– Steve Rogers? Sério mesmo?

Melinda cruzava os braços, deixando o corpo encontrar com a superfície lisa da mesa na sala de reuniões. A asiática encarava a garota que agora tinha os olhos bem fitos no suporte que segurava a holomesa.

– Mas eu não... Só – Skye tropeçava nas palavras. – Steve e eu...

– Skye – May deu um passo na direção dela, forçando a garota a levantar os olhos. – Você sabe muito bem que isso é contra o protocolo. Se vocês...

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Eu sei, May! – Skye olhou para a mulher pela primeira vez em cinco minutos. – Eu não pedi por isso, ele simplesmente... Nós...

A garota parou de falar e simplesmente puxou o ar para os pulmões como se estivesse se afogando. Ela geralmente não costuma ficar constrangida com esse tipo de assunto, mas Steve conseguia deixa-la completamente desconcertada ao falar aquilo para May.

– Pode falar – Melinda suavizou a expressão com um aceno de cabeça, piscando os olhos com certa cumplicidade. – Eu não mordo.

Skye sorriu com o modo com que a piloto quebrara a tensão de uma hora para outra. Se ela não estava sendo a mesma Skye de sempre, aquela atitude vindo de Melinda May conseguia ser igualmente atípica.

– Bem, tá parecendo brava comigo – ela confessou. – E eu sei que tem motivos pra isso.

– Eu não estou brava – May voltou a encostar-se na holomesa, descruzando os braços. – Só estou pedindo por respostas.

– Pois está ruim, porque eu tento falar há alguns minutos e não consigo.

May olhou para cima, tentando pensar em algo. Soltou os braços ao lado do corpo e ensaiou alguma coisa na sala cabeça. Ela sabia que não poderia apoiar Skye a seguir com aquilo, mas por outro lado, conseguia ver a si mesma naquele olhar distante que dizia: “Okay, eu não posso me apaixonar por ele agora.

– Olha, Skye – May tomava a iniciativa. – Se você não quer falar nada, eu entendo. Mas só tenho duas únicas preocupações a respeito disso.

– Que você se machuque ou ponha a missão em risco. – As duas falaram em uníssono.

– Eu sei, May – Skye suspirou e sentiu os olhos arderem com a iminência das lágrimas. – Mas é que depois de tudo isso, sabe... Ward, H.I.D.R.A... Olha, eu sei que você também não gosta da ideia de pensar sobre o Ward, mas...

– Prossiga.

– Enfim – a garota suspirou novamente, sentindo seu coração acelerar. – Steve conseguiu quebrar minha defesa novamente. E não é porque ele é o Capitão América... É porque... – ela piscou os olhos rapidamente e sorriu com certo nervosismo. – Não sei explicar... As coisas ficam mais leves quando eu estou com ele... Eu sinto que não preciso me esconder, ou...

– Fingir ser uma coisa que não é. – May completou, sentindo seu coração apertar de repente.

– Exato – Skye a olhou com curiosidade, mas deixou aquela passar. – Não quero comprometer nada, então... Prometo que vou tomar cuidado quanto a isso.

– Pelo menos, nós sabemos que ele não é da H.I.D.R.A.

Skye sorriu ao ouvir aquilo. May fazendo brincadeiras numa hora dessas? Isso era no mínimo suspeito.

– Ufa! – ela passou a mão na testa e arregalou os olhos, como se isso pudesse expulsar a tensão de minutos atrás. – Achei que levaria o maior esporro da vida.

– E levará se esse lance com o Rogers der errado. Não vou poupar minha saliva, e acredite, os treinamentos serão três vezes mais pesado.

– Pode deixar, Chefia.

– Estou confiando em você, Skye – May disse por fim, andando em direção à saída. – Não me desaponte.

– Não me atreveria a isso – a garota respondeu com um sorriso quase involuntário e apenas permaneceu pensando na sala por alguns minutos

(...)

– O que está fazendo aqui? – Ward perguntou assustado, afastando-se da janela num susto.

A loira apoiava uma das mãos no chão, mantendo-se equilibrada. Olhou para Ward ainda de onde estava antes de levantar-se imponente, quase num gesto teatral. Bobbi não dispensava causar uma boa primeira impressão.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Eu espero, para o seu próprio bem, que você tenha colabore com o meu trabalho.

– Mas o que... Como... O que quer aqui?

– Bem – ela retirou os óculos de voô e deu um passo na direção dele, fazendo Ward dar um passo para trás num gesto puramente reflexivo. – Tudo vai depender da sua próxima resposta.

– Okay...

– Qual é a sua? – ela perguntou sem cerimônias.

– O quê?

