O Intruso

Chamada Perdida - Parte 3


"Existe um inferno. Acredite em mim, eu vivi ele."

11h00min

Fischer estava deitado em sua cama. Era quase hora do almoço, mas ele nem havia tomado café ainda. Janelas abertas, cortinas fechadas. Estava frio, mas ele gostava.

De repente seu celular vibrou. Mensagem de Caleb:

"Hey, espero que você esteja aproveitando sua folga!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

É pra sair do apartamento...

Passando só pra desejar um feliz dia dos pais! ♥"

Fischer ignorou a mensagem, como sempre. Ligou sua tv e conectou na Netflix.

Esse seria seu feriado se algumas horas depois não batessem na porta. Com muito custo e resmungando ele atendeu: era Paloma, sua vizinha de baixo.

— Feliz dia dos pais pra você também, Paloma. Tchau. – Disse o detetive, fechando a porta. Ela impediu com o braço.

— Obrigada Fischer. Aqui, é pra você... – Estendeu sua mão e entregou uma vasilha com um almoço completo.

— Por que você faz isso todo feriado?

— É segredo. Tenha um bom dia, até mais.

Fischer fechou a porta e foi almoçar vendo TV. Agora sim, seu feriado estava completo.

No andar de baixo, Paloma mandou uma mensagem:

"Pronto, Caleb, já entreguei o almoço dele. Mas, por que você mesmo não entrega?"

"Muito obrigado Paloma, fico te devendo mais uma!"

O policial ignorou a pergunta dela novamente. Mais um feriado estava completo para Paloma também.

*****

11h36min

Abel abriu a porta pra ver quem tinha batido tão lentamente. Ao se deparar com Lucie, toda cheia de sangue em seu rosto, ele ficou assustado.

— Lucie? O que houve?

A garota simplesmente entrou e foi caminhando até o quarto de Abel. Ao sentar na cama, ela disse:

— Você estava certo...

— Do que você está falando?

— Eu só sei destruir todo mundo à minha volta...

— Lucie, eu não quis dizer aquilo, me desculpe...

Lágrimas caíam dos olhos de Lucie, mas ela não fazia nenhum som de choro.

— Eu cansei Abel... Eu cansei...

— Espera aí, eu vou pegar um kit de primeiros socorros. – Dizendo isso o garoto desceu pelas escadas. Lentamente, Lucie procurou debaixo da cama. Ao ver uma caixinha enferrujada, ela pegou e guardou na bolsa que Josh tinha a entregado. Alguns minutos depois, Abel voltou e sentou-se bem próximo à Lucie, passando um algodão com algum tipo de medicamento nas suas feridas.

A garota olhava para ele sem nem mesmo piscar.

— Abel?

— Que? – Respondeu o garoto, continuando a limpar os machucados da garota.

— "Você não quer vir comigo e descobrir onde o mar esmeralda acaba?" – Falou a garota, citando uma frase de um dos seus livros.

Abel parou de passar o algodão e olhou fixamente para a garota, então ele se aproximou e tocou seus lábios nos dela.

Os dois passaram rapidamente dos beijos lentos e leves para beijos rápidos e cheios de sentimento. Abel jogou a caixa de primeiros socorros do outro lado do quarto e puxou Lucie para baixo. A garota passava seus dedos pelos cabelos macios do garoto com força. Ele passou a beijar o pescoço da garota. Após alguns minutos ele tirou sua camisa, revelando uma cicatriz no seu peito. Aquilo não era estranho para Lucie, mas ela nem mesmo ligou, puxou ele para perto de si.

Abel começou a desabotoar a camisa de Lucie, que beijava sua testa. Após um tempo ela estava apenas de sutiã. Abel começou a distribuir beijos por toda a barriga de Lucie, fazendo a garota começar a respirar ofegante de prazer. Lucie começou a desabotoar a calça de Abel, que voltou sua atenção para o pescoço da garota novamente. Ele começou a morder a orelha de Lucie. Uns segundos depois ele estava apenas de cueca.

Estava tudo indo bem até Abel cochichar no ouvido de Lucie bem baixinho:

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Eu te amo Lucie.

A garota empurrou imediatamente o garoto para o outro lado da cama.

— O que foi? Eu fiz algo errado? – Perguntou Abel, assustado.

— Eu... Eu sinto muito... Mas não dá... Desculpa.

A garota se levantou rapidamente, pegou suas roupas e sua bolsa e saiu correndo, deixando Abel ali, sem entender nada.

*****

13h17min

— Tudo bem, já deixei a caixa de ferramentas e a chave no local combinado. E agora?

— A última tarefa é a mais fácil senhora Freewood... – A voz abafada dizia, com deboche.

— Dá pra falar logo?

— Você precisa voltar ao apartamento de Amanda. Apenas isso.

— Como assi--

A chamada foi encerrada. Alguma coisa não estava certa. Lucie estava com uma sensação estranha no peito. Ela saiu correndo o mais rápido que pôde em direção à casa da amiga.

