CAPÍTULO 23 - CASA 345

– Miller? - William parecia querer estar enganado sobre o que estava vendo em sua frente, ao mesmo tempo que parecia prestes á me matar - O que pensa que está fazendo aqui?

– Assistindo uma tortura de camarote, talvez - dei de ombros como se não me importasse com tudo o que estava acontecendo, só que eu me importava.

– Ah, vejam só, a gatinha arranha - Patrick zombou.

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– Cala a boca - eu e Willliam mandamos ao mesmo tempo.

– Alexis, saia daqui imediatamente - Ashley veio em minha direção com Brad atrás - Leve ela Brad...

– Só que eu não vou sair - cruzei os braços, como uma criança fazendo birra - Querem torturar as escondidas?Beleza, mas eu quero ver.Isso também me envolve e eu estou cansada de mentiras sobre a minha vida.Quando iam me contar sobre a Lancaster líder?Nunca?Que legal.

– Alexis, é melhor sair - Gabriel aconselhou - Tortura não é o tipo de coisa que você vai gostar de ver, não é como na televisão.

– Nunca vi tortura na televisão, que canal passa? - desviei do assunto, me corrigindo logo depois - Quer dizer, eu não ligo, vou ficar.

– Ah, é?Sabia que eu posso te carregar agora mesmo? - William imitou meu gesto, também cruzando os braços rente ao corpo e me encarando de um jeito ameaçador.Bem, era realmente ameaçador.

– Faça isso, William Hãnsel, e você conhecerá a verdadeira Alexis Miller - ameacei.

Por um minuto achei que eles iriam gargalhar e me expulsar dali.Quem era a verdadeira Alexis Miller?Eu estava blefando quando disse isso.

– Tudo bem, garota teimosa. - William se virou para Ashley, que concordou com um leve aceno, quase imperceptível - Fica do lado do Brad e boca fechada.

E foi o que eu fiz.Fiquei ao lado do Brad, e por enquanto, em silêncio.

– Olha para quem você disse isso - Jessica avisou á William - Pedido impossível deixa para o natal, Hãnsel.

– Trouxe o recipiente azul? -Ashley perguntou á Avery.

– Sim, aqui - e então entregou a William um pequeno recipiente de vidro todo em azul escuro, com um líquido dentro.

– O que é isso? - Patrick tirou as palavras da minha boca.

– Um ácido, altamente inflamável que em contato com a pele, causa queimaduras dolorosas - William respondeu admirando o recipiente em suas mãos - Você ainda não respondeu uma pergunta crucial, a qual nem a segurança da sua irmã seria suficiente para fazer você nos contar.

– E qual seria? - o homem se remexeu na cadeira desconfortável.

– As bruxas estão atrás de ingredientes para um feitiço, que acreditamos ser bem poderoso, já que estão reforçando a segurança dos buscadores, como você - William o analisou esperando alguma reação, mas ele não demostrou muita emoção diante das palavras.

– Que segurança?Vocês me capturaram! - ele mencionou.

– Isso por que você já entregou á elas o que queriam - William disse - Me conte, o que elas estão tramando e você sairá daqui. - Isso era mentira, eu ouvi alguns dias atrás, que eles iriam matá-lo.

– Eu não sei do que estão falando - ele olhou diretamente para William.Enquanto um encarava o outro, num tipo de briga teimosa e mental, eu observei o anel na mão de Patrick.Era bege e sem muitos detalhes, mas isso informava que ele deveria ser um bruxo também.

Tudo aquilo era muito desconfortável para mim.

– Ah, não?Acho que o ácido...

– William, pare! - evitei que William jogasse o ácido no homem e fiz os olhares se voltarem, novamente, para mim - Não podemos fazer isso.

– Você sabe o significado de ''Ficar quieta''? - ele me perguntou, não esperando resposta - Pois fique.

– Fica você - mandei - Olha só para você, torturando um homem desse jeito.William esse é mesmo você?

– É - respondeu sem se importar - Agora fique para trás.

– Não - me coloquei na frente do homem, impedindo a passagem do Hãnsel - Quer informações?Muito bem, eu também, mas não estou torturando ninguém para consegui-las.

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– É a única maneira - ele, ao mesmo tempo, que queria tentar me convencer, parecia também tentar se convencer, e eu percebi que estava certa.Ele odiava estar fazendo aquilo.