– Eu sei quem é você, Grant Ward – Bobbi gesticulava em tom entediado, mas sem perder a seriedade nas palavras. – E devo dizer... Você está em maus lençóis.

– Me admiraria que fosse o contrário.

– Olha, é o seguinte: 90% da sua equipe preferia ter o Hulk em sua companhia do que olhar na sua cara novamente. Vejamos... Somado à isso, você não deve saber, mas Coulson chamou uma tropa de choque pra executar esse plano, então... Capitão América, Sharon Carter, Romanoff... Que a propósito, deve estar chegando aqui daqui a pouco...

– Espera... A Natasha está...

– Precisei dar um perdido nela pra te dar uma única e minúscula chance de redenção... Você sabe que ela não faria isso.

– Não... Não mesmo.

– Então, Ward... Eu tenho um faro muito bom para perceber quando estão armando pra mim, e ao rever as gravações e as pistas que você deixou pelo meio do caminho... Você não está mesmo envolvido nisso, não está?

Ward a encarou com certo ar de admiração. Ele imaginava quem ela podia ser. Na verdade, só poderia ser ela. Bobbi Morse, a Harpia em pessoa. E o mais incrível de tudo: ela havia percebido o plano dele, e até onde sabia, ela era a única.

– Só um momento.

Grant abriu a mochila e pegou uma roupa para esquentar-se. Verificou a porta novamente e sentou-se na beira da cama, encarando a loira que permanecia de pé com as mãos cruzadas na frente do corpo. Aquele gesto o fez lembrar-se de Melinda May por alguns instantes. Aquela postura... Num milésimo de segundo, seu coração apertou ao lembrar-se de sua equipe. Ele sentia saudades de ser um agente da S.H.I.E.L.D.

– Então... Vai me esclarecer, ou esperamos Natasha pra tornar tudo mais divertido?

– Considerando que ela já deve estar furiosa com você, eu seria apenas o saco de pancada das duas.

Morse sorriu. Ele falava em tom de brincadeira, mesmo que no caso ele fosse o ser em desvantagem no meio daquilo tudo.

– Fico feliz que tenha entendido as implicações. Essa é a hora que você fala.

– Eu sou um espião.

– Continue.

– Quando percebi que estava dentro de uma das instalações da H.I.D.R.A, usei aquilo para reunir informações.

– Que tipo de informações?

– Contatos, planos, estratégias de expansão... Qualquer coisa.

– E aí...

– Daí, minha influência me ajudou a convencê-los de que eu realmente queria acabar com a S.H.I.E.L.D. de vez.

– Então eu estava certa. – ela segurou um sorriso e o encarou por alguns instantes.

– Sim. Eu os estou levando até a base desativada, que hoje é de posse do Estado. Eles acham que a S.H.I.E.L.D. está lá.

– Por isso você usou os marcadores. Pra trazer a S.H.I.E.L.D. até vocês – ela acenou com a cabeça, vendo que tudo fazia sentido naquela hora. – E a outra pistola com o marcador? O que significa?

– A localização da maior instalação da H.I.D.R.A em solo norte-americano – ele levantou os olhos e dessa vez lançou seu olhar mais convincente. – Agora é só ir busca-los.

– Olha só quem não se mostrou um completo inútil no fim das contas! – ela sorriu e sentou-se ao lado dele, procurando alguma coisa dentro da mala. – Aqui.

– Ai! – Ward tocou o braço numa expressão de dor. – O que está fazendo?

– Me certificando que isso não é mais uma brincadeira.

– O que é isso?

– Um GPS que pode me ajudar a te matar se você estiver nos enganando novamente.

– Pensei que tinha acreditado em mim...

– E acreditei – ela colocou-se de pé e caminhou em direção à janela. – Mas não colocaria a missão em risco por um palpite.

– Ótimo – ele disse com ironia. – O que eu devo fazer agora?

– Prossiga com o plano. Leve-nos até a H.I.D.R.A. e ajude a acabar com essa praga. Posso conseguir alguma coisa se você se comportar.

– E eu virei o seu cachorrinho, agora? – ele perguntou sorrindo, descansando as duas mãos na cintura.

– Não – ela atirou um cabo de aço pela janela e puxou a alça duas vezes para certificar-se de que estava bem firme. – Meu cachorro é confiável e não precisa de GPS.

Em um piscar de olhos ela havia sumido, deixando como último registro um lindo sorriso irônico, que ficaria gravado na mente de Ward por algum tempo. Ele ainda sorria da ousadia daquela mulher em brincar com a fúria de Romanoff. Bobbi Morse era sem dúvidas uma mulher louca.

– E essa é a Harpia senhoras e senhores. – ele falou sozinho, deixando o corpo afundar lentamente sobre a cama macia. – Bobbi Morse.