Após alguns minutos ela chegou e bateu na porta. Ninguém atendeu. Ela gritou o nome da outra garota, mas não obteve nenhuma resposta. Ela então girou a maçaneta da porta, que se abriu.

— Amanda? Amanda, eu estou entrando tá?

Ela caminhou lentamente pela sala, procurando pela amiga. Sem encontrar ela nem na sala ou na cozinha, Lucie se dirigiu até o quarto.

Ao abrir a porta, ela correu até o corpo de Amanda, enforcado, com a barriga aberta e os órgãos pra fora, ainda pulsando. Na parede logo atrás, o mesmo símbolo da caveira em formato de borboleta.

— Não... Não... Eu fiz tudo... Então por que... Amanda... Me desculpa... – A garota começou a chorar muito

Após uns minutos, seu celular tocou. Era ele.

— SEU DESGRAÇADO! EU FIZ TUDO QUE VOCÊ PEDIU! TUDO! POR QUE ELA? POR QUE NÃO EU? VOCÊ PODIA TER ME MATADO LOGO SEU FILHO DE UMA PUTA!

— Hohoho, calma, senhora Freewood, estresse demais aumenta a pressão sanguínea.

— VAI TOMAR NO SEU CU! ONDE QUE VOCÊ ESTÁ EIN? ME FALA QUE EU VOU AÍ AGORA MESMO!

— Ora, você quebrou as regras Lucie... Eu disse pra não envolver ninguém, e você arrastou seu jardineiro para isso. Regras são regras.

— Eu não tive culpa seu vagabundo... Amanda, me desculpe...

— É... Eu acho melhor você fugir pela janela! A polícia já foi avisada e está a caminho! Tchau tchau.

A chamada foi encerrada. Lucie ficou olhando o corpo de Amanda. Após alguns minutos ela secou as lágrimas e saiu correndo dali.

*****

13h25min

— Chefe, vim o mais rápido que pude.

— Ah, Caleb, rápido. – Gritou Fischer, ao ver o policial entrar na sua sala. – Precisamos ir.

— O que aconteceu?

— Denúncia anônima. Dois assassinatos. Um corpo ainda não identificado, ambos parecem ter sido mortos pelo assassino da borboleta.

— Quem é a outra pessoa?

— Connor Boldman. O que estávamos investigando. Eu vou até o galpão onde o corpo dele está e você vai até o outro local: casa de número noventa e dois, perto do parque, rua Santo Amaro.

— Espera...

— QUE FOI CALEB? – Gritou Fischer.

— Essa casa... É da Amanda!

— Então o que você tá esperando pra ir logo, porra?

Caleb saiu correndo, pegou sua viatura e saiu em direção à casa de Amanda. Ao chegar lá, suas suspeitas foram confirmadas. O corpo belo da jovem morto, estripado daquele jeito. Caleb se aproximou para investigar o símbolo na parede, quando pisou em algo que fez um barulho metálico. Ao olhar para baixo, ele viu um pingente.

Quando Caleb pegou o pingente, ele entendeu tudo. Ele já tinha visto aquele colar antes, no pescoço de ninguém menos que Lucie Freewood.

Caleb saiu da casa.

— Onde está indo, senhor? – Perguntou um dos investigadores que acabara de chegar.

Caleb ignorou e entrou na sua viatura. Ele deu partida e saiu em direção à casa de Lucie.

*****

"Caleb está indo te prender. Fique calma e não fuja. Fique do lado direito no banco de trás e quando você ver a placa avisando que entraram na rua Antevisão, você irá abrir a porta e pular.

Jogue este celular na água."

Lucie quase não conseguiu terminar de ler a mensagem. Alguém bateu na porta com força.

— Aqui é a polícia. Lucie Freewood, abra a porta.

A garota jogou o celular dentro de um vaso de flor e abriu a porta.

— Lucie Freewood, você está presa pela morte de--

— Eu já sei, Caleb. – Respondeu a garota, estendendo suas mãos para que o policial a algemasse.

Ao ser literalmente jogada dentro da viatura, Lucie foi para o lado direito. Caleb foi perguntando diversas coisas enquanto dirigia. Lucie simplesmente o ignorou.

Quando a placa que o intruso tinha dito passou, Lucie não pensou duas vezes: abriu a porta e se jogou. Caleb olhou para trás, mas ao começar a parar o carro, um caminhão sem freio se chocou com a viatura.

Lucie se levantou no meio da rua, preocupada com Caleb, mas o monstro sem rosto apareceu atrás do caminhão e começou a vir na sua direção. Ela começou a correr, mas ele chegava cada vez mais perto. Ela correu até bater em alguém e cair no chão.

— Abel? – Ela se levantou e tentou abraçar o garoto com as mãos algemadas.

— Eu vi ele te prendendo da janela, estava indo na delegacia quando vi o caminhão se chocando com a viatura. Lucie, que porra está acontecendo?

Lucie olhou para trás: o monstro não estava mais lá. Ela se virou e disse, séria:

— Hora de encarar meu passado. Abel, me leve pra Salt Lake City. Agora.