Ela não viu quando se sentou o sofá. Não viu quando as lagrimas banharam seu rosto por completo. Não viu quando Clara escorregou lentamente até cair sentada no chão. Não viu quando se levantou e saiu do apartamento. Ela só realmente acordou quando já tinha andado vários quarteirões sem saber realmente onde estava.

Katniss parou de caminhar, e então os soluços se tornaram mais fortes e mais fortes até começar a doer o peito. Só não era mais forte que a dor de seu coração. Ela sabia que a mãe tinha falado a verdade, era como se alguma parte do quebra cabeça estivesse se encaixado porém nunca realmente saído, ela só havia se tornado visível.

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Ela tinha uma filha! Prim, sua filha....

Ela precisava de respostas. Precisava saber como foram capais de tira-la a própria filha, não queria sentir ódio de ninguém, mas de alguma forma o sentimento estava ali.

Ela precisava pensar, precisava...

Não queria ligar pra ninguém, mas mandou uma mensagem para Peeta pedindo para ele ficar mais um tempo com ela pois tinha que resolver algo de extrema importância. Sua mão tremia. Precisava chegar em casa antes de pensar em outras coisas. Precisava de resposta primeiro para depois se preocupar com ele e antes de achar a melhor forma de contar para Prim. Contar para sua filha. Com esse ultimo pensamento ela sorriu.

Ela era mãe, mãe da menina mais linda e mais guerreira.

Caminhou menos de cinco quarteirões até ver o seu prédio. Abaixou a cabeça e seguiu até o elevador.

A porta do seu apartamento continuava aberta como deixou ao sair. Empurrou um pouco até ver sua mãe agora sentada na poltrona. Ao ouvir a porta Clara olhou para a filha, ela ainda chorava.

– Katniss...

– Eu só preciso saber como vocês foram capais de fazer isso. Como me tiraram minha filha.

Clara apoiou as mãos na cabeça e depois voltou a olhar para a morena então contou, com uma dor no coração de viver aquilo tudo novamente. Contou da aflição ao ver a filha sair correndo para fora de casa, do desespero quando o telefone tocou e ela viu o carro destruído na estrada. Da dor agonizante te perder os dois filhos, pois foi isso que ela sentiu quando tiveram a noticia do coma e sentiu a dor no ventre. Contou da dor e o sentimento confuso que ela sentiu ao saber da gravidez e quando Chris lhe fez a proposta ela sentia que era uma substituição, mas ela aceitou porque amava demais o marido e entendia todos os motivos dele. Ela contou que ambos só queriam que ela tivesse mais chances na vida, queria que ela pudesse correr atrás dos sonhos quando acordasse.

– Minha filha não me impediria de correr atrás dos meus sonhos. Ao contrario mãe, ela seria meu maior motivo para correr atrás deles. Porque é minha filha. Não há motivo maior do que proporcionar uma vida aos seus filhos.

Ambas sabiam que era verdade. Quando katniss terminou de falar, Clara disse que as intenções deles eram as melhorem e que não queriam separa-las.

– Você sempre teve esse incentivo Katniss. Tudo pelo que você lutou, todos os anos estudando você sempre fez por Prim. Você sempre buscou por Prim. Eu e seu pai até comentávamos que era como se todas as suas conquistas fossem dedicados a sua filha mesmo que você não tivesse consciência disso. Você sempre foi a mãe dela Katniss, mesmo que você não soubesse. Vocês sempre foram mãe e filha.

Katniss chorou. Chorou por todos os anos sem ser a mãe de sua filha. Por mais que ela soubesse que Clara estava certa, ela estava lá no primeiro passo, na primeira palavra, no primeiro aninho e todos os outros, ela estava no primeiro tombo e foi para ela que Prim correu quando se levantou, foi ela que estava quando Prim passou mal pela primeira vez e correu para o hospital, ela estava quando recebeu os resultados. Então ela estudou mais, buscou mais, precisava achar uma solução. Foram os anos mais agonizantes de sua vida. Via a loirinha crescer e não poder fazer nada que uma criança fazia. Foi ela que contou a Prim quando seu pai morreu e foi ela o porto seguro que Prim sempre teve e Prim era o seu sempre seria.

