— Jess?

O que foi? — Ela disse em um tom de voz sonolento.

— Eu te acordei? — Fiz uma voz doce. É difícil conversar com ela quando acaba de acordar.

Não, eu já estava acordada... QUATRO HORAS DA MANHÃ! Qual é? Fumou? Por que você está me ligando a essa hora? — Ela gritou.

Desculpa... Eu queria saber se você ia pra festa da Amber.

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Impressionante! A criatura me acorda de madrugada pra saber se eu vou à festa da outra lá. Incrível! — Um tom de deboche em sua voz.

— Você vai ou não?

Vou, Megan, vou. Posso dormir agora?

Tudo bem, mas só quero que você saiba que eu tenho uma coisa muito importante pra te falar... se eu te falar.

Estou com tanto sono que nem quero ouvir sua história, Meg. Conte-me depois. — Ela desligou o telefone.

Não consegui dormir. Ia arrumar um jeito de fugir para ir a essa festa. Arrumei-me cedo de novo e saí antes que meu pai acordasse, ainda não estava pronta para vê-lo. Fiquei fazendo hora em uma sorveteria perto da escola quando uma garota que provavelmente teria a minha idade entrou no local. Tinha longos cabelos enrolados e pretos, os olhos de uma cor meio cinza misturado com um violeta e se vestia perfeitamente bem. Estranhei quando ela olhou para mim e foi em minha direção.

— Você sabe onde é a Sandy Springs High? — Ela sorriu amigavelmente.

— Ahn, sim.

— Ah! Ótimo. Você pode me dizer onde é?

— Posso, eu estou indo para lá agora.

— Perfeito! — Ela sorriu novamente.

Saímos da sorveteria e seguimos na direção da escola. Eram uns três quarteirões.

— Então... Você está procurando alguém da Sandy Springs? — Perguntei.

— Ah, sim! É o meu namorado. Eu vim aqui só para vê-lo.

— Entendo... Então você não mora aqui?

— Não. Sou de Nova York.

Por um momento, lembrei-me de Daron. Ele passou dois anos em Nova York. E infelizmente voltou e fez com que eu me ap...

Melhor não completar essa frase.

Andamos em silêncio até o colégio e, quando chegamos, eu mostrei à garota onde era a secretaria. Vanessa já estava lá, sentada perto da entrada, como de costume. Mas eu não queria olhar na cara dela. Não depois de beijar o garoto que ela gosta. Andei rapidamente para dentro do colégio, tentando inutilmente me esconder dela, mas sem sucesso.

— Meg! — Vanessa gritou. Fingi que não tinha escutado e continuei andando sem rumo. Mas ela conseguiu me alcançar. — Meg! Como vai?

— Ahn... bem, eu acho.

— Quem era aquela garota que chegou com você? Aluna nova? — Ela ficou mexendo nos cachos de seu cabelo.

— Não, ela veio ver o namorado. Ela morava em Nova York.

— Nova... York? Hum... O Daron passou dois anos lá. — Um sorriso apareceu em seu rosto.

Como seria quando ela descobrisse que eu beijei Daron? Quer dizer, ele me beijou. Esse sorriso seria dilacerado. Ah! Sinto-me uma vadia! Daquelas que roubam o namorado das outras.

Ele não é namorado dela, Megan. Não se preocupe.

Estávamos andando tranquilamente, falando sobre a festa da Amber, quando uma criatura esbarra em mim.

— Desculpe-me senhora. — Um tom de voz arrogante e sexy.

— Quem é senhora aqui? Eu tenho 16 anos, garoto. — Respondi irritada.

— Ah, é você, Ryan? — Ele fingiu surpresa.

— Não, Spittle. É a Mulher-Maravilha.

— Sério?! Pensei que a Mulher-Maravilha fosse... bonita. — Eu estava a ponto de dar um soco na cara daquele idiota! Ontem mesmo ele disse que eu era linda. Como pode alguém ser tão Daron Spittle?!

Apenas dei uma olhada maléficaligna – mistura de maléfica e maligna, como se alguém não tivesse percebido – para ele e sai bufando.

— Uau! — Vanessa exclamou. Nem tinha me tocado que ela ainda estava ali. —Quando vocês vão parar com essa implicância? — Ela pôs as mãos na cintura.

