha mãe indaga e fico em silêncio por alguns instantes.

—Alon não está conseguindo tirar de seu coração o amor que tinha por mim e me ver apenas como uma amiga? — Falo e fico aliviada ao notar que minhas palavras não afetam minha irmã, já que ela e Alon se tornaram mais próximos e aos poucos ela conquista seu coração, mesmo que não se dê conta disso. — O mesmo acontecerá comigo, exceto por uma diferença: não quero Chibale como amigo.

—Trouxemos água. — Mayra diz ao se aproximar, acompanhada por meu pai, e assim coloca fim ao assunto.

—Obrigada, meu amor. — Minha mãe agradece quando meu pai lhe dá água.

—Falta muito para ele nascer, tia Henutmire? — Minha prima pergunta ao tocar o ventre de minha mãe.

—Mais três luas. — Ela responde sorrindo.

—Já pensou no nome que dará a ele? — Meu pai pergunta.

—Sim, mas desta vez eu quero que você escolha o nome do nosso menino. — Minha mãe diz e o rosto de meu pai se ilumina com um sorriso. — Ele terá um nome hebreu, dado por seu pai.

—Eu nem sei o que dizer. — Meu pai se emociona.

—Não precisa dizer nada agora, só daqui a três luas. — Falo rindo e todos riem também.

—O que é aquilo? — Mayra pergunta e quando olho para trás vejo um grande número de homens armados vindo em nossa direção.

—Não é possível. — Tany diz com incredulidade.

—Ramsés. — Minha mãe fala ao reconhecer o irmão a frente do exército. — Ele veio atrás dos hebreus.

Não demora muito para que toda a multidão perceba que o faraó e seus homens se aproximam. Todos começam a correr na tentativa de fugir do que certamente será o nosso massacre, pois eu duvido muito que meu tio tenha reunido todo o exército e trazido-o até aqui com um propósito que não seja matar todos os hebreus. Minha família e eu acompanhamos a multidão, até porque do contrário seríamos levados por ela, e minha preocupação é únicamente com minha mãe por vê-la a passos rápidos estando grávida.

—Fiquem juntas e aconteça o que acontecer não se separem. — Meu pai pede e posso ver certa preocupação em seus olhos.

—O que vamos fazer? — Pergunto.

—Confiar em Deus. — Minha mãe responde.

Por Paser

Pelo tempo que o exército partiu certamente já encontraram os hebreus. Ramsés deixou o Egito sabendo exatamente onde Moisés e seu povo estão e não duvido que tenha feito seus homens correrem pelo deserto afim de alcançá-los mais depressa. Um dos dois lados será dizimado e cada vez mais eu tenho a certeza de que não serão os filhos de Israel.

—Senhor Paser! — Karoma entra ofegante em minha sala. — Perdão por entrar assim, mas creio que seja urgente.

—O que houve, minha querida? — Pergunto.

—A rainha está se sentindo mal. — Ela responde. — Ela se queixou de enjôo há alguns minutos, mas agora está vomitando.

—Vamos. — Falo para Karoma e logo saímos apressados em direção aos aposentos de minha filha.

(...)

—Eu já estou melhor, pai. — Nefertari diz, mas a palidez de seu rosto mostra o contrário.

—Karoma, vá até a cozinha e peça que preparem um caldo para a rainha. — Falo e de imediato a dama de companhia se retira para atender meu pedido.

—Não tenho fome. — Minha filha protesta.

—Mas, precisa se alimentar. — Insisto. — Sabe me dizer exatamente o que causou o enjôo?

—Tive vontade de comer tâmaras e pedi que Karoma trouxesse para mim. — Ela responde. — Mas, só de sentir o cheiro delas meu estômago se revirou por completo.

—Nefertari, suas regras...

—Estão atrasadas. — Ela diz e passa a me olhar. — O que o senhor está pensando?

—Você está grávida, minha filha. — Respondo com um sorriso e pouso minha mão em seu ventre. — Tem uma vida crescendo aqui dentro.

—O senhor tem certeza? — Pergunta e afirmo que sim. Ela então coloca sua mão sobre a minha e passa a sorrir, mesmo surpresa. — Eu não esperava.

—Esta é sempre uma notícia inesperada. — Falo rindo. — Percebe que esta criança é a chance que você tem de mudar e ser melhor do que o que foi até aqui? — Olho em seus olhos, afim de que compreenda inteiramente o que quero dizer. — Um filho sempre tem o poder de nos tornar melhores, minha filha.

