Nova fase'

Pov Especial


Eu acordo bem cedo e saio da cama devagar, não quero acordar o Peeta, essa noite ele ficou bem agitado, embora ele tenha dito que estava bem e que eu não deveria me preocupar, ainda assim não consegui acreditar totalmente nessa versão dele, por isso tomo todo cuidado para não fazer barulho, fecho a porta e o vento frio que começou a dar o ar de sua graça me faz apertar os braços e o roupão, desço as escadas e vou direto pra cozinha, eu coloco a agua no fogão para fazer o café, aproveito e coloco os pães para esquentarem também, enquanto isso dou uma olhada no armário pra ver o que falta e anoto mentalmente minha pequena lista de coisas pra comprar no mercado e na feira. Já estava terminando de passar o café quando ele entra na cozinha.
— Bom dia – ele me dá um beijo rápido e apenas com uma rápida olhada eu vejo a leve olheira que se forma em volta dos olhos azuis que parecem cansados.
— Como você tá? – ele me força um sorriso.
— Eu tô ótimo, Kats... – eu o encaro sem acreditar nisso nem por um segundo e ele sabe que eu não acredito, por que se aproxima e segura meu rosto com as duas mãos, ele abre um sorriso que é mais sincero, embora dessa vez não me faça sorrir de volta – Eu tô bem! – ele afirma e aproxima nossas bocas – Eu amo você – a voz sai sussurrada, mas dessa vez o suficiente pra me fazer sorrir e quando ele me beija eu me permito esquecer a preocupação por alguns segundos.
— O amor é lindo, mas espero que já tenham feito o café – Pietro fala implicando, Peeta ri e se afasta de mim.
— Eu fiz o café e esquentei uns pães...
— E os ovos? Panqueca? Vitamina? O café da manhã nessa casa já foi melhor ein – ele faz uma careta enquanto pega a caneca dele.
— Pede pra Luíza pra preparar o seu então, daqui a pouco será ela mesmo – não consigo evitar o sarcasmo que sai na minha voz, embora ele esteja feliz, eu não sei se estou preparada pra que ele saia de casa também, ele ri e vem até a mim me abraçando por trás.
— Eu já disse que te amo hoje?
— Acho que você tá me confundindo com a Luíza – falo com ironia e ele solta uma gargalhada que acaba me fazendo rir, ele beija minha bochecha e me aperta mais ainda.
— Eu adoro quando você fica bancando a ciumenta...
— Não é ciúmes, é a verdade – dou de ombros e ele me solta.
— Tá, o que eu fiz dessa vez?
— Nada – pego minha caneca e coloco meu café enquanto ele continua parado no lugar me olhando.
— Será que você pode me ajudar aqui? – Pietro pede para o Peeta, mas quando olho pra ele, ele não parece estar prestando atenção na conversa, ele está de olhos fechados e controlando a respiração.
— Peeta? – ele abre os olhos rapidamente e me encara com um sorriso forçado – O que foi?
— Eu lembrei que tinha que ter feito um pedido pra padaria ontem... Eu já volto – ele se levanta rápido e sai da cozinha quase que correndo.
— Então, mãe, o que eu fiz dessa vez? – eu me distraio com o Pietro, mas balanço a cabeça negando.
— Você percebeu algo estranho no seu pai?
— Tirando o fato que ele ainda não reclamou do arranhão no carro, não...
— Você arranhou o carro? – ele dá um daqueles sorrisos forçados a ser animado, que ele usa sempre que faz uma besteira e não quer levar uma bronca.
— Nem foi um arranhão grande, além do mais, não foi minha culpa...
— Seu pai viu?
— Ele saiu com o carro ontem, então acho que sim – agora eu realmente fico mais preocupada, Peeta é o tipo de pessoa que repara em qualquer detalhe, de tudo, desde mudanças em nós mesmos, ou em algo na casa e principalmente no carro que ele sempre vistoria depois que Pietro pega emprestado, por que embora ele tenha o carro dele, as vezes ele deixa o dele com a Luiza e pega o do Peeta.
— Tem alguma coisa errada – meu pensamento sai com som e ele me olha curioso.
— Como assim?
— Nada, eu... Não é nada – bebo um gole do café e sei que vou precisar arrancar a verdade do Peeta.
— Eu vou levar o Theo pra quadra, mas volto pro almoço, tá? – eu balanço a cabeça e ele me dá um beijo na bochecha, pega um cacho de uva e sai da cozinha, eu também me levanto e vou pro escritório, eu tento abrir a porta, mas está trancada, imediatamente eu me alerto e forço mais uma vez.