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— Quando ele deixar de ser irritante. — Respondi cruzando os braços.

— Crianças. — Murmurou.

Quando cheguei à sala, havia somente alguns garotos conversando no canto da sala. Sentei-me em uma cadeira no fundo, do lado oposto ao dos garotos. Eles cochichavam alguma coisa até que um deles se levantou.

— Megan Ryan. — Um deles disse com os braços estendidos. Fiquei tentando lembrar o nome do garoto, mas antes que eu lembrasse, ele continuou: — Você está linda hoje.

Ok, por essa eu não esperava.

— Estaria mais linda ao meu lado, hoje, na festa da Amber. — Ele pegou em meu rosto e, por instinto, me afastei.

— Desculpa, mas qual é o seu nome, mesmo? — Perguntei.

— Thomas Ward, meu amor. — Ele sorriu.

Thomas Ward é o garoto mais galinha da escola inteira. Sei disso só pelo fato de ele ter ficado com todas as meninas do 2º ano.

Exceto eu.

— Te pego às sete, beleza? — Ele sorriu.

— Eu não vou com você. — O sorriso desapareceu de seu rosto.

— Tem certeza? Qualquer uma em seu lugar diria sim. Não desperdice essa chance, Megan.

— Não sou qualquer uma.

Ele deu um suspiro pesado.

— Se você não vai comigo, vai com quem então? — Ele deu um riso de escárnio.

Não queria dizer que iria sozinha. Mas ninguém havia me convidado para ir à festa.

O sinal tocou e segundos depois porta a sala se abriu e vários alunos entraram. Salva pelo gongo, literalmente.

Thomas ainda ficou do meu lado, creio que esperando a minha resposta, até que Daron e Jessica entraram.

— Não vai me responder, Megan? — Thomas perguntou.

— Responder o quê? — Jess disse, jogando a mochila na cadeira à minha frente.

— Com quem ela vai à festa da Amber. — Disse um dos amigos de Thomas.

— Ela vai comigo. — Daron se aproximou e os amigos de Thomas recuaram.

— Daron Spittle... — Thomas disse, olhando-o da cabeça aos pés.

— Thomas... Qual é mesmo o seu sobrenome? — Ele debochou.

— Não mexa comigo, Spittle.

— Digo o mesmo para você.

Daron sentou-se ao meu lado.

— Ele estava te irritando? — Daron virou para mim.

— E você se importa? — Rebati.

Ele olhou rapidamente para Jess e depois virou.

Poucos minutos depois a professora entrou na sala e ficou tagarelando coisas sobre o amor. Passado uns minutos, Jess me entregou um papel dobrado ao meio.

O que você queria me dizer? E que história é essa de você ir com o Daron pra festa da Amber?

Tinha esquecido completamente que teria que contar à Jess sobre a detenção com Daron. Respondi com outro bilhete:

Não acho que seja bom contar via bilhete. Se a professora pegar, não vai ser muito legal. E nem eu sei que história é essa. Pergunte pra ele.

Olhei para a professora, fingindo prestar atenção e entreguei discretamente o bilhete à Jess. Segundos depois ela mandou de volta.

Talvez você irá querer me matar, mas eu preciso te contar uma coisa.

Milhares de coisas passaram pela minha cabeça. Contar o quê? Sobre o quê? Mas deixaria as perguntas para depois.

— Quem somos nós sem o amor, senhorita Ryan? — A professora interrompeu meus pensamentos.

— Ahn... Ninguém. — Soou mais como uma pergunta.

— Ninguém...? Defina ninguém.

— Ninguém... Tipo ninguém.

— Bela explicação, Ryan. — Daron disse.

— Já que você se intrometeu, senhor Spittle, diga-nos, o que você seria sem o amor?

Ele a olhou por um tempo e depois respondeu:

— Nada. — A professora o olhou como quem quisesse que ele continuasse. — Apenas nada.

— O problema de vocês é que não querem pensar e me dar respostas mais completas.

Ela começou a tagarelar sobre como devíamos nos esforçar.

No intervalo, Jess e Anna me chamaram para conversar. Sentamos em uma área meio isolada perto de uma árvore grande.