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—Tem razão. — Nefertari concorda. — Eu perdi meu primogênito, minha menina partiu... Mas, agora eu tenho este filho, tenho alguém que depende de mim. Alguém por quem lutar, por quem viver. — Ela me olha. — Eu não vou cometer os mesmos erros, pai. Eu serei uma mãe da qual o meu filho terá orgulho.

—Esta é a minha Nefertari. — Sorrio ao acariciar seu rosto. — Ramsés ficará tão feliz quando souber.

—Ramsés... — Ela desfaz seu sorriso, ficando terrivelmente séria. — Pelos deuses! O que eu fiz?

—Acalme-se. — Peço ao vê-la ficar nervosa.

—Como me acalmar? — Ela exclama. — O que quer que aconteça, eu serei a culpada por ter dado lugar ao meu desejo de vingar a morte de Amenhotep.

—Vamos ser otimistas e esperar que nada de mal aconteça aos hebreus ou ao exército egípcio. — Olho novamente em seus olhos. — Seu marido vai voltar a salvo e juntos vocês irão cuidar desta criança que carrega consigo.

Por Ramsés

Os hebreus correm como animais assustados ao verem meu exército se aproximar. Tolos! Não terão para onde fugir, matarei cada um deles e Moisés e sua família serão os últimos. Todo o exército tem ordens para nada fazerem contra Mayra, Henutmire, Hadany e Tany. Estas eu levarei de volta para o Egito, de onde nunca deveria ter permitido que saíssem.

—O exército está pronto, soberano. — Bakenmut diz.

—Ótimo. — Volto meu olhar para os soldados atrás de mim. — Lembrem-se que nada deve acontecer a minha filha, minha irmã e minhas sobrinhas. As princesas devem ser trazidas a mim sem um arranhão sequer.

Viro-me para a frente, olhando mais uma vez para a multidão de hebreus. Nenhum deles se salvará, a nação de Israel termina aqui! Por um momento, meus pensamentos se voltam para Nefertari e meu coração é tomado por uma estranha angústia. Tolice! Minha esposa e rainha está no palácio, protegida e a salvo de qualquer perigo. Lembro-me do mal estar que sentiu, do desmaio que teve, mas se algo assim acontecer novamente Paser estará ao seu lado e cuidará dela. Pego minha espada na mão, segurando-a no alto, e assim todos entendem que o momento tão aguardado chegou.

—Atacar! — Ordeno a todo o exército.

Por Henutmire

O som produzido pelos gritos dos homens do exército deixa a multidão cada vez mais temerosa. Hadany e Tany seguram as mãos de Mayra, enquanto Hur tem o cuidado de evitar que esbarrem em mim devido ao alvoroço das pessoas. Nossos passos são cada vez mais apressados, até que se detêm por completo. Não há mais para onde correr, estamos às margens do Mar Vermelho.

—Vocês estão bem? — Moisés pergunta ao se aproximar, notavelmente preocupado conosco.

—Estamos. — Respondo, ofegante. A criança em meu ventre já pesa o bastante para eu me cansar facilmente, que dirá após ter corrido.

—Não temos para onde fugir, Moisés. — Tany diz, assustada com o exército mais próximo a cada passo. — O que faremos?

—O Senhor não nos trouxe até aqui para perecer nas mãos de Ramsés e seu exército. — Meu filho responde, confiante. — Fiquem juntos e mantenham a calma, principalmente a senhora, minha mãe.

—Farei o possível, meu filho. — Digo ao olhar para o exército de meu irmão. Se nos alcançarem, nos tornaremos personagens principais do maior massacre da história. Sinto medo, mas logo faço por onde não dar lugar a este sentimento. Eu sou filha de Seti, o medo não foi feito para mim.

—Não tinha sepulcro suficiente no Egito, Moisés? Por isso nos trouxe para morrer no deserto! — Um homem esbraveja ao se aproximar de meu filho. — Eu avisei que isso aconteceria! Por que nos tirou de lá? Por que não nos deixou em paz?

—É melhor ser um escravo no Egito do que um cadáver no deserto. — Um outro homem diz, grandemente furioso.

—Aquietem-se! — Moisés ordena. — Fiquem calmos e vejam o livramento que o Senhor dará. Os egípcios que hoje estão vendo nunca mais tornarão a ver.