Katniss olhou para a mãe e sentiu culpa. Ela era a culpada da filha passar por tudo isso, da mãe ter perdido o bebe, ela era a culpada de não ter sido chamada de mamãe por todos aqueles anos.

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Clara viu a face da filha mudar então entende.

– Você não é culpada por nada disso.

– Como não? Se eu não tivesse dado ouvido aquela mensagem idiota. Se eu não fosse uma burra e não tivesse saído de carro, eu teria minha filha aqui comigo e saudável. Você teria seu filho também. É minha culpa.

– Você não sabia que estava grávida. Você não sabia o que eia acontecer. Esse acidente podia ter acontecido no outro dia de uma forma diferente. Prim poderia ter tido leucemia da mesma forma. Eu poderia ter perdido o bebe de outro jeito. Tudo o que aconteceu tinha que acontecer. E eu sei que eu e seu pai não podíamos ter tirado o direito seu de ser mãe. Perdão minha filha.

Katniss assentiu e abraçou a mãe. Ela podia sair dali e decidir nunca mais ver a mãe na sua frente. Mas tinha Prim, iria ser difícil dela entender. Além de que ela precisava de todo o apoio naquele momento. E ela ainda se sentia culpada, tão culpada quanto culpava os pais.

Ambas se separaram quando o celular tocou. Era Peeta. Katniss sentiu o coração falhar uma batida, mas atendeu.

– Alo.

– Katniss, que bom que atendeu estava preocupado, te liguei milhares de vezes mas não me atendeu e depois me mandou a mensagem esta tudo bem.

– Peeta precisamos conversar.

Ela sentiu quando ele prendeu a respiração.

– Ok. Mas aconteceu alguma coisa?

– Sim, aconteceu e eu preciso falar com você.

– Ok.

– Minha mãe vai me levar ai e buscar Prim, então podemos conversar. Tudo bem?

– Estou te esperando.

Katniss desligou o telefone e olhou para a mãe.

– Vai contar pra ele?

– Vou.

Clara assentiu e ambas saíram do apartamento. Clara foi dirigindo enquanto Katniss olhava pela janela. O que ela iria fazer ao contar a Peeta era abrir muitas feriadas do passado. Mas era necessário. Ele podia salvar sua filha.

Alguns dias antes do acidente....

Katniss abriu os olhos bem devagar se lembrando da noite anterior. Sorriu. Ele há tinha tornado mulher. Abriu os olhos lentamente mas no outro lado da cama estava vazio e gelado. Ele tinha dito que iria embora assim que ela dormisse mas ela ainda tinha a esperança que ele tivesse ficado. Seus pais já eram acostumados com a presença do garoto, não desconfiariam de nada. Quantas vezes já dormiram na casa um do outro desde pequenos? Incontáveis. Principalmente em noites de tempestade, como a noite anterior. Mas ambos não ouviram nenhum trovão, estavam presos demais em saciar aquela fome.

Já fazia algum tempo que eles pararam de temer a tempestade. Mas mesmo assim ele foi aquela noite então se tornou a melhor noite da vida de Katniss.

A morena se levantou e foi se banhar. Era domingo. Veria ele apenas no outro dia na escola. Provavelmente ele a abraçaria e a beijaria no meio do corredor e mostraria a todos que estavam juntos. Eles teriam apenas uma semana juntos antes dele partir pra Los Angeles e ser a estrela que sempre quis. Mas ela tinha certeza que tudo daria certo. Ela se tornaria uma médica e ele um astro de Hollywood.

Seu pai não percebeu a felicidade da filha, não como a mãe percebeu e depois do café da manha ambas subiram para o quarto com a desculpa de que precisavam fazer a lista do que a filha levaria para a faculdade. Então ambas se sentaram na cama e Clara fez a filha contar. Clara ficou primeiramente preocupada mas feliz pela filha. Ela sabia o quanto a filha nutria sentimentos pelo melhor amigo.

