O Legado

Melissa


—Pelo que me contou, o Benjamin deve ser um rapaz lindo. - mamãe disse penteando o meu cabelo depois que sai do banho.

—Segundo a vovó e a Judy, seria um crime não agarrá-lo.- segredei para a minha mãe que sorriu surpresa pela opinião das duas.

—Não acredito que a Athena disse isso? Como ela conhece o Benjamin?

— Através do senhor Google. - comentei e ela ficou surpresa.

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—A sua avó o pesquisou no google? Mas como foi que ela soube de vocês? - mamãe questionou confusa e suspirei antes de lhe contar toda a história sobre a echarpe magica.

—Aprenda uma coisa filha, nunca duvide do que sua avó fala. Foi ela que descobriu que estava grávida de você antes mesmo de mim, afinal havíamos decidido que não queríamos mais ter filhos. Você foi e continua sendo o susto mais amado desse mundo. - ela segredou antes de se inclinar para beijar a minha bochecha. - Pronto querida, agora me passe seu tablet, porque fiquei curiosa em saber como é o meu genro.

—Mãe, nós não temos nenhum compromisso, só saímos uma vez. Nem sei se vamos sair de novo. - disse e ela deixou o tablet em cima da minha cama para me dar atenção.

—O que ele disse quando lhe deixou na porta de casa?

—Que havia se divertido muito e que adoraria repetir o programa, depois ele me deu um beijo na bochecha. - disse frustrada e minha mãe sorriu.

—Não seja impaciente, Melissa. Benjamin foi um cavalheiro por não tê-la beijado no primeiro encontro e tenho certeza que irá vai chama-la para sair de novo, você é adorável querida e ele é um sortudo por ter conseguido ganhar o seu coração.

—Fico imaginando, quando o papai e meus irmãos souberam que sai com um rapaz. - disse temerosa e ela suspirou.

—Deles cuido eu. Apenas deixe de pensar nos outros uma única vez na sua vida, e se divirta filha. Mel, você merece ter alguém que te ama ao seu lado. Me prometa que vai esquecer os outros, que deixará de ser um pouquinho racional? Que permitirá que Benjamin se aproxime de você e que deixe que ele a ame? - mamãe pediu me olhando nos olhos.

—Eu prometo.

—Ótimo, agora me deixe vê-lo.- ela disse animada e revirei os olhos antes de pegar o tablet e usar o guia de busca, procurando por imagens de Benjamin na rede.

—Filha...- mamãe disse surpresa enquanto olhava para uma foto de Benjamin na tela do tablet.

—E então? -questionei aflita pela aprovação da minha mamãe que sorriu maliciosa antes de me ver.

—Tenho que concordar com a sua avó e com a Judy, esse homem é maravilhoso. Que olhos... E que sorriso...Ele nem parece desse mundo. - mamãe disse abismada e sorri da sua animação, mas a minha alegria acabou assim que vi uma foto de Benjamin, provavelmente em algum evento da empresa, abraçado a uma loira de parar o trânsito.

Ela só podia ser a tal da Sylvia, a mulher que o fez tirar três dias de folga para que comemorassem o aniversário dela em Paris, a mesma mulher por quem ele ainda sofria quando nos conhecemos. Odiava admitir, mas os dois faziam um belo casal.

Curiosa, toquei na foto para saber mais sobre Sylvia.

Ela tinha vinte e oito anos, era formada em química industrial e havia se casado recentemente com o filho caçula do dono das indústrias Sotomaior, uma das empresas responsáveis pela produção de famosas marcas de perfumes. Olhando para a foto da ultima namorada de Benjamin, me senti tão simplória e temerosa, afinal como alguém que namorou uma mulher como aquela, poderia se interessar por mim?

Uma garota que corava com facilidade e que nunca havia beijado ou namorado ninguém.

—Ela não é isso tudo não, sou muito mais você. - mamãe segredou e tentei me animar com o seu comentário, afinal seria praticamente impossível eu competir com as lembranças de Sylvia.

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No dia seguinte, assim que cheguei ao conglomerado fui direto falar com Cíntia, pois sabia que ela deveria estar louca para saber detalhes do meu encontro ontem, mas assim que o elevador abriu as portas no andar do meu chefe, fiquei surpresa por não vê-la em sua mesa.