– William, ele pode ser um babaca, mas você mesmo disse que ele visita a irmã pequena em um hotel, ele deve alimentá-la, ele deve ser sua única família.Já pensou na menina?William pense se fosse sua irmã.

– Eu não tenho uma irmã - imediatamente disse.

– Duvide do que sua família, onde quer que estejam, goste do que você está sendo agora.Olhe, para todos aqui, eles estão assustados com você.

Ele olhou.

Ele viu o olhar que cada um o lançava, cheio de medo e perplexidade, e parou no de Brad.

Assentiu por fim.

Era verdade.

– Que seja então. - William colocou o ácido em um cadeira á sua direita - Você é a maior idiota que conheço, mais está certa.Nunca espere ouvir isso de mim de novo.

– Certo - dei um leve sorriso com minha vitória, assim como Brad e o resto dos bruxos na sala.

– Ora, ora, você é Alexis Miller? - o homem falou atrás de mim, entretanto sua voz não era mesma.Era mais rouca, mais morta. - Olá, querida, eu carreguei você quando nasceu, sabia?

– Uma das bruxas, droga - Gabriel praguejou alto o suficiente para eu escutar e me afastar do homem.

– Ela ou ele, sei lá, é A Bruxa? - perguntei quando cheguei ao lado de William, que já tinha uma faca em mãos.

– Não seja tola, menina, uma Lancaster nunca é assim.De todas as Lancaster que conheci, você é a mais magrela e burra também - os olhos do homem estavam mais negros e o sorriso que crescia em seu rosto definitivamente não era humano - E respondendo a sua pergunta, eu não sou a líder Lancaster, como vocês a chamam, sou seu braço direito.Estou aqui para ver como está, Alexis.Tudo bem, querida?

– Quem é você? - questionei.

– Ah, eu não mereço isso. - resmungou Patrick/bruxa - Sou uma das quais destruirá essa cidadezinha, satisfeita?

– Ele está sendo um tipo de recipiente á ela! - Ashley gritou á nós - Achem a força do feitiço.

– Como seria? - Jessica questionou.

– Alguma coisa da bruxa. - Ashley já começava a revirar algumas caixas - Precisamos destruir e o feitiço se desfaz.

– Boa sorte, queridos. - o homem se remexeu na cadeira novamente, só que dessa vez ele conseguiu se soltar das amarras com um sorriso satisfeito no rosto - Enquanto isso, conversarei com a garota que está desgraçando a família Lancaster, minha querida Alexis Miller. - e veio na minha direção, em passos lentos, como se quisesse se deliciar com cada momento da minha angústia.Enquanto isso, atrás dela, os outros procuravam rapiadamente algo da bruxa.Apenas William se manteve ao meu lado.

– Não vou deixar você passar - ele se colocou em minha frente e apontou a faca á bruxa - Para trás, bruxa infernal.

– Me poupe, Hãnsel.Você terá sua morte mais tarde. - Patrick apenas mexeu uma das mãos, a qual se encontrava o anel, e William foi jogado para o outro lado da sala, sobre caixas e mais caixas.Todavia sua faca estava perto do meus pés, o que deveria ser uma coisa boa se eu soubesse usá-la - Agora você, querida.

Eu estava pensando em como sair correndo ou pegar a faca que estava perto de mim, quando Jessica pulou sobre a bruxa e cortou seu braço, provocando um grito de dor estridente na sala.

– Sua pequena maldita! - a bruxa tirou Jessica com facilidade das costas e lhe empurrou com alguns chutes - Acha mesmo que pode me ganhar em uma luta?E por Alexis Miller?Querida, eu sou Evanna, você não pode absolutamente e absurdamente nada contra mim.

– Fique quieta, bruxa. - Jessica ajeitou o anel, com uma pedra roxa, no dedo indicador da mão direita e apontou para a bruxa em sua frente, com uma confiança até mesmo insana.

– Acha que seu feitiço de quinta vai me atingir? - a bruxa gargalhou.

– Na verdade... - Jessica, no último segundo, mirou para a prateleira de caixas ao lado da bruxa e a fez cair em cima da mesma - Acho que sim.

