POV Katniss.


Mas toda a felicidade que eu sentia se esvaziou rapidamente de mim ao entrarmos no hospital do distrito 8 cercados pela nossa fiel equipe de filmagem. Sem dúvida, eu não estava preparada para ver aquilo, não acho que alguém estava.

–Não é perigoso deixar todos juntos assim? –eu pergunto a Paylor.

–Qual seria nossa outra opção? -ela pergunta, novamente assumindo sua postura superior e militar de chefe. –não deixarei ninguém morrer enquanto houver outra saída, mesmo que seja essa.

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Não era isso que eu queria dizer, logicamente, e também imagino que Paylor tenha entendido minha intenções com a pergunta. Mas se eu fosse chefe de um distrito inteiro que saio de guerra e estivesse fazendo o meu máximo para salvar o maior número de pessoas que pudesse, não iria ficar muito feliz se criticassem meu método. Eu admito. Então preferi e manter quieta.

Eu respeito muito Paylor e estou certa de que é uma mulher competente e direita. Mas o estado desse lugar é simplesmente lamentável. Basicamente, é um tipo de casarão enorme e meio chamuscado e danificado sem qualquer tipo de segurança em sua estrutura ou higiene em seu interior com pessoas doestes ou de alguma forma mutiladas quase que empilhadas uma sobre as outras.

–Tem pessoas de quantos distritos aqui? – Peeta pergunta.

–Algumas do 6, 7 e 8 principalmente. –ela fala. –na verdade aqui são alguns casos mais leves já que não temos recursos no 8 para os mais graves.

–Mais leves?

–Coisas como mutilação e doenças físicas. –ela diz. –a maioria vítima de balas, e inalação de gases tóxicos.

Eu lanço a Peeta um olhar preocupado, se esses era os caso mais leves, eu não gostaria de ter de encarar os mais turbulentos.

Eu arrumo nervosamente o aparelho de ouvido dado por Haymitch antes de embarcarmos, ele deu um para mim e um para Peeta, ambos ouvimos as mesmas informações e aparentemente, ele poderia nos ouvir também, eu acho. Mas eu ainda não havia escutado nada, acho que era apenas por segurança mesmo.

Um pouco antes de entrarmos, e pelo que pude ver, em um dos últimos momentos que estaríamos livres de câmeras e de tantos olhos sobre nos, Peeta me puxa rapidamente pelo braço.

–Quase me esqueci de uma última coisa. –ele fala, colocando a mão no bolso, enquanto Paylor lança sobre nós um olhar questionador, eu lhe devolvo um aceno, ela entende para continuar e que nós a alcançaremos depois.

Peeta retira com cuidado do bolso a última coisa que eu imaginava.

–Espera, isso é...?

–Seu broche do Mokingjay. – ele concorda.

–Mas como? -eu pergunto. –eu não o vejo desde a arena, como está com você?

–Na verdade, quando você... Desmaiou, eu resolvi guarda-lo. –ele fala. –voce estava tão mal.... Peguei o broche por que pensei que pudesse ser uma maneira de tê-la comigo mesmo inconsciente, peguei quando sai daquela caverna com Johanna. O que foi uma sorte, pois não voltei a vê-la depois daquilo.

–Obrigada. –eu agradeço, e ia pegar o broche de sua mão quando ele me interrompe. -Posso fazer as honras? –ele dá um sorriso, eu aceno com a cabeça e ele prende o mockingjay na minha blusa. –prontinho, bem melhor.

–Hey vocês dois! Vem ou não? –Ouvimos Paylor chamar por nós, eu e Peeta aceleramos o passo até ela.

Entramos no lugar, a situação lá era tão devastadora quanto eu havia imaginado. Por um lado, estavam sendo mil vezes melhor tradas do que alguém da Capital, eu admito, eram tratas com atenção, cautela e preocupação. Da melhor maneira que podiam, ao contrário da Capital, que nunca se esforçou para dar atenção aos distritos antes mesmo da guerra. Mas o que me intrigava, era que o hospital estava, principalmente, cheio de crianças. Admito ter imaginado encontrar apenas soldados feridos em guerra por aqui.

–Abrigamos principalmente os menores, civis. –Paylor avisa, praticamente lendo minha mente. –já que a maioria dos soldados está em guerra, em situações mais graves que podemos fornecer assistência, ou, bem, mortos.

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–Voce está bem? –Peeta sussurra em meu ouvido, eu apenas aceno levemente com a cabeça em concordância enquanto o terrível cheiro invade minhas narinas.

