– Como foi com a diretora? – Mike perguntou para Clara, enquanto os dois andavam lentamente pelos corredores da escola. Os dois haviam tido prova e como eles terminaram cedo, foram logo liberados. Porém ambos resolveram esperar John e Lizzie saírem da aula também.

– Nada demais. Ela falou que quando meu pai chegasse ia ter uma longa conversa com ele sobre o meu comportamento ‘violento e selvagem’ – Clara fazia aspas com as mãos de forma exagerada e Mike riu alto.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Boa sorte! Mas vou te dizer uma coisa, a Catherine mereceu! Você devia ter partido para cima da Blair também!

– Pode deixar, próxima vez vou me lembrar disso – Clara lançou um olhar ameaçador para Mike que apenas abriu ainda mais o sorriso.

Os dois continuaram a andar em silêncio, o corredor estava meio vazio, só algumas vezes uma ou outra pessoa passava.

– Odeio silêncios constrangedores! – Clara falou por fim e Mike sorriu de lado, olhando para ela.

– Você fica constrangida com a minha presença?

– Claro que não! – Clara tentou disfarçar e Mike ergueu uma sobrancelha, demonstrando que não acreditava no que ela falava.

– Quer dizer que você não tentou me evitar depois daquele beijo? – Mike perguntou e Clara desviou o olhar, passando a observar o chão.

– Mike, aquele beijo não foi nada! Foi um acidente de percurso, eu..

– Acidente de percurso? – Mike desatou a rir, deixando Clara um pouco irritada.

– Sim, aquele beijo não significou nada! Foi um beijo como qualquer outro, agora não ouse me atormentar por isso!

– Você ficou toda desnorteada depois daquele beijo, não venha me dizer que não significou nada! – Mike de repente ficou sério.

– Não significou nada! – Clara disse cada palavra com desprezo, olhando diretamente nos olhos de Mike.

– Isso é o que nós vamos ver – Mike mal havia acabado de falar e empurrou Clara na parede do corredor, prendendo ela sobre seus braços.

– Solte-me – Ela ordenou.

– Você não quer que eu te solte, eu sei disso – Mike falava extremamente perto de Clara, não sabendo se olhava para a boca da garota ou para os olhos.

– Ora, como ousa? Você... – Clara começou a falar, mas foi interrompida, já que Mike começava lentamente a beijar o pescoço da garota, fazendo-a perder a linha de raciocínio – Você... Você... Não... Não pode fazer isso – Clara mal conseguia terminar uma frase, já que Mike agora subia lentamente os beijos para o queixo, fazendo-a ter calafrios por todo o corpo. O garoto segurava as mãos de Clara sob a cabeça da garota e beijava lentamente o pescoço dela, ele sentia que Clara não ia agüentar muito tempo e isso o divertia. Aos poucos ele foi soltando as mãos da menina, mas Clara nem percebeu, pois já estava ocupada demais correspondendo as carícias.

Mike brincou um pouco com as bocas, roçando-as lentamente e depois se afastando, até que finalmente Clara o puxou pelo pescoço e encostou as duas bocas. O beijo se aprofundou rapidamente e Mike sorriu, puxando Clara pela cintura para mais perto. Mike pressionava os lábios com força contra os de Clara, mas a garota pareceu não se importar, já que quase que instantaneamente colocou os braços em volta do pescoço do garoto, o que fez os dois unirem ainda mais os corpos. O beijo estava rápido e profundo. Mike, que estava com a mão na cintura de Clara, escorregou as mãos para dentro da blusa da garota, o que a fez se assustar um pouco com o contato da mão quente do garoto sobre a sua barriga. Clara mordeu com um pouco de força os lábios de Mike, o fazendo ofegar e deixar o beijo ainda mais rápido. O garoto a encostou na parede também com um pouco de força, mas nenhum dos dois parecia ligar para isso agora. Nada se passava na cabeça de Clara, ela queria apenas curtir aquele beijo, ela não conseguia pensar em nada, mas sabia que seu coração batia acelerado, porém achou melhor ignora-lo. Após alguns minutos, Clara sentiu necessidade de respirar. E junto com essa necessidade veio a razão, que há pouco tempo ela havia deixado de lado. Ela empurrou Mike interrompendo o beijo e passou a mão na boca.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Não me toque nunca mais! – Clara falou com raiva, meio ofegante.

