Skye tinha encontrado o caminho subterrâneo que levava em direção a broca de Plasma. O lugar estava escuro, iluminado apenas pela luz esverdeada dos aparelhos eletrônicos. Pelo silêncio do local, Skye deduzira que a HYDRA já havia conseguido abrir caminho. Assim que avistou a grande máquina, a agente foi surpreendida por três homens da HYDRA, que abriram fogo em direção à ela. Skye rolou para um dos lados, buscando abrigo atrás de um velho maquinário, enquanto retribuía com tiros.


Rapidamente a agente derrubou um dos homens, acertando-o no peito enquanto voltava para sua cobertura, para se proteger dos disparos dos outros dois. Vendo que estava sem balas, Skye colocou a mão na cintura, esperando encontrar mais um pente de munição, mas não havia nenhum.


“Mas que merda...”, pensou a agente, mas antes que pudesse traçar um novo plano, Skye ouviu dois tiros disparados à sua direita e o barulho de dois corpos caindo. Ao levantar a cabeça, a agente avistou Leon, com sua própria pistola em punho.


“O que você tá fazendo aqui? Está ferido...devia estar lá com o DC! Eu posso cuidar disso!” Disse Skye, em tom de preocupação, se aproximando de Leon, que respondeu:


“May e os outros vão cuidar dele. Phil é duro na queda. Meu lugar é aqui...onde a diversão acontece.” Leon sorriu, tentando mascarar a dor que sentia em suas costelas.


“E eu pensando que a minha doce companhia tinha alguma coisa a ver com isso.” Respondeu Skye, também sorrindo, e embora estivesse preocupada, uma parte de si agradecia por não ter de estar ali sozinha.


Ao se aproximarem do buraco feito pela broca, os agentes notaram que a caixa onde o Obelisco provavelmente estava sendo carregado estava vazia.


“Será que tem mais homens da HYDRA no túnel? Tentando usar o Obelisco?” Perguntou Skye, abaixando perto do buraco, tentando enxergar alguma coisa na escuridão.


“Acho difícil. O Obelisco era importante demais pra esses soldados comuns. Provavelmente seria alguém como Whitehall que estaria lá embaixo nesse momento.” Respondeu Leon, ligando a pequena luz de apoio que ficava presa em seu colete de combate, gesto repetido por Skye. “Talvez alguém tenha roubado?” Continuou Leon, que teve sua resposta quando sua parceira exclamou:


“Raina! Ela tava aqui! Ela tinha interesse no Obelisco e nesse destino maluco que o Cal estava mencionando antes.”


“Não sabemos o que acontece quando o Obelisco é usado na cidade. Independente de quem está lá embaixo, nós temos que impedir. E temos pouco tempo. Logo Tripp e os outros vão explodir esse lugar. Vamos descer.”


Os dois agentes usaram os cabos que os homens da HYDRA haviam preparado para descer e logo estavam seguindo por túneis escuros, iluminados apenas pelas luzes de seus coletes. Leon ouviu a voz de Fitz no rádio:


“Kennedy, Skye, vocês tem 10 minutos até esse lugar explodir. Vocês tem que voltar!”


“Negativo Fitz. E se Raina ativar o Obelisco antes disso? Não sabemos o que pode acontecer. Isso pode colocar toda San Juan em risco!” Respondeu Leon, continuando a avançar, enquanto ouvia dessa vez, a voz de Tripp pelo rádio:


“Acho que a gente não pode pagar pra ver né? Eu to descendo, vocês podem precisar de reforços. Ademais, se o Mack estiver aí embaixo, podemos ajudar a leva-lo.”


Leon pensou em tentar convencer Tripp a não os seguir, mas ele sabia que isso não iria acontecer. O time de Coulson era uma equipe unida, no fim das contas. Sabendo disso, o agente apenas respondeu:


“Copiado. Nós vamos continuar seguindo. Mas por precaução, Fitz e Jemma, evacuem agora.”


“Ok. Eu vou desarmar as bombas e seguir para a posição de vocês. Não quero arriscar ser soterrado enquanto faço minha grande entrada...ou saída.” Respondeu Tripp.


Ao avançarem por mais alguns corredores, Leon e Skye deram de cara com Mack, que estava parado como uma estátua, obstruindo uma das passagens.


