Capítulo II

Na véspera da grande noite de ópera, a correria nas escadarias de madeira gasta era geral. Marlene desviava dos muitos colegas de elenco para chegar até o local dos ensaios do balé, ela e Lily falando enquanto zanzavam entre as fileiras de atores que se aglomeravam para participar dos ensaios gerais.

- Vamos, meninas! Posições! – bradou Madame Potter em plenos pulmões, movendo os braços de um lado para o outro. James seguia os comandos da mãe prontamente, ajeitando um braço ou outro conforme a senhora mandava. Lily tentava se manter rígida o suficiente, mas quando quase escorregou, sentiu o braço forte do jovem segurar seu cotovelo, um arrepio percorrendo toda a extensão de seu braço.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Cuidado, Mademoseille. –sussurrou próximo demais, e a ruiva corou até a raiz dos cabelos, agradecendo.

Quando o garoto Potter saiu, Marlene sorriu e trocou um olhar significativo com Lily, que mostrou a língua. Delicadamente cada uma foi girando, e aos poucos deram passagem para a prima Donna, Emmeline. Ela sorria estonteante ao redor, e quando começou a cantar, Marlene sorriu pelo auge do teatro.

- Essa parte é ótima. – uma das garotas comentou em voz alta, e Marlene teve de concordar. Emmeline sorria pelo triunfo, e ninguém percebeu que a grande e pesada cortina estava lentamente sendo desatarraxada.

- Em um minuto, senhoritas! – James passou avisando, e parou entre Marlene e Lily para contar.

- Emmeline vai nos trazer uma ótima bilheteria essa temporada. – comentou ele, sorrindo satisfeito. – Mama vai ficar bem satisfeita.

- Ela já sabe quais serão as próximas apresentações? – indagou Lily, tentando superar a vergonha que tinha do atlético dançarino ao seu lado.

- Acho que não, pelo menos não disse nada a mim.

-Que pena, gostaria de poder me testar como vocal auxiliar. – lamentou-se Marlene, olhando com tristeza para o ensaio que se desenrolava a sua frente. Conforme Emmeline girava, um barulho maior foi ouvido, e logo uma das dançarinas gritou.

Marlene não teve tempo de pensar, tão rápido foi o que aconteceu em seguida. Madame Potter foi empurrada em sua cadeira por James enquanto as dançarinas corriam como baratas na presença de veneno. Os atores no palco não tiveram tanta sorte. Poucos conseguiram pular do palco enquanto a cortina caia, e Emmeline, que estava no centro das atenções e da cortina, foi acertada em cheio nas costas pelo veludo consistente.

- MON DIEU, SALVEM-NA! – Gritou um auxiliar de palco diante do corpo imóvel de Emmeline, e todos foram na direção dela para erguer a cortina. Enquanto tentavam reanimar a senhorita, Marlene e Lily olhavam em puro estarrecimento.

- A cortina simplesmente caiu! – explicava o garoto encarregado de abrir e fechar as tais, e James subitamente apareceu com sua mãe, esta com a mão no peito, que subia e descia rapidamente.

- Isso nunca aconteceu! – exclamou o jovem, olhando para cima em completo choque.

- E agora, Emmeline está desmaiada! – reclamou Monsieur Fudge, secando o suor da testa com um pano bordado que tirou do bolso. De fato, a loira que jazia no chão parecia tudo, menos saudável.

- Já chamamos o médico, ela vai ficar bem?

- Mas ela vai poder cantar?

A pergunta pairou no ar, e quando os homens vestidos de branco entraram e começaram a examinar a mulher, Monsieur Crouch bufou.

- Ela pode cantar?

- Quando? – um dos enfermeiros interrogou, e o administrador pareceu exasperado.

- Quando? Ora, quando! O Senhor nunca viu nossa tabela de horários?

Diante da negativa aborrecida do homem, Fudge ofegou:

- Amanhã, homem, amanhã!

- Ah, não. Muito cedo. Ela teve um problema bem sério nas costas.

- Oh, Deus! – lamentou-se o maestro, sentando na mureta que dividia seu ambiente do teatro. – Tanto esforço para nada!

- Acabou a ópera! – Fudge parecia prestes a chorar. Crouch explodiu:

- Vamos perder o dinheiro das entradas, ora! Não acredito nisso, quem seria...

- Monsieur... – chamou Madame Potter, cautelosa. Ainda exclamando e falando para ninguém, os homens não escutaram até James dar um passo a frente, limpando a garganta.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Minha mãe tem uma ideia, Monsieur.

- Ideia? – falaram os administradores a uma só voz, e a senhora sorriu.

- Ideia. – os homens sorriram sugestivamente.

- Uma de minhas meninas tem uma ótima voz, Monsieur. – ao sinal da mãe, James puxou Marlene pela mão até a frente, e a garota se apresentou delicadamente aos administradores. – Ela canta tão bem quanto uma soprano, pode servir como substituta.

- Ótimo! – exclamou Fudge, desesperado. Marlene sorriu, e sem cumprimentar ninguém, correu para as dependências das dançarinas.

- Anjo! – gritou assim que abriu a porta, e sorriu ao ver que lá estava ele, tão imponentemente vestido quanto sempre, segurando uma rosa vermelha enlaçada em preto. – Eu consegui, vou cantar!

- Eu vi, minha musa. – o homem foi até ela, mas Marlene não conseguiu ver seu rosto, encoberto por um capuz. – Aqui, um presente para você.

Com um farfalhar de capa, uma bela caixa apareceu, e quando Marlene abriu, viu um conjunto de diadema , colar e um par de brincos.

- Use bem. – a voz disse, e Marlene caiu no chão de gratidão.

- Obrigada! Muito obrigada!

O homem abaixou junto dela, e com a mão coberta pela luva ergueu seu queixo.

- Me agradeça brilhando amanhã. Estarei assistindo.

E desapareceu.