—Já que Ária foi ao toalhete, vamos aproveitar para ter uma conversa séria, Ethan. - Benjamin disse me olhando sério com seus olhos castanhos escuros, uma cópia fiel dos olhos do nosso pai.

—Seja o que for, não fui eu. - disse me defendendo enquanto olhava nos olhos do meu irmão mais velho que sorriu, com certeza se lembrando de quando éramos pequenos e falava essa frase tentando escapar das broncas dos nossos pais.

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—Eu sei Ethan, dessa vez você não aprontou nada. Só quero reforçar o pedido, que lhe fiz alguns meses atrás.

—Tudo bem, sou todo ouvidos. - disse sincero olhando para o meu irmão.

—Por favor, tente se comportar no jantar de ensaio e durante o meu casamento, não apronte nada. - Ben implorou e o olhei ofendido, afinal já havia prometido que me comportaria.

—Jamais faria algo para estragar o seu casamento, Benjamin, muito menos envergonhar a nossa família, sei muito bem separar as coisas. Por acaso minha palavra não vale mais nada, para você? - questionei ultrajado por sua desconfiança e ele suspirou culpado, me fazendo ficar arrependido pelo que havia acabado de falar.

—Confio em você, Ethan e sua palavra ainda vale muito pra mim. Me perdoe se o ofendi, só quero que tudo saia da forma como Mel e eu sonhamos. - meu irmão disse culpado e suspirei concordando, pois sabia o quanto ele desejava que tudo fosse perfeito para seu imprinting no dia mais esperado pelos dois, afinal Benjamin queria proporcionar a Melissa tudo que não pode no primeiro casamento deles, que havia sido feito às pressas por causa da ameaça da nossa prima.

—Está tudo bem, irmão, entendo o seu lado e não precisa se preocupar comigo. Usarei os cinquenta por cento do senhor Elliot, amanhã no jantar de ensaio e durante o seu casamento. - assegurei sorrindo a ele que pareceu respirar aliviado, me fazendo rir.

—Obrigado por entender Ethan, me perdoe novamente por colocar a sua palavra em dúvida.

—Está tudo bem, Benjamin. Não se preocupe em comentar com a Mel sobre a nossa conversa, ela já me ligou e deixou bem claro que não aceitará que constranja ninguém na festa, especialmente a madrinha dela. -disse sorrindo ao me lembrar de como até ameaçadora, Melissa conseguia ser gentil.

—Minha mulher me contou que iria fazer isso. Se quiser viver o bastante para conhecer sua sobrinha, é melhor cumprir sua palavra. Afinal, você já viu a minha fêmea brava. - meu irmão segredou sorrindo e concordei, me lembrando da coragem da minha cunhada diante de toda a situação que enfrentamos meses atrás.

—Como se fosse difícil esquecer. Mel é baixinha e delicada, mas ela é capaz de assustar qualquer um quando está brava. - segredei me lembrando do seu telefonema e meu irmão sorriu antes de tomar um gole do seu suco, pois Benjamin raramente bebia a não ser quando estávamos em casa.

—Isso é uma calunia, Ethan, minha fêmea é um doce de pessoa. Melissa só está com alterações de humor, por causa da gravidez. - meu irmão disse e neguei antes de começarmos a rir.

—Por falar em gravidez, como ela está? Os enjoos melhoraram? - questionei preocupado, afinal minha cunhada estava com suspeita de ter hiperêmese gravídica, o que deixou meu irmão desesperado ao ponto dos meus pais irem até Forks para acalmá-lo.

—Graças a Deus sim. Depois das semanas de observação sugerida pela obstetra, foi descartado a hiperêmese gravídica, o que me fez respirar aliviado. - meu irmão disse mais calmo e fiquei feliz por ele finalmente estar conseguindo curtir esse momento especial na sua vida.

—Disse para você que não precisava se alarmar, agora tente ser menos superprotetor e histérico, apenas curta o fato de que daqui há alguns meses você será pai. - recomendei ao meu irmão que sorriu enquanto seus olhos brilhavam ao lembrar esse fato.

