Nunca Sonhei

Nada melhor do que curtir uma fossa com as amigas.


Okay, então tudo estava pronto. Já havíamos escolhido as fantasias e Dorcas e Remus iriam usá-las, a decoração da festa estava pronta, minhas detenções tinham acabado, Sirius e James tinham voltado a ser amigos inseparáveis.

Tudo na mais perfeita ordem.

Talvez até muito melhor do que era antes de tudo isso acontecer, porque agora Sirius era meu melhor amigo, Lene e eu andávamos mais juntas do que nunca e Dorcas estava prestes a – finalmente – ficar com seu amor.

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Eu deveria estar feliz. Lucia não me enchia mais, eu tinha total liberdade de andar pelos corredores da escola sem me preocupar se alguém iria botar o pé para eu cair, ou ter de aturar alguma brincadeirinha besta. As pessoas pareciam pensar que eu era a mais nova ‘popular’ da escola. Estranhos que eu nunca havia visto me cumprimentavam quando eu caminhava pela escola, como se eu fosse amiga deles há tempos.

Petúnia tinha se mudado de casa para ir morar com Válter então eu não precisava mais ter de aturá-la. Eu e minha mãe nos dávamos muito bem e eu finalmente tinha a paz que sempre havia rezado por todos esses anos.

Hogsmead não parecia mais meu inferno pessoal. Ou não deveria parecer, mas o fato é que, eu não estava bem, meus sentimentos não estavam bem.

Eu continuava assistindo filmes horripilantes, mas não tinha mais Petúnia para descontar minha frustração então as coisas estavam indo de mal a pior com meus sonhos. Eu não conseguia fechar os olhos sem que meus pensamentos viajassem para James. James, James e James. James de todas as formas que se é possível imaginar, sorrindo, conversando, sem camisa, com camisa, cantando, dançando... enfim, eu sonhava com James de tudo o quanto era jeito.

Até mesmo minha mãe parecia notar que tinha algo errado.

Eu arranquei as estrelas que estavam coladas em minha parede, uma por uma apenas para me distrair. Escutava rock pesado no volume máximo em meus fones até que eu soubesse as letras de cor e salteado.

Eu não sabia ao certo se era impressão minha, mas parecia que James estava tentando reaproximar-se. E eu não queria que ele se aproximasse.

Eu estava irritada, ferida, magoada e completamente estressada com tudo que ele havia feito. Tudo bem que parecesse infantilidade minha, mas eu estava de saco cheio de James invadir minha mente e confundir tudo dentro de mim. Até meu estômago não correspondia mais aos comandos de meu cérebro e eu ficava comendo muito.

Os dias para a festa à fantasia se aproximavam e todos pareciam muito aflitos sobre o que iriam usar.

– Lily? LILY! OI, TERRA CHAMANDO! – a voz de Lene interrompeu meu fluxo de pensamentos e eu a encarei, piscando para clarear minha visão.

– Huh? – resmunguei enquanto saiamos dos terrenos da escola e nos direcionávamos para o carro dela.

– Estou te dizendo que já escolhi minha fantasia, mas você não parece se importar – ela reclamou.

– O que é que você tem Lily? – Dorcas perguntou, fazendo-me parar de andar e me encarando.

Respirei fundo e desviei os olhos.

– Nada – disse.

Eu percebi as duas trocarem olhares antes de Lene falar:

– Ótimo, noite de garotas, hoje – ela me encarou sem me deixar nenhuma alternativa a não ser assentir. – Vou ligar para minha mãe e avisá-la que estamos indo para a sua casa.

– Okay – suspirei e entrei no carro.

Eu sabia que não poderia mais fugir das minhas amigas, afinal elas sempre estiveram do meu lado. Não podia simplesmente esconder algo importante assim delas.

O problema era que eu não sabia se continuaria inteira se falasse. Ou se eu conseguiria sequer falar alguma coisa sem cair no choro.

O que estava acontecendo comigo? Há apenas algumas semanas atrás eu estava conformada com a vida que tinha, sem nenhum problema sentimental ou qualquer coisa do tipo. Eu não era mais a mesma, algo havia mudado.

Sempre fui invisível, as minhas únicas amigas sempre foram Dorcas e Lene e sempre gostei disso. O problema era que eu também havia gostado de fazer parte dos tais ‘Marotos’, eu também havia gostado de ser amiga de garotos, eu me divertia com Sirius, eu aprendia coisas novas com Remus e... Bem, eu conversava muito com James.

