O Acordo Perfeito

Ensaio Geral


O treino estava sendo exaustivo e ser o centro das atenções era algo novo para mim, Matt fazia questão de se exibir e me usava para isso, me dando selinhos a cada vez que fazia algum ponto, me deixando vermelha como um tomate. Ele amava fazer aquele tipo de coisa.

Depois que a simulação acabou, nós treinaríamos movimento por movimento, e eu, como nunca fui boa em esportes, continuei lesada, parada no meio da quadra.

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Estava óbvio que não levava jeito para a coisa e estava óbvio que seria zuada pelo capitão do time, que também era o meu namorado de mentirinha e ainda inimigo, mil e uma utilidades!

E não demorou para que as zoações começassem, já que no meu primeiro saque consegui jogar a bola para fora da quadra, atraindo olhares curiosos.

— Amor, você precisa de umas aulinhas particulares! — Matt exclamou e novamente todos olharam para mim, suspirei e mantive os olhos na bola.

Matt estava fazendo o que ele sabia fazer de melhor, não, não estou falando de jogar vôlei e sim de me humilhar em praça, ou melhor, quadra pública.

Será que ele não sabia que não eram todos que nasciam com o dom para os esportes? Meu dom era atuar e não arremessar bolas por cima de uma rede e torcer para que alguém caia com seu impacto.

— Menos. — sussurrei para ele enquanto posicionava a bola.

Eu precisava dar um saque perfeito para não precisar repetir o movimento três vezes seguidas, e isso pareceu difícil na hora, então olhei e chamei por Matt que agora conversava com Angela.

Já que ele era o profissional ali e era o meu "namorado" por um mês, por que não aproveitar?

Logo que viu que estava acenando, ele veio até mim com um sorriso no rosto, eu odiava precisar dele, mas era melhor do que repetir o mesmo movimento inúmeras vezes.

— Diga meu amor. — ele falou e eu revirei os olhos, por que tanta melação? Ele queria mesmo me humilhar.

— Pode me ajudar a executar um saque com perfeição? — perguntei educada e ele sorriu, em seguida se aproximou de mim.

Ele parecia estar realizando um sonho, porque o sorriso não saiu de seu rosto em nenhum instante e eu acabei por me contagiar pela sua súbita alegria.

Matt estava atrás de mim, ele mexeu nas minhas pernas, deixando a direita à frente da esquerda, em seguida esticou o meu braço, eu senti dor, mas me conti.

— O segredo é: Se o saque for por baixo você não deve conduzir a bola em sua mão e sim soltá-la antes de bater, assim. — ele falou executando o movimento com perfeição.

A bola bateu na cabeça de Mike, eu não quis, mas achei graça, foi engraçado ver meu príncipe encantado irritado. Ele mostrou o dedo do meio para Matt e se virou, voltando a falar com Wallace.

— Parece que atingi seu oxigenado. — ele observou sorrindo de lado.

— Não o chame assim, ele é perfeito. — disse observando o loiro sacar várias bolas por cima.

— Nunca o viu arrotando... — Matt debochou e eu abaixei a cabeça.

Mike parecia lindo em todos os momentos, até o jeito que ele respirava parecia fofo, seus olhos verde-oliva brilhavam e assim que me viu piscou um olho, eu virei no mesmo instante, que amigo fura-olho esse. É Mike tem um defeito, é traidor, mas um traidor muito gato para o meu gosto e o gosto de todas as meninas.
Matt pareceu irritado com algo que eu não entendi, ele jogou a bola com tanta força, que esta bateu na parede e voltou para o outro lado da quadra, sua força era no mínimo medonha.

— O que foi? — perguntei e ele não respondeu, mas seus lábios estavam pressionados.

— Nada, venha cá. — ele disse me puxando pelo braço. — Tente.

Matt havia se afastado, ele estava longe o suficiente para me dar o espaço que eu precisava para fazer o movimento, mas perto o suficiente para ver de perto.

Afastei as minhas pernas como ele aconselhou, em seguida posicionei a bola, Wallace me olhava, então estava nervosa.