– Ah não Clara, não começa! – Mike reclamou deixando a garota escapar por entre seus braços.

– Não ouse me tocar nunca mais! Você está tentando abusar de mim! – Clara agora já falava mais alto.

– Ah claro, e eu vi você lutando bravamente para me afastar! – Mike também aumentou o tom de voz, virando-se e ficando de frente para Clara.

A garota não pensou duas vezes e deu um tapa na cara de Mike, fazendo-o ficar desnorteado por algum tempo.

– Porque fez isso? – Mike gritou com a mão sobre sua bochecha atingida.

– Para você entender que eu não sou qualquer uma para você ficar agarrando pelos corredores. E quando eu digo não me toque, é para você não me tocar! Seu nojento! – Clara gritava e dava socos em Mike, que tentava impedi-la a qualquer custo.

– Você está ficando louca!!

– Sim, eu sou louca sim! Mas você é um desgraçado, filhinho de papai, nojento e egoísta!!

– É isso que você pensa de mim? – Mike abaixou o tom de voz, mas Clara percebeu que ele ainda estava com raiva já que seu maxilar estava tenso. Ele segurou os dois braços da garota, impedindo-a de fazer qualquer coisa.

– Solte-me! – Clara tentava se livrar.

– Vamos, responda-me, é isso mesmo que você pensa de mim? – Mike apertou ainda mais o pulso de Clara, fazendo-a olhar para ele.

– Sim, é isso que eu acho de você! – Clara falou com desprezo.

– Ótimo, vou fazer o que você pediu, nunca mais vou tocar em você... – Mike soltou os pulsos de Clara – E também nunca mais quero olhar para você, nem falar com você! – O garoto falou com raiva, virando-se para começar a andar.

– E quem disse que eu quero falar com você? – Clara perguntou arrogante – Você é um “nada” mesmo!

Mike se virou e andou rapidamente até Clara, chegando muito perto da menina, porém seu olhar era de raiva.

– Chega Clara! Eu não sou obrigado a ficar escutando isso de uma menina mimada que não vê limites em nada! Eu te ajudo e te protejo e é isso que recebo em troca? Você não passa de uma patricinha ignorante e mal educada, então não venha falar de mim! Eu gosto de você, eu realmente gosto de você, mas agora que você já falou tudo que acha sobre mim, é melhor eu esquecer, porque a Grande Clara Spencer, não gostaria de um nada nojento, não é? Só vou te dar uma dica, é melhor você parar com esse seu egoísmo ridículo ou vai acabar sem amigos... De novo! Se é que você já teve um! – Mike gritava com raiva, e nem mesmo Clara o reconhecia, seus olhos se encheram de lágrimas que ela logo tratou de enxugar. Assim que Mike acabou de falar, ele saiu andando rapidamente pelo corredor, sem olhar para trás nenhuma vez, deixando Clara assustada e sem reação. Foi somente quando Mike saiu da vista da garota que uma lágrima escorreu, e assim outras sucessivamente.

___________________________________________________________________________________

– Srta. Clara? Tão cedo em casa! Aconteceu alguma coisa? – Sandra perguntou para Clara assim que viu a menina entrar em casa um pouco abatida.

– Hãn... Tive prova e acabou mais cedo. Eu vou para o meu quarto, ok?

– Algo de errado? A senhorita está passando bem? Está meio pálida.

– Nah, nada demais, alguns probleminhas.

– Srta. Clara? – Sandra a chamou.

– Sim?

– Sua mãe está aqui, esperando para falar com você.

– Ah não! Er... Pode dizer para ela que eu não cheguei ainda? – Clara passou a mão nervosamente pelo cabelo.

– Não dá, senhorita, ele ouviu o carro chegando. – Sandra olhou para o chão, como faz uma criança que acabou de receber um sermão da mãe.

