A carruagem parou de repente, fazendo com que Sakura fosse lançada para trás. Lá fora, os cavalos relinchavam num protesto pelo puxão que haviam sofrido nos freios. Saíram da estrada, arrastando a carruagem consigo por alguns metros campo adentro. Dentro dela, Sakura se alarmava. O que poderia estar acontecendo?

Após alguns segundos de tumulto que pareceram durar uma eternidade, tudo parou. Sakura ouviu o Sr. Hixon e Ned descerem, apressados, suas vozes ansiosas afastando-se, proferindo palavras que ela não compreendia, mas cujo tom percebia ser de preocupação. Não tinham vindo de imediato para verificarem se ela estava bem, e isso era muito estranho. E, irritada pela falta de consideração de seus criados, abriu a porta e pulou para o chão, ainda sentindo as pernas trêmulas devido ao sobressalto do incidente. Olhou para frente, em busca de algum sinal do cocheiro e do criado, e também para tentar entender o que ocorria.

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Não conseguia ver ninguém, mas ainda ouvia suas vozes, bem como o som de água sendo chafurdada. Por um momento, ficou ali parada, olhando para a pequena ponte de pedras logo adiante, sem saber o que pensar. Lembrava-se muito bem daquele lugar, já que tantas vezes passara por ali em suas viagens entre Bath e Staffordshire. Sabia que ali havia um rio, cujas águas frias desciam das montanhas. De repente uma ideia começou a se formar em sua mente, e seu peito se apertou. Saiu correndo em direção à margem do rio e, ao chegar, viu o cavalo que Sasuke montava saindo da água e sacudindo-se todo para livrar-se dela. No rio, Ned e o Sr. Hixon se encontravam dentro da água até a cintura. Mas... Onde estava Sasuke?

O medo que passara com o ataque do saqueador não era nada comparado ao pânico que começava a sentir agora.

Ned mergulhou rápido, e voltou à superfície segundos depois, trazendo Sasuke junto a si. E ele parecia desfalecido. Sakura cobriu os lábios com as mãos, aflita. O cocheiro ajudou o rapaz a retirar Sasuke da água, passando um de seus braços pelos ombros, e os dois trouxeram o corpo inerte de Sasuke, que era muito maior do que o deles, até a margem, onde o colocaram sobre a grama.

Sakura sabia que precisava fazer alguma coisa para ajudar. Voltou correndo para a carruagem, lembrando-se dos casacos pesados que sempre ficavam guardados num compartimento na parte de trás do veículo, para quando viajava por locais muito frios. Voltou apressada, para a margem do rio, onde os dois criados ainda prestavam socorros a Sasuke. Ele ainda estava inconsciente. E ela imaginou que, talvez, para sua imensa infelicidade, poderia estar morto!

Os dois homens estavam cansados e deixaram-se cair ao lado de Sasuke.

— Ele está vivo? — Sakura perguntou desesperada, vendo seu cocheiro apenas assentir, já que o cansaço e a idade avançada impediam-no de agir de forma mais ágil. — Tem certeza? — insistiu, passando um dos casacos pelos ombros do rapaz e depois outro sobre os do cocheiro, para só então ajoelhar-se e cobrir Sasuke com o terceiro agasalho.

— Sim... Senhora... — respondeu Ned, com lábios trêmulos devido ao frio. A água devia estar a ponto de congelar, Sakura imaginou, pelo estado em que se encontravam. — Mas... Ele bebeu... Muita água... Enquanto... Estávamos tirando-o... Do rio.

Sakura olhou para Sasuke, que deitado de bruços, como o tinham deixado, permanecia imóvel. Acariciou-lhe o rosto, sentindo-o terrivelmente frio.

— Sasuke! — chamou primeiro em voz baixa, depois quase num grito, enquanto lhe sacudia os ombros: — Sasuke! Pode me ouvir?!

