O Herdeiro da Ruina

Lembranças do Passado – A Tragédia


A primavera chegava ao fim. Esses foram os melhores seis meses da minha vida, quase não apareciam monstros, fiz novos amigos e tinha uma namorada linda.

Eu estava no sofá com Edward jogando videogame, quando Hector entrou correndo pela porta, e me falou:

– Ben a deusa voltou, você não queria ver ela? – Disse ele pegando fôlego – Cara ela não vai ficar muito tempo.

A notícia me pegou de surpresa, pulei do sofá, calcei meus tênis, peguei meu cinto e corri para pegar minha bicicleta. Estava saindo e encontrei Mia.

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– Mia a deusa esta aqui! – Digo pegando sua mão – Vamos.

– Claro vamos!

Cada um pegou uma bicicleta e fomos com toda velocidade para o parque de Farwell Field. No caminho notei um que Mia não parava de sorrir e perguntei:

– O que foi Mia? Por que esta sorrindo tanto.

– Porque estou feliz, você vai resolver seus assuntos com a deusa bem a tempo de irmos juntos ao acampamento. – Disse ela.

“É mesmo, ela vai pro acampamento daqui a quadro dias”, pensei.

Chegamos à casa da deusa, era uma casa que... como posso dizer, ela se destacava entre as outras. Era uma casa de filme de terror típica dos anos 40, era de madeira com pintura desbotada, vidros quebrados, grama seca e parecia meio torta. Que nem no filme “A Casa Monstro”.

Mia e eu entramos na casa devagar, a casa tinha varias pinturas nas paredes, todas estavam desbotadas ou rasgadas. Estávamos na sala quando ouvimos barulhos estranhos vindo da possível cozinha. Invoquei minhas espadas e ela preparou o arco, abrimos a porta devagar e vimos uma mulher pegando frascos de cores estranhas e segurando uma tocha, notei que tinha uma doninha em seu ombro e um cão negro deitado ao seu lado. Ela era magra de vestido preto, seu rosto era como uma estatua grega – pálida, bonita e sem idade – seus cabelos eram pretos e podia-se ver uma aura verde em torno dela.

– Olá senhora Hécate – Digo.

– Ola Benjamin, você demorou. – Disse ela, sem olhar pra mim.

– Não você demorou, estou te esperando há seis meses – Digo com cara de desdém. Mia me deu uma cotovelada. – Enfim, vim perguntar sobr...

– Sobre sua maldição? E se tem como retirá-la. – Disse ela, se virando para mim. A doninha soltou gases.

– É como você sabe? – Perguntei tentando ignorar o fato de que a doninha tinha acabado de peidar. Mia me encarava, eu não contei sobre a maldição pra ela.

– Sei porque sou deusa da magia e da bruxaria. Sinto cheiro de maldições de longe. – disse ela – E sobre sua maldição, vamos ver se eu posso fazer algo.

– Mas então você vai me ajudar?

– Claro, tenho nada para fazer e estou de bom humor. – disse ela meio desanimada, puxou uma cadeira, sentou e ficou apoiada no encosto. – Quem te amaldiçoou?

– Eu não sei, mas tem tal Akhlys me perseguindo, ela disse que é uma Queres.

Os olhos da deusa se arregalam e ela começou a rir histericamente e a doninha peidou novamente.

– Qual é a graça? – Perguntou Mia. A Deusa se acalmou e disse:

– Vocês por acaso sabem o que são Queres? – Eu e Mia balançamos a cabeça negativamente. – Queres é a personificação da morte dos mortais. Existem várias, exemplo: Anaplekte,morte rápida; Nosos,doença; Stygere, ódio; Limos, fome e a pior de todas Akhlys, névoa da morte. – Disse contando nos dedos. – Mas ela não pode matar você diretamente, isso seria apressar sua morte, ou seja, apressar seu destino.

Comecei a suar frio, a minha própria morte tinha me amaldiçoado. Vi uma lágrima escorrendo no rosto de Mia.

– Akhlys... pensei que aquela velha tivesse morrido. Espera, essa Akhlys é velha ou é uma garota?

– Uma garota, mas o que isso importa? Como posso detê-la? E por que ela fez isso?

– Eu não sei por que ela fez isso, pergunta pra ela, – Ela disse como se eu fosse perguntar pro vendedor quanto custa o cachorro quente. – mas é estranho a Akhlys foi derrotada no Tártaro. Há poucos anos, mas ela te amaldiçoa a quatro...