– Então diga a ela que eu não estou com cabeça agora para conversar com ele, e diga para ela ir embora! – Clara subiu rapidamente para o seu quarto, não esperando Sandra responder.

A garota jogou a pesada mochila no chão e se deitou em sua cama, colocando o travesseiro em cima do rosto, tentando esquecer a cena anterior e o modo como Mike havia falado tudo aquilo. Clara não percebeu o tempo passando, apenas escutou a porta do seu quarto sendo aberta.

– Sandra, eu já falei que eu to bem, só preciso ficar sozin... – Clara começou a falar enquanto tirava o travesseiro do rosto e percebia que quem estava em seu quarto não era Sandra, e sim sua mãe. – O que você está fazendo aqui?

– Vim conversar.

– Agora você quer conversar? – Clara perguntou arrogante – Olha, Courtney, eu não estou nos meus melhores dias, ok? Então vê se me esquece.

– Filha, eu preciso muito falar com você. É importante para mim – Somente quando Courtney se sentou na cama de Clara é que ela esta pode perceber como sua mãe estava diferente. Estava com uma maquiagem mais clara, os longos cabelos pretos estavam naturais e meio cacheados e ela vestia uma roupa um pouco mais discreta, totalmente diferente de tudo que já havia vestido. – Clara, eu já cometi muitos erros na minha vida, e eu acho que nunca havia parado para pensar nisso até agora. Mas, o pior dos meus erros foi não ter cuidado da minha filha como eu deveria. Eu sei que sou infantil e confesso que sou alcoólatra, não há mais como fugir dessa realidade. – Ela fez uma pausa e respirou fundo – Sempre odiei o modo como minha mãe me tratava, ela não ligava para mim, não importava o que eu sentia, ela apenas queria saber de homens e cerveja, passei toda a minha adolescência tentando criar meus irmãos com o mínimo de decência. Não acho que o modo como minha mãe me tratou sirva como justificativa, porque eu sei que eu não sou uma boa mãe, já que me transformei em tudo o que eu mais odiava. E por isso que eu vim aqui te pedir perdão. Não sei se você vai aceitar, mas eu queria muito tentar, pelo menos tentar, recuperar o tempo perdido. Sei que ele jamais vai voltar, mas quero tentar ser melhor agora. Eu já fiz muita besteira na vida e só percebi isso quando você disse que não queria mais ser minha filha. Eu estou disposta a mudar, mas vou precisar da sua ajuda e do seu apoio. – Clara não sabia o que falar, sua mãe a surpreendera de todas as maneiras possíveis, e apesar de não saber se expressar muito bem, percebia-se que Courtney falava tudo aquilo com sinceridade e humildade. – Você me perdoa? – Courtney perguntou e Clara respirou fundo.

– E-E-Eu não sei...

– Por favor, filha.

–E-Eu te amo! – Foi a única coisa que Clara falou antes de começar a chorar. Courtney mal conseguiu conter um sorriso e abraçou a filha, derrubando-a deitada na cama, fazendo as duas rirem.

– Prometo que não vou decepcioná-la.

As duas passaram a tarde no quarto de Clara, rindo, brincando, conversando, contando novidades, ouvindo música. Clara não se sentia tão bem assim há muito tempo, ela já havia até esquecido sobre a ‘conversa’ com o Mike. No final da tarde, Courtney precisava ir embora.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Filha, eu vou para uma clínica de reabilitação. Vou passar um mês ou mais lá, preciso me recuperar. Adoraria se você fosse me visitar! – Courtney falou deitada na cama da filha.

– Hum... Claro.

– Então, tenho que ir. Não esquece de me visitar, ok? Aqui está o telefone – Courtney se levantou e deixou um cartão com o telefone da clínica na mesinha de Clara – E, Clara?

– Oi?

– Sabe aquele seu amigo, o Mike?

– Hum... O que tem ele? – Clara engoliu em seco.

– Ele é gato! – Courtney falou correndo para sair do quarto antes de receber um travesseiro na cara vindo de Clara, que ria alto