—Deus, eu vou ser mesmo pai. Mal consigo acreditar, que logo terei um pedaço meu e da mulher que amo nos meus braços...A minha filhotinha. - meu irmão disse sorrindo feito um bobo e sorri, porque sabia o quanto Benjamin iria ser um daqueles pais corujas, que mostravam a foto ou vídeo dos filhos para todo mundo.

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—Como tem tanta certeza que é uma menina, Ben? - questionei curioso e meu irmão sorriu me deixando confuso.

—Não sei ao certo como, tudo que sei é que desejei isso antes mesmo dela ser concebida. Meu instinto me diz que é uma menina, por mais que Melissa ache o contrário. Só espero que ela não fique decepcionada, se eu estiver certo. -meu irmão disse preocupado com essa possibilidade.

—Duvido que ela fique, Ben. Mel, ama o filho de vocês, independente do sexo. Você já escolheu o nome, se for uma menina? - questionei curioso, afinal, já sabia do acordo dos dois sobre o nome do filho.

Se fosse um menino, Mel lhe daria o nome, mas se fosse uma menina ficaria a cargo do meu irmão.

—Já...É um nome lindo, que reflete o destino dela. - meu irmão disse sorrindo feito um bobo ao pensar no nome da filha.

—E esse nome seria...- sugeri esperando que ele completasse a frase automaticamente e meu irmão me olhou sério.

—Se eu lhe contar, você promete que não contará a ninguém? Porque não contei nem pra minha mulher. - meu irmão pediu olhando em meus olhos e concordei. - Ótimo, porque preciso desesperadamente de uma segunda opinião.

—Dou a minha palavra de honra, que não contarei nada a ninguém. - disse ao meu irmão que respirou fundo antes de se inclinar sobre a mesa em minha direção, como se fosse me contar um segredo.

—Se for uma menina, ela vai se chamar Kyra Melissa. Kyra, que significa rainha ou quem tem plena autoridade e Melissa, em homenagem a mãe. - meu irmão sussurrou para mim e fiquei imaginando como soaria o nome ao lado do nosso sobrenome. - O que achou?

—Kyra Melissa Thompson...- sussurrei pensativo enquanto meu irmão me olhava cheio de expectativas para saber a minha opinião. - Eu gostei. É um nome forte e cheio de personalidade, além de corresponder com a posição que ela ocupará daqui a alguns anos, como herdeira do seu legado.

—Sim. Saber que também gostou, me deixa um pouco mais tranquilo. Afinal, não é um nome comum, mas quando o vi no meio das minhas pesquisas, soube que era o nome certo para a minha primogênita.

—E é meu irmão, tenho certeza que a Mel irá adorar, assim como todos da nossa família e não se preocupe porque manterei segredo. - jurei olhando em seus olhos castanhos escuros e ele agradeceu. - Se você não quiser que todos saibam e bom mudarmos de assunto, porque a Carol está vindo.

Conhecia o suficiente da minha irmã mais velha, para saber que ela não conseguia aguardar um segredo por muito tempo. Se Ária soubesse o nome da nossa sobrinha, ela ligaria para a família inteira para contar a novidade, ou mandaria fazer um painel luminoso com letras em neon e o colocaria na avenida mais movimentada de Londres, anunciando para o país inteiro.

Afinal, minha irmã era louca para realizar seu sonho de ser tia.

—Você tem razão. - Ben disse concordando antes de voltar a sua posição anterior.

—Sobre o que falavam? - Ária questionou curiosa assim que se aproximou da nossa mesa.

—Sobre o nome misterioso da nossa sobrinha. - comentei e meu irmão me olhou alarmado enquanto sorria para ele, tentando tranquiliza-lo.

—Não acredito...Você conseguiu arrancar o nome do Benjamin? - Ária questionou esperançosa enquanto me olhava.

— Não, foi um esforço inútil. Se a Mel, que tem todos os meios de arrancar o nome dele não conseguiu, duvido que consigamos. -menti para a nossa irmã que concordou frustrada enquanto Benjamin respirava aliviado me fazendo rir.

