Não Chore Esta Noite

Um armário, um sofá e muito álcool.


Ju soube através de Lorenzo que Raquel havia partido novamente. Lia não conseguia juntar forças para tocar no assunto e Juliana consentiu em não comentar. Consolou a amiga silenciosamente, à base de muito brigadeiro de panela. Entre uma tarde e outra na casa da BFF, resolveu focar apenas no evento de seu aniversário. Conversava sem parar com a amiga sobre o sucesso da festa no clube, os babados da noite, os melhores doces e salgados, o bolo, os vestidos, o pequeno show de Fatinha na pista... Lia não queria assumir de jeito nenhum o que havia acontecido que a deixara tão mais viva na festa e culpou as doses de álcool. Juliana acreditou, decepcionada, mas feliz por ter feito a amiga gastar mais energia tentando se explicar do que chorando pela mãe. Missão cumprida.

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Os dias se passaram sem que Lia e Dinho se falassem. O garoto tentava falar com ela, que o ignorava. A roqueira conhecia Dinho o suficiente para não lhe dar abertura. Convenceu-se de que apenas deixara o garoto beijá-la por estar sensível, que não iria se repetir. Dinho era metido a pegador, arrogante, exibido e provavelmente já estaria se gabando por ter ficado com a marrentinha, como ele a chamava. Pelo menos mantendo o perfil baixo, ela sofreria menos. Um dos lemas do garoto era “figurinha repetida não completa álbum”. Que ele insistisse tanto nela a instigava, mas Lia sabia que Dinho gostava do que não tinha e talvez o gelo posterior à festa fosse o suficiente para aumentar o interesse do pegador. Não era aquela a intenção da roqueira, mas tampouco conhecia uma maneira diferente de esquecê-lo. Aquela noite, por mais que não admitisse nem para si, foi especial para Lia. Sentiu algo que jamais havia sentido antes e Dinho realmente mexeu com a garota. Lia se odiava por tal fraqueza, por se apegar tanto à lembrança de uma noite que para ele provavelmente não significou nada. Não contou nem para sua confidente de todas as horas, a melhor amiga, o que havia acontecido aquele dia.

Dinho precisava falar com Lia. Não queria contar para Orelha para que seu melhor amigo não estragasse tudo, então adotou Fera como seu confidente. O garoto não era muito inteligente e provavelmente esqueceria em seguida, o que manteria seu segredo longe do alcance de Orelha. O aventureiro sentia que aquela noite havia sido especial, tanto para ele quanto para Lia. Horas e mais horas passava falando da garota, de como precisava dela, do quão diferente e importante era a sua marrentinha. Fera não agüentava mais. Aquela noite haveria mais uma social e o amigo de Dinho resolveu entrar em ação: ajudaria o pegador a ficar com a roqueira e estaria livre dos discursos apaixonados de Adriano.

A social era na casa de Maná e todos estavam lá, incluindo Fatinha e seus companheiros penetras, dessa vez todos convidados. Várias garotas chegaram no pegador do Quadrante, mas, para surpresa de todos, ele negou uma por uma. Estava de olho na mesma loira de mechas desde o início da festa. Após alguns copos de bebidas alcoólicas variadas, quando notou que poucos prestavam atenção(sabia até demais que Dinho não queria que Orelha soubesse), Fera estava pronto para agir. Mal esperava ele que sequer fosse preciso: não encontrava nenhum dos dois em lugar algum. Procurou-os cômodo por cômodo, até encontrar os dois juntos. Sim, juntos. Fera encontrou Lia e Dinho ficando em um quarto escuro, escondidos pela larga lateral de um armário, ambos visivelmente bêbados e envolvidos pelo momento. Tão envolvidos que sequer escutaram quando Fera, surpreso, tropeçou no pé da cama e discretamente urrou de dor.

Lia havia jurado que não se deixaria levar pelos olhos castanho-esverdeados de Adriano. Culpa do álcool. Quando todos já estavam bêbados, Dinho tomou coragem e chegou em Lia mais uma vez. Também entorpecida, a garota mal conseguiu negar. Assim que sentiu a respiração do aventureiro tão próxima e seus braços envolvendo sua cintura, implorando por uma chance, já o beijava como se não houvesse tempo ou espaço. Sem que percebessem, já estavam a caminho de um quarto. Estava tudo escuro no aposento... principalmente por eles estarem de olhos fechados. Pensavam estar se movendo em direção à cama, mas bateram em algo duro ao invés de um colchão. Ali ficaram, Dinho contra Lia, contra o armário e a parede. Ninguém para interromper, ninguém para distorcer as intenções do garoto no dia seguinte. Sem resistências, sem implicâncias, apenas dois adolescentes fortemente atraídos um pelo outro, com os hormônios à flor da pele e o álcool nublando suas consciências.

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Ao final da social, Dinho e Lia se encontravam deitados no sofá(como chegaram lá, nem eles sabiam), envolvidos em beijos ardentes. Orelha já havia voltado para casa a pedido dos pais e poucos restavam ligeiramente sóbrios no apartamento de Maná. Sorte do casal, azar do nerd, que teria amado filmar Dinho devorando o pescoço de Lia, que gemia enquanto agarrava os cachos do ficante. A movimentação no móvel da sala era tal que, tivesse a noite durado mais, a virgindade da roqueira teria durado menos. No entanto, um pequeno incidente salvou o hímen da garota: por volta das cinco horas da manhã, os pais de Maná chegaram de viagem e os adolescentes que ainda estavam no local, incluindo a dupla, foram expulsos a gritos. Um pequeno erro de cálculo da morena. Ju havia dormido em um canto quando Lia e Dinho ainda estavam no quarto. Procurava pela amiga para ir embora, tonta e cansada. Não a encontrando, sentou-se em um canto da cozinha e caiu no sono. Fera carregou a it-girl no colo até o táxi que seria dividido entre ela, Lia e Dinho, os três vizinhos. Ju não acordou em momento algum, mas o casal tampouco estava devidamente acordado. Lia descansava sua cabeça no ombro de Dinho, que encostava a sua no vidro da janela. Ambos estavam grudados e de mãos dadas, involuntariamente. Ao chegarem, Severino ajudou uma Lia sonolenta a levar a melhor amiga ao terceiro andar. Deitaram a garota na sala e Lia foi direcionada pelo porteiro até seu apartamento, que não encontrava.