CAPÍTULO 10 - TEM MAIS COISAS ESCONDIDAS AQUI

William Hãnsel

Eu estava preocupado.

E como não estaria?

Eu fiz uma certa - e talvez abusiva - pressão para que eles contassem a verdade para a garota curiosa - sim, Alexis Miller - e agora eu estava meio receoso sobre essa situação.

Eu argumentei que a garota, sem duvida, era parte de tudo aquilo e quanto mais rápido falássemos a verdade á ela, mais rápido ela entenderia.

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Eles não entenderam, mas foram obrigados depois que a Miller, e sua curiosidade excessiva e fora do normal, entraram em ação.

A garota escutou mais do que deveria.

E agora?Agora Ashley estava trazendo ela para a biblioteca de Georgia, com o objetivo de lhe contar tudo.Ou a maior parte.

– Ela vai surtar - Brad comentou o obvio e eu dei um leve sorriso.

– Ela já é meio surtada mesmo.Faz diferença? - disse.

– Ora, Hãnsel, Alexis é apenas curiosa - Georgia defendeu.Ela e Gabriel estavam sentados no único sofá daquele escritório empoeirado e velho, eu e Brad, por outro lado, nos encontrávamos em pé.

– ''Apenas'' é uma palavra bem modesta, a garota é bem mais que apenas curiosa.

– Will, fique quieto - mandou Brad irritadiço

E eu obedeci.

Porquê?Por que Brad é meu melhor amigo, o único que escuto e deixo me chamar de ''Will''.Apelidos são idiotas e carinhosos demais, pelo menos para mim, entretanto tente dizer isso á Brad.

Escutamos um carro passar na rua ao lado do escritório e pelo barulho que o motor fez, só podia ser o carro velho de Henry.O babaca e doce Henry.

– Eles chegaram - Gabriel levantou com um pulo.

– Não me diga - resmunguei.

– Você tem que parar com isso - o pequeno garoto extremamente pálido em minha frente falou.

– Parar com o quê?Resmungar ou falar a verdade?

– Talvez os dois - retrucou G. - Melhor, pare de falar.A garota já vai ficar confusa o suficiente.

– Não preciso falar, quando Henry, o doce Henry, falar a história, ela vai entrar em pânico, querido garoto Eu-sou-o-rei-dos-anagramas

– Ora...

– Silêncio - Georgia ordenou - Ela chegou e Will...

– William ou senhor Hãnsel, para a senhora - anunciei e Brad suspirou.

– Will - ela deu ênfase no apelido -, fique de boca fechada.

– E perder a diversão?

– Isso envolve mais você, que qualquer um nessa sala. Promete ficar quieto?

– Você sabe que não.

– Prometa.

– Se faz você se sentir melhor, prometo - sorri.

Pena que palavras não são contratos.Era realmente uma pena.

***

Eu poderia descrever em detalhes o que aconteceu quando a garota desastre chegou, poderia descrever também o olhar de surpresa que ela fez ao me ver na sala, poderia ainda, relatar como ela se comportou quando ouviu que bruxas existiam, no entanto não vou.Apenas direi uma coisa.

Quando Ashley não conseguiu convencer verbalmente o desastre em pessoa sobre a existência de bruxas e bruxos, teve que provar.

Tirou o anel do bolso de seu casaco marrom, colocou no dedo e... provou.

Ela fez um feitiço relativamente básico, para bruxas e bruxos fortes e poderosos.Ela levitou uma cadeira.

A cedeira não chegou a ir muito alto, apenas o suficiente para a Miller perceber que ela não estava brincando.

E sim, me mantive, até aquele momento, calado e quieto, em meu canto.

O que aconteceu depois?Simples, a curiosa garota de Nova Iorque desmaiou nos braços de Ashley.Enquanto Henry e Ashley colocavam a garota deitada no sofá e enlouqueciam tentando acordá-la, eu e Brad - que estava ao meu lado - apenas ficamos quietos.Gabriel tinham saído da sala para buscar álcool, Georgia estava nervosa e calada.Jessica não tinha entrado na sala ainda, mas sem duvida entraria a qualquer momento.Ela estava revoltada - ela obviamente não gostava de Alexis - mas não perderia ver ela tão vulnerável por nada.

– Eu aposto 30 dólares que Jessica vai entrar por aquela porta em cinco minutos - disse eu

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– Acho que não devíamos.... - não seja idiota, Brad.Você não é como Henry. Não seja bonzinho sempre, amigo - Eu aposto que ela não entra. - esse sim, é Brad.