“Mack! Você vivo!” Skye ia se aproximar dele, mas Leon colocou uma das mãos no ombro da agente, fazendo-a parar de andar. Mack não reagiu à presença de Skye, mas assim que seus olhos encontraram Leon, sua expressão mudou de estática para furiosa e ele disparou na direção do agente, que tirou Skye do caminho e desviou do soco que Mack tentou aplicar.


Mack tentara acertar Leon novamente com mais um soco, mas o agente se abaixou, segurando o braço de Mack e acertando um soco em sua barriga e um chute em seu rosto, fazendo com que ele cambaleasse para trás. Leon percebera que Mack, por algum motivo, havia ignorado Skye até aquele momento e em então disse:


“Vai Skye! Eu seguro o Mack, você tem que impedir a Raina de ativar o Obelisco!”


“Você está ferido Leon, você não pode vencer ele sozinho!” Disse Skye, observando Leon desviar de outra investida de Mack, que socou tão forte que chegou a arrancar um pedaço de rocha da parede.


“O Tripp está vindo. Confia em mim Skye, eu já passei por coisas piores...VAI!” Berrou Leon, enquanto continuava a desviar das investidas. O agente sabia que se Mack conseguisse acerta-lo, teria problemas. Não só pela super força de seu adversário, mas por seus próprios ferimentos.


“Você tá proibido de morrer! Aguenta firme Leon...eu vou voltar!”


Mack continuava a investir, como um animal furioso. Cada golpe arrancava lascas de pedra das paredes, e quando Leon teve de se defender de um desses socos com o braço, sentiu o corpo estremecer, cambaleando para os lados e caindo sentado, com a mão em uma das costelas enquanto a outra apontava sua pistola para Mack, que tinha um comportamento muito parecido com alguém que havia sido infectado por parasitas como o Las Plagas:


“Vamos lá cara...não me force a fazer isso...”


Antes que Leon pudesse tomar sua decisão, Tripp entrou correndo na sala enquanto pulava e acertava Mack no peito com os dois pés, jogando o homem longe e caindo no chão, ao lado de Leon, como num golpe de luta-livre. Tripp se levantou, estendendo uma das mãos para Leon, que aceitou enquanto Tripp perguntava:


“Cade a Skye?”


“Foi atrás da Raina, algumas salas pro fundo. Eu tive que ficar aqui pra segurar ele. Mas não sei bem como a gente vai fazer isso sem o machucar seriamente.” Respondeu Leon.


“Eu vou fazer isso. Você vai atrás da Skye.” Disse Tripp, decidido enquanto ambos observavam Mack se levantar.


“Você tá louco? Não pode com ele sozinho!” Enquanto Leon falava, Mack se preparava para atacar novamente.


“Mas eu posso enrolar até Bobbi e os outros chegarem! Você não tá em condições de lutar, e a Skye tá sozinha lá dentro! Vai atrás dela!” Respondeu Tripp, partindo na direção de Mack, se desviando da investida do companheiro.


Leon não queria deixar Tripp sozinho, mas a verdade é que seu companheiro tinha razão. O corpo inteiro de Leon doía e ele não iria conseguir ajudar muito naquelas condições, então com um aceno de cabeça para Tripp, Leon disparou em direção a passagem que Skye seguira.


Ao passar por alguns corredores, Leon viu Skye e Raina, paradas em frente a um templo, onde o Obelisco estava flutuando em pleno ar. Leon se aproximou de Skye, apontando a arma para Raina.


“Não sei o que você arrumou aí, mas faça parar!” Disse Leon, mirando com uma das mãos, enquanto a outra continuava em suas costelas.


“Não há mais como parar, agente Kennedy! Agora, vamos ver quem de nós é merecedor de conseguir uma nova vida!” Raina riu, no momento em que o obelisco se abrira, revelando dentro dele um cristal de cor púrpura e junto dele, lentamente começara a subir uma fumaça densa.


“Ah não...NÃO!” Disse uma assustada Skye.


Quando a agente notou do que se tratava, aproveitou que Leon estava atrás dela e empurrou o parceiro para o chão com todas as forças, fazendo com que Leon caísse pelos degraus do altar, ficando afastado da fumaça, que engoliu a parte central da sala, obscurecendo a visão do agente.


“SKYE!!” A fumaça continuava a crescer e se expandir. Leon sabia que logo chegaria nele, então ergueu sua arma e se concentrou, conseguindo enxergar o brilho tênue do cristal por entre a fumaça e então ergueu sua arma. Sua mão tremia, devido a dor e ao cansaço, mas o agente sabia que não tinha muito tempo. Usando toda a sua concentração, Leon mirou no brilho que conseguia ver, e por alguns segundos conseguiu controlar a mão tremula, e foi nesse momento que ele atirou.