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Soltei a bola no ar e logo a soquei da forma mais agressiva que consegui, mas ainda sim com alguma mira, ela voou até o outro lado da quadra e eu consegui fazer um saque perfeito, pulei de alegria.

Matt se aproximou e eu pulei em cima dele, entrelacei minhas pernas em seus quadris e ele pareceu feliz com meu ato, visto que me abraçou.

Seus dedos estavam nos meus cabelos, ele estava os bagunçando, não entendi se foi a felicidade ou vontade mesmo, mas quis beijá-lo naquele momento.

Aproximei meus lábios dos seus como se estivesse em câmera lenta, seus olhos azuis estavam em minha boca e o meu desejo parecia insasiável, eu precisava beijá-lo naquele momento e eu não ligava que cerca de quarenta pessoas estavam olhando, para quem já perdeu a virgindade com seu inimigo, mais um beijinho não faria diferença.

As mãos de Matt estavam em meus quadris, me pressionando ainda mais contra seu corpo, parecia o cenário perfeito para um daqueles beijos de tirar o fôlego, parecia, mas acabou não sendo já que Angela me cutucou e eu saí daquele abraço nas alturas que pareceu durar horas.

Angela naquele momento pareceu uma daquelas pessoas que corta sua graça sabe? A baixinha estava de braços cruzados, parecia ter algo para dizer, por isso comecei a deslizar para baixo.

Antes de terminar de deslizar para baixo, eu lancei um olhar para Matt e sorri de lado, ele fez o mesmo, eu sabia que aquele jogo era perigoso, mas estava disposta a me arriscar.

— Você sabe que temos ensaio para peça hoje, não sabe? — Angela perguntou e eu senti raiva dela por ter impedido meu beijo com Matt, será que não estava óbvio que iríamos nos beijar?

— Na verdade havia me esquecido, eu nem trouxe roupa! — respondi totalmente desanimada, eu amava atuar, mas não estava em boas condições.

— Encontrei com a Lucy mais cedo e ela parecia desanimada. — ela disse fitando o chão e foi a deixa para que eu saísse de lá.

Disfarçadamente fui saindo da quadra, ninguém percebeu, apenas Mike que me lançou um olhar que não retribui. Eu estava começando a pensar que ele não era uma pessoa confiável.

Já no corredor, corri até o banheiro que estava vazio, me tranquei em uma daquelas portas minúsculas e logo me despi, precisava trocar de roupa. Aquela roupa tinha cheiro de Matt e ele era o meu inimigo, um inimigo muito atraente, mas meu inimigo.

Deslizei a minha roupa para o meu corpo e saí ajeitando o cabelo, para o meu azar total cruzei com Katherine. Eu já esperava alguma piadinha de mau gosto ou até um tapa ou algo assim, mas a única coisa que recebi foi um sorriso, um sorriso de vitória que me causou arrepios até na espinha.

Ela estava estranha demais, eu já tinha medo de Katherine normalmente, depois de espancá-la em uma festa e fazê-la ser humilhada em público, as coisas pareceram piorar.

— What doesn't kill you, make you stronger... — a loira cantarolou e eu revirei os olhos.

Ela estava claramente abusando da minha cara, mas eu não disse uma palavra em resposta, apenas saí do banheiro batendo a porta com força e seguindo de volta para o corredor.

O corredor agora parecia mais movimentado, professores com suas pastas cheias de folhas andavam de um lado para o outro e alunos que tinham aulas comuns também.

As pessoas saíam da quadra devagar, o treino finalmente havia acabado e eu não estava lá no apito final, provavelmente levaria uma ocorrência por matar metade da aula, nada que meus pais não estejam acostumados.

Entrei na sala improvisida de teatro, não havia ninguém ali ainda, exceto eu.

A sala hoje não estava arrumada como de costume, as cadeiras não estavam afastadas, ela estava parecendo uma sala qualquer.