E, como se aquela fosse a única resposta que ele podia dar no momento, mais água saiu de sua boca, e Sasuke começou a tossir e a respirar com muita dificuldade. De repente, Sakura sentiu como se ela também estivesse conseguindo respirar novamente. Seu rosto estava coberto de lágrimas. Afastou os cabelos de Sasuke, que haviam caído molhados, sobre sua face e com ar aflito, olhou para o cocheiro. Ele também parecia melhor agora que o calor do casaco o aquecia.

— Viu o que aconteceu, Sr. Hixon? — perguntou, imaginando que sim, pois ele agira de pronto.

— Sim, senhora. — Ele puxou o casaco mais sobre os ombros. Seus dentes começavam a ranger, talvez pelo frio ou pelo choque do que acabara de acontecer — O Sr. Uchiha saiu em disparada para tentar alcançar a carruagem que seguia à nossa frente. Então foi como se... Ele não visse a ponte... O cavalo virou-se para o lado... E ambos caíram no rio... Não vi mais nada então, porque estava tentando parar os animais para ir a seu socorro.

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Sakura olhou para a ponte. A carruagem é claro! Talvez fosse o veículo em que Oliver e Emily se encontravam. Sasuke devia estar muito tenso e preocupado tentando alcançá-los e nem sequer notou a aproximação da ponte. Afinal, não conhecia aquele caminho.

Um gemido saiu dos lábios dele nesse momento, mas Sasuke ainda não abrira os olhos. Sakura acariciou-lhe o rosto mais uma vez, depois se voltou para seus criados.

— O que fizeram foi um ato de heroísmo — disse, emocionada. —Nunca poderei agradecer-lhes o suficiente, mas podem ter certeza de que serão recompensados por sua bravura.

O cocheiro apenas sorriu, ainda tremendo muito. Depois de alguns segundos, porém, murmurou:

— Obrigado, senhora... Mas saiba que foi um prazer socorrer o Sr. Uchiha. Ele é um excelente cavalheiro.

Ned assentiu, concordando e de repente, Sakura sentiu um calor subir-lhe pelo rosto, demonstrando seu embaraço. Certamente, seus criados sabiam das visitas de Sasuke à sua casa, mas aquela leve alusão ao seu relacionamento com ele, mesmo dita de forma muito elegante, deixou-a envergonhada.

— É verdade — murmurou, mudando de assunto rapidamente: — Bem, mas precisamos levar vocês três para um lugar aquecido quanto antes. De preferência antes do pôr do sol. Além disso, acho melhor chamarmos um médico para avaliar as condições físicas do Sr. Uchiha. O senhor tem condições de guiar a carruagem, Sr. Hixon?

— Com certeza, senhora!

— Ótimo, então. Trouxeram uma muda de roupas?

Os dois criados assentiram.

— Então, vão depressa trocar de roupa para que possamos prosseguir sem perda de tempo.

Ned não a esperou sequer terminar de falar e foi depressa para a carruagem. O cocheiro, porém, hesitou um pouco.

— Se me permite senhora, sabe, sempre trago uma garrafa de bebida, para quando tenho de dirigir em noites frias... Se conseguirmos colocar alguns goles na boca do Sr. Uchiha, acho que isso o reanimaria mais rápido.

— Oh, excelente ideia, Sr. Hixon! — Sakura aprovou, sorrindo. — Mande Ned trazer a garrafa até aqui depois que ele tiver trocado de roupa. Agora vá também, antes que pegue um resfriado.

— Sim, senhora. — O cocheiro tirou o casaco de seus ombros e colocou-o sobre as costas de Sasuke, para aquecê-lo ainda mais, e depois se dirigiu à carruagem.

Os dois voltaram logo, mas Sakura sabia que cada minuto era importante para a saúde de Sasuke. Ainda mais porque ele ainda não abrira os olhos. Seu rosto estava gelado e pálido demais. Sakura sentia-se a cada instante mais desesperada, porque uma lembrança assombrava sua mente. Seu falecido marido jamais recuperara a consciência depois de ter caído de um cavalo.