Olhei para o lado e vi Cressida, já com a câmera ligada assim como os demais.

–Eles tem mesmo que nos seguir por ai e gravar cada passo nosso? –eu sussurro de volta. –eles não dão um descanso?

Peeta solta um sorriso triste.

–Bem vinda a meu mundo, e agora seu também. –ele fala. –tem sido assim desde que cheguei no distrito. Mas são gente boa, acredite.

–Vão! –Cressida nos incentiva, mexendo apenas os lábios, sem som.

–O que fazemos? –eu digo, quase em pânico.

–Andamos por ai, eu acho. –ele sugere, meio em dúvida e mais como uma pergunta do que como afirmação. –vai dar tudo certo Katniss.

–Katniss? –ouço uma voz fraca chamar. –Peeta e Katniss?

Olho em direção da voz, vem de uma garotinha de aparentemente 7 anos de idade. A garotinha não estaria bem nem se comparada ao resto das pessoas, ela parecia bem fraca em sua cama improvisada e a gaze rondava sua cabeça, em torno dos olhos. Ela tinha a cabeça olhando para o nada, eu não acredito que a criança possa enxergar para o pedaço de nada para onde que olhava.

–Somos assim, meu bem. –é Peeta quem fala, com a voz calma, doce e controlada de sempre.

A menina agarra a mão de um garoto ao seu lado, como se o alertasse animadamente de nossa presença.

–Katniss e Peeta? –um garotinho, esse de uns 6 anos falava, em um outro canto.

De uma hora para a outra o hospital cheios de pessoas praticamente moribundas de encheu de vozes despertas, cheias de esperança, o que eu imaginava ser a última coisa que encontraria nesse lugar.

Eu agarrei a mão de Peeta, e ele a segurou com firmeza. Nós andamos um pouco pelo hospital, onde mulheres, crianças e adolescentes arregalavam seus olhos cheios de olheiras. Todos civis, como um efeito colateral da guerra.

–Katniss está viva? Ela está bem? –eu conseguia ouvir, e era incrível e assustador como eles, naquele estado, perguntavam como eu estava.

Eu também ouvia gente dizendo algo sobre o filho que perdi, eu não consigo dizer quem, apenas ouvia a multidão.

Eu respondia algumas perguntas que me faziam, mas geralmente eu apenas dizia algo completamente idiota como: olá, tudo bem?, como está ai?

Depois de quase uma volta no hospital, eu solto a mão de Peeta pela primeira vez, e caminho de volta em direção a garotinha com ataduras nos olhos. Me abaixo em direção a ela.

–Qual o seu nome, querida? –eu digo com uma voz doce que eu mesma não me lembro de ter usado antes, mas que de certa maneira também está meio roca.

–Hazel. –a garotinha responde. Agora reparando melhor, a menina era bem pálida, mas tinha a pele suja, igualmente aos cabelos castanhos escuros quase pretos de desciam até os ombros, lisos e despenteados. Ela também tinha o dente da frente faltando, devido a idade. Conseguia notar quando ela sorria levemente com lábios finos. –e esse é o Sammy.

–Então seu nome é Sammy, como vai? –eu pergunto me virando para o menino que parece fisicamente bem fora um corte com pontos que vinha do começo da orelha até o começo da clavícula em uma linha reta, eu diria que o garoto provavelmente foi atingido por algo como uma calha de uma casa desmoronando, talvez a própria casa. O corte era bem profundo, e provavelmente o teria matado de chegasse um pouco mais perto de seu pescoço.

–É apelido de Sam. –ele disse. –Somos irmãos.

Sam parecia ter uns 14 anos aparentemente, era magro e pálido e também dividia o mesmo cabelo negro e bagunçado da irmã. Seus olhos eram verdes e belos, cheios de doçura. Eu poderia apostar que os de Hazel também eram assim

–Seus pais estão aqui, Hazel, Sam? –a garotinha encolhe os ombros perdendo o sorriso e seu irmão pega pela mão. Eu entendo a resposta dos irmãos e mudo de assunto, apenas assentido com a cabeça. –como estão?

–Melhor, eu acho. –ela fala, tímida, agora exibindo levemente novamente a “janelinha” em sua boca com um sorriso forçado. –eles enfaixaram minha cabeça, acho que vou poder ver logo.

Ela dá um sorrisinho esperançoso. Agradeço mentalmente por Hazel não poder ver meu rosto agora, eu não tinha nem um decimo da esperança de ela um dia voltasse a enxergar do que a própria menina tinha.

