Nunca Sonhei

Conquistando o Coração de Dorcas.


Nós haviamos combinado que agiriamos como se nada houvesse acontecido. Eu deveria chegar na escola, agir normalmente e conversar com minhas amigas como sempre. Em algum ponto dessa conversa, eu deveria por meu plano CCD (conquistando o coração de Dorcas) em ação, à chamando para ir até o Burguer King em Londres após a escola, lá encontrariamos, para nossa surpresa, os Marotos. E depois disso, a ação seria deles. Eu dei algumas dicas sobre o que a Dorcas gosta para James, como sua banda favorita - James fez uma careta quando eu disse que era Jonas Brothers - seu tipo de animal favorito e sua comida favorita.

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Eu não podia fazer mais do que isso sem levantar muitas suspeitas em Dorcas e, principalmente, Lene.

Cheguei cedo na escola na segunda-feira, um pouco nervosa sobre como por meu plano em ação. Não havia quase ninguém lá, apenas alguns Sonserinos nerds que pareciam achar que a escola é a melhor coisa que existe. Não que eu não gostasse da escola, era só que... Bom... É, eu não gostava da escola. Imagine você no meu lugar? Sendo o motivo de piadas diário? Não é muito legal não é mesmo?

Bom, de qualquer forma, eu cheguei cedo. E aqueles nerds também estavam lá, junto com aquele seboso de quem as pessoas pareciam não gostar tanto quanto de mim. Fui até meu armário e peguei os materiais que utilizaria nas primeiras aulas. Estava distraida tentando lembrar da letra da nova música do Paramore que havia passado noite passada na MTV, e não percebi que alguém se aproximou de mim.

I'll stop the whole word... hmmm, como era mesmo? Hmmm... I'll stop the whole word... From.. From o que? ... I'll stop the whole word from... Lembrei! I'll stop the whole word from turning into a MONSTER! - sim, eu gritei a última parte. Alguém, e eu odeio quando fazem isso, me cutucou enquanto eu estava lembrando da música. E eu me assustei.

O garoto seboso estava ao meu lado, mais vermelho que um tomate - acho que de raiva, não sei - e me encarava com os olhos estreitos.

Tudo bem que o bichinho era feio e meio asqueroso com aquele cabelo que não deveria ver um bom banho há muito tempo, mas eu não queria ofendê-lo chamando-o de monstro. Mas a culpa não era minha também se ele havia ido me chamar bem na hora que eu havia lembrado aquela parte da música.

– Ah, me desculpe, não era para você. Só estava me lembrando de uma música e... - o garoto apenas continuou encarando-me. - Então, o que você quer comigo?

O garoto olhou para trás, onde estava um grupo de Sonserinos que eu não havia visto quando cheguei, e chamou-os. Eles vieram até onde estávamos e me cercaram, todos me encarando. Entre elas estavam duas garotas, Belatriz e Narcisa, as irmãs Black, que me encaravam como duas cascavéis prestes à dar o bote.

– Nós ficamos sabendo que você está dando em cima de James - Narcisa, a loira, falou enquanto alisava uma mecha de seu cabelo.

– Que? - eu exclamei incrédula. - Eu não... Do que vocês estão falando?

– E nos mandaram avisá-la que se não sair de perto dele, você vai se dar muito mal - agora foi Belatriz quem falou. Encarei um à um, boquiaberta.

Belatriz me encarava malévolamente.

– Nós não toleramos vadiazinhas baratas como você - ela falou. Senti a raiva fluir por meu corpo como uma onda de energia.

– Suponho, então, que você deve tomar muito cuidado para não se olhar no espelho não é mesmo? - eu ergui uma sobrancelha encarando-a cinicamente.

Belatriz veio para cima de mim, mas o seboso impediu-a de prosseguir.

– Você não quer levar uma detenção - o seboso falou.

Belatriz e Narcisa sairam dali, não sem antes me lançar um olhar de aviso, e os brutamontes que não haviam aberto a boca as seguiram. Ficamos apenas eu e o seboso.

– Eu não acredito nisso - eu resmunguei tentando controlar a onda de ódio que perpassava meu corpo.

– Eu nunca pensei que você fosse desse tipo - o seboso falou, me encarando de cima à baixo.

– E quem é você, que eu nem conheço? - eu perguntei, irritando-me com seu tom de voz.