Olhei para todos os lados e não a vi, confusa percebi que a porta da sala de Benjamin estava aberta, talvez ela estivesse na sala dele fazendo algum relatório ou separando algumas documentações. Só de pensar em entrar na sala de Benjamin meu coração bateu mais rápido, afinal ainda não havia me preparado psicologicamente para encontra-lo, depois de tudo que compartilhamos ontem.

—Se controla Mel, aqui ele é o seu chefe e não o cara por quem você está apaixonada. - sussurrei para mim mesma antes de respirar fundo e bater na porta de Benjamin, em seguida ouvi uma voz autorizando a minha entrada.

—Mel, o que faz aqui? - Theo questionou confuso assim que me viu entrar na sala de Benjamin e senti o sangue fugir do meu rosto, afinal não esperava encontra-lo ali.

—Eu vim...- disse olhando para o meu irmão que me olhava de forma questionadora.

—Você veio? - ele questionou me incentivando a falar.

—Vim falar com a Cíntia, mas não a encontrei em sua mesa, então achei que estaria aqui com o Benjamin.

—Nenhum dos dois estão aqui, mas sabe o que é estranho? Você sair da sua sala, pegar um elevador apenas para falar com a Cíntia, quando podia simplesmente ligar. - meu irmão questionou enquanto me analisava de cima a baixo, como se estivesse em busca de algo.

Já estava cansada de ser tratada como uma criança pelos meus irmãos mais velhos, cansada de pensar primeiro nos outros antes de mim.

E não faria mais isso comigo.

—Acho que não tenho que me explicar Theo, afinal esse aqui é o meu andar. -disse séria e minha atitude surpreendeu o meu irmão.

— Sei que este é o seu andar, ou melhor, o seu setor é na produção, o que claramente não fica aqui. O que te trouxe até a sala do Benjamin? - meu irmão questionou caminhando em minha direção de braços cruzados, me analisando como se estivesse em busca de algo.

—Theo, você é meu irmão mais velho em casa, aqui somos colegas de trabalho. E acho que sou adulta o suficiente para não lhe dar satisfações dos meus atos. -disse me impondo e meu irmão recuou um passo em choque, afinal jamais havia falado desse jeito com ele.

—O que aconteceu com você? - meu irmão questionou assim que se recuperou do choque, como se não me recolhesse.

—Estou cansada de ser tratada como uma criança, Theo. E não vou admitir que faça isso no meu local de trabalho. - disse séria e ele piscou confuso não esperando pela minha resposta.

—Está acontecendo alguma coisa aqui? - Benjamin questionou sério assim que entrou na sua sala e percebeu o clima estranho entre mim e meu irmão.

—Não, a doutora Hastings só estava deixando claro a sua opinião sobre um assunto. Deixei a documentação que precisa da sua assinatura em sua mesa pois não encontrei a Cíntia, se me dão licença preciso voltar para a minha sala. - Theo disse abalado com as minhas palavras antes de sair da sala sem olhar para trás.

E ver meu irmão sair daquele jeito me deixou mal, apesar de saber que estava certa em me impor, não conseguia deixar de ficar arrasada por brigar com Theo.

—Shii, meu anjo, tudo bem. - Benjamin sussurrou antes de me abraçar com carinho, foi só então que percebi que estava chorando.

Chorei até não ter mais lágrimas para derramar, assim que estava mais calma Benjamin achou seguro me levar até o sofá que havia em sua sala, depois se afastou para trazer um copo de água para mim.

—Me desculpe por isso, não devia ter brigado com o meu irmão na sua sala . - disse envergonhada pelo que houve enquanto encarava o copo de água em minhas mãos.

—Está tudo bem, irmãos se desentenderem é normal. - ele disse suave e levantei meus olhos para vê-lo. -Já perdi as contas de quantas vezes briguei com meus irmãos, isso é natural entre irmãos, uma briga não quer dizer que vocês deixaram de se amar, ao contrário, quer dizer que se importam demais e só querem o melhor para o outro.

—Eu nunca briguei com Theo na vida, e me sinto horrível pelo que houve. - disse me sentindo culpada pela discussão.

—Tenho certeza que assim que ele se acalmar, vai relevar o que houve. Agora, tome um pouco da sua água e tente se acalmar, porque não suporto vê-la chorando. - Benjamin disse nervoso e sorri comovida por sua preocupação antes de tomar a minha água. -Mais calma?