അഅഅഅഅഅഅഅ

A água fria e escura o havia engolido. Sasuke não conseguia entender se tinha subido para a superfície ou se afundava para sempre no esquecimento da morte. Tentava reunir forças, ganhar consciência dos fatos, mas aquele frio terrível tirava-lhe qualquer capacidade de julgamento. Talvez fosse um tolo por resistir... Talvez fosse melhor desistir e entregar-se de vez, morrer.

Então, como se tivesse vindo de muito longe, ouviu aquela palavra numa voz que fez seu coração bater mais depressa, com mais força. Uma palavra... Seu nome... Não conseguia entender quem o chamava. Mas a voz feminina estava nos recônditos de seu cérebro, reverberando uma lembrança suave e doce. Não havia propriamente um pensamento claro em sua mente, porém era como se soubesse que, seguindo o som daquela voz, estaria salvo, de volta à sua consciência e à sua vida.

Queria apenas segui-la, temeroso de que desaparecesse e o deixasse perdido no nada. Podia ouvi-la cada vez com mais clareza, chamando seu nome, dizendo-lhe palavras de carinho...

— Sasuke! Volte meu querido! Volte!

E, de repente, aquele toque! Era como se houvesse se esquecido de que havia outras sensações além do frio intenso que lhe gelava os ossos e daquele cansaço opressivo. Agora podia sentir uma espécie de dor, e esta lhe mostrava os limites de seu próprio corpo. Queria que ela passasse, queria poder voltar a viver normalmente. E a ajuda viria, com certeza, daquele suave carinho em seu rosto, em seus cabelos...

De repente, lembranças começaram a invadir-lhe a mente conturbada. Lembranças de cabelos encaracolados e soltos sobre um travesseiro alvo, da pele suave e clara de um colo de mulher. Lembranças de lábios doces, macios, de um perfume embriagador, de uma voz que murmurava palavras carregadas de desejo...

E seu corpo se aqueceu muito devagar a principio, mas de forma constante. Podia sentir calor e frio ao mesmo tempo, dor e prazer... Tentou mover-se, alcançar essa mulher adorável que ainda o chamava. Queria poder abrir os olhos e vê-la, mas não conseguia! Seu corpo todo se recusava a obedecer aos seus anseios. Estava ainda preso na intensidade obtusa daquele frio insuportável.

— Pode me ouvir, Sasuke? — A voz dela estava mais próxima e seu perfume chegava-lhe às narinas. Talvez fosse apenas uma ilusão, avaliou em sua semi consciência. Mas havia um novo toque em seu rosto, ainda mais suave. Com certeza, eram os lábios dela.

Havia histórias em sua mente, contadas fazia muito tempo, sobre princesas acordadas do sono da morte por beijos de amor. Sua mãe as contava quando ainda era pequeno e não tinha a responsabilidade da família sobre seus ombros. Ela lhe falava do poder do amor, que realizava qualquer milagre quando era usado de forma adequada.

Havia anos não se lembrava de tais histórias. Também havia anos não pensava em sua mãe de forma tão querida e íntima. Era estranho, mas agora conseguia rever o rosto dela com clareza, como não acontecia fazia bastante tempo! Um rosto muito parecido com o de sua irmã Hinata, mas não com aquela sombra de tristeza que havia na expressão dela até bem pouco tempo atrás.

Talvez também houvesse em seu próprio rosto alguma reminiscência do rosto de sua mãe. Esperava também ter herdado as boas qualidades dela. E era como se pudesse ouvir-lhe a voz suave com clareza: "Tenho que ir agora, meu menino querido...".

Sabia que ela não se referia à casa de praia, ou a Bath. As temporadas que sua mãe passara nesses dois lugares pouco tinham feito por sua saúde delicada. Não queria ouvi-la falar em despedidas. Queria apenas fingir, como quisera um dia, que ela iria melhorar daquela terrível depressão que ela carregava durante anos.

