O Lago do Cisne

Hora da Caça


O treinamento de Phoenix era duro, mas não era um dos doze trabalhos de Hércules. Também não demorou para tornar-se parte das famílias que ali viviam, até mesmo Leander, que só não assumia a armadura do pai por ter nascido sobre a proteção de Peixes, gostava da presença de Phoenix, o rapaz de 20/25 anos trazia um ar mais leve ao Santuário, mesmo sendo um rabugento incurável.

Mas uma coisa que definitivamente demorara muito para se acostumar, talvez nunca se acostumasse, era a falta de folgas. Não que fosse preguiçoso ou algo assim, só não gostava de ficar muito tempo no mesmo lugar, gostava e muito de suas folgas, pois era seu momento de paz, momento de viajar, espairecer, ficar sem algo assim era uma tortura para o leonino.

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Tanto que prometeu aos deuses que quando recebesse sua primeira folga, se é que receberia, daria um beijo no mensageiro.

Phoenix estava lutando contra a própria irmã, quando a notícia de uma dispensa chegou. Promessa é promessa, mas como o mensageiro era uma criança, o mais velho apenas brincou três vezes de jogá-lo para cima e estalou um pequeno beijo em sua testa antes de sair andando todo cheio de si. Phoenix amava o lugar e tudo que o envolvia, mas nunca recusaria uma dispensa quando a ganhasse.

Assim que a noite caio, foi para casa, junto da irmã, pegou arco, flechas e espada, estalou um beijo na testa da menor e saio.

¬ Andrômeda! - chamou pela irmã uma última vez antes de sumir de vista. - Como eu estou dispensado por dois dias, diga à deusa: Se precisar de mim, vai morrer, porque estou caçando. - a irmã riu, até parece que ela diria uma coisa dessas, e ele se foi.

Phoenix passou a noite fora, atrás de uma possível presa, tinha pego o habito da caça após entrar no exercito, na época não era bem um habito, era mais uma necessidade, afinal, ele e os demais soldados precisavam comer, suas habilidades e gosto pela caça cresceram rapidamente e o habito veio a se tornar lazer. Não encontrou nada de seu interesse na floresta perto do Santuário, decidiu, então, se aventurar mais fundo na mata, talvez a sorte lhe sorrisse, do contrario, voltaria para casa com um humor pior do que o que estava quando saio.

Já tinha passado do meio-dia quando descansava na sombra de uma arvore, teria cochilado, mas ouviu um barulho que o atraio, um canto de pássaro. Olhou para cima e avistou uma ave branca passando pelo lugar, um sorriso se abriu e os lábios foram umedecidos, finalmente uma caça que valesse o esforço.

Passou a perseguir a ave com gosto, amava a adrenalina recorrente da perseguição, era uma das poucas regalias que tinha na vida, podia demorar o tempo que fosse, mas não desistiria daquela caça. Perseguiu sua presa até um lago, Phoenix ficou tão impressionado com a beleza do lugar, que por pouco não decidiu parar ali para descansar e desistir de sua caçada, mas não, a ave estava próxima a margem e a luz do entardecer a deixavam ainda mais bela. Tencionou seu arco com um sorriso no rosto e mirou na ave, que parecia alheia ao terrível destino que a aguardava.

“Como é bonito...”

Estas palavras passaram pela mente de Phoenix enquanto ameaçava disparar, mas uma luz forte envolveu o animal, parecia as Auroras Polares que teve a honra de testemunhar, disparou, mas a flecha fincou no chão, pois foi desviada de seu destino pelo cegueira temporária. A luz se dissipou e sua visão voltou, revelando a mais bela criatura que teve o prazer de avistar.

Aquele, certamente, era o rapaz mais belo que vira em toda sua existência. O cabelo loiro, que batia no final do ombro, pareciam raios de sol. Sua pele branca parecia a neve branca que caia nas montanhas longínquas, tinha a delicadeza da porcelana e a textura de um pêssego. O rosto tinha traços leves, mas que não deixavam de ser masculinos. Olhos azuis como o mar bravio e misterioso das terras ao Norte. Usava roupas dignas de um príncipe. A coroa de cisne dava-lhe destaque ao rosto. Um cinto de ouro, parecido com uma coroa de louros. Vestia uma toga branca e curta, que deixava o peito, braços e pernas, perfeitamente esculpidos, a mostra, uma capa longa e usava belíssimas joias de ouro e prata. Tinha um ar de timidez escondida pela arrogância, a cabeça sempre erguida.

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Nem percebeu quando começou a se aproximar do misterioso jovem, este parecia não notar sua presença, se virou e passou a caminhar na direção oposta, não disse nada, continuou a se aproximar. Porém, o rapaz o percebeu e se dignou apenas a olhá-lo por cima do ombro. Seu olhos expressavam absolutamente nada, nem mesmo sua expressão dizia algo, mas o brilho de seus olhos, estes sim, questionaram-no, leram-no, despiram-no de tudo, enxergaram-no como realmente era, e por conta deste brilho, sentiu-se obrigado a dizer algo.

¬ Quem és tu? - perguntou a primeira coisa que veio a mente, tentando esconder a curiosidade.

Viu o jovem estremecer um pouco, talvez tivesse assustado-o, mas ele não perdia o tom sério. Sua voz soou tão calma, séria, fria e inocente aos ouvidos de Phoenix, que ele conseguiu sentir seu coração disparar com apenas duas frases.

¬ Sou quem pergunta. - respondeu o rapaz. - Quem és tu?