A tarde e a noite Katniss esperou uma mensagem, algo dele, mas nada ocorreu. Porém Katniss deixou de lado. No outro dia tudo ia ser perfeito.

A manha de domingo estava clara e cheia de vida. Katniss colocou um vestido verde e soltinhos e soltou o cabelo que caiu em pequenas cascatas. O caminho até a escola pareceu demorar mais do que o normal mas quando entrou seu sorriso murchou um pouco. Todos a olhavam com desdém ou sorrisos presunçosos. Ela olhou novamente para cima e seguiu andando até o corredor do seu armário. Antes de chegar viu Peeta encostado no seu armário co uma cara fechada e de braços cruzados. Viu quando Glimmer abraçar o loiro de lado e ele passou os braços pelo pescoço e a beijou. Katniss não tinha nada nas mãos mas se tivessem teriam caído. Ela devia ter se virado e corrido naquele momento mas apenas esperou parada o meio do corredor olhando ambos se agarrarem na sua frente, esperou ele a ver e quando viu o olhar do loiro desviar da garota na sua frente para a morena o olhar que Katniss viu foi o pior de toda sua vida. Nojo. Ele andou até ela com Glimmer em seu encalço e sorriu, o sorriso mais esnobe e desconhecido que Katniss já viu.

– Mas vejam só se não é a gorducha metida a mentirosa.

– O que?

— Ora vamos lá baleia. Você sabe do que eu estou falando. Você é a pessoa mais nojenta que eu já vi em toda minha vida.

Ela ouvia aquilo todos os dias de algumas pessoas e depois de anos já se acostumou a esconder as lagrimas, mas quem falava aquilo na sua frente era seu melhor amigo. O garoto que ela sempre amou.

– Há vamos lá gorducha. Se finja de vitima e chore para todos terem dó de você. Até eu já tive dó de você. Afinal todos esses anos te aturando. Mas hoje o que eu sinto é nojo!

Foi então que ela viu o sorriso dele aumentar e ela soube que foi uma grande idiota. Correu e correu ouvindo as palavras ecoarem na sua cabeça.

Dia do acidente...

Katniss encarava o teto cheio de nuvens e foi quando o celular apitou o numero era desconhecido mas mesmo assim abriu para ler

Existem milhares de motivos para se ter nojo de você. Mas Peeta fala que o maior é você ser tão fraca e tão ridícula. Ele acaba de ir para Los Angeles e pessoas como você serão esquecidas para sempre em uma lata de lixo onde é seu lugar.

Ps: Ele comentou o quão ridícula você é na cama.

Então Katniss não pensou só sentia a humilhação e a dor correr pelo seu corpo. Ela saiu correndo, correndo para um coma que mudaria sua vida.

Atualmente...

Ela despertou dos devaneio quando o carro parou já dentro da garagem. Peeta estava na porta observou quando Katniss desceu do carro os olhos ainda estavam vermelhos. Assim como os de Clara. Prim apareceu na porta ao lado de Peeta e Katniss sorriu. ao ver a mãe/irmã ela correu para abraça-la. Katniss assim que sentiu os bracinhos a envolver chorou e a apertou ainda mais, sorria e beijou todo o rosto da filha.

– Oi Kat.

Mãe, ela queria ser chamada de mãe.

– Oi meu amor. Se divertiu?

– Muito.

– Você vai com a..

Ela olhou para Clara.

– Você vai para casa e eu vou ficar aqui. Te vejo de noite, tudo bem?

Prim assentiu e Katniss observou elas entrarem no carro e partirem só então Katniss olhou para Peeta. Ele a observava atentamente.

– Oi.

Foi tudo que disse enquanto caminhava para perto dele.

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– Oi. O que aconteceu?

– Precisamos nos sentar.

– Tem haver com Prim?

— Sim, mas também comigo e com você.

– Está me assustando Katniss.

– Vai ficar pior.

Peeta a levou até a sala e ambos se sentaram a lado um do outro. Katniss se virou de lado de modo que ficasse o olhando nos olhos. Ela precisava fazer isso. Ele tinha o direito.