Sasuke nunca deixou de culpar seu pai pela morte dela. Lembrava-se como se tivesse sido ontem o dia em que seu pai chegara em casa com um pequeno embrulho nos braços, lembrava-se melhor ainda do choque no rosto de sua mãe ao descobrir que aquilo que ele carregava era um bebê... O fruto dos longos anos de traição de seu pai.

Sua mãe aceitou aquela pequena criaturinha de belos fios ruivos como sua filha, nunca passara pela cabeça dela abandonar aquele pequeno anjo, pois ela sabia que aquele bebê não tinha culpa alguma pelos erros de seu infiel marido. Duas semanas após a chegada de Emily sua mãe faleceu.

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"Fico tão feliz e tranquila por saber que você cuidará de suas irmãs por mim", dissera ela, à beira da morte. "Em especial nossa bebezinha... Não vai ser nada fácil para ela crescer sem mãe, a pobrezinha...”.

Sasuke sentira-se fortemente tentado a recusar tal pedido. Talvez, senão tivesse aceitado a responsabilidade de cuidar de Hinata e de Emily, sua mãe não fosse capaz de partir. Ou, pelo menos, poderia ter lutado mais para continuar com eles.

Quisera tanto perguntar-lhe por que ela estava colocando aquele fardo de criar as irmãs sobre suas costas, e não nas de seu pai. Muito embora a razão lhe fosse muito conhecida, como era também para ela. Mas ele sempre fora um menino consciente de seus deveres e não se recusara a atender ao pedido da mãe. Também não se entregara às lágrimas, apesar de elas poderem aliviar o medo e a dor que sempre estiveram em sua alma depois que ela se fora. E cuidara de suas irmãs fazendo delas moças que dariam orgulho à sua mãe. Tornara-as felizes.

Quando Hinata se casara com seu velho amigo Naruto Uzumaki, Sasuke sentira que metade do peso tinha sido tirado de seus ombros. E, se falhasse na tentativa de colocar Emily no bom caminho novamente, todos os seus esforços teriam sido em vão.

Por isso precisava agarrar-se a qualquer coisa que o trouxesse de volta à vida. Qualquer coisa! A próxima voz que ouviu foi de um homem. Alguém que sabia torturar, com certeza, pensou, pois a dor física que sentia agora era enorme.

— Nada quebrado, felizmente — ele dizia. — Também não está muito ferido, graças à água gelada.

— Pare com isso! — sentiu-se dizer, tentando escapar às mãos fortes que apertavam seus membros. Pelo menos, seu corpo parecia estar obedecendo a seus comandos outra vez. Talvez pudesse abrir os olhos...

Conseguiu! Esperava ver o local onde se lembrava de ter caído, ou então o interior da carruagem, mas a primeira imagem que seus olhos captaram foi a de uma vela muito próxima. Talvez ainda estivesse tendo ilusões, pensou, como as que tivera havia pouco, e nas quais ouvira a voz delicada de sua falecida mãe.

Devido ao tom brusco que ele usara, o médico riu levemente e apertou-o de novo entre as costelas, comentando:

— Pronto! Eu bem que imaginei que isso o traria de volta.

— Afaste essas mãos horrendas de mim! — Sasuke protestou ainda, tentando focalizar os olhos em quem falava. — Ou vou ser obrigado a arrancá-las de você!

— Parece que o seu temperamento está intacto — médico disse, rindo novamente.

Os olhos de Sasuke estavam um tanto confusos. Tentava concentrar-se para identificar quem estava ali sentado a seu lado, naquela cama estranha, e viu o senhor miúdo, de óculos grossos com lentes redondas pendurados sobre um nariz adunco. Um ser sobrenatural, com certeza, não humano, avaliou.

O médico abriu a mão diante dos olhos de Sasuke e indagou:

— Quantos dedos vê aqui?

— Cinco. Agora, quer me deixar em paz, sim?

— Bem, meu exame está quase completado, senhor, mas vou precisar de mais alguns minutos em sua companhia.

