Acordo com o barulho horrível do Gai-sensei vomitando, já fazem três dias que estamos nesse navio, e ele ainda não se acostumou; faz uma semana que saímos da última vila, segundo o capitão Yamato, agora não vamos parar mais, somente na ilha. Duvido muito que Gai-sensei se acostume, tenho a séria impressão que ele vai vomitar a viagem inteira. Muito de má vontade levanto, saio da cabine que divido com os outros e vou ao convés. Não tem um dia que meu humor esteja bom, ficar rodeado por água sem saber exatamente para onde vou, ou quando vou poder voltar para casa, é extremamente frustrante; meu único consolo é quando Hinata me escreve, mas isso também está escasso, não sei por que, mas faz dois dias que ela não escreve nada. Já mandei Gamachan duas vezes até o clã, mas ele volta dizendo que ela não está. Isso tudo está me deixando confuso e mal humorado, me pergunto se Hinata desistiu de nós. Afasto esses pensamentos, eles não me ajudam e por mais que as vezes essa ideia me assuste, eu sei que não é isso, tem alguma coisa muito errada acontecendo, mas ninguém quer me dizer o que é.

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— Resolveu sair um pouco Naruto? - Yamato me chama assim que me vê.

— Não tenho muita opção aqui! - digo azedo.

— Ainda sem respostas? - Aoba pergunta e eu só acinto - Tenha calma, tenho certeza que tem alguma explicação razoável.

— Eu espero mesmo. - respondo ouvindo Gai-sensei passar mal mais uma vez.

Me afasto deles, não tenho disposição para ficar ouvindo suas explicações, sei que me escondem algo e nada me faz mudar de ideia. Fico sozinho na proa, vendo as ondas se quebrarem ao longe em contraste perfeito com o sol alto de começo de tarde. Suspiro entediado, o que eu não daria para ver essa paisagem com Hinata, mas até ela está me evitando agora, estou cansado das pessoas ficarem decidindo minha vida por mim e tenho quase certeza que estou indo para esse treinamento, para não participar do que quer que estão me escondendo. Pensando bem, eu não devia ter contado a Hinata sobre a maluca que queria casar comigo, vai ver ela ficou chateada comigo, mas como eu ia adivinhar? Aquele sem vergonha do Ero-Sennin devia ter me avisado sobre isso, talvez eu evitasse essa confusão se estivesse preparado. Mas eu também não sabia que Hinata ficaria brava comigo por isso, nem foi minha culpa, e eu disse que não queria nada com a tal Shizuka, mas parece que a minha Hina não acredita em mim. Eu sou um idiota mesmo, devia ter mais cuidado. Estou tão perdido na minha própria melancolia, que não escuto mais nenhum barulho ao meu redor.

— Mestre? - olho para o lado e vejo Gamahin.

— Gamahin? Eu não te chamei aqui, o que houve? - pergunto me ajoelhando ao seu lado.

— Eu sei mestre, foi Hinata-sama quem me mandou. - responde me entregando um pergaminho.

Só de ouvir o nome dela, meu coração acelera e aperta ao mesmo tempo. Pego o pergaminho com mãos tremulas e o abro.