Cerca de cinco minutos depois, Vanessa entrou e quando me viu revirou os olhos, ela se sentou em uma cadeira e começou a folhear uma revista qualquer, estava claro que fazia isso apenas para não ter que conversar comigo.

Porém eu não deixaria a minha amiga me deixar dessa forma, ainda mais sem motivo aparente, por isso resolvi falar com ela.

— Vanessa? Podemos conversar? — perguntei e ela suspirou e jogou a revista com força na mesa.

Seus olhos castanhos pareciam distantes, ela parecia magoada e eu me sentia mal por ser o motivo de sua mágoa, logo Vanessa que sempre me fez rir.

Aproveitando que ela havia baixado a guarda por alguns segundos, me aproximei e sentei-me ao seu lado.

— Explique o que aconteceu para você estar agindo desse jeito. — pedi e ela novamente revirou os olhos castanhos, pareceu irritada com a minha pergunta.

— Não se faça de sonsa, te conheço faz tempo e conheço seu jeitinho de sonsa também! — ela afirmou ainda irritada e dessa vez, eu suspirei.

Tudo bem ela estar irritada, mas eu não sabia o motivo e ignorância não iria ajudar, acabei me irritando também.

— Não ache que pode falar o que quiser comigo! — respondi no mesmo tom e ela sorriu, seu clássico sorriso debochado.

— Olha só. — ela falou. — Não vou ficar escutando desaforos de uma falsa que nem você! O problema todo é que eu acreditava que éramos amigas e que você era melhor do que aqueles populares, eu sinto saudade da Mel que dizia que não iria se juntar a eles, bad blood para nós duas Melanie. — ela concluiu e eu suspirei.

Fala sério ela citou a música da Taylor Swift! Em que mundo estamos? Parece que a expressão fundo do poço está resumindo a minha vida agora.

Levantei e me sentei na cadeira mais longe o possível de Vanessa, eu ainda não entendia o motivo daquela revolta e depois daquelas palavras, não sentia a mínima vontade de saber também.

Lucy adentrou a sala, ela tinha mesmo uma expressão triste. Em seguida entraram: Katherine e Molly que sorriam sem parar e Matt e Mike que conversavam animados sobre algum assunto que não saberia dizer qual era.

— Tenho uma notícia para dar para vocês! — Lucy anunciou com a voz alta, ela parecia realmente decepcionada com algo.

Todos olharam uns para os outros, Matt agora estava ao meu lado e Mike também, um de cada lado, eu me sentia bem estranha naquela posição.

Katherine e Molly continuavam cochichando, Sidney chegou para completar a turminha de fofocas e logo os cochichos ficaram mais altos.

Vanessa estava sozinha, ela parecia achar que ninguém ali era bom o suficiente para estar próximo dela, o que eu acho engraçado já que há menos de uma semana ela daria tudo para se juntar aos populares. É as pessoas mudam.

— Diga Lucy, estou curiosa! — Angela exclamou e Lucy finalmente pareceu sair do transe em que se encontrava.

— A peça foi cancelada. — ela falou em alto e bom tom e um estado de choque tomou a sala, exceto Katherine, Molly e Sidney que não pareciam surpresas.

Estava mais que óbvio que Katherine havia armado a coisa toda, de alguma forma ela havia feito a peça ser cancelada e esse era o motivo de seu sorriso.

O começo de meu sonho parecia evaporar, como eu iria ser atriz se eu não atuava? Não seria possível.

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Eu respirei fundo e tomei coragem para perguntar o que ninguém havia perguntado.

— Por que? — perguntei completamente decepcionada e Lucy pareceu estar como eu.

— Denunciaram a nossa peça, alguém muito importante disse que nossa peça continha cenas inadequadas e não poderemos fazer mais. — Lucy respondeu e eu senti a raiva subir em mim.

Eu sabia exatamente quem tinha um pai com poderes assim, a filha do prefeito obviamente, Katherine. Ela havia conseguido estragar o meu dia e sem tocar em um fio de meu cabelo.

— Parabéns Katherine. — exclamei batendo palmas e saindo da sala.