Quando a bala acertou o cristal, o mesmo se estilhaçou e estourou, espalhando lascas por toda a sala, enquanto a fumaça pareceu se dissipar imediatamente, como se sua integridade dependesse da integridade do cristal.


Leon correu em direção ao altar, mas seu coração parecia ter sido arrancado do seu peito, ao ver Skye (e Raina) transformadas em estátuas de pedra. O agente se aproximou, tocando o rosto de Skye, sentindo a pedra fria e dura sob seus dedos, enquanto murmurava:


“Não Skye...Não pode terminar assim, Deus...por favor...” Foi neste instante que Leon sentiu o chão vibrar sob seus pés, como se fosse um terremoto e ao olhar para estátua que era Skye, o agente notou pequenas rachaduras, como se a estátua fosse desmoronar. Mas ao invés de se partir, sob as rachaduras Leon conseguia ver a pele da agente. E de súbito, a terra tremeu novamente, com mais força e enquanto Leon se segurava no altar, em busca de equilíbrio, ele viu enquanto a estátua de Skye implodir, revelando a agente viva por baixo dela. Como se as camadas de pedra tivessem apenas revestido a sua pele.


Ao perceber que ambos estavam vivos, os dois agentes se abraçaram, ambos apertando forte um ao outro, como para garantir que estavam mesmo vivos, ao mesmo tempo que Leon falava, limpando suavemente as lágrimas que começavam a descer do rosto da jovem agente:


“Nunca mais me assuste assim...meu Deus Skye, eu achei que tivesse te perdido!” A jovem estava prestes a responder, mas os tremores se intensificaram e a dupla notou a chegada de Tripp e Bobbi, que seguravam um desmaiado Mack:


“Tripp tirou as bombas, mas tá acontecendo algum terremoto, nós temos que evacuar agora!” Disse Bobbi, com urgência.


Skye apoiou Leon nos ombros e ambos começaram a correr para fora. Leon notara que a estátua de Raina também havia quebrado e que não havia sinal dela ali. O agente também não entendera porque Skye continuava viva, mas quaisquer que fossem as respostas, teriam de esperar. O importante era que estavam todos vivos, para lutar mais um dia, e Leon sabia que essa luta ainda estava longe do fim.


24 Horas depois – Playground


Leon acordou de súbito, piscando várias vezes os olhos até reconhecer que estava na enfermaria do Playground. Seu saldo de batalha foram três costelas quebradas e mais duas fraturadas, além de outros pequenos cortes e machucados. Leon tocou a área enfaixada em suas costelas e suspirou, sentindo uma leve dor. Ao olhar para o lado, o agente observou Bobbi dormindo em uma poltrona próxima a sua cama, com um livro no colo. Apesar de não haver nenhum tipo de machucado ou lesão, a expressão da agente era de puro cansaço. Mesmo assim, Leon ainda poderia dizer que era a mulher mais linda que tinha visto.


O agente se levantou e pegou seu cobertor, colocando sobre Bobbi delicadamente enquanto beijava sua testa. Depois disso atravessou o corredor e foi até a área de quarentena, onde encontrou Coulson sentado em uma cadeira e Skye, efetivamente dentro da área de quarentena, numa sala de vidro transparente. A exposição de Skye ao gás e o fato da agente ter se transformado em uma estátua de pedra fez com que a quarentena se fizesse necessário, até que alguns testes pudessem confirmar que Skye estava realmente bem.


“Nós realmente formamos o clube da madrugada, huh?” Disse Leon, se sentando ao lado de Coulson, enquanto Skye respondia:


“Você devia estar descansando Leon...tá todo quebrado!”


“Skye tem razão.” Emendou Coulson.


“Todos devíamos estar descansando, e mesmo assim, são 3:30 da manhã e ainda estamos acordados.” Respondeu Leon, enquanto sorria ao completar: “E você também estava bem “quebrado” da ultima vez que te vi, Phil. O importante é que estamos todos bem...ou o mais perto disso que podemos estar, considerando a situação.”


A expressão de Leon mudou para uma de seriedade, quando o agente perguntou:


“Já conseguimos determinar a causa do terremoto? Ou a localização da Raina?”