—Sim, obrigada por ser tão atencioso comigo. - disse sincera e ele sorriu amoroso antes de começar a enxugar as lágrimas que ainda restavam no meu rosto.

—Não precisa me agradecer Mel, tudo que desejo é que você seja feliz. - ele disse suave e sorri comovida por seu cuidado comigo. -Eu ganhei um sorriso seu?! Acabei de ganhar meu dia.

E foi impossível não sorrir com a sua animação, pelo meu simples ato de me ver sorrindo.

—Queria muito ter te ligado ontem, mas tive que me controlar, afinal estava tarde e você deveria estar dormindo. - ele se justificou depois que nos recuperamos do nosso momento de descontração.

—Está tudo bem, não é como se esperasse que você me ligasse. Certa vez, ouvi as minhas colegas de faculdade reclamarem que os homens jamais ligam depois de um encontro. - disse olhando em seus olhos e Benjamin sorriu surpreso.

—Só pra deixar claro, não sou esse tipo de homem. Quando eu gosto...Eu demonstro...Eu quero ficar perto...- Benjamin disse me olhando nos olhos e me senti hipnotizada por seu olhar enquanto ele se aproximava lentamente de mim.

—Perto quanto? - questionei com o coração acelerado, nervosa por estar tão perto dele.

—Muito perto, mas perto do que agora. - ele sussurrou olhando nos meus olhos enquanto sentia sua respiração no meu rosto e seu cheiro a me envolver.

Tinha que admitir que ele cheirava bem demais, seu perfume era quase afrodisíaco, o que fez um alerta soar em minha cabeça, temerosa me afastei imediatamente de Benjamin deixando-o perdido com a minha reação.

— Fiz algo que a deixou desconfortável, meu anjo? - ele questionou preocupado e neguei com a cabeça.

—Você não fez nada que me deixou desconfortável, só que também sou alérgica a cheiros forte e definitivamente não quero ter outra crise alérgica, por causa do seu perfume. - expliquei sem jeito e Benjamin sorriu antes de se aproximar de mim novamente, como se quisesse me contar um segredo.

—Ai é que está meu anjo...Eu não uso perfume ou qualquer outra coisa com cheiro forte, nunca suportei cheiros fortes desde bebê. Não precisa ficar com medo de ter uma crise alérgica quando me aproximar de você. - ele segredou e fiquei surpresa, afinal era raro hoje em dia encontrar alguém que não suportava cheiros fortes.

-É como se você fosse feito pra mim...- sussurrei perplexa e Benjamin sorriu carinhoso antes de colocar uma mecha do meu cabelo trás da minha orelha.

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—E você foi feita pra mim. - ele disse convicto enquanto me olhava nos olhos, e antes que pudesse dizer algo fomos interrompidos por um batida em sua porta, o que fez com que nos afastássemos rapidamente.

—Podemos terminar a nossa conversa depois, meu anjo?

—Claro, acho melhor ir para a minha sala. - disse me levantando do sofá e ele me acompanhou.

—Preciso te pedir um favor, antes de você ir. Posso autorizar a entrada, Mel?

—Claro. - disse e ele concordou antes de autorizar a entrada de quem estava batendo na porta.

—Desculpe interrompê-lo Ben, procurei pela Cíntia para me anunciar, mas não a vi em sua mesa. - Carlos, que trabalhava na logística de produção dos medicamentos, disse assim que entrou e me cumprimentou com um aceno de cabeça.

—Está tudo bem, Carlos. Cíntia teve um problema pessoal e a liberei hoje, por isso vou precisar da ajuda dos dois. - ele explicou antes de nos olhar. - Carlos, você pode assumir a fiscalização da produção dos medicamentos, enquanto Mel me ajuda a organizar algumas documentações?

—Claro Ben, não se preocupe.

—Ótimo obrigado, você está de acordo Mel?

—Claro. - assegurei e Carlos se despediu antes de nos deixar a sós.

—Porque algo me diz que o seu pedido de ajuda foi arduamente planejado? - questionei suave e Benjamin me olhou fingindo estar magoado com a minha insinuação.

—Realmente preciso de ajuda Mel, e não seria tão ruim ter a companhia do meu anjo o dia todo. - ele segredou e corei por imaginar nós dois sozinhos na mesma sala por horas, ainda mais depois do encontro maravilhoso que tivemos ontem.