— O que? Isso é sério, conseguimos? Mas eu achei que estivéssemos bem longe.

Eu mal respirei ao falar. Então eu tentei me levantar, morrendo de vontade de ir conversar com Gale. Mas assim que o faço, quase caio de fraqueza. O garoto loiro corre me segurar. Eu queria recusar sua ajuda, e admito que talvez, eu tenha ficado com um pouco de medo dele. Parece besteira, mas, quando se tem um passado estranho, você se torna estranha.

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— Ei, ei, ei. Calma aí. Não vou te fazer mal.

Eu arregalo os olhos, ainda assustada. Minha perna cedeu, e eu volto para a cama.

— Como... é seu nome?

Ele sorri suavemente.

— Will. Will Solace. Muito prazer, Maya.

Eu tento sorrir. Então minha visão começa a escurecer, e eu começo a cair para o lado. Will me ajeita na cama, bem no momento em que eu desmaio. Imagens sem sentido passavam na minha cabeça, e no fim, consigo ignora-las. Então, novamente eu acordo. Dessa vez, eu estava um pouco melhor. Me levanto e consigo não cair. Uma piadinha interna rodou na minha cabeça. Parabéns para mim. Consegui não cair nos primeiros três passos, Deuses, sou fantástica.

— Que bom que você acordou. - Will Solace me esperava na porta. - Vem, vou te levar a casa grande. Quíron quer te ver.

— Quem é Quíron?

— Hum, ele é nosso instrutor, e o cara que comanda o acampamento. - Ele me olha enigmático - E um centauro, claro.

— Um centauro? - Eu tento me lembrar de Quíron. Já tive péssimas experiências com centauros, e a ideia de repeti-las ali... não era legal. - Mas eles não são maus?

— Não, Quíron não. Na verdade, ele é quase um pai.

Eu percebi que a maioria das pessoas ali, tinham uma grande intimidade uma com as outras e com esse Quíron. Talvez, algum dia, eu tivesse amigos assim também. Quando chegamos na tal casa grande, eu dei um sorriso. Que lugar enorme e bonito! Lá dentro, um centauro (acho que Quíron) conversava com algumas pessoas. Dois garotos, um de uns dezessete anos loiro e imponente e outro de uns dezesseis com cabelos encaracolados e cara de maluco, Gale com sua cara de maluco conversando com o outro maluco e uma garota loira de olhos cinzas um pouco mais escuros que os meus.

— Oiiii!!! - Gale vem na minha direção todo animado. - Esse lugar é incrível, as pessoas são incríveis, tudo é tão bom... Não achei que ia ser tão fantástico!

Eu dou um sorrisinho para ele. Por sorte, ele não se desanimou, principalmente por que o garoto que ele conversava momentos atrás se aproximou.

— Eai - Ele e Gale fazem um High-Five com a mão - Não vai me apresenta-la?

Apesar de eu ter tentado não recuar, acaba acontecendo. O sorriso de Gale se desfaz um pouco, mas ele tem o bom senso de ignorar.

— Maya, esse é Leo Valdez, filho de Hefesto. - Ele se vira para o garoto - Leo, essa é Maya Carrow, filha de... Hã, acho que não importa agora.

Leo Valdez me dirige o olhar. Então ri e abre os braços como um doido.

Mi casa, é su casa, hermana.

— Obrigada mesmo. - Digo. Sem perceber, eu estava indo para trás de Gale. Era gente demais ali para eu assimilar, e eu estava um pouco acuada.

— Bem vou te apresentar á todos... - Gale começa.

— Aposto que ela pode esperar um pouco, certo? - Quíron caminha na minha direção. Meus olhos se arregalam, e eu vou mais para trás de Gale ainda. O centauro me lança um olhar paternal, como se entendesse o meu medo. - Prazer, sou Quíron. Mas acho que Will já disse isso não é?

Eu simplesmente concordo com a cabeça. Gale fica me olhando, sem entender. Logo, todos me olhavam, compadecidos.

— Minha querida, creio que terei que pular algumas apresentações, que podem ficar para mais tarde... - Ele faz um gesto explicativo com as mãos. - Agora, tenho uma pergunta a te fazer.

Meu coração dá um pulo.

— Eu fiz algo errado? - Pergunto, a voz baixa.

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— Não, perdoe se me expressei mal. - Ele sorri encorajador - Vamos todos para dentro sim? Comer alguma coisa enquanto conversamos.

Nesse momento, seu dorso de cavalo se encolhe e vira uma cadeira de rodas. Eu fico boquiaberta, e Gale parece prestes a aplaudir, mas o resto das pessoas continua na mesma. Acho que viam isso com tanta frequência que nem se surpreendiam mais.

Lá dentro, eu continuava tensa, e todos me olhavam assustados e ansiosos. Minha vontade de me esconder atrás de Gale e não sair mais dali ficava cada vez mais óbvia.

— Muito bem - diz Quíron. - Sentem-se, por favor.

Eu me sento no sofá. Todos os outros vão se sentando em silencio.

— O que foi que aconteceu com vocês hoje? - Pergunta o centauro, irritado.

— Percy não chegou. Ele e Nico já deviam ter chego.

— Não se preocupe - Diz Will - Devem ter parado para arrumar confusão.

— Certo, certo. - Quíron me avalia, os olhos cheios de rugas - Minha querida, naquele momento no matagal... O que te atacou exatamente?

— Queres - Digo, me lembrando das criaturas - Espalhavam doenças quando passavam através de mim ou quando sopravam. Eram duas, e muito estranhas, como espíritos.

— Entendo - Diz Quíron horrorizado - Bem, mas como você as derrotou?

Eu nem penso muito.

— Usei muito poder mesmo. Mas não me lembro do que aconteceu, desculpe.

O garoto loiro e imponente começa a falar sozinho.

— Eu conheço aquela aura. Tenho quase certeza de que...

Nesse momento, dois garotos de cabelos negros e idades diferentes entraram na sala. Um usava uma camiseta laranja (A mesma que vi outros campistas usarem) e tinha olhos verde mar.

Eu solto um arquejo ao ver o outro. A primeiro instante, eu tive certeza de quem era.

Peter.

É claro, foi só por um segundo, e eu não prestei a atenção em certos detalhes. Depois ficou claro que não era Peter que se encontrava na minha frente, embora de certa forma, eu quase desejava que fosse.

Então o garoto aponta algo na minha cabeça. Um símbolo brilhava, reluzente.

— O que não é possível... Filha de... Hades? - A garota loira diz, gaguejando.

— O que? - O garoto na porta parecido com Peter fica me observando. - Então ela é minha... minha...

— Exato - Diz Quíron - Ela é sua irmã, Nico.