Novamente Herói.

Boa sorte, Campeão.


Haymitch me recebeu com um abraço, seguido do abraço de Effie, Octavia e até mesmo do Cinna e de Katniss. Effie falou, com seu sotaque irritante:

- Fabuloso. Você estava fabuloso.

- Você foi bem, muito bem. – Octavia concordou.

- Namorada? – Katniss perguntou, cortando o clima de festa.

Haymitch, Octavia, Effie e Cinna saíram, deixando nós dois a sós.

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- Bem... é.

Eu não havia pensado em Katniss. Eu havia apenas em referido a Annabeth,porque ela era, realmente, a coisa mais bonita que eu já tinha visto, apesar da implicância. Katniss me olhava, esperando uma resposta, mas como eu não falei, ela falou:

- Eu não sabia que você tem uma namorada.

Silêncio.

- Eu te beijei e você não me disse que tinha uma merda de namorada, Percy!- ela gritou.

- Você não conhece ela! – falei.

- Qual o nome dela? – Katniss perguntou.

- Annabeth. – resolvi que não havia motivo para mentir.

- Annabeth? Não tem ninguém no 12 com um nome tão diferente. O seu é o mais diferente que temos.

- Eu disse que você não a conhecia.

Katniss revirou os olhos e, antes que eu pudesse impedir, ela entrou no elevador que tinha chegado alguns segundos atrás. Tive que esperar o elevador voltar, para então entrar e ir até último andar. Haymitch me esperava na sala, sentado no sofá. Sentei-me ao seu lado:

- Você sabe que é amanhã, certo? – Haymitch perguntou e eu fiz que sim com a cabeça. – Você está preparado, não está? – fiz que sim novamente com a cabeça. – Ótimo. Você vai estar com os carreiristas, não vai precisar fugir da cornucópia. – Sorri. – Mas vai ter que lutar.

- Eu sei.

Ele tirou de dentro da jaqueta uma garrafa de bebida. Eu me perguntava como cabiam lá dentro, mas nunca perguntei. Para variar, virou quase todo o conteúdo na boca.

- Você vai ter que matar, Percy. – Haymitch falou.

Minha voz sumiu. Eu já havia matado antes, mas não humanos. Eu matava monstros. Já estivera em guerras antes, mas contra monstros e poucos semideuses- que eu nunca matava. Dessa vez seria diferente. Era matar ou morrer. Meu sangue gelou e me recostei no sofá.

- Você já se perguntou por que eu bebo, Percy?

- Por que é um bêbado? – impliquei, mas ele ignorou.

- Eu bebo para me esquecer do meu passado.

- Funciona?

- Eu ainda estou bebendo, não estou? É claro que não funciona. – ele tomou mais um gole da bebida. – Todas as noites eu durmo com uma faca embaixo do travesseiro, com medo. Todas as noites, quando fecho os olhos, vejo as pessoas inocentes que lutaram comigo.

Olhei para ele. Haymitch encarava a tela da televisão, que estava desligada. Já era de noite, mas eu não estava cansado.

- Quando isso tudo terminar, rapaz, você vai querer uma dessas. – Haymitch falou, apontando para garrafa.

- Quando isso terminar, eu não vou estar mais aqui. A Katniss vai.

- Garoto, eu te vi lutar. – ele disse. Eu fiquei mudo e, quando abri a boca para falar, ele se levantou e saiu.

Liguei a televisão. Na tela passavam imagens do primeiro dia, reprises das colheitas ao redor dos Distritos, o desfile, as entrevistas. Eu não estava realmente prestando atenção, mas quando ouvi o nome de Cato, parei para prestar.

- Acha que quem vai ganhar esses jogos ,Caesar? – ele perguntava.

- Bom, todos tem ótimas chances. O Distrito 12 inovou esse ano e os Distritos 1 e 2 sempre estão bem preparados. Fora isso... – Caesar estava respondendo, mas Cato o interrompeu:

- Isso que eu quero dizer: o Distrito 2 está muito bem preparado esse ano.

Caesar sorriu e se virou para plateia:

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- É claro que está, não é pessoal?

Desliguei a televisão. A voz de Cato ainda na minha cabeça: “o Distrito 2 está muito bem preparado esse ano. ”. Era claro que aquilo havia sido uma ameaça. De todos os participantes: ele era o que eu tinha mais medo. Sabia que ele estava ali para ganhar e tinha se preparado para isso. E o pior: eu iria ficar no mesmo lugar que ele. Dormir no mesmo lugar que ele.

Esses pensamentos me deram calafrios. Eu estava pensando em ir para o quarto, quando Katniss apareceu na sala. Ela estava de pijama e seus cabelos estavam soltos, a primeira vez que eu via assim. Ela sentou ao meu Aldo, perguntando:

- Também não conseguia dormir?