— O que você queria me dizer? — Jess perguntou.

— Jess... — Olhei de Jess para Anna. — Se eu, hipoteticamente falando, tivesse beijado o seu irmão na biblioteca enquanto cumpríamos a detenção, o que você faria?

As duas arregalaram os olhos. Anna parecia meio surpresa e feliz ao mesmo tempo. Jess, por outro lado...

— Você... — Ela olhou para mim confusa.

— Hipoteticamente falando. — Repeti.

A cara de confusão se transformou em outra coisa. E, ao contrário do que eu pensava, não era raiva ou coisa do tipo.

— Megan Ryan! Por que você não me contou antes?

— Eu fiquei com medo.

— Medo de quê? Achou que eu ia pegar uma arma e te matar? Ou que eu ia invadir a sua casa no meio da noite? — Falando assim até fica meio estranho.

— Sei lá! Você sempre era tão possessiva com o Daron. Achei que ia querer me matar quando descobrisse.

— Sinceramente, eu não tenho ciúmes dele. Que ele fique com quem quiser. Mas no fundo, sempre torci por vocês dois.

— E por que você fazia isso?

— Eu já sabia que a Vanessa gostava do Daron. Estava tão na cara que eu acho que só uma pessoa muito lerda não percebeu. — Indireta para mim. — Eu não queria que ela achasse que tem uma chance. Você sabe que eu guardo rancor. E ainda tenho um ódio por ela desde o dia em que ela inventou boatos sobre mim, lembra? Ela disse que eu estava traindo o Jake. E ele acreditou.

— Então você não gosta dela? — Perguntei?

— Não. E nem a Anna. E acho que você não deveria gostar dela, já que ela está querendo roubar o seu homem. — Ela sorriu.

— Meu homem? — Ri sarcasticamente. — Daron não me pertence.

— Mas você o beijou. — Anna finalmente falou algo.

— Correção: Ele me beijou. E eu não disse que gosto dele.

— Acho que ela é tão lerda que ainda não percebeu que gosta dele. — Jess disse a Anna.

— Eu estou ouvindo.

— Olha Meg, nós sabemos quando você realmente gosta de alguém. Fala mal, diz que odeia, vive irritada quando essa pessoa está por perto. E isso sempre acontece quando Daron está por perto. — Anna disse.

— Podem achar o que vocês quiserem, mas saibam que eu não gosto de ninguém.

Elas se olharam e depois levantaram as mãos em rendição.

— Então, vocês vão ao salão comigo? Daron pode nos levar. — Ela olhou sugestivamente para mim.

Revirei os olhos.

— Se ele for, eu não vou. — Disse, cruzando os braços.

— Pare de frescura, Megan! Você vai sim. E vocês vão se arrumar na minha casa. E o Daron vai nos levar no salão.

— Por mim tudo bem. — Anna disse. As duas olharam para mim.

— Tá, eu vou. O que eu não faço por vocês.

— Eu sei que você quer, meu bem. Eu só peço que vocês não façam nada na minha frente, beleza? E espero que vocês tranquem o quarto. — As duas riram alto.

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— Calem a boca! Não gosto mais de vocês. — Fiz biquinho.

— Ah, neném! Não fica triste, nós vamos parar, sua chata. — Jess apertou minhas bochechas.

No final da aula, passamos rapidamente na casa de Anna e depois fomos à minha casa. O bom de tudo é que meu pai acabou viajando de novo, e dessa vez, levou Sarah. Molly ficou na casa de uma amiga e eu passaria o fim de semana na casa de Jess. Daron se recusou a nos levar ao salão, mas o pai de Jess o mandou ir.

Arrumei-me, deixei os cabelos soltos e jogados para o lado. Coloquei a tiara que vinha com a auréola e por fim as asas. Jess estava vestida de diabinha e Anna de Alice – o que combinava bastante com ela, exceto pelas mechas coloridas no cabelo loiro.

Descemos as escadas e Daron estava nos esperando. Percebi que ele não estava com uma fantasia.

— Está fantasiado de quê? — Perguntei.

— De motoqueiro. Não percebeu? Jaqueta de couro preta, óculos escuros, calça preta. E eu vou de moto. Posso levar apenas uma.