—Isso é verdade, mas vocês pretendem ter quantos filhos? - Ária questionou curiosa antes de comer sua torta de maçã com sorvete de creme.

—Melissa sempre quis ter quatro filhos, mas Joana nos disse no dia em que os ancestrais devolveram meus poderes de Alfa, que teríamos cinco filhos. - Ben disse naturalmente e quase me engasguei com o meu sorvete de hortelã com gotas de chocolate, minha sobremesa preferida.

—Tudo bem? - Ária questionou preocupada depois que parei de tossir e tomei um gole de água.

—Sim. Cinco filhos, Benjamin?! Vocês ficaram doidos? - questionei tentando imaginar a loucura que seria ter cinco crianças em uma casa.

Amava crianças e sempre me dei bem com elas, por isso decidi como minha primeira especialização em medicina, a pediatria. Mas gostar de crianças e tê-las, era algo totalmente diferente, porque se ela fosse sua não teria como devolvê-la aos pais, quando estivesse chorando e você não sabe o que fazer.

—Não, Ethan. Mel e eu, estamos bem racionais e seguros da nossa decisão. Por acaso, você não vai amar os seus cinco sobrinhos? - Ben questionou me sondando com o olhar a espera da minha resposta.

—Claro que vou amá-los, irmão. Independe de quantos sejam. Só fiquei surpreso pelo número, ter cinco filhos não é mais comum hoje em dia.

—Isso é verdade, mas achei ótimo. Os dois são jovens e lindos, tem mais é que passar a genética da família a diante. - Ária disse simples e sorrimos diante do seu comentário, mas o nosso momento em família, foi interrompido pelo celular do meu irmão começou a vibrar em cima da mesa.

—É a Mel, preciso atender. - ele disse preocupado e concordamos antes dele atender. -Oi meu anjo, aconteceu alguma coisa?

Tentei dar algum tipo de privacidade para os dois, evitando escutar o teor do telefonema, mas ficou difícil quando ouvi o desejo estranho da minha cunhada.

—A Mel está bem? -Ária questionou preocupada, assim que nosso irmão desligou o telefone e sorriu.

—Está, ela me ligou porque está com desejo de comer abacaxi com feijão. - ele comentou e Ária sorriu enquanto olhava confuso para Benjamin, afinal, aquela mistura com certeza não iria fazer bem para a minha cunhada. - Desculpe interromper o nosso jantar, mas preciso ir atrás do desejo dela.

—Está tudo bem, pode ir tranquilo. Não se preocupe com a conta. -Ária disse para o nosso irmão e concordei.

—Tudo bem, mas o próximo jantar é por minha conta. - Ben disse e concordamos antes dele se despedir de nós, saindo correndo para atender ao desejo maluco da noiva.

Depois que pagamos a conta, acompanhei minha irmã até seu carro e nos despedirmos antes de caminhar em direção a minha moto. Passei a mão direita em meus cabelos escuros antes de colocar o capacete e dar partida na moto, pilotando em direção a minha segunda casa, depois do hospital.

Estacionei minha moto na minha vaga costumeira na porta do Brasileiro, uma casa noturna especializada em samba e pagode, um lugar que frequentava desde a adolescência. Se aquelas paredes falassem.... Muitas pessoas ficariam escandalizadas, com tudo que já aprontei aqui.

Amava tanto aquele local que me tornei o dono, quando o antigo proprietário passou por dificuldades alguns anos atrás e precisou vendê-lo. Enquanto ia em direção ao bar cumprimentei as pessoas que estavam ali, que eram frequentadores assíduos do local.

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O Brasileiro era muito frequentado por inúmeros brasileiros, que moravam na Inglaterra ou admiradores dessa cultura tão rica e diversificada.

—Olha só quem resolveu dar as caras...Achei que não viesse mais, Ethan. -Marcela, bartender do local, disse limpando o balcão assim que me aproximei para cumprimenta-la. -O de sempre?

— Hoje não, Marcela, estou dirigindo. Fui jantar com os meus irmãos, por isso demorei, mas vou querer um suco de cupuaçu bem gelado, por favor. E a noite, como está? -questionei curioso enquanto ela pegava uma garrafa pequena no frigobar que havia atrás dela.