Ela estava sozinha, sem os pais, sem a visão, em um lugar horrível e mesmo assim tinha esperanças. Vim aqui pensando não encontrar uma só alma esperançosa, imaginei encontrar pessoas doentes, mal e cheias de arrependimento pela guerra. Mas só o que encontrei foi um hospital cheio de gente ainda com esperança, e uma garotinha cheia dela.

–Voce é muito corajosa, sabia Hazel?

–Eu não sou corajosa, você é Katniss. –dei um sorriso triste e neguei com a cabeça, mesmo que a garota não pudesse ver. –eu queria ser como você.

–Não, não queria. –eu digo. -Eu queria ser como você, não tem ideia da bravura que tem, garota.

Eu forco um sorriso em direção a Sam.

–Tome conta da sua irmãzinha, Sammy. –eu digo, o garoto acena com a cabeça.

Sinto uma mão em meu ombro, sei que é de Peeta. Eu me levanto do chão que estava ajoelhada.

–Tudo bem? –ele pergunta.

–Tudo bem... –eu digo passando os olhos por todo o hospital, a cada paciente dentro dele, até que estranhamente meus olhos encontram uma pássaro, pousado do lado de dentro da janela do distrito. –aquilo é um mockingjay?

–Parece que sim. –ele responde. –eles realmente podem imitar sons?

–Claro, veja. –eu assovio algumas notas de uma antiga musica conhecida, o pássaro repete de volta.

–Incrível. –Peeta sorri, e fala baixo, apenas para mim ouvir. –que música era aquela?

–Uma que meu pai costumava cantar quando era pequena. –sorrio com a lembrança.

–Ele devia ter uma voz muito bonita, mas duvido que seja mais bela que a sua. –ele diz.

–Acredite, era.

–Por que não canta um pouco? –ele sugere, agora falando amis alto, alto o bastante para que muitas pessoas ao redor escutasse.

–Peeta, eu não... –mas nesse momento, dezenas de olhos esperançosos estavam sobre mim, e eu não gostaria de desapontar nenhum deles. –tudo bem.

Limpo garganta antes de começar a recitar a velha música que não ouvia muito menos cantava a tantos anos. Ela é proibida pela Capital.

“Você vem, você vem

Para a árvore

Onde eles enforcaram um homem que dizem matou três.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não mais estranho seria

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca.”


Eu comecei, pequeno mockingjay repetiu cada nota do primeiro verso. O resto do hospital permanecia em silencio. E entao quando a terminou, se calou para que eu continuasse a música, isso procedeu.


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“Você vem, você vem

Para a árvore

Onde o homem morto clamou para que seu amor fugisse.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não mais estranho saria

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca.”


O som da melodia me é tão familiar e tão distante ao mesmo tempo que ouvila sair de meus próprios lábios de torna estranhaente confortável, como uma velha lembrança esquecida. Concretizar uma música que meu pai cantava baixo para não ser ouvido e que agora canto para um publico parace errado e certo ao emsmo tempo e me pergunto como uma cosia pode ser as duas.


“Você vem, você vem

Para a árvore?

Onde eu mandei você fugir para nós dois ficarmos livres.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não mais estranho seria

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca.”


Faltando apenas uma estrofe, o pássaro a repete comigo, e o hospital continua em silencio. Eu prossigo.



“Você vem, você vem

para a árvore

Usar um colar de corda, e ficar ao meu lado

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não mais estranho seria

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca.”


O pequeno mockingjay repetiu a última estrofe, e ao final de sua última nota eu ouvi os aplausos. Ao olhar para o rosto das crianças eu via tamanha inocência que ainda pode ser conservada nelas, como a maioria sorria docemente, aplaudindo uma história de amor qualquer que eu havia posto em notas, apenas os mais velhos aplaudiam com um ar mais sério, porem respeitoso e as vezes com um sorriso nos cantos de lábios, eram aqueles que entendiam o real significado da música, os que sabiam que era proibida e entendiam por que.

Ao olhar para Sam e Hazel, vi uma garotinha aplaudindo com um sorriso doce, e o garoto mais sério. Era obvio quem havia entendido a música.

Ao me virar para Peeta, ele me puxa para um selinho rápido, tendo em vista que estávamos cercados de gente, sendo muitas dessas crianças.

–Voce é incrível, sabia? –ele fala.

Eu apenas sorrio sem graça.

