Nunca Sonhei

"Fall" in love.


Eu poderia dizer que o plano CCD estava adiado por tempo indefinido, ao ver a expressão no rosto da professora McGonagall. A irritação dela era quase palpável. Praticamente dava para ver o vapor saindo de suas narinas.

E eu que pensei que ela jamais fosse me olhar assim.

Os olhos da professora passearam por cada aluna naquela sala, desde Lene que estava com os cabelos sendo puxados por Narcisa, por Belatriz que estava caída em baixo do quadro de avisos, por Lúcia que estava no chão e finalmente por Dorcas e por mim. E quando os olhos da professora pararam em mim, eu percebi que estava ferrada.

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– Até você, Srtª. Evans? – ela perguntou com seus olhos num misto de irritação e incredulidade.

– Eu... – mas o que eu poderia dizer? Que nós estávamos ensaiando um número de dança que se chamava ‘estraçalhe sua inimiga na sala de aula’? Eu não acho que iria funcionar. Eu estava TÃO perdida. Dei de ombros indicando minha culpa.

– Professora, eu posso explicar – Lúcia levantou do chão e fez uma cara inocente. – Eu, Belatriz e Narcisa estávamos apenas saindo da sala quando a Evans e suas comparsas começaram a nos bater – ela disse.

– SUA VADIA MENTIROSA! – eu gritei, esquecendo-me do fato de estar com a professora mais rígida, sem falar que era a diretora da minha casa, na mesma sala. – SUA VACA! TENTANDO LIVRAR A CARA QUANDO FOI VOCÊ QUEM COMEÇOU? – Lúcia parecia ter esquecido que a professora estava na sala também, porque ela veio para cima de mim.

– PÁREM AGORA COM ISSO! – Professora McGonagall gritou e nós duas paralisamos no lugar.

– O que está acontecendo... Oh! – James, Sirius e Remus entraram na sala, provavelmente atraídos pelo barulho.

– Jamie – Lúcia disse e se atirou nos braços dele. – Aquela aberração me atacou – ela disse apontando para mim.

James me encarou com um misto de diversão e incredulidade no rosto. Eu apenas revirei os olhos. Sirius riu.

– Caramba, que estrago – ele disse enquanto olhava para a sala.

– Saiam já daqui, você os três – a professora falou indignada por ter sido interrompida bem na hora de sua bronca. – Andem.

James e os outros dois apenas a encararam confusos.

– Saiam! – ela disse novamente.

– Mas profes...

– DETENÇÃO PARA TODOS, INCLUINDO VOCÊS TRÊS! POR UM MÊS! QUERO VOCÊS NA ESCOLA ÀS DUAS HORAS! – McGonagall disse e me olhou novamente. – Até você... – e saiu da sala.

Um silêncio mortal caiu na sala.

James afastou Lúcia de perto de si e ela o encarou sem chão. Logo em seguida ela virou em minha direção com seus olhos faiscando.

– Espero que tenha entendido o recado, Evans – ela disse e saiu, sendo acompanhada por Narcisa que carregava Belatriz pelos braços.

– Vadias – Lene disse e todos olharam para ela. – Isso me lembra na terceira série, quando a gente foi te defender – ela olhou para mim, com um sorriso no rosto.

– Huh, mas eu acho que agora a gente causou bem mais estragos do que na terceira série – Dorcas disse ajeitando o uniforme que estava amassado. – Eu ainda sinto dores na minha b... – Mas ela parou de falar, ficando vermelha feito um tomate ao perceber que não éramos as únicas na sala.

Eu e Lene caímos na gargalhada.

– Vocês sabem que isso é completamente estúpido, né? – eu perguntei depois de me recuperar. Os três marotos nos encaravam risonhos.

Lene e Dorcas me encararam confusas.

– O que é estúpido?

– A gente, rindo aqui, mesmo com a perspectiva de passar um mês em detenção – eu disse e logo todas nós estávamos rindo novamente.