Naruto-kun,

Meu amado, papai me disse que você mandou Gamachan duas vezes atrás de mim, com que você está preocupado? Eu não estava na vila, fui a uma missão, por isso Gamachan não me encontrou. Tudo está tão corrido Naruto-kun, você não tem ideia. Estou com tanta saudade de você, e que história foi aquela de prometido em casamento? A única com quem você está comprometido, sou eu senhor Uzumaki, está entendido? Bom, voltando aos outros assuntos, todos estão se empenhando ao máximo para fazer a aliança shinobi dar certo, Tsunade-sama está se empenhando bastante, ela têm enlouquecido a pobre Shizune-san. Meus dias se resumem em treinar, ir em missões e ajudar na vila, hoje vou aprender um novo Ninjutsu médico, estou tão feliz que vou avançar de nível Naruto-kun; e tirando o fato de eu ter passado mal nos últimos dias, a mais está tudo bem. Hanabi reclama que quando você não está na vila, fica tudo muito quieto e monótono, o que eu tenho que concordar Naruto-kun, desculpe mas você é muito hiperativo. Papai já está acostumado com todos os sapos que entram e saem do clã, ele gostou muito da ideia, sem falar que Gamachan e Gamahin são duas figurinhas, é impossível não se afeiçoar a eles. A mobília da nossa casa já está toda pronta e montada, e já estou com algumas peças do enxoval prontas. Sakura, Ino e Chouji saíram em missão em umas ilhas perto da sua rota, você não encontrou com eles? Eles foram colher plantas medicinais, já devem estar retornando a vila. E como está Gai-sensei? Da última vez que nos falamos ele ainda estava enjoado, espero que tenha passado e ele esteja bem. Kiba e Akamaru conseguiram criar um novo Jutsu, mas cá entre nós Naruto-kun, acho que têm um toque seu nessa criação; e falando em novos Jutsus, eu finalmente consegui aperfeiçoar a Esfera Celestial, agora está perfeito. Agora um assunto mais delicado e complicado, eu não sei se devia te contar isso, mas é que fiquei um pouco receosa com uma situação, ainda mais depois que eu fiquei com ciúmes dessa história de casamento que você me contou, e por favor não ria de mim, ainda sou muito insegura com algumas coisas Naruto-kun; mas voltando ao assunto, o caso foi o seguinte, semana passada estávamos todos conversando e nos ajudando nos preparativos, quando eu tive um mal estar, os nossos amigos me socorreram, mas de repente Sakura fez uma cara de brava e ficou me perguntando uma série de coisas embaraçosas, eu não entendi o motivo dela estar brava, principalmente porquê o que ela perguntava era sobre nossa vida intima Naruto-kun, fiquei constrangida e tentava evitar suas perguntas, mas ela insistia e me dizia que não era justo eu causar este tipo de problema a você, logo agora que está numa missão importante. Eu fiquei sem reação com as acusações que Sakura me fez, ela até alegou que eu fiz isso só para te obrigar a se casar comigo. Fiquei pensando o que foi que fiz? Mas nada me vem a cabeça, então a Ino se meteu na conversa e mandou Sakura se calar, disse que ela não tem direito algum de ficar se intrometendo na nossa vida, e que isso que ela está fazendo é ridículo; por fim Sakura saiu em disparada pela vila e Ino me contou que Sakura estava se mordendo de ciúmes de você, que agora que estamos juntos e você parou de dispensar toda aquela atenção a ela, Sakura acabou se sentindo solitária, e segundo a Ino, confessou até que se arrepende de não ter te correspondido antes. Fiquei mais chocada ainda, estou me sentindo mais insegura do que nunca, desculpe se pareço boba Naruto-kun, mas é que pensar que Sakura pode ficar entre nós me faz perder o chão, simplesmente não imagino mais minha vida sem você; só me diga que não existe a possibilidade, por mínima que for, de você amar Sakura de uma forma romântica. Sinto meu coração apertar só de imaginar ter que te deixar viver com ela, mas se isso for te fazer feliz eu não pensarei duas vezes Naruto-kun, e renuncio tudo que vivemos e te deixo livre de qualquer compromisso. Desculpe, queria te contar apenas coisas boas, mas acabei saindo do rumo; sinto muita saudade toda hora, tudo ficou vazio e sem cor depois que você partiu, hoje vou dormir lá no seu apartamento, Konohamaru me emprestou a chave, espero que não se importe, mas lá consigo ficar um pouquinho mais perto de ti. Te amarei eternamente.

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Sua Hinata.

Amasso o pergaminho, essa última parte está meio borrada, sinal que Hinata chorou ao escrever. Mas o que Sakura pensa que está fazendo? Quem ela pensa que é para se meter na minha vida assim? Ela não passou a vida atrás do Sasuke? Agora vem dizer que se arrende de não me corresponder? Ela que vá para o inferno com seu arrependimento! Sakura que não banque a louca comigo, eu nem sei do que sou capaz se ela continuar com essa história. Hinata está sentida e com razão, sempre fui idiota acreditando que Sakura era meu amor, quando na verdade meu amor sempre foi Hinata. Mas isso não vai ficar assim, vou dar um jeito de tirar essas dúvidas de Hinata, nem que eu passe a vida lhe provando que é ao lado dela que quero estar. Caminho pelo convés nervoso, puxo meus cabelos, essa situação me deixou irado. Como Sakura teve a cara de pau de falar comigo naquela ilha? Agora entendo por que Ino estava estranha e não saia do lado dela, e mais importante ainda, por que ninguém me contou que Hinata passou mal? No meu descontrole acabo chutando alguns barris que tombam para o lado. Dou voltas e mais voltas pensando no assunto, nem vi quando de repente o mar ficou agitado, as ondas aumentaram, só percebi que entramos numa tempestade, quando capitão Yamato gritou para que eu fosse para junto deles. Quando me juntei aos outros, senti o navio bater em algo com força. O navio tombou para o lado e tentei me agarrar ao mastro, quando vi estava na água, as correntes me puxando e jogando sem direção violentamente, tentei subir a superfície, mas era impossível. Parei de fazer esforço e me deixei levar, poupei meu fôlego e esperei passar pela corrente que me atira em pedras e corais, senti uma dor aguda nas costas que me fez quase perder o pouco oxigênio que tinha. Nadei com mais emprenho e emergi a quinhentos metros do navio.

