Percebi que tinha começado a chover, e bem forte, pois a luz piscou quando uma arvore encostou no fio de energia.

"É..." -Disse.

"A sua tia foi mercado, mas acho que com a chuva ela vai demorar um pouco. E eu também não poderei ir embora." -Ele disse entrando e fechando a porta.

Meu coração foi a mil. Paul sentou na cama e pegou um dos meus livros.

"Eu já li esse, é muito bom." -Ele disse sorrindo- "Por que você não senta aqui para eu ler para você."

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Engoli seco.

"Não... Eu prefiro ler sozinha." -Minha voz gaguejou.

"Que pena, o final e incrível." -Ele disse se levantando.

Palpei na mesinha meu abridor de envelope e o segurei com força. Paul venho até mim e eu fui me afastando até esbarrar na cadeira.

"Parece nervosa?" -Ele disse.

"Que que eu feche a janela?" -Ele perguntou.

"Não... Eu viu descer, percebi que esqueci meu caderno na sala." -Disse desviando dele e indo até a porta, mas ele segurou minha mão e me puxou para perto.

"Fique aqui." -Sua voz continuava calma e inalterada.

"Eu..."

Ele olhou para minha mão e viu o abridor de envelope.

"Ah, não pensou em me atingir com isso. Somos amigos."

Ele apertou meu pulso com tanta força que me fez abrir a mão, o abridor caiu no chão.

"Eu pego."

Ele se abaixou para pegar, ainda agachado ele olhou para minhas pernas e lambeu os lábios. Paul puxou meu pulso que ele ainda segurava me fazendo cai no chão.

"Você te quantos anos... Dezesseis?"

Desviei o olhar, mas ele pegou meu rosto me fazendo virar para ele.

"Tão novinha." -Ele disse passando a mão pela minha perna e levantando a saía do vestido até a coxa.

Nesse momento a força acabou e tudo ficou escuro. Tentei chutar ele, mas ele segurou minha perna.

"Podemos fazer isso sem luz mesmo." -Ele disse.

Ouvi alguma porta se abrindo e um barulho forte. Paul soltou minha mão rapidamente e então sumiu na escuridão. Me encostei no canto do quarto e abracei minhas pernas. Barulho de coias caindo e de partes de corpo sento empurradas para a parede tomaram conta do meu quarto.

"Quem é você?" -Paul perguntou com a voz meio rouca, como se estivesse numa posição difícil.

Os dois corpos passaram pela janela e pude ver Dave empurrando um homem mais forte e mais velho que ele para o outro lado do quarto. A porta se abriu e então a briga foi para o andar de baixo.

Me levantei, ainda em choque, e desci as escadas para a porta. Quado saí, Paul corria pela rua e Dave estava parado na frente de casa. Corri até ele.

"Oh meu deus." -Disse quando ele se virou ofegante- "Você esta bem?"

"A quele idiota." -Ele cuspiu e limpou a boca.

"Ele te machucou?" -Perguntei passando a mão pelo meu corpo.

"Não, mas poderia ter te machucado." -Ele disse.

"Saia da chuva." -Disse segurando sua mão e o levando para dentro.

Peguei um pano molhado e passei no arranhão que ele tinha na testa.

"Nunca mais faça isso." -Disse.

"Você viu o que ele disse?!" -Ele me olhou- "Sabe lá deus o que ele iria fazer com você se eu não estivesse lá."

Suspirei. Ele segurou meus ombros.

"Me diga..." -Ele respirou fundo- "Ele pois a mão em você?"

"Não."

Ele me abraçou. Seu cabelo molhado pingou nas minhas gostas.

"Vou pegar uma pomada." -Disse me levantando.

Ele segurou minha mãe e eu gemi de dor; ela estava dolorida com a puxada que Paul.

"Fique aqui." -Ele disse.

Me ajoelhei do seu lado e ele me abraçou, encostei a cabeça no seu peito e percebi que seu braço estava com marcas.

"Poderia ter se machucado feio." -Sussurrei.

"Eu não ligo, contando que você esteja bem."