A bruxa mal teve tempo para perceber alguma coisa.As caixas despencaram em cima dela, e a cobriram.

– William, tire a Alexis daqui - Jessica mandou ao garoto, que agora já estava ao meu lado e com a faca em mãos novamente.

– Vem - ele segurou meu braço e corremos em direção á saída, mas a porta se fechou sozinha em nossa frente.

– Acho que não, crianças - a bruxa já estava em pé, ao lado das caixas caídas, como se nada tivesse acontecido.

– Droga, Ashley, que tal uma ajuda?! - Jessica gritou a amiga.

– Estou procurando o objeto, quer ajuda melhor? - ela gritou de volta - Sem objeto, sem bruxa.

– Certo, então agora é comigo. - Jessica foi em direção á bruxa novamente, só que dessa não teve tanta sorte.Antes que pudesse fazer qualquer coisa, a bruxa levantou a mão em direção á ela e a garota caiu no chão, gritando de dor e segurando a barriga, de onde escorria sangue e mais sangue.

– Droga, feitiço de primeira, não vale - Avery falou entre os gritos de dor - Eu ainda estou em treinamento, sabia?

– Jessica! - William foi em sua direção e ficou analisando a Avery, avaliando os ferimentos - Você está perdendo muito sangue, temos que estancar isso. - ele cortou um pedaço do pano da camisa de Jessica e colocou em cima do ferimento, que ainda parecia mais um chafariz macabro.

– Agora, você, Miller - Evanna veio em minha direção e apontou a sua mão para mim.Eu fechei os olhos, medrosa.Nada aconteceu. - O quê?O que está havendo? - ela tentou de novo e eu abri meus olhos novamente.

Então eu vi.

Eu vi Olívia.

Em minha frente, me protegendo.Agora vestida com um vestido branco, que tremeluzia de segundos em segundos, os cabelos presos e a postura firme.Parecia uma leoa defendendo o filhote.Parecia feroz, apenas pela postura, como minha mãe Amélia era, quando alguém implicava comigo.

– O que está havendo, Híbrida? - ela não olhava para Olívia, apenas para mim.

– Não está vendo? - minha pergunta a confundiu, e eu percebi que não era apenas ela que não estava vendo Olívia.Todos naquela sala, olhavam em minha direção, mas não a viam.

– Vendo o quê? - a bruxa perguntou á mim, e finalmente Olívia me encarou.Mesmo seu rosto sendo o exemplo mais forte de pureza e doçura que eu conhecia, em seu lábios havia um sorriso malicioso.Olívia não estava ali para brincadeiras.

– Sua perdição, bruxa - com minhas palavras, Olívia se virou e encarou a bruxa.Andou em sua direção e a empurrou.

A bruxa nem desconfiava do que estava acontecendo.

– O que foi isso, monstro?Como fez isso? - ela perguntou, enquanto olhava para todos os lados, esperando alguma coisa aparecer.

– Gostaria de saber também, mas não pergunte á mim.Pergunte a Olívia - apontei para a mulher de vestido branco, que sorriu para mim.

– Olívia?Ela está morta! - Evanna olhou em sua direção, mas seu olhar estava perdido e assustado.

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– Diga isso á ela, não á mim - sorri

– Querida - a voz da mulher morta soou em meus ouvidos, em um tom rouco e calmo, quase mórbido -, não posso matar esse homem, essa é sua batalha.Mate-o.Ele é o objeto que pertence á bruxa e que precisa ser destruído para que ela possa ir embora.Faça Alexis.

– Eu não consigo - respondi.

– Com quem está falando, garota? - a bruxa parecia ainda mais alarmada e eu ignorei ela.

– Você consegue, bonequinha, sempre - Olívia sorriu para mim de um maneira tão confiante, que eu mesma acreditei que conseguiria.

Peguei uma faca na mesa e caminhei em direção á bruxa, que me lançava olhares vacilantes.

– Alexis, se afasta - William tentou se levantar para chegar em mim, mas Olívia o manteve no chão - Como fez isso, droga?Nenhuma garota me prende por muito tempo, isso é quase uma regra.Como fez isso, Miller?

– Não sou eu - falei mais uma vez.

E continuei a andar.