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– Severus Snape - ele respondeu, desencostando-se do armário em que estava apoiado. - Você não deveria se meter com elas - apontou para onde as Black haviam desaparecido.

– Eu não me meti, foram elas quem se meteram comigo - eu exclamei, frustrada, trancando meu armário.

– De qualquer forma, você deveria parar de dar em cima do Potter - ele falou. - Especialmente quando ele tem namorada.

Mas quem diabos essas pessoas pensavam que eu era? Eu nunca daria em cima do Potter. Por Deus, eu tenho espelho em casa! Eu já estava acostumada com as brincadeiras estúpidas que todos faziam comigo, mas me chamar de vadia?

Eu sentia vontade de socar alguma coisa.

– Eu.Não.Dei.Em.Cima.Do.Potter. - eu falei entredentes para o estranho. - E eu nem sei porque eu estou dando satisfação à você. Nem te conheço! - dei as costas para ele e sai, querendo chegar de uma vez na sala de aula.

– Não é o que dizem por ai - ele falou.

Bom, a culpa não foi minha, foi ele quem pediu ao falar aquelas coisas de mim. Eu sabia que receberia uma detenção daquelas, e que provavelmente perderia alguns pontos da Grifinória, mas meu instinto falou mais alto.

Virei-me de frente para ele e nem vi como, mas meu punho atingiu seu olho esquerdo em cheio. O garoto foi para trás, zonzo, e eu ergui minha mão novamente, pronta para infligir toda a dor do mundo naquele ser, descontando nele a raiva que estava sentindo por conta dos comentários daquelas vadias.

– WOW! - eu ouvi alguém exclamar e senti minha mão ser parada, segundos antes de conseguir dar outro soco no seboso. - Calma ai ruiva!

– Ruiva é o cacete, Black! Me solta! - eu exclamei ao perceber que Sirius havia me impedido de cometer um assassinato no corredor.

– Alguém está bem irritada aqui - ouvi a voz de Lupin enquanto alguém se postava em minha frente. James. - Dá o fora seboso - Remus falou e acho que o outro havia ido embora pois ouvi passos ligeiros ecoarem pelo corredor.

– Hey, o que houve? - James perguntou e eu senti mais ondas de raiva passarem por mim.

Me soltei de Sirius e recolhi meus materiais do chão, não querendo responder à ele. Porque afinal de contas a culpa de tudo isso era dele. E eu não queria ser lembrada no colegial como uma vadia. Foguinho, mula-sem-cabeça, qualquer coisa era melhor do que vadia.

– Lily? - ele chamou novamente e eu senti meu auto-controle esvair-se por inteiro.

– A culpa é toda sua! - eu falei, minha voz saindo um pouco mais aguda do que o normal.

– Do que você...?

– Tudo porque você me procurou para eu te ajudar com esse plano idiota! Eu não quero mais fazer parte disso! - eu falei e virei-me de costas para sair dali e me deparei com Sirius e Remus encarando-me confusos.

– Espera - James segurou meu ombro, fazendo-me parar de andar, e me virou de frente para ele. - Exatamente o que foi que eu fiz?

– Me deixa ir - eu falei, agora tentando conter algumas lágrimas que tentavam fugir por meus olhos.

– Não! Eu quero saber porque é que você estava batendo no seboso, embora eu tenha adorado o soco que você deu nele e ache que não precisa de motivo nenhum para bater nele, e também quero saber porque é que você vai desistir do plano - ele falou, fazendo uma careta na última parte.

– Ótimo! Você quer saber? Estão dizendo por ai que eu estou dando em cima de você - a boca de James fez um perfeito 'O' quando ouviu o que eu disse. - Estão dizendo que eu sou uma vadiazinha barata. E que se eu não sair de perto de você, que eu vou me dar mal - eu acabei de dizer e suspirei. - Posso ir agora?

– Quem foi que te ameaçou Lily? Foi aquele seboso? Eu posso continuar o que você estava fazendo - Sirius falou estalando os dedos.

– Não Sirius, não foi ele, embora tenha ajudado - eu falei virando-me para Sirius. - Foram a Belatriz e a Narcisa.

Sirius estreitou os olhos. Eu me virei para James novamente.