Jess e Anna me olharam.

— Vou pegar o carro do papai emprestado. Eu e Anna vamos juntas. — Jess disse sorrindo.

— O quê? E eu não tenho escolha?

— Daron disse que te levaria, não foi? Não seria legal se você chegasse sem ele. — Jess respondeu, pegando a chave do carro em cima da bancada.

— Então vamos. — Daron pegou meu braço e me levou até a moto.

Eu, particularmente, tenho medo de andar de moto. O pior é que eu tinha que andar de moto com Daron. Cada vez que ele acelerava, eu me sentia obrigada a apertar meus braços em volta dele mais forte. 15 minutos depois, Daron estava estacionando a moto perto da mansão da Amber.

— Sabe o que nós esquecemos? — Daron quebrou o silêncio.

— Do quê?

— Detenção.

— Só era mais hoje. Acho que não vão se importar se nós faltarmos. Quase ninguém vai naquela biblioteca mesmo. — Dei de ombros.

Daron segurou minha mão e disse:

— Você vai ter que entrar comigo de mãos dadas.

— O QUÊ? — Puxei minha mão.

— Thomas acha que estamos namorando e, a menos que você queira que ele dê em cima de você a festa inteira, terá que fazer isso.

— Mas e depois?

— Podemos fingir um rompimento. — Ele pôs as mãos nos bolsos da calça.

— Mas depois ele vai continuar dando em cima de mim.

— Talvez... —Ele olhou em meus olhos. — Mas faça isso. Como se fosse um favor.

— Favor... — Repeti, tentando assimilar. — Fingir namorar você.

— Só por um tempo. Eu preciso resolver uma coisa. — Ele parecia nervoso.

Suspirei.

— Tudo bem.

Ele sorriu e entrelaçou seus dedos nos meus.

— Considere-se com sorte. Muitas garotas morreriam pra estar no seu lugar.

— Pois é! Ainda estou tentando descobrir qual o problema delas.

— Tente não me provocar muito, Ryan. Somos um casal, lembra? — Ele deu um sorriso sexy.

— Velhos hábitos nunca morrem.

Entramos na mansão, falamos com Amber e depois avistei Anna e Jess chegando.

— E ai? — Jess disse quando Daron saiu. — Como vai o romance de vocês?

— Não tem romance nenhum entre nós. — Respondi seca.

— Mesmo? Pois quando eu cheguei me perguntaram se o meu irmão estava namorando com você.

— E daí?

— Disseram que vocês chegaram de mãos dadas. Isso diz muita coisa, não é? — Anna olhou para Jess e ela concordou.

— Tá! — Dei um suspiro pesado. — Estou fingindo namorar com ele. Só por um tempo. Ele disse que precisava resolver algo.

— Algo? Ah! Acho que já sei o que é. — Ela abriu a boca pra continuar, mas Daron voltou e sentou ao meu lado.

— Vocês só vão ficar sentadas aqui? — Ele perguntou.

— Isso ai. — Eu respondi.

— Minha garota não vai ficar sentada a festa inteira. — Ergui uma sobrancelha.

— Isso mesmo! Leva ela pra dançar. — Anna disse sorrindo inocentemente e Jess concordou.

— Suas amigas não te querem aqui.

Olhei para Daron e depois para elas, levantei-me e o segui.

Andamos até uma área afastada nos fundos da mansão, onde havia uma piscina e um jardim enorme. Ele sentou em um banco de pedra que havia ali e bateu no lugar ao lado dele para que eu me sentasse. Até faria perguntas, mas resolvi ficar calada.

— Por que você aceitou? — Ele fitou o céu.

— Sinceramente, não sei.

Ele me olhou, os olhos brilhando.

— Não sei se vou aguentar, Megan.

— Aguentar o quê?

Ele acariciou o meu rosto. As mãos eram macias.

Ouvi o barulho de alguém batendo palmas. Virei-me bruscamente e olhei a pessoa que estava à minha frente.

A garota tinha longos cabelos pretos e enrolados, estava com uma fantasia de enfermeira e tinha uma pose confiante.

— O que você está fazendo com o meu namorado?