Ao dizer tais palavras plenas de confiança, meu filho se dirige para longe da multidão e ao subir em lugar mais alto contempla o exército por alguns instantes. Sinto Hur entrelaçar sua mão a minha e seu olhar fixo em meus olhos me transmite segurança. Sorrio ao demonstrar que compreendo o que seus olhos querem me dizer. Aconteça o que acontecer, estaremos juntos.

—Meu pai veio nos levar de volta? — Mayra indaga em sua ingenuidade de criança.

—Duvido muito que ele tenha reunido todo o exército apenas para vir nos buscar. — Hadany diz e apenas com meu olhar eu a repreendo por tamanha franqueza diante da menina assustada.

—Não importa com que propósito o rei do Egito veio até aqui. — Meu marido fala. — Deus nos protegerá.

—Senhora Henutmire. — Alon chama por mim ao se aproximar.

—Que bom que está aqui. — Respiro aliviada ao ter Alon por perto, pois de certa forma sou responsável por ele.

—Eu estava com Bezalel e Leila quando vi o exército se aproximar. Fiquei preocupado com as princesas e comecei a procurá-las, mas a agitação do povo dificultou um pouco que eu as encontrasse. — Ele fala e seu olhar parece se tranquilizar ao nos ver bem. Logo Alon volta suas atenções para o exército. — Por que o soberano viria atrás dos hebreus? Será que quer levá-los de volta ao Egito?

—É possível que meu tio queira reaver seus escravos, mas a presença do exército dá a entender que se trata de uma vingança. — Tany fala e todos passamos a olhá-la. — Para que o povo de Israel fosse liberto, Deus permitiu que a vida do primogênito do faraó, o herdeiro do trono, fosse tirada.

—É por isso que ele está aqui! — Hadany conclui. — Meu tio quer vingar a morte de Amenhotep matando os hebreus.

—Ramsés enlouqueceu de vez! — Exclamo, indignada. — Matar inocentes não vai trazer Amenhotep de volta!

—Ele certamente sabe disso, Henutmire. — Hur diz e então olha para o exército. — Mas, quando alguém tem sede de vingança nada o detém até que essa sede seja saciada.

—Tia! — Mayra exclama assustada quando o céu escurece de repente e é tomado pelo som de trovões e a luz de relâmpagos e raios. — O que está acontecendo?

—Não tenha medo, minha menina. — Trago-a para para junto de mim. Seus olhos me fitam arregalos de pavor. Acaricio seu rosto e tento lhe transmitir confiança. — Eu estou aqui.

—Olhem! — Tany exclama, chamando nossa atenção para si.

Minha filha então aponta para o alto e vemos algo extremamente resplandecente em meio as nuvens do céu. Seu brilho é tão intenso que não se pode ver sua forma ou saber do que se trata. Seja o que for, esse algo vai em direção a coluna de nuvens e ao atingí-la lhe transforma em fogo. A coluna então se move até colocar-se como barreira entre o exército egípcio e o povo hebreu.

—Isso é... — Não consigo completar o que digo, estou sem palavras diante do que meus olhos testemunham.

—Isso é o poder do Deus de Israel. — Hur diz com um sorriso nos lábios.

Por Ramsés

Como se já não bastasse relâmpagos e trovões terem tomado o céu de uma hora para a outra, uma imensa barreira de fogo se colocou a nossa frente, impedindo que meu exército siga adiante. Maldito deus invisível! Mais uma vez tentando proteger seu povo miserável! Logo vejo bolas de fogo saírem de dentro da barreira e atingirem o chão com força destruídora, o que assusta os cavalos e também muitos homens.

—Não podemos avançar, soberano. — Diz o oficial que guia os cavalos de minha carruagem de guerra.

—Malditos! — Esbravejo. — Moisés e seu povo não vão escapar de mim. Não vão!

Por Nefertari

—Ramsés. — Sussurro, preocupada. Uma grande angústia toma meu coração cada vez que penso em meu marido.

—Isso irá ajudá-la a se acalmar. — Meu pai me entrega uma taça com alguma fórmula calmante que preparou para mim.

—É doce. — Falo sobre o sabor do líquido após tomá-lo.

—Coloquei um pouco de mel pois a erva em si tem sabor bastante amargo. — Ele diz e então me olha. — Em que está pensando, minha filha?

—Em Ramsés. — Respondo e coloco uma de minhas mãos sobre meu ventre, que ainda sequer se faz notar pela gravidez. — Eu sinto que algo muito ruim está para acontecer.