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– Derrotada no Tártaro? Por quem?

– Deixa pra lá, Longa historia e eu estou com pressa. Continuando, eu não posso te ajudar na sua maldição, pois isso não é uma maldição propriamente dita, é mais como... Uma briga entre vocês. – Disse ela coçando a cabeça – Mas vocês podem falar com Moros talvez ele possa te ajudar, se ele quiser.

– Quem é Moros? – Perguntei.

– Moros é o Deus da sorte e do destino – Disse Mia, limpando o rosto – Mas ele não é visto faz décadas.

– Isso é verdade, acho que ele desapareceu em 1929... – Disse a Deusa de levantando. – Quem sabe ele muda seu destino.

– Espere, ele desapareceu no ano da quebra da Bolsa de Valores de Nova York!? – Perguntou Mia.

–É... Isso mesmo, foi culpa dele. Bem tenho que ir. – Diz ela, pegou o saco com frascos e desapareceu numa nuvem verde.

Mia pegou minha mão e apertou, notei que ela estava segurando o choro. Provavelmente porque descobriu que seu namorado é um amaldiçoado que odiado pela sua própria morte e sua única esperança estava desaparecida a mais de 80 anos. Eu a abracei e disse:

– Vou quebrar essa maldição. – Dei um beijo em sua testa – Eu prometo.

Três dias depois...

Já era noite quando todos os residentes estavam arrumando suas coisas, no dia seguinte eles iriam para o Acampamento Meio-Sangue passar o verão. Eu iria lá pela primeira vez, Mia estava muito feliz, queria me apresentar todos seus irmãos e amigos.

Eu estava no meu quarto, deitado e ouvindo musica na cama quando a Mia entrou e puxou o edredom.

– Levanta cabeça de vento! Vai arrumar suas coisas!

– O que? Ah, eu não tenho muita coisa pra levar... – Digo pegando o edredom.

Ela me ficou me olhando de cara feia, peguei seu braço e a puxei pra cama, antes dela falar alguma coisa comecei a beijá-la, só paramos para pegar um pouco de ar. Continuamos com nossos beijos, depois passei a beijar seu pescoço. Eu sabia que ela adorava. Tinha começado a beijar um pouco mais pra baixo quando Richard entra no quarto.

Mia me empurrou pro lado e cai da cama. Richard olhou para nós, sorriu e disse:

– Desculpe a intromissão! – e começou a fechar a porta.

– Richard volta aqui! – gritou Mia, envergonhada.

– Não estou atrapalhando?

– Não, não esta. Só estávamos...

– O que aconteceu? – Perguntou Sarah, Hector estava com ela. “Droga”, pensei.

– Peguei os dois se engolindo. – Disse Richard. Sarah e Hector deram um sorriso com olhar malicioso para nós.

Mia ficou tão envergonhada que se escondeu em baixo do edredom. Ela era uma garota forte e até amedrontadora, mas se envergonhava muito fácil. Todos riram dela, admito que ri também. Senti uma dor de cabeça de repente, tive um péssimo pressentimento que algo ruim aconteceria. Eu estava certo, houve um estrondo muito forte que abalou a estrutura da casa, a entrada da casa explodiu.

A explosão destruiu toda a entrada, eu e Mia corremos para o porão pegar as armas. Richard foi chamar Edward que estava no banho e a Sarah e Hector foram verificar a entrada. Encontramos Richard e Edward na saída do porão e entregamos as armas, Edward pegou uma lança e escudo, já Richard pegou uma espada, Mia já estava com seu arco dourado e então subimos e fomos para a entrada.

Assustador.

Foi minha primeira impressão do monstro que comia Sarah, ele tinha um corpo de um réptil alado com pernas e crista de galo e uma cobra na cauda. Havia três deles na sala, um comendo Sarah, o outro estava perto da escada e o ultimo estava na entrada, era maior entre eles.

– Que coisas são estas? – Perguntei.

– São cocatrices, parentes do basilisco. – Falou Mia.

– Não me interessa o que são essas coisas! – Disse Edward correndo em direção de um dos cocatrice. – Vamos acabar com eles!