Dei cada passo o mais devagar que conseguia.Eu nunca havia matado alguém, e nem sabia como me sentiria quando matasse, mesmo que merecesse.A bruxa ainda tentou lançar mais alguns feitiços em mim, todavia todos falharam.Sem o êxito que esperava, Evanna veio para cima de mim.

– Tudo bem, vou levá-la á Lancaster com minhas próprias mãos - e antes que me alcançasse, Olívia se pôs em minha frente mais uma vez e me serviu como uma fortaleza. - O que é isso?De novo?

– Como disse, sua perdição - me aproximei dela e enfiei a faca na barriga do homem, o qual ela estava. - Eu sinto muito, Patrick. - sussurrei no momento em que ele caiu de joelhos e seu olhos como á noite, se tornaram mais claros.Então eu percebi, que naquele momento, era Patrick novamente.Ele segurou em minha blusa e me puxou para mais perto, fazendo com que eu me ajoelha-se em sua frente.

– Casa 345, na rua ao lado da floresta. - ele murmurou á mim, rouco e fraco.Mais sangue escorria de seu ferimento.

– O que tem lá, Patrick? - perguntei olhando em seus olhos, que perdiam ainda mais cor a cada suspiro dado.

– Salve-a - foram suas últimas palavras, antes de soltar minha blusa, cair deitado no chão e então fechar os olhos.Se você olhasse fixamente para ele por muito tempo e esquecesse de tudo o que havia e estava acontecendo, talvez achasse que ele estivesse apenas dormindo.Se ele estava dormindo, nunca mais acordaria.Era seu sono da morte.

Georgia correu de onde estava e foi em direção ao seu corpo.Chorou e o abraçou.Como eu fiz com minha mãe, quando ela morreu e eu tive que reconhecer o corpo.Mais uma mãe tinha perdido seu filho, assim como no dia do acidente de meus pais, eu perdi minha mãe.

Senti alguém me puxar e me levantar á força.

Era Henry.

Ele me abraçou e acariciou meus cabelos.E eu retribui o abraço.

– Alexis Miller, nunca mais faça isso - murmurou em meu ouvido, provando em minha pele nua alguns arrepios.

– Não está na minha lista de desejos, eu juro - falei e ele riu contra meu pescoço, logo em seguida me soltando do abraço.

– Ashley, Jessica ainda está sangrando! - William gritou - Está sangrando muito!

Todos foram em direção a garota com o ferimento, menos eu.

Eu fui em direção á Olívia.

– Obrigada - agradeci á ela.

– Não fiz mais do que meu dever - sorriu para mim, do jeito que minha mãe sempre fazia - Se precisar, pode me chamar de novo.

– Mas eu não te cha... - ela já havia sumido.

– Ai, droga, isso doí, tá legal?Cuidado comigo! - Jessica gritou/reclamou para Brad, Henry e William, que agora a carregavam para algum lugar, com Gabriel observando toda a cena de perto - Minha mãe chega hoje, ela não vai querer ir no meu enterro, sem falar que sou uma Avery...

– Jess, droga, cala a boca, pelo menos quando estiver bastante machucada. - William mandou e ela sorriu.

– Só por que você pediu - ela tentou rir, mas fez uma careta de dor.

Então os garotos e Jessica, saíram do depósito apresados.

– Ela vai ficar bem? - perguntei a ninguém em particular.

– Meu horóscopo me disse que terei uma semana conturbada, então sim, ela ficará bem.Ela é rainha em me dar problemas. - Ashley sorriu de lado e olhou ao redor, analisando a sala. - Meu pai não ficará muito satisfeito com a bagunça, mas pelo menos conseguimos boas informações.

– Eu vou para meu quarto, chega de luz do dia por hoje - Georgia falou sem nos encarar de fato - Diga á seus pais, que eu mandei um ''oi'' bem animado e que eu mesma tratarei do corpo de Patrick.

E se foi pela porta.

– Como fez aquilo, Alexis? - demandou Ashley.

– Eu não... Eu não sei. - respondi - Na verdade, foi Olívia que apareceu e me disse que Patrick era o que mantinha a bruxa aqui.

– Você viu Olívia?Como?

– Ashley chega de pergunta que eu não posso responder, O.k.?

– Só mais uma. - Ashley cerrou os olhos - O que tem na casa 345?

– Está ai uma coisa, que vou adorar saber.