—Movimentada, afinal, estamos entrando no final de semana. Amanhã e sábado, vamos ter o especial de samba, com música ao vivo e comidas típicas, um final de semana do jeito que você gosta. Posso deixar o seu ingresso reservado na portaria? - ela questionou solicita e por mais que quisesse dizer sim, não podia.

Meu irmão iria se casar nesse final de semana, não podia deixar de estar ao seu lado para cair na farra.

—Bem que eu queria, Marcela, mas meu irmão mais velho vai se casar nesse final de semana e sou o padrinho dele. Não posso faltar ao jantar de ensaio amanhã, muito menos no casamento. -expliquei enquanto ela me entregava a garrafa de suco.

—Está tudo bem, vamos ter novamente mês que vem. Você recebeu por email a programação que o Claudio enviou? - ela questionou se referindo ao promoter de eventos da casa e concordei abrindo a garrafa de suco antes de tomar um gole.

—Sim, contratar o Claudio foi uma ideia genial. - disse me lembrando de todos os eventos, que ele já havia feito dentro de um ano em que estava trabalhando conosco, graças a eles a casa voltou a glória de antes.

—Isso é verdade, o Claudio foi uma excelente aquisição para o Brasileiro e você também. Se não fosse por você, essa casa teria fechado. Quem diria que um inglês, salvaria o Brasileiro. - Marcela segredou e sorrimos antes de tomar o meu suco.

—Sou inglês com alma de brasileiro, Marcela. - brinquei e sorrimos antes de olhar para a pista, notando que havia uma linda morena que dançava sem tirar os olhos de mim.

—Desculpe, Marcela, mas a pista me chama. - disse deixando a garrafa em cima do balcão sem tirar os olhos da morena, que sorriu ao perceber que a havia notado.

—Vai lá, afinal, você não seria você, se não arrumasse uma companhia para dançar. - ela disse maliciosa e nos despedimos antes de ir em direção a morena que ainda me olhava.

—É praticamente um pecado, uma mulher tão linda ser deixada de lado. - disse usando meu tom de voz sedutor antes de sorrir, percebendo que ela já estava envolvida no meu charme.

—Você foi o único que me notou, até parece que estou invisível hoje. - ela se queixou e neguei com a cabeça fazendo-a rir.

—Não mais, querida. Gostaria de dançar? - questionei oferecendo minha mão a ela que concordou sorrindo, antes de começarmos a dançar o samba que estava tocando.

Nos divertimos a noite toda.

Dançando e rindo enquanto nos paquerávamos, quando os beijos começaram a ficar mais intenso, despertando o nosso desejo, fomos direto para o hotel mais próximo, onde tivemos uma noite inesquecível.

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Abri a porta da frente devagar, tomando cuidado para não acordar ninguém.

Caminhei na ponta dos pés em direção as escadas que davam acesso aos quartos, quando achei que conseguiria chegar no meu quarto sem ser pego, senti um cheiro familiar que frustrou meus planos.

—Droga. - disse frustrado assim que meu pai ligou a luz do abajur, permitindo que visse ele e minha mãe sentados lado a lado no sofá da sala.

—Olha o linguajar, Ethan. Não gastei uma fortuna na sua educação, para que usasse esse tipo de linguagem. Onde foram parar as aulas de etiqueta, que você fez no Instituto Belmont? - meu pai questionou sério e de braços cruzados enquanto me olhava. - Isso lá são horas de se chegar na sua casa?

—Me desculpem, mas mandei uma mensagem avisando, que iria sair. Vocês não receberam? - questionei confuso, afinal havia recebido outra mensagem em resposta dos meus pais.

—Recebemos, querido, mas ficamos preocupados com a sua demora. Você demorou demais para chegar hoje, está tudo bem? -mamãe questionou aflita se levantando e caminhando em minha direção, assim que vi seus olhos escuros cheios de preocupação me senti horrível por ter demorando além do normal.

—Estou bem, mamãe, não precisa se preocupar. Me desculpe por ter demorado, acabei perdendo a hora.