– Uau, isso foi realmente uma coisa que não se vê todos os dias – disse Sirius com os olhos na gente. – As três garotas mais ‘certinhas’ da escola quebrando a cara da Barbie e suas amigas – Sirius olhou para mim. – Você está me saindo mais violenta do que o imaginado – ele disse. – Duas brigas em um só dia? – Um sorriso divertido estava brincando em sua boca.

– Duas brigas? – Dorcas perguntou com a testa franzida. – Mas você só brigou agora e...

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– Eu dei um soco no Snape – eu falei, sentindo um gosto amargo na boca ao lembrar-me do ocorrido mais cedo.

– Você deu... Ah meu Deus Lily! Isso é... – Dorcas começou.

– Incrível! – Lene e Sirius falaram ao mesmo tempo. Ambos se encararam desconfiados.

– Bom, é – eu disse enquanto tentava dar um jeito no meu uniforme que estava rasgado na frente. – Mas eu acho que é melhor a gente ir embora de uma vez antes que o Filch feche os portões – eu disse pegando minhas coisas do chão.

As outras duas também pegaram seus materiais. Lene encarava um estojo desconfiada.

– Que foi Lene? – perguntei.

– Esse estojo não é meu – ela falou enquanto olhava o estojo por fora. – Narcisa – ela leu embaixo. – Hum – Lene abriu o estojo e olhou o conteúdo. – Mas agora vai ser – ela disse enquanto tirava um marca-texto neon – Você sabe quanto custa isso aqui? – ela perguntou.

– Não faço a mínima idéia – eu disse enquanto dava de ombros. – Não é como se fosse mudar a minha vida por saber o preço de um marca texto – eu disse e os três garotos riram.

20 Libras – Lene disse dando ênfase nas palavras. – Eu posso comprar um sapato novo com esse dinheiro – ela disse enquanto guardava o marca texto no estojo e o botava na bolsa. Ergueu os olhos para os três que ainda estavam na sala. – Vocês precisam de alguma coisa? – perguntou.

Sirius, Remus e James apenas deram de ombros.

– Então o que ainda estão fazendo aqui? – ela perguntou e eu tive que me segurar para não rir. O que foi em vão, porque ao ver as caras de espanto dos três eu caí na gargalhada.

Mas eu parei logo em seguida.

– Outch – eu reclamei, pondo a mão nas minhas costelas. Todos me encararam preocupados.

– O que foi? – James perguntou, dando alguns passos para frente.

– Minhas costelas – eu disse enquanto massageava o lugar. – Elas estão doendo tanto – fiz uma careta. – Eu só não sei se é porque eu rio demais ou se é por causa da briga.

Eu vi todos se controlando para não rirem. Sirius e Lene – os deuses do tato, percebi – começaram a rir juntos. E todos os outros foram no embalo. E agora era eu quem estava se controlando para não rir.

– Parem com isso! – eu pedi séria. Todos pararam de rir, preocupados. – Minhas costelas doem! – Mas não adiantou de nada, eles voltaram a rir logo em seguida.

Pelo visto eu era a mais nova palhaça da área.

Eu fiquei apenas encarando todos. Enquanto se divertiam rindo da minha cara. Era uma cena estranha de se ver, para falar a verdade. Os marotos e minhas amigas juntos, todos se divertindo e rindo juntos. Rindo de mim, devo acrescentar, mas ainda assim era legal de se ver. Parecia tão... natural. Como se todos fosse amigos há tempos. Como se todos se dessem bem.

Um pequeno sorriso escapou de meus lábios. E minhas costelas doeram novamente.

...

– Você não pode dizer que faltou emoção no seu dia – James comentou enquanto eu e ele íamos para casa sozinhos. Remus e Sirius iam à Londres comprar alguma coisa. A mãe de Lene foi buscá-la na escola porque tinha de sair e Dorcas pegou o ônibus para ir à casa de sua tia. Sobramos apenas James e eu e como morávamos há apenas algumas casas de distância fomos juntos.