- Eu não tentei ainda, mas sei que não vou conseguir. – falei. – Vamos para varanda?

Ela deu de ombros. Caminhamos juntos até a varanda da cobertura e nos sentamos na ponta. Era aberta e se pulássemos, iríamos cair direto no asfalto – 12 andares abaixo.

- Eles não tem medo que a gente pule? – perguntei.

- Não. Espera aí. – ela pediu. Quando voltou, trazia uma colher. Ela tacou a colher lá em baixo, mas a colher simplesmente foi empurrada de volta. – Viu?

- Legal. – falei, tacando a colher de volta e a pegando quando ela voltou.

- Vamos só olhar para as estrelas, Percy. É fácil. A gente olha para o céu e tenta reconhecer alguma constelação. Você finge saber o nome de alguma e... E aí eu vou rir, porque sei o nome de todas elas, mas vou achar engraçado e não me importar. – ela pediu.

- Aquela ali: – eu disse, apontando para um punhado de estrelas que formava uma garota segurando um arco. – se chama a Caçadora de Artemis.

Katniss olhou para onde eu apontava e sorriu.

– Ou então, ao invés de seguir meu roteiro, você pode acertar. – ela falou rindo. – Você é um pouco mais inteligente que ...

- Eu pareço. Eu sei, falam isso muito. – a interrompi, rindo também.

- Me desculpa, Percy. – ela pediu, ficando séria do nada. Olhei para ela, sem saber do que ela estava falando. – Me desculpa por ter te beijado. Me desculpa por ser uma completa idiota e...

- Eu causo esse efeito nas garotas. Elas sempre ficam idiotas perto de mim e... – antes que eu pudesse terminar de implicar com ela, Katniss me deu um tapa no ombro. – Ai!

- Não dá mesmo para falar sério com você. – ela reclamou, rindo.

- Sério? Você quer falar sério? Ok. – falei e então fiz a minha cara mais séria. Aparentemente, não funcionou, porque ela falou rindo mais que nunca:

- Você é realmente muito idiota.

Fiz cara de ofendido, mas não durou nem um segundo, porque logo eu estava rindo com ela. Katniss se tacou no chão, rindo mais alto que deveria. Tentei tapar a boca dela, mas ela me mordeu e continuou a rir.

- Você vai acordar o prédio inteiro! – avisei.

- Que se dane. – ela falou, mas parou de rir. – Percy? – ela chamou.

- Oi? –perguntei, me virando para ela, que estava deitada no chão.

- Me desculpa por ter confundido amizade com amor.

Sorri. Estava feliz por ter me resolvido com ela, de verdade. Katniss e Calypso tinham algo em comum: meus dois maiores “e se...”. Mas isso não importava, eu amava Annabeth.

Me levantei e ajudei Katniss a se levantar também. Ela me abraçou apertado e falou:

- Te vejo na arena, campeão. – e então saiu, indo para seu quarto.

O dia seguinte chegou mais rápido que eu esperava. Havia dormido mal, pensando no que Haymitch havia me falado. Tentei faalr novamente com meu pai, mas, se ele me ouviu, não me respondeu. Todos nós tomamos café em silêncio e quando íamos nos separar, Haymitch falou para mim e Katniss:

- Um último conselho? Fiquem vivos.

- Vou fazer meu melhor. – falei e Katniss concordou com a cabeça.

Haymitch deu um ultimo abraço em nós dois e então entramos no elevador. Katniss foi para sala de Cinna e eu para de Octavia.

Eu estava brincando de rodar as contas de meu colar quando Octavia entrou. Ela mandou que eu tirasse minhas roupas e dessa vez eu fiz, sem sentir vergonha. Fiquei naquele mesmo circulo. Octavia arrumou meu cabelo, mas dessa fez sem gel. Mandou que eu vestisse uma roupa – que estava destinada para os jogos – e prendeu o broche nela:

- Cinna e eu conseguimos deixar os broches e o cordão livre. Sua caneta vai ter que ficar aqui. Aparentemente eles pensam que você pode usa-la para enfiar no rosto de alguém.

- Tudo bem. – falei, sabendo que ela voltaria para meu bolso. – E quanto ao colar?

- Ta livre também.

Sorri agradecido. Ela me ajudou a colocar o cordão novamente e juntos fomos até um aerodeslizador. Ele nos levou até a arena. Octavia me ajudou a entrar em um tubo de vidro e falou:

- Não saia antes da contagem ou você vai explodir.

- Certo. – falei, balançando a cabeça positivamente.

- Percy? – ela chamou.

- Sim?

- Que a sorte esteja sempre ao seu favor. – e então o tubo desceu.