—Está tudo bem, mas da próxima vez nos avise. - mamãe pediu e concordei antes dela se inclinar para beijar a minha bochecha, franzindo o nariz automaticamente assim que se separou de mim. -O que andou aprontando, filhote? Mal consigo sentir o seu cheiro.

—É melhor nem saber, mamãe. -segredei malicioso e ela bateu no meu braço me fazendo rir.

—Queria tanto saber para quem você puxou, Ethan Harry. - mamãe disse séria enquanto a olhava de maneira sugestiva.

—Tenho uma leve ideia de quem. - meu pai disse olhando para a minha mãe antes de rir.

—Por favor, Elliot, o Ethan perto de mim é um aprendiz. - mamãe segredou sorrindo para o meu pai que sorriu concordando, enquanto ficava chocado com o comentário dela.

Se bem que vindo da minha mãe tudo era possível, ainda mais depois que soube que os dois me conceberam em uma praia deserta da Riviera Francesa, durante as férias em família.

—Aprendiz ou não, isso não é hora de se chegar em uma casa de família. Você me prometeu que só sairia no final de semana, e que não chegaria tarde. Porque descumpriu a sua palavra, Ethan Thompson? - meu pai questionou se levantando do sofá e caminhando até mim, logo percebi em seus olhos o quanto ele estava chateado por ter quebrado a minha promessa.

—Eu sei, pai. Me desculpe ter quebrado a minha promessa, mas precisava sair um pouco. Além do mais, nesse final de semana seria impossível, por causa do casamento do Ben e da Mel. - disse arrependido por ter quebrado a minha promessa e meu pai suspirou cansado concordando, enquanto colocava a mão no meu ombro e me olhava nos olhos.

—Está tudo bem, filhote. Sei que não devíamos ficar no seu pé, você é um homem feito, Ethan, mas somos pais. A preocupação é nossa amiga constante, quando se tem filhos. - papai disse e concordei antes de me lembrar do que havia ouvido hoje no hospital.

Sabia que Ária havia prometido que resolveria, mas ela possuía inúmeras responsabilidades, não custava nada eliminar mais uma preocupação, que poderia causar dor de cabeça na minha irmã mais velha.

—Papai, sei que está tarde, mas podemos conversar. - pedi olhando em seus olhos castanhos escuros e ele concordou suave antes de indicar o sofá que estava sentado anteriormente.

—O que gostaria de conversar comigo, Ethan? - papai questionou preocupado assim que nos sentamos, mais uma vez me senti horrível por ter que contar novamente sobre aquele boato horrível que haviam inventado sobre uma funcionária da empresa, mas alguém precisava tomar uma providência urgente sobre isso.

—Sei que o senhor acabou de se aposentar do Conglomerado, e só quer aproveitar a vida ao lado da mamãe enquanto cuida da Fundação de música da família, mas ouvi algo pelos corredores do hospital que me deixou preocupado e revoltado. - disse e meus pais me olharam preocupados.

—O que você ouviu, filhote? - mamãe questionou tensa enquanto me olhava nos olhos.

—Ouvi algumas funcionárias do hospital comentando pelos corredores, que uma funcionária do prédio da administração do Conglomerado tinha um caso com outro funcionário, que estava de casamento marcado. Achei um absurdo ouvi-las julgando essa funcionária, pelo que entendi o Conglomerado inteiro está fazendo a mesma coisa. Pai, o senhor precisa tomar uma providência, não podemos permitir esse tipo de comportamento na empresa. - disse e ele pareceu aliviado com o que havia acabado de contar, me fazendo ter novamente a sensação de que estavam me escondendo algo.

—Graças a Deus é esse boato. Você não sabe como fico feliz, em saber que se preocupa com o bem-estar de alguém que nem conheci, meu amor. Não se preocupe, Ária e eu estamos resolvendo tudo, assim que descobrirmos o responsável por esse boato, ele será punido imediatamente. - meu pai me assegurou e respirei aliviado, por saber que amenizaria um pouco do sofrimento dessa pobre funcionaria, mas percebi que meu pai havia dado a entender que na empresa não estava circulando apenas um boato, mas pelo visto vários.