Era estranha a sensação que eu tinha, a de estar à vontade perto dele. Há apenas alguns dias ele era um completo estranho para mim. Mas suponho que isso já não conte mais. Não depois de vê-lo de pijama. E de pantufas.

Ainda tinha sonhos com Sirius Black sem camisa. Não que ele precisasse saber disso. Haha.

Por falar em sonhos...

James era outro que não parava de visitar os MEUS sonhos. O que era ridículo. Porque nós éramos amigos. AMIGOS.

Eu não preciso acrescentar que toda a vez que eu sonhava com ele – o que era quase sempre, tirando uma ou outra vez na semana em que Sirius estava sem camisa – eu sempre acordava de mau humor. Sempre quando íamos nos beijar eu acordava.

Senti minhas orelhas esquentarem com esse pensamento. Ah meu Deus, eu preciso parar de sonhar essas coisas! Imagina se ele descobrir? Vai me chamar de ninfomaníaca sonhadora. Se bem que eu não sou exatamente ninfomaníaca, já que eu não sou louca por... bem vocês sabem. Talvez eu seja apenas uma pessoa com um parafuso a menos, que fica sonhando coisas sem noção.

Daí eu me liguei que James – o cara com quem eu sonho – estava bem ao meu lado, encarando-me com curiosidade. Sacudi minha cabeça.

– Ah, me desculpe – eu disse. – Você falou alguma coisa? – perguntei tentando afastar os meus sonhos dos pensamentos. E se ele for como Edward Cullen e consiga ler mentes? Isso iria ser no mínimo constrangedor.

– Eu estava comentando que você não pode reclamar de falta de emoção no seu dia – ele repetiu.

– Ah. Ah é! – eu falei, tentando me centralizar na conversa.

– Você está bem Lily? – ele perguntou me encarando preocupado.

– Sim, eu estou – eu falei enquanto passava a mão por meu cotovelo. Estava bem machucado ali.

– Nossa você está machucada – ele disse e tentou pegar meu braço, mas eu tirei de perto dele antes que conseguisse.

– Não é nada – eu disse enquanto uma pontada de dor me atingiu. De onde veio isso? Eu não estava sentindo essas dores apenas há alguns instantes.

– Me deixa ver, Lily – ele falou e tentou pegar meu braço novamente, mas mais uma vez eu desviei. James ergueu uma sobrancelha. – Você vai continuar com isso? – eu dei de ombros.

– Estou bem – eu disse.

Um sorriso maroto se formou nos lábios dele e com uma rapidez incrível ele conseguiu me agarrar.

O problema não foi esse. O problema foi quando eu resvalei em alguma coisa que estava no chão e que, por causa da força do ataque dele, caímos.

–Outch, minha lombar – eu resmunguei quando James desabou por cima de mim.

Meus olhos estavam fechados por causa da dor nas costas – meu cotovelo ainda mais dolorido – e James começou a rir. Pelo visto algum gás alucinógeno deveria estar impregnando aquela sala, porque todo mundo estava rindo das coisas mais sem graça do Universo.

– Me desculpe – James pediu depois de rir.

Eu abri meus olhos, pronta para mandá-lo para os confins do Hades quando alguma coisa me atingiu.

Não fisicamente, é claro, mas emocionalmente.

Quando eu abri meus olhos eu vi James – o que é óbvio -, mas não apenas isso. Eu vi James. O vi como nunca tinha visto. Eu paralisei. Minhas pernas pareciam nunca mais serem capazes de me erguer novamente e minha pulsação – e eu rezava para ele achar que era apenas por causa do tombo – acelerou tanto que pensei que fosse ser capaz de voar de dentro de mim.

Os olhos castanhos dele estavam nos meus, e alguma coisa brilhava lá. Seus lábios que antes esboçavam um sorriso estavam entreabertos e estavam à centímetros dos meus.

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Mas não foi isso que mais me chocou, não foi a visão de James e sim o que aconteceu dentro de mim por causa da visão dele.

Ah não! Por tudo que é mais sagrado, não! NÃO, NÃO, NÃO!

Eu estava tão ferrada!