Todos os agentes olhavam atentos para o monitor. May estava com uma expressão de ódio e indignação ao assistir aquilo, as garotas estavam boquiabertas e os demais agentes apenas encaravam o monitor com um ar de interrogação.

– Eu não acredito que ele fez isso! – Skye bateu com a mão na própria testa.

– Eu não acredito que ele falou aquilo – Fitz completou com o mesmo ar de surpresa. – Tudo bem que ele era da Hydra, mas... Droga, como ele pôde agir dessa maneira conosco? – ele estava mesmo indignado.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

O dispositivo rastreador de Fitz emitia um sinal Wi-fi que permitia que Skye invadisse alguns dispositivos que se encontravam próximos à pistola que o transportava, possibilitando que eles tivessem acesso àquelas imagens. Na gravação, Ward contava como havia enganado todos os agentes da S.H.I.E.L.D, enquanto bebia descontraído com outros agentes da Hydra. Ele falava sobre cada agente em especial, ressaltando suas qualidades, defeitos e expondo a vida pessoal deles. Como se não bastasse isso tudo, ele ainda contava para o seu bando sobre como havia sido fácil enganar a Cavalaria. E ele não poupou detalhes.

– Isso não é tudo – Coulson pontuava. – Nós cortamos mais algumas cenas. O conteúdo era... Ofensivo a alguns de nós. – ele olhou para May e ela abaixou a cabeça. – Tudo o que precisam saber é que Ward está comandando uma grande equipe de agentes. Eles estão nos caçando.

– Seu bastardo desgraçado! – Skye esmurrou a mesa e Jemma colocou as mãos no ombro dela. – Devia mesmo ter deixado ele morrer!

– Skye, não é hora pra isso. – May a interrompeu. – No momento, precisamos montar um plano de defesa, não sabemos quantos deles estão envolvidos nisso, não sabemos por onde eles querem atacar...

– E Ward conhece a equipe – Fitz continuou. – Ele tem mais chances contra nós.

– Mas nós temos o Capitão América. – Phil respondeu sorrindo. – Romanoff, agente Barton, Sharon. Temos reforços. Eles não passarão por nós. Nossa base estará segura.

– E então, o que faremos agora? – Skye perguntou.

– Você e Fitz-Simmons cuidarão das comunicações, May e Sharon farão um levantamento da área pra localizar os pontos mais vulneráveis da nossa base para que possamos reforçar. Clint e Steve coordenarão as equipes de apoio tático.

– E nós? – Romanoff interrompeu o diretor. – Presumo que meus serviços serão úteis também. – ela falou num tom irônico e May bufou em algum lugar por ali.

– Você e eu faremos uma visitinha a um velho amigo.

– Tudo bem, diretor. – ela respondeu, dando ênfase a “diretor” – Estou a sua disposição.

Coulson deu a reunião como encerrada e saiu com a ruiva até o seu escritório, sem perceber que May estava completamente enciumada lá atrás. Ele realmente não tinha a intenção de provoca-la, mas acabou por deixa-la com este sentimento estranho percorrendo seus neurônios. Nem ela mesma entendia porque raios estava daquele jeito, já que antes de Romanoff aparecer, as coisas pareciam tão confortáveis no Bunker.

Skye pediu um tempo aos meninos e resolveu sair um pouco. Apenas precisava tomar um pouco de ar fresco, afinal, seu coração ainda acreditava que Ward poderia ter algo bom e assistir àquela gravação havia minado suas esperanças.

– Aposto que não dá pra cuidar das comunicações daqui.

Steve aproximou-se da garota, que estava sentada num banco há uns dez metros da base. Ela segurava uma bonequinha de uma dançarina havaiana, apenas fazendo-a dançar, continuamente. Depois de alguns segundos sem responder nada, ela apenas esboçou um sorriso e levantou os olhos para vê-lo. Rogers usava uma camiseta branca, uma calça preta e havia deixado seu escudo dentro do Bunker, afinal, ele não era obrigado a carregar aquela coisa pra todo lado o tempo inteiro.

– Está errado, Rogers – ela retirou seu celular do bolso e o balançou na frente de Steve. – Transferi boa parte dos aplicativos e dos programas para essa gracinha. – ela baixou o tom de voz, como se fosse contar-lhe algum segredo. – Você sabe como a S.H.I.E.L.D. trabalha. Temos brinquedos bem legais.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ele sorriu. Ela parecia não se deixar abalar pelas coisas, embora ele pudesse ver que ela estava magoada. Skye não permaneceria naquele estado durante muito tempo, apenas precisava de um tempo para sua cabeça assimilar os fatos. O homem que parecia cuidar tão bem dela, agora estava se voltando contra a sua própria equipe. Não era fácil ser traída por alguém daquele jeito.

– Você tem um jeito interessante de se sair de situações difíceis. – ele comentou, apontando para o lado dela no banco e pedindo permissão para sentar ao seu lado.