Preciso dizer que Jessica entrou cerca de 3 minutos depois?Se for preciso, apenas digo que fiquei 30 dólares mais rico.

– O que houve? - ela focalizou aquelas orbitas na Miller e riu - Ela desmaiou mesmo?

– Não, querida Jessica, apenas resolveu cochilar por alguns minutos - ironizei - Fique á vontade para sentar e esperar com a gente, a pobre garota acordar.

– Cala á boca, Will - ela mandou

– Será que só por um dia, um dia, vocês poderiam me chamar de William? - disse retoricamente.

– Não - Jessica provocou e ela infelizmente fez isso com a pessoa errada.Eu não era a Miller, não aguentava desaforos e sempre, sempre revidava com palavras.

– Aqui está o álcool, Ashley - Gabriel interrompeu, para a sorte de Jessica.

– Ótimo - ela molhou um paninho com o liquido da garrafa e antes de fazer a Miller cheirar, ela se virou para Jessica - Não quero que fale sobre os pais dela, se ela já desmaiou com isso, não quero pensar...

– Já entendi, agora acorda logo ela - Jessica, Jessica, Jessica, sempre tão... rude.

Ashley revirou os olhos e colocou o pano no nariz da Miller.

Ashley era uma garota legal, acho que isso a definia.Não era excessivamente legal, por que, assim como eu, recebeu responsabilidades muito cedo.Não era fácil nascer na família Oliver, e nem na família Hãnsel.

A senhora desastre acordou num pulo.Quando se sentou no sofá, olhou para cada um de nós assustada.

– Meu Deus! - foi o que ela disse primeiro - Tive um sonho maluco, eu via Ashley levitando uma cadeira. - ela riu e olhou para nós, quase como se esperasse que rissemos também.Só que não rimos e, eu acho, que a Miller era esperta o bastante para entender que não foi um sonho.

– Alexis, fique calma - a doce e enjoativa voz de Henry invadiu a sala - Não era um sonho...

– Não era um sonho?

– Somos bruxos... - ele continuou

– São bruxos? - os Miller são sempre iguais?

– Menos William - pelo menos ele não me chamou de Will.

– Menos William?

– Chega - eu cortei aquela conversa e todos se viraram para mim - Eu sei que prometi ficar quieto, mas vocês sabem que para mim de nada vale uma promessa. - eu fitei Miller e ela me fitou, enquanto caminhava em sua direção. Por um único momento eu esqueci o que ia dizer, esqueci que tinha pessoas a minha volta, esqueci que estava estressado, apenas fitei aqueles olhos castanhos. - Miller, eu sei que está assustada e eu não esperava menos, afinal não é todo dia que descobrimos uma coisa dessas, entretanto desmaiar ou negar isso para você, não mudará em nada a situação. - me ajoelhei e fiquei em sua direção - Você, querendo ou não, está envolvida nessa história, está envolvida com as bruxas e está envolvida... comigo.Apenas se acalme.

Percebi que tinha soado como Henry e levantei rápido, voltando para junto de Brad.Droga, droga, droga dupla.

''Talvez eles não tenham percebido'' foi o pensamento otimista que tive, antes é claro, de ver o sorriso idiota de Brad e perceber que ele, pelo menos, tinha percebido.

William Hãnsel não é assim, pelo menos, não tinha que ser.

– William tem... razão - Ashley falou com dificuldade a última palavra - Você faz parte disso, apenas fique calma.Não tem nada que possa mudar isso.

– Eu não estou entendo muita coisa, Ashley - o som da voz abafada da Miller falando aquela frase, me trouce a lembrança da voz de um garotinho assustado, que se escondia atrás das saias da babá, quando recebeu a mesma notícia, alguns anos atrás .William Hãnsel.

Eu.

– Vou explicar o que é preciso e com o tempo vai entender. - Ashley suspirou - A história é longa e, pelos menos por essa noite, você chegou ao seu limite.Amanhã será outro dia, outra parte da história virá á tona.Apenas descanse.

– É Alexis, querida - eu tinha quase certeza que Jessica não ficaria calada para sempre - Melhor descansar, hoje é seu último dia como uma garota normal.

– Como assim? - ela atiçou a curiosidade de Miller.

– Alexis, você precisa descansar - Ashley, de uma maneira esperta, cortou a conversa - Georgia, pode levar ela até o quarto de hospedes?

– Isso é uma biblioteca - observou Miller - Tem quartos aqui?Estão escondidos?

– Tem mais coisas escondidas em Owens, Miller, do que apenas quartos - dessa vez, fui eu quem falou.