Fiz o mesmo, invoquei meu escudo e lança e ataquei um deles. Ele era muito rápido, usava suas asas para fugir dos meus golpes. Ele tentou me bicar, mas me defendi. Notei que a casa tinha começado a pegar fogo, tínhamos que acabar com isso logo. Ele atacou mais uma vez e me esquivei para esquerda, ele virou e me acertou com o rabo e cai no chão. Prendeu suas garras na minha perna e se preparou para atacar, mas uma flecha acertou suas costas. O monstro se virou e viu a Mia, nesse momento de distração do monstro, invoquei minha pistola e dou vários tiros na área do pescoço, ele virou pó dourado.

Minha perna estava doendo muito, não conseguia me levantar. Olhei Edward cravando sua lança no peito de um dos cocatrices, mas o último Cocatrice pulou em seu pescoço matando-o. Sentia uma raiva incontrolável, estava vendo meus amigos morrerem na minha frente sem poder fazer nada. Olhei para Mia, que estava paralisada com a cena. O cocatrice olhou para ela e começou a andar em sua direção.

Eu tentava me levantar, mas a dor continuava. Ele olhava Mia como leão olha sua presa. Mia atirou flechas, mas o cocatrice era rápido e desviava, foi então que Hector, que estava escondido atrás do sofá, pulou em cima do monstro e cravou a uma adaga nas costas dele. Ele se contorceu e levantou vôo e bateu no teto da sala, Hector escorregou e caiu no chão, o cocatrice aproveitou e voou em direção dele e o matou com um ataque voraz.

O monstro olhou ao redor e seus olhos encontraram Mia novamente, voou na direção dela derrubando-a começou a bicá-la varias vezes, entrei em desespero tentei me levantar mesmo com a dor e consegui, mas caiu de novo. Minha perna estava quebrada. Vi Richard parado, vendo a Mia morrer e eu gritei:

– Richard! Richard! Vai salvá-la! Por favor, VAI!

Ele olhou para mim e depois para o monstro e começou a correr.

Pensei que ia correr em direção do monstro e matá-lo. Eu estava errado, ele correu em direção da entrada da casa destruída para fugir.

– Me desculpe! Eu não consigo! – Dizia ele correndo – Me desculpe.

Vendo aquela cena meu cérebro deu branco, eu só ouvia gritos de dor e pedidos de socorro de Mia sem poder salva-lá, era torturante. De repente os gritos pararam, a sala ficou num silencio sepulcral.

– Parece que teve uma festa aqui! – Disse uma garota que acariciava o cocatrice.

Olhei para ela a reconheci.

– Akhlys! SUA MALDITA! POR QUÊ? POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? – Digo gritando com raiva e lagrimas no rosto, nem percebi quando elas começaram.

– Por sua causa. Eu avisei que mataria qualquer um que se metesse com você, se lembra?

Mas você disse que conseguiria protegê-la – “Como ela sabia disso?”. Ela deu um sorriso – Foi uma ótima piada.

Ela viu a frustração em meu rosto.

– Você matou essa garota, matou todos os seus amigos. Foi sua culpa por esses monstros terem vindo pra cá. Ben foi tudo sua culpa.

Eu fiquei mudo, parado. Akhlys era cruel, sabia que essas palavras iriam fazer comigo, ela queria me destruir de corpo e alma até não sobrar nada.

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– Hunf... Você nem vale a pena matar – Disse Akhlys se aproximando de mim. – Nem vale o esforço. Ainda. – Ela pegou meu braço e fez a terceira marca com a unha, a letra gama (γ).

O cocatrice saiu voando e ela desapareceu na fumaça com aquele sorriso frio, me arrastei até o corpo de Mia, ela estava toda ensanguentada. Lágrimas não paravam de sair de meus olhos e casa estava prestes a desabar. Eu não queria sair.

– Meus Deuses! Me desculpa Mia. Me desculpa. – Digo chorando em seu rosto.

As palavras de Akhlys ficaram tatuadas em minha mente, me torturando cada vez mais. “Eu vou matá-la nem que seja a ultima coisa que eu faça”, pensei. Joguei fora todos os meus sentimentos de amor e compaixão, substituindo por raiva e vingança. Prometi a mim mesmo que sempre enfrentaria meus obstáculos sem temer a morte, pois não daria o prazer a Akhlys de me matar na hora que quisesse.

Acordei gritando.

Estava num quarto branco deitado numa cama macia. Vi equipamentos médicos e decorações gregas e também tinha um cara ao meu lado, cabelos pretos despenteados e olhos cor verde-mar. Eu o reconheci e disse:

– Olá Percy. – disse disfarçando um sorriso pra meu velho amigo de infância.

– Ei cara, há quanto tempo.