—Que outro boato é esse, que está correndo pelos corredores da empresa? - questionei e meus pais se entreolharam nervosos.

—Não é nada demais, já está tarde e devíamos ir para cama. Amanhã será um dia cheio de emoções. - papai disse mudando de assunto, um sinal claro de que estava escondendo algo. -Me acompanha, querida?

—Já estou indo, amor, só preciso dar um recado do Ben ao Ethan. - mamãe disse e meu pai a sondou com o olhar antes de suspirar resignado, lhe dando um leve beijo nos lábios antes de beijar a minha testa com carinho e subir sozinho para o seu quarto.

O fato da minha mãe não querer acompanhar o meu pai até o quarto, só me deu certeza de que os dois estavam me escondendo algo, assim como meus irmãos mais velhos. Mesmo apavorado com a possibilidade do que poderia ser, respirei fundo e fiz a única pergunta que se passou na minha cabeça naquele momento.

—Mãe, o papai quer me tirar da administração da rede de hospitais? -questionei para ela que suspirou antes de caminhar até mim, indicando que nos sentássemos no degrau da escada.

—Ele não quer fazer isso, querido, mas está sendo pressionado. Ethan, você é um Thompson, filhote, e as pessoas esperam que seja como seu pai e seus irmãos. Mas nós dois sabemos, que puxou mais o lado Clearwater do que o Thompson. -mamãe explicou acariciando meus cabelos pretos enquanto me olhava nos olhos.

—E ser mais Clearwater do que o Thompson é ruim? - questionei preocupado olhando em seus olhos e mamãe sorriu amorosa para mim, enquanto acariciava meus cabelos.

—Claro que não, filhote, seu pai e eu te amamos mais do que tudo no mundo. -mamãe disse amorosa enquanto me olhava nos olhos e sorriu para mim, como se lembrasse de algo. - Quando você nasceu e Elliot o pegou no colo pela primeira vez, seu pai sorriu todo bobo quando percebeu que o nosso caçulinha era muito parecido comigo, ao contrário do Ben que é uma cópia dele. E sabe qual foi a primeira coisa que seu pai lhe disse?

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—Não, mamãe. O que o papai disse?

—Ele chamou você de presente, Ethan. Um doce e lindo presente, extremamente parecido com a mulher que ele ama. Quando olho para Benjamin, vejo seu pai nele, mas quando Elliot olha para você, ele me vê. - mamãe disse suave me olhando nos olhos sem deixar de acariciar meu cabelo. - Por isso não importa, se você é mais Thompson ou Clearwater, você é o nosso filhote e o amamos da forma que é.

—Obrigado, mamãe, e eu também te amo.- sussurrei emocionado por suas palavras e a abracei com carinho.

—Eu também te amo, meu filhotinho, mas agora acho bom ir para o quarto e tomar um bom banho antes de deitar, talvez assim consiga sentir novamente seu cheiro de chocolate. -mamãe disse franzindo o nariz assim que nos separamos e sorri.

—Não se preocupe, dona Leah, vou tomar um bom banho.

—Eu agradeço, Ethan Harry. - ela disse aliviada e sorri antes de olhar nos seus olhos escuros, cor de ônix, iguais aos meus.

— Mãe?

—Sim, amor.

—Se o papai for obrigado a me tirar da administração da rede de hospitais, não vou suportar...O hospital é a minha vida, mamãe. - disse entre lágrimas, apavorado com a hipótese de ser impedido de trabalhar no lugar que amava desde pequeno.

—Shh, não pense nisso. Tenho certeza que não chegaremos a tanto, agora vá para cama, afinal você tem que levantar cedo amanhã.

—Tudo bem. - disse resignado antes de me levantar, oferecendo a minha mão para ajudá-la a se levantar também.

Subimos as escadas em silêncio de braços dados, aproveitando a companhia um do outro, assim que chegamos à porta do quarto do meus pais mamãe, me deu um beijo na testa me desejando boa noite e fiz o mesmo, antes de seguir sozinho para o meu quarto.