– Eu não quero ser chamada de vadia okay? - eu falei e encolhi os ombros. - Eu não posso te ajudar. Desculpe. Eu já suporto o bastante para ficarem espalhando boatos que não são verdadeiros por ai - dei as costas.

– Espera - ele chamou. - Eu posso arrumar isso - ele parecia estar fazendo cálculos em sua mente. Me encarou. - Marotos não deixam marotos na mão - ele falou sorrindo.

– O que você vai...? - mas ele não me deixou concluir.

– Na hora do almoço você vai ver - e saiu.

Encarei Remus e Sirius.

– Eu não preciso ter medo do que ele vai fazer? - eu perguntei.

– Precisa - os dois me responderam.

– LILY! - ouvi a voz de Lene chamar e virei-me para vê-la perto de onde eu estava, com uma Dorcas mais vermelha que um pimentão ao seu lado. - Nós fomos até sua casa, mas sua mãe disse que você já havia saido e... - mas ela parou de falar quando viu quem estava ao meu lado. Estreitou os olhos.

– Ah é, eu sai mais cedo - eu falei, segurando-a pelos ombros e empurrando-a na direção oposta do corredor. - Obrigado, Black, por me ajudar - eu falei, olhando para trás e vendo que Sirius ainda encarava Lene.

– Ajudar em quê? - Dorcas perguntou assim que dobramos o corredor.

– Com, umas coisas... - Eu falei, tentando achar uma desculpa.

– Que coisas? - Lene perguntou, desconfiada.

– Ah, meus cadernos que haviam caído - eu falei e ela pareceu engolir minha desculpa.

Os períodos pareciam demorar séculos para passar e, quando finalmente o sinal tocou, senti que havia perdido meu estômado em algum lugar entre minha carteira e o refeitório.

Assim que chegamos e pegamos nossas comidas, fomos para um canto mais afastado do salão. Todo mundo parecia me encarar, e eu ouvia cochichos quando eu passava. Parece que a história havia se espalhado. As únicas que pareciam não saber eram Dorcas e Lene.

– Você está bem Lily? - perguntou Lene pela enésima vez.

– Tô ótima! - eu respondi, mordendo minha torrada.

Vi James entrar e dar uma piscadinha pra mim, antes de ir até a mesa da Sonserina, onde Lúcia, as Black e um monte de outras vadias estavam sentadas.

– Porque o Potter piscou para você? - eu me afoguei quando Dorcas perguntou isso.

– O que? Piscou para mim? Não! Deve ser imaginação sua - eu falei, sem graça.

Eu tentei não olhar muito para onde James estava. Será que ele já estava pondo seu plano em ação? De qualquer forma, eu resolvi por o meu plano CCD em ação.

– Então, o que vocês acham de irem ao Burguer King hoje? - eu perguntei.

As duas me encararam.

– Burguer King? - Lene perguntou.

– Mas a gente sempre vai no McDonald's - Dorcas falou.

– É, mas para variar um pouco sabe?

Elas pareceram pensar no que eu havia dito e estavam prestes a responder quando Lene encarou algum ponto atrás de mim e soltou uma exclamação.

– O que o Potter tá fazendo? - ela falou e eu me virei.

James estava em cima da mesa onde Lúcia estava, há alguns minutos, sentada. Lúcia parecia estar chorando e James me encarava.

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– Atenção, por favor? - ele pediu e todo mundo ficou em silêncio.

Eu não sei porque, mas eu sentia que algo nada bom estava por vir.

– Olha, eu não sei o que vocês estão ouvindo falar por ai - ele disse. - Mas Lily Evans não está dando em cima de mim - todo mundo virou, como robôs, para mim.

Eu senti minhas bochechas esquentarem.

– Para falar a verdade, sou eu quem está dando em cima dela - um 'ooooo' coletivo perpassou a sala.

Que merda James estava fazendo?

– Então Lily, tá a fim de sair comigo hoje? - ele perguntou e eu senti meu chão sumir.

Ou ele não possuia cérebro, ou ele estava querendo que eu morresse.

Uma declaração dessas, na frente da escola inteira, principalmente na frente de Lúcia McVann, era pedir por guerra.

Adeus mundo cruel!

É, Lily Evans está morta. Tudo por culpa do Potter.

Pense no lado positivo de tudo isso Lily: no céu, talvez ninguém te encha o saco.