–Foi ótimo gente! Agora vamos gravar na parte de fora! –Cressida diz.

–Parte de fora?

–Quanto mais melhor, certo?

Nos saímos do hospital e caminhamos até distrito a fora, a equipe de filmagem queria fazer algumas tomadas no restante do distrito, em lugares para chamar a atenção do povo do 1 e do 2 para a injustiça e Estava um pouco perdida em meus pensamentos, quando fui interrompida com o alarme de meu comunicador.

–Haymicth? –Peeta diz, era obvio que ele ouvia o mesmo que eu.

–Agora? –eu pergunto.

Em uma descarga de adrenalina, eu Peeta e os outros começamos a correr.

–Acabamos de mandar o aviso para eles. –Haymitch fala. –sinto muito, mas não dará tempo de esvaziar o local.

–Katniss! -Peeta fala junto com Haymitch.

–Kat não dá tempo. -Peeta fala agora sozinho. –precisamos correr.

–A esquerda de vocês, tem um deposito, o barraco amarelo! –todos nos freamos os pés a toda a velocidade, quando caindo de cara no chão, já que já tínhamos quase passado o lugar com o aviso em cima da hora de Haymitch. –tem um porão nele. Se escondam! Não conseguiremos pousar a tempo, você tem cerca de 15 segundos.

–Corram! –eu gritei em plenos pulmões.

–Entrem! –Paylor grita, pois eu e Peeta continuamos parados na penumbra da porta de entrada. –entre, agora se querem viver!

Ao descermos a escadas ninguém fala nada, ninguém me repreende por meu ato quase suicida, ninguém da graças por termos chegado ao porão a tempo, até mesmo o meu comunicador estava mudo. Ninguém parece conseguir dizer uma palavra sequer.

–Eu sei que você queria ter ajudado aquelas crianças, Kat. –ele fala com um tom baixo e doce, para que somente eu o ouvisse. –mas eu não podia deixar você lá fora, era suicídio. Eu não iria suportar te ver machucada ou em qualquer perigo, não novamente, não depois de tudo isso.

–Eu sei é só que... Eram apenas crianças, um hospital cheio delas e de civis, não haviam nenhum soldado sequer lá. Por que atacar justo lá? Um hospital, apenas com feridos, civis, mulheres, crianças, famílias! Pessoas que conseguiram por algum milagre sobreviver ao massacre do 8 foram bombardeados sem aviso, não tinham proteção, não tinham nada. –eu digo, inconformada. –Hazel e Sam eram apenas duas crianças sem pais, eles não tinham nada, e morreram não faz nem 2 minutos.

–2 minutos? –Peeta repete. –Katniss, nós estamos aqui a mais meia hora.

Com resposta ouço meu comunicador se manifestar na voz de Haymicth.

Eu me levanto com um pulo. Eu sabia o que ser capturada significava, e eu não estava nem um pouco entusiasmada com a ideia de voltar para a Capital. Fui a primeira a me dirigir a porta, enquanto Peeta me seguia e colocava Cressida, Polux e Castor a par do que deveríamos fazer.

Paylor foi quem abriu a porta, botou a cabeça para fora e em seguida nos deu sinal positivo.

Nos saímos do prédio rápido, na espreita, armados, mas o mais discreto que éramos capazes, não que isso fosse muito.

Não Snow, você não vai matar nenhum sobrevivente daquele hospital.

Ouço o som de alguns disparos, vejo que veem tanto de Paylor e Peeta quanto um grupo de um grupo de pacificadores. Minha flecha obviamente tinha chamado a atenção. Mergulho para ao lado de um muro e disparo uma flecha em um dos pacificadores sem pensar duas vezes, e em seguida, no pescoço do seu companheiro.

Infelizmente, a forca do pânico que Peeta me puxou foi o suficiente para que eu caísse com tudo no chão, e em quanto ele apontava a arma e disparava para o pacificador que quase me atingira, eu perdi completamente o equilíbrio e cai no chão, mas não sem antes sentir uma dor aguda no tornozelo.

Ele me pegou no colo, me segurando de frete para ele com uma de minhas mãos em volta de seu pescoço e a outra segurando o arco, de forma que de alguma maneira ele conseguia suprir meu peso com apenas um braço, deixando o outro livre para segurar a arma. Sorte minha ser baixa o suficiente para não atrapalhar sua visão, e também sorte minha ter perdido muitos quilos na Capital, coisa que eu nunca pensei que poderia resultar em algo positivo.