— Aqui! Capitão Yamato?!! -grito tentando me manter acima d'água.

— Ele está ali! - ouço Aoba gritar no navio.

Alguém me joga uma boia e eu agarro, me iço de volta ao navio o mais rápido que posso. Já dentro do navio, vejo o capitão Yamato fazendo os primeiros reparos no casco. Gai-sensei me trouxe um pano úmido para por nas costas, eu não me importo, daqui a uns minutos vou estar curado mesmo.

— Vamos ter que atracar na vila mais próxima e esperar a tempestade passar. - Aoba grita em meio as trovoadas.

Vejo Yamato fazer um sinal de afirmativo e logo em seguida usar o mokuton para retirar o navio das pedras. Em questão de minutos estamos atracando em uma pequena vila da costa, os moradores nos olham curiosos, aparentam ser pessoas simples e humildes. Aqui não existe nem sinal da tempestade mais adiante, as águas continuam indo e vindo tranquilamente. Decido caminhar um pouco pela praia, ainda estou muito irritado com tudo que Hinata me contou, parece que sempre que está indo tudo bem na minha vida, acontece algo para atrapalhar.

— Saudade de casa ou de quem deixou em casa, meu jovem? - escuto e me sobressalto.

Olho na direção da voz e avisto uma senhora de cabelos brancos e sem dentes me sorrir.

— De quem deixei em casa vovó. - digo amargurado.

— É uma menina de muita sorte, com certeza. - a velhota diz risonha.

— Eu é que tenho sorte por ela me amar vovó. - respondo abobalhado, lembrando da minha linda Hinata.

— Então por que não compra um presente especial para ela? Uma menina especial merece presentes especiais. - fala já me mostrando uma maleta com varias joias.

Analiso uma por uma, não sabia que existia uma variedade tão grande de joias, mas me detenho em uma que me chamou mais atenção; é um simples colar feito de pérolas negras e pedras da lua alternadas, quando pus meus olhos nele, sabia que seria o presente perfeito.

— Esse aqui vovó, vou levar esse aqui. - digo contente com a beleza delicada e ao mesmo tempo esplêndida da joia.

— Você tem bom gosto rapaz, tenho certeza que sua amada ficará feliz, mas se me permite perguntar, por que pedras da lua? - a velhota indaga.

— Pelos olhos dela, quando os fito me parecem duas grandes luas, as minhas luas. - respondo.

A vovó me olha emocionada, com seus olhinhos aguados cheios de lágrimas, até parece que estava recordando algo.

— Durará muitos e muitos anos, o relacionamento de vocês! É algo além da compreensão, já vi acontecer, quando duas almas estão destinadas não existe tempo ou distância. - comenta ainda emocionada.

Ela faz um embrulho bem bonito e me entrega, volto a caminhar pela praia, no horizonte o sol já vai se por. Me pego pensando como seria ter Hinata aqui comigo, caminhando nessa mesma praia, sem dúvidas seria mágico e especial. Fico imaginando seus lindos olhos de lua admirando a paisagem, enquanto eu ficaria embevecido com a imagem da minha linda companheira. O que será que ela estará fazendo agora? Será que ainda está passando mal? Volto ao navio ainda perdido em pensamentos, a saudade corroendo minha alma.

— Naruto, você está bem? - Gai-sensei pergunta.

— Sim estou, só alguns problemas para resolver. - respondo me sentando ao seu lado.

— Nada que o poder da juventude não resolva, agora coma um pouco, partiremos em breve. - ele diz entusiasmado.

Sirvo uma pequena porção de peixe frito para mim, na verdade nem estou com fome, tudo que penso é em me trancar na cabine e responder um longo e esclarecedor pergaminho a minha amada, tirar todas as suas dúvidas e temores, deixar bem claro que ela é a mulher com quem vou passar o resto dos meus dias e a quem devotarei todo meu amor.