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E eu sentia falta disso, sentia como se algum pedaço meu tivesse sido arrancado quando James me ignorou por aqueles dias.

Sem falar que eu não fazia idéia do que estava acontecendo entre ele e Lucia.

A garota parecia ter se conformado com o fato de não estar mais com ele, e eu sabia, tinha certeza absoluta de que ela não se conformaria em perder. Principalmente se eu estivesse no meio de tudo isso.

Nós chegamos em casa, minha mãe sorrindo ao ver as garotas. Ela já estava acostumada com nossas ‘reuniões’.

– Vou fazer cupcakes – minha mãe disse e sumiu pela cozinha.

Nós subimos até meu quarto e eu ouvi as exclamações de surpresa das duas quando viram minha parede vazia.

– Cadê as estrelas? – Dorcas perguntou, encarando-me estranhamente, como se estivesse realmente preocupada com meu estado mental.

– E o que é isso? – Lene disse, puxando do lado da TV vários DVDs. – O Chamado, O Retorno dos Mortos, Morte Sangrenta, The Killer, A Alma das Trevas... – ela me encarou com uma sobrancelha erguida. – Pensei que você odiasse filmes de terror.

– Está certa – falei monotonamente. – Eu odiava, no passado, agora eu estou viciada neles.

– Percebo – Lene olhou mais uma vez para os DVDs e depois encarou a parede azul vazia. – O que está acontecendo Lily? Porque você está agindo assim, toda estranha?

Encarei-a por algum tempo, depois olhei para Dorcas que continuava com sua expressão estranha me encarando.

– Argh! Okaaaaay, vocês venceram! Eu estou mal okay? Eu estou chateada, magoada, estressada ao extremo por causa daquele imbecil do...

– James – as duas disseram ao mesmo tempo.

– Yeah, eu não agüento mais! Eu fico, todas as noites, olhando esses DVDs ridículos para tentar ter pesadelos, mas eu tenho? NÃO! Ao invés disso eu fico sonhando com aquele estúpido sem camisa!

– Huh, com certeza, eu entendo porque você sonha com isso – Lene comentou enquanto Dorcas sentava na beira de minha cama.

– Prossiga, adoro desabafos – Dorcas disse e eu revirei os olhos, mas continuei. Era bom, parecia tirar um peso de minhas costas.

– Eu não consigo entender o que ele quer! Sabe, não era para isso estar acontecendo! Eu era amiga dele, e ele era meu amigo. Nós conversávamos normalmente até que PUFF, ele caiu em cima de mim e eu olhei nos olhos dele! Droga! Sabem o que eu vi lá? Sabem o que eu senti? - as duas acenaram negativamente com a cabeça. – Eu me apaixonei por ele! E tudo por culpa de um tombo idiota! Tem noção de quão estúpido isso é? Eu me sinto um lixo! E agora ele ficava me ignorando, e depois ele brigou com Sirius e ai os dois voltaram a ser amigos e ele parece querer se aproximar, mas eu não quero! NÃO QUERO! Ele já me confundiu o bastante, obrigado – respirei fundo, atirando-me em cima da cama logo em seguida.

– Huh, isso foi... – Dorcas começou.

– Digno de cena de filme – Lene completou.

Batidas na porta indicavam que os cupcakes de minha mãe estavam prontos.

Então nós ficamos lá, comemos todos os bolinhos e as duas me ajudaram a xingar bastante os garotos, o que de certa forma era muito bom. Trocamos nossas roupas por pijamas, e continuamos nossa interminável discussão sobre como garotos eram idiotas e no fim da noite, eu estava bem.

Era bom poder conversar com alguém sobre meus problemas. E eu agradecia muito por ter amigas como aquelas.

Foi só quando estávamos quase indo deitar que eu ouvi batidas estranhas em minha janela.

Dorcas havia ido levar o prato com os restos de bolinhos e Lene estava no banheiro se lavando para deitar.

TOC, TOC, TOC.

Eu sabia muito bem que som era aquele.

Muito lentamente eu fui até a janela para ver quem era aquela hora da noite.

E eu vi.

Era James e ele sorriu quando me viu pela janela.