– Claro – ela assentiu com a cabeça e ele se assentou. – Bem... Primeiro, eu surto. Depois as coisas voltam ao normal naturalmente. Eu meio que aprendi a viver de todas as maneiras possíveis.

– Entendo. – ele olhou para baixo, cruzando os braços e encostando as costas no banco. – A vida te castigou um bocado, não?

– Por aí – Skye esboçou um sorriso. – Mas isso ficou no passado. Eu amo minha equipe, capitão. A S.H.I.E.L.D é o meu lugar, tipo, em todos os sentidos da palavra. Eu lutarei até o fim para defender esta organização.

– Você é uma mulher muito forte, Skye.

– Eu precisei aprender a ser. Caso contrário, não estaria aqui hoje. – ela disse séria, mas começando a ficar vermelha. – E não me fale como se isso fosse a coisa mais incrível do mundo! A S.H.I.E.L.D foi praticamente fundada sobre você, Capitão. Então, eu era que deveria estar lhe elogiando.

– Oh, “Steve”, por favor. – ele pediu.

– Mas eu prefiro Rogers. – ela sorriu, divertindo-se e o fazendo sorrir também.

– Coulson teve sorte em encontrar você. Você tem a alma dessa organização.

– E você tem o escudo. – ela sorriu novamente e não pôde deixar de notar a ausência do seu famoso brasão. – Cadê ele, por falar nisso?

– Ficou lá dentro. Eu vim desarmado dessa vez.

Ela o olhou com uma ponta de malícia, apenas permitindo-se brincar um pouco com a situação. Os olhos de Steve sorriam ao observa-la, não custava nada tornar as coisas um pouco mais descontraídas entre os dois.

– Você veio desarmado? – ele arqueou uma sobrancelha.

– Sim. – ele respondeu com um lindo sorriso.

– Por quê? – ela virou-se para ele e colocou uma das mãos na cintura, numa postura intimidadora.

– Porque eu queria que me visse como eu sou.

“Nossa.” Ela não esperava por aquela. “Se ele soubesse que eu já o tinha notado assim antes...” Ele sorriu mais uma vez e abaixou a cabeça em seguida, ficando um pouco constrangido, talvez estivesse indo rápido demais com as coisas.

– Coulson já deve ter comentado... Eu sou boa em enxergar a verdadeira natureza das pessoas. E embora eu tenha me enganado sobre aquele – Skye respirou fundo e retomou o foco. – Eu não o vejo como um escudo, Rogers. Você é um homem. De carne e osso. Que viu mais batalhas do que queria ter visto. Que deixou tantas pendências para trás, mas que procura se encontrar até hoje. Você tem se adaptado bem ao “nosso mundo” – ela fez as aspas com os dedos. – Não é fácil ser deslocado de seu tempo e relocado décadas à frente. – ela deu uma pausa para que ele pudesse engolir aquelas palavras. – Você merece o título que recebeu. Você sempre lutou pela boa causa, mesmo que não soubesse exatamente pelo que estava lutando. Tudo o que fez foi o que achava que era certo. Especialmente quando bateu de frente com Fury. Aquilo... Nem todo mundo tem pulso para fazer o que você fez.

Ele simplesmente pareceu ter voltado para o gelo frio e paralisante em que ficou preso durante décadas. Aquela garota parecia ter entrado em sua alma e sugado cada sentimento e pensamento que havia percorrido o seu cérebro. Ele apenas a fitava, cada vez mais encantado com sua beleza e maturidade. Coulson tinha razão. Ela era especial.

– Uau... Não pensei que fosse tão boa assim. – ele comentou, com os olhos arregalados e ela apenas sorriu. – Tem que me ensinar como faz isso.

– Sai naturalmente, Steve.

– “Steve?”

– É, “Steve.”

– Mas você disse que...

– Não, eu não fui absolutamente honesta. Eu prefiro “Steve.” só queria ver qual seria a sua reação. – ela admitiu, sorrindo dessa vez. – Obrigada, de verdade. – ela falou, piscando lentamente os olhos e segurando a mão dele, quase sem se dar conta. [Se é que era possível tocar aquelas mãos sem se dar conta disso]

– Não entendi. – ele franziu a testa, perdido na conversa.

– Eu tinha saído pra melhorar um pouco... Você sabe... Um traidor na equipe não é lá a coisa mais animadora do mundo... Mas você conseguiu me deixar melhor. Conseguiu me fazer sorrir.

– Não precisa agradecer, você é uma ótima companhia. – ele disse, fazendo carinho no dorso da mão dela. [Foi quando ela se deu conta e enrubesceu imediatamente]

– Você também, Steve – ela levantou-se e sorriu pra ele, um pouco constrangida. – Agora vamos, acho que temos algum trabalho a fazer.

Rogers levantou-se e a seguiu, ainda pensando em como uma garota poderia mexer tanto com ele assim de uma hora para outra.