“Acreditamos que o Obelisco iniciou os tremores. Talvez se você não tivesse destruído, teria sido muito pior. Sobre Raina, uma equipe vai ser mandada amanhã para investigar não só a posição de Raina, mas também para documentar e limpar tudo. Simmons e May estarão no comando disso, não precisam se preocupar. Depois, vamos explodir aquele lugar, enterrando a cidade no fundo do mar.” Respondeu Coulson, cruzando os braços.


“Quanto tempo eu vou ficar presa aqui? Mack já saiu da quarentena.” Disse Skye, em um tom entediado, se levantando da cama e andando pela pequena sala.


“Os exames dele saíram bem rápido. Ademais, ele não esteve exposto a névoa como você. E seja lá o que tenha tomado conta do sistema dele, se foi quando Leon destruiu o Obelisco. Ele ainda está meio abalado, mas vai ficar bem.” Novamente respondeu Coulson.


“Nunca é fácil se recuperar de algo assim. Você se sente invadido, traído pelo seu próprio corpo. Foi o que eu senti quando estive infectado com o Las Plagas. Quando sentia o parasita vivo na minha corrente sanguínea. Quando eu me curei daquilo, não tive tempo pra pensar na situação, porque ainda precisava terminar minha missão, mas nunca é agradável.” Disse Leon.


Coulson concordou com a cabeça e colocou uma das mãos no ombro de Leon, enquanto dizia:


“Acho que devia falar com ele pela manhã. Ele pode precisar da sua experiência...e de um amigo. Eu vou tentar dormir. Vocês deviam fazer o mesmo.”


Coulson sorriu para ambos enquanto saia da sala. Skye se sentou no chão, encostada na parede de vidro que circundava a sala de quarentena e Leon a seguiu, sentando do outro lado do vidro, ficando ombro a ombro com a agente, separados pela parede.


“Você salvou a minha vida hoje Skye. Eu sabia que você ia retribuir o favor.” Leon disse sorrindo, colocando o punho fechado encostado no vidro, gesto imitado por Skye do outro lado, enquanto dizia:


“E você salvou a todos nós destruindo o cristal. Então acho que ainda tô te devendo?” Skye riu e abriu a mão, encostando no vidro e dessa vez foi Leon que seguiu o gesto dela, enquanto respondia:


“Sou seu parceiro...”


“É mais que isso. Eu sei que não nos conhecemos há tanto tempo assim, mas eu...eu sinto como se pudesse confiar em você ou que pudesse te contar qualquer coisa. Sinto como se você fosse o irmão mais velho que eu nunca tive.” Disse Skye, encostando a cabeça no vidro, sem conseguir focar o olhar em Leon. O agente nunca tinha visto Skye sem jeito, ou acanhada antes, mas simplesmente sorriu, dando uma leve batida no vidro, chamando a atenção da jovem, que finalmente o olhou, enquanto ele falava:


“Eu já tenho uma irmã mais nova, mas eu não reclamaria de ter outra. Ainda mais se ela fosse incrível como você.”


“Eu não sou incrível...” Skye disse, rindo, mas Leon simplesmente respondeu:


“Alguém que estava disposto a sacrificar a própria vida para salvar outra pessoa daquela forma, não pode ser menos do que incrível.”


“Isso faz de você incrível também, espertinho.” Disse Skye, levantando uma das sobrancelhas.


“Eu nunca disse que não era! Somos duas pessoas incríveis, é fato.” Leon disse sorrindo e os dois ficaram em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro por alguns minutos, até Skye perguntar:


“Nós conseguimos uma vitória hoje...não foi?”


“Bom...estamos todos vivos, impedimos um desastre, Whitehall está morto. A cabeça principal da HYDRA caiu, e enquanto ela se debater procurando uma nova...”


“Nós a esmagamos, de uma vez por todas.” Completou Skye, num tom confiante.


Mesmo cansados, machucados e com algumas perguntas importantes na cabeça (como por exemplo, onde teriam ido parar Cal, Raina e Ward, cujo corpo não foi encontrado no teatro.), mesmo sem saber que efeitos a névoa poderia ter causado em Skye, sendo que todas as outras pessoas expostas a ela haviam se transformado em pedra, exceção talvez de Raina, os dois agentes ainda consideravam a batalha de San Juan uma vitória importante. Era hora de terminar o serviço, e varrer o restante da HYDRA do mapa.