— Seja rápido, então — Sasuke murmurou aborrecido. — Não vai adiantar nada ficar me apertando. Se quiser ser útil, pegue uma bebida para mim. Estou com frio e quero me esquentar depressa.

Sasuke percebia que estava completamente seco e lembrava-se agora, com clareza, de ter mergulhado no rio gelado com o cavalo.

— Ah, quer uma bebida, então? — o médico comentou com certa ironia. E voltou-se para alguém que parecia esperar logo atrás dele, assentindo e dizendo: - Acho que não vai lhe fazer mal algum. Seus órgãos vitais me parecem estar muito bem.

— Oh, graças a Deus! — Era a voz de Sakura. Ela apareceu por trás do médico e sorriu para Sasuke, muito embora sua expressão fosse preocupada. — Que tipo bebida recomenda doutor? Vinho?

— Algo não muito forte, já que o nosso paciente acabou de recobrar a consciência. Acho que café seria ótimo.

— Vou mandar preparar um pouco. — Sakura afastou-se e Sasuke deixou de vê-la, impedido pelas cortinas pesadas da cama em que se encontrava.

Quando o médico estendeu as mãos para tocá-lo novamente, Sasuke afastou-se. Mas foi apenas seu pulso que o doutor quis examinar.

— Fique calmo agora, enquanto verifico sua pulsação — ele recomendou, retirando um relógio de dentro do bolso do colete. Depois de alguns segundos, soltou a mão de Sasuke e observou: — Como eu suspeitava. Já está bem mais forte. Recuperado.

Sakura voltou para junto do leito.

— Que maravilha! — murmurou.

— Ele tem boa saúde — disse o médico. — É forte, vai se recuperar ainda mais com facilidade. — E, voltando a encarar Sasuke, indagou: — Diga-me, Sr. Uchiha, qual é a última coisa de que se lembra antes de acordar aqui?

Sasuke abriu os lábios para responder, porém hesitou. Acabou por lembrar-se de um sujeito que conhecera e que ficara desacordado por muito tempo depois de um golpe na cabeça. Ao despertar, ele não se recordava de muitas coisas e assim permaneceu por vários dias. E os médicos tinham recomendado à família e aos amigos do tal sujeito para que não comentassem sobre o que houvera e nem tentassem ajudá-lo a se lembrar.

Sasuke imaginava o que aconteceria se dissesse não se lembrar do que acontecera nos últimos dias. Sakura parecia-lhe tão ansiosa agora... Talvez estivesse disposta a fingir que não terminara seu romance, pelo menos durante algum tempo.

No entanto, se fingisse não se lembrar disso, teria de fingir não se lembrar da fuga de Emily e Oliver também, e isso daria bastante tempo ao casal para chegar a Gretna e voltar. Além do mais, como Sasuke poderia pensar em enganar Sakura?

— Lembro-me de ter sido lançado dentro do rio — declarou. — Depois disso, nada mais, até acordar neste quarto.

Sakura aproximou-se mais, afastando o médico. Tomou a mão de Sasuke e murmurou:

— A outra carruagem que você estava perseguindo... Conseguiu ver quem se encontrava lá dentro? Eram Oliver e Emily?

Sasuke negou com a cabeça e acrescentou:

— Era uma senhora idosa. Imagino que eu deva tê-la assustado ao perseguir a sua carruagem daquela forma.

Sakura pareceu desapontada, o que fez Sasuke lembrar-se, mais uma vez, de que precisava, custasse o que custasse encontrar sua irmã e salvá-la de si mesma. Se não o fizesse, estaria traindo a confiança que sua mãe depositara nele. Tentou sentar-se, mas todo o seu corpo protestou com dores.

— Estamos em Gloucester? — perguntou, fazendo uma careta de sofrimento. — Preciso encontrar Emily!

De repente, tudo começou a girar ao seu redor, deixando-o nauseado. Deixou-se cair sobre a cama e ouviu a explicação do médico:

— Já que perguntou, estamos apenas nas vizinhanças de Gloucester.