– Hoje eu descobri uma coisa. uma cois que mudou minha vida mas que fez com que ela tivesse total sentido. Eu disse pra você que não queria falar sobre meu acidente mas vai ser impossível agora. Meu pais me esconderam Aldo durante esses seis anos. algo muito importante Peeta. Algo relacionado a Prim. E droga eu não sei como te contar isso.

Peeta a observou Katniss esfregar a mão no rosto. Ele não estava entendendo nada.

– Katniss. o que ta acontecendo?

– Prim não é filha dos meus pai.

–Como?

Katniss olhou o fundo dos olhos dele e respirou fundo.

– Prim é minha filha.

Peeta entrou em estado de choque. Não fazia sentido. Sua cabeça então girou e girou. Ele lembrou do que ela disse sobre acidente. Prim. Ele. Noite. Escola. Idade. Palavras aleatórias. Ele ao sabia o que sentir ou o que aquilo tudo queria dizer.

– Mas isso. Como isso é possível?

Katniss observou ele atentamente. Ele não tinha entendido ainda o que aquilo queria dizer. O que significava na vida dele.

– Eu fiquei grávida. Mas não descobri nada. Sofri o acidente que me deixou em coma. Pelo que minha mãe me contou Prim nasceu de cinco meses. Ela e meu pai decidiram que o melhor pra mim era criar minha filha como se fosse deles. Minha mãe tinha perdido o bebe quando descobriu meu estado. Então quando eu acordei me apresentaram Prim como minha irmã. Mentiram pra mim em tudo. Mas eu me sinto tão culpada quanto eles. Se eu não tivesse pegado aquele carro.

Katniss parou de falar e foi banhada em lagrimas novamente.

Peeta a abraçou seu cérebro tentando entender tudo aquilo. Prime era filha de Katniss. então uma luz se acendeu.

– Quando foi seu acidente Katniss?

– Duas semanas e meia depois que nos vimos pela ultima vez.

Peeta se levantou e andou de um lado para o outro.

– De quanto tempo de gravidez você estava?

Katniss olhou para Peeta. ele havia entendido o que aquilo significava.

– É exatamente o que você esta pensando Peeta. Prim é sua filha.

Peeta então chorou. Como Katniss havia feito algumas horas antes e como ela fazia naquele momento.

– Isso... isso é... Meu Deus!

Katniss se levantou então ele parou de andar e encarou Katniss.

– Eu sou pai. Pai da Prim, Katniss.

Então ele sorriu, ainda tinha medo, insegurança e receio na voz, mas tinha uma grande parte de felicidade.

– Sim. Você é.

Peeta então a observou. Ela estava abalada e com medo. Então ele imaginou o que ela tava passando.

– Eu queria ter podido estar na vida dela desde quando ela nasceu.

– Me desculpa.

Ela disse já chorando.

– Ei você não tem culpa. Eu sou o culpado. Eu não devia ter te dito todas aquelas coisas horríveis. Se eu não tivesse feito aquilo na escola você estria bem.

Katniss se afastou um pouco do abraço.

– Não foi aquilo que me fez entrar no carro Peeta. foi uma mensagem da Glimmer. Eu estava com tanta raiva, com tanta vontade de sair sem rumo e foi o que eu fiz.

Peeta franziu o senhor.

– Que mensagem Katniss?

— O que isso importa agora Peeta? ambos erramos. O que importa é a Prim.

Peeta concordou com a cabeça.

– Temos que contar pra ela. E eu preciso fazer os exames posso ser compatível com ela. Eu sou pai! Nos somos mais!

Katniss riu e assentiu. Eles estavam felizes. Ele olhou para Katniss e a admirou se aproximando até a distancia ser quase invisível.

– Obrigada. Obrigada por ter me contado. Eu estou, eu estou me...

Katniss colocou o dedo nos lábios dele e sorriu.

– Eu também, mas não fala nada.

Ele assentiu e a puxou colando os lábios deles em um beijo repleto de saudade e aquilo que eles não iam pronunciar em voz alta: paixão.