Sakura acariciou os cabelos de Sasuke e acrescentou com voz suave:

— Pedi ao Sr. Hixon que parasse na primeira hospedaria que encontrasse. Este local não estava muito distante. Felizmente, é uma hospedaria muito boa.

— Tenho certeza que sim. — Sasuke preparava-se para uma nova tentativa de se sentar. — Mas eu não nosso ficar aqui enquanto minha irmã está fugindo para ainda mais longe.

Sakura olhou-o significativamente, mostrando-lhe que, quanto menos falasse sobre o caso na frente de estranhos, tanto melhor.

— O que pretende fazer? Mal consegue sentar-se na cama... Como acha que poderá cavalgar?!

— O que... O que aconteceu com o cavalo de Shikamaru?

— Bem, ele... Ficou todo molhado, mas pode ter certeza de que está muito melhor do que você.

— É, mas eu poderia estar ainda muito pior se ele não tivesse desvia da ponte a tempo.

Antes que Sakura pudesse responder, batidas na porta chamaram a atenção de todos. Sakura levantou-se para ir atender e Sasuke olhou para o médico, imaginando se ele viria apalpá-lo outra vez. Estava preparado para defender-se caso isso acontecesse. Sua expressão devia ser bastante clara, pois o doutor afastou-se e foi arrumar seus apetrechos em sua maleta. Satisfeito, Sasuke cerrou os olhos, pensando no problema que precisava resolver. Com certeza, Emily e Oliver iriam passar a noite em Gloucester, naquela hospedaria que o dono da King's Arms mencionara. Tinha de levantar-se e ir atrás dela quanto antes!

Tentou sentar-se outra vez, bem devagar, mas os músculos de seu abdômen protestaram em espasmos doloridos. Conseguiu manter a cabeça firme, sem tonturas, e, depois de alguns instantes, a porta se fechou e Sakura voltou para seu lado. Ela trazia uma bandeja com sanduíches e duas canecas fumegantes. O cheiro forte e agradável de café inundava o quarto.

— Sasuke, pelo amor de Deus, deite-se! — ela pediu apressando-se em colocar a bandeja sobre a mesinha de cabeceira. — Precisa descansar e se recuperar!

— Só depois de recuperar minha irmã! — ele teimou preparando-se para colocar as pernas para fora da cama. — Ela deve passar esta noite em Gloucester e, quanto antes eu a encontrar, melhor!

— Olhe, podemos falar a respeito depois, quando você já tiver se alimentado, está bem? — Sakura tentou contemporizar. — Se Emily vai ficar aqui esta noite, então você vai ter muito tempo para ir atrás dela, concorda?

Sasuke não conseguia explicar nem a si mesmo essa sua nova e mais forte compulsão de seguir atrás da irmã. Então, como podia fazer com que Sakura também compreendesse? Estava prestes a erguer as cobertas e sair da cama, quando se deu conta de que estava nu. Nesse meio-tempo, Sakura abria sua bolsa e se preparava para pagar os honorários do médico.

— Não se preocupe em me acompanhar, senhora. Cuide do Sr.Uchiha — disse o doutor, afastando-se até a porta. — E não hesite em me chamar, mesmo que seja no meio da noite, caso as condições dele piorem.

— Obrigada, doutor. O senhor foi de grande ajuda.

Ela pegou uma das xícaras, na intenção de oferecê-la a Sasuke, que preferia manter sua opinião sobre o médico para si mesmo. Tomou um gole do café, esperando que este o reanimasse mais depressa. Ouviu o médico dizer-lhe ainda, antes de fechar a porta:

— Vai se recuperar ainda mais depressa se conceder ou dois dias de descanso ao seu corpo, Sr. Uchiha. Sugiro que descanse bastante e deixe que sua adorável esposa cuide bem do senhor.

Esposa? Sasuke quase se engasgou com o café.

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