— Peeta? – ouço barulho de algo caindo no chão e forço mais uma vez – PEETA – agora o barulho é ainda maior, como se estivesse revirando tudo lá dentro – PEETA, ABRE ESSA PORTA – eu soco, chuto e empurro a porta, mas nada acontece, então eu saio correndo e vou pro lado de fora, Pietro está rindo com Pyter – SEU PAI – eles correm imediatamente e passam por mim – A porta tá trancada – Pyter ultrapassa o Pietro e bate na porta com dois socos fortes.
— PAI, ABRE A PORTA – como não tem resposta, ele não espera muito tempo, apenas se afasta, e dá um chute forte na porta, ela tomba meio pro lado, Pietro sacode e ela se solta, os dois entram no escritório e eu corro até eles, a cena que eu vejo faz meu peito queimar, a mesa está revirada, livros, folhas e tudo que estava por cima está espalhado no chão, Peeta está encolhido no canto da parede apertando as mãos na cabeça e tremendo, Pietro e Pyter parecem não saber o que fazer, mas eu já o vi assim antes e apenas passo por cima das coisas espalhadas no chão e vou até ele.
— Peeta, sou eu – coloco as mãos por cima das dele, mas ele está apertando a cabeça muito forte – Peeta, sou eu, Kats... – então ele começa a gritar, apenas gritar, um grito de dor, de desespero, um grito angustiante, ele aperta as mãos ainda mais – PEETA! – tento mais uma vez então seu corpo perde a força e ele cai pra cima de mim – PEETA!
— Mãe, olha pra mim, calma – Pietro pede enquanto tenta me afastar do Peeta, só então percebo que estou tremendo.
— Me ajuda Pietro, me ajuda, seu pai, ele... – o choro me impede de continuar, então o corpo dele é erguido do chão, eu levo alguns segundos pra entender e Pyter já está carregando-o pra fora do escritório enquanto Pietro me ajuda a me levantar, quando olho pras minhas mãos elas estão sujas de sangue e isso me desespera – Ele tá sangrando – eu corro atrás do Pyter que o carrega, ele sai da casa e o carro já estava parado na frente de casa, Keyse mantem a porta aberta enquanto Pyter coloca ele lá dentro – Ele tá sangrando, Pyter, seu pai tá sangrando – eu mostro as mãos e ele as segura.
— Eu sei, mas eu preciso de você aqui agora, entende? Se concentra em mim, ok? Não pira, por favor – eu balanço a cabeça concordando – Eu levo eles, você leva os meninos depois – ele avisa pro Pietro e eu entro no carro junto com Peeta, o sangue marcou sua camisa e desceu do seu nariz, embora eu tenha dito que não ia me desesperar quando eu o vejo desmaiado e sujo de sangue eu volto a chorar, respirar parece a coisa mais difícil do mundo e meu peito dói tanto que torna tudo ainda mais complicado, eu seguro a mão dele implorando pra que ele abra os olhos.
— Você não pode fazer isso comigo, Peeta, não pode... Você não pode... Por favor, por favor, não faz isso comigo... – a porta é aberta e as mãos logo o puxam pra fora, Pyter ajuda dois outros homens que já estão com uma maca onde o colocam, eles correm empurrando a maca e eu tento acompanha-los, mas as lagrimas embaçam minha visão e eu não consigo mais respirar.
— Katniss, calma, ele já está sendo atendido – Keyse acaricia minha costas e tenta me fazer me acalmar, mas é impossível, eu sinto como se não controlasse mais o meu corpo e sinto-o como se estivesse falhando aos poucos, assim como meus joelhos que parecem simplesmente se dissolver e eu caio ajoelhada sentindo meu corpo tremer e meu peito arder como nunca antes aconteceu, tudo que eu quero fazer é gritar, mas não tenho forças pra isso.
— Vai ficar tudo bem – abro meus olhos quando escuto a voz do Pyter.
— Cadê ele? Onde ele tá? Eu quero ver ele
— Ele tá sendo atendido, nós temos que esperar...
— Pyter, eu tenho que ver ele, eu tenho...
— Eu sei, você vai ver – ele garante e me ajuda a levantar e me leva junto com ele, entramos num corredor e depois em uma sala, eu reconheço, é uma sala de espera.
— Você disse que eu ia ver ele
— E vai! Quando ele for atendido...
— Eu quero ver ele – eu me solto dele recuperando a força que eu tinha perdido, mas ele segura meu braço – Me solta, eu vou ver ele...
— NÃO! VOCÊ NÃO VAI – a voz dele é firme, alta e muito séria, eu levo um susto e fico sem reação, então ele suaviza o olhar e me solta – Eu nem sei se consigo imaginar o que você tá sentindo, mas ele é meu pai, eu quero ele tão bem quanto você quer e você é minha mãe, não tem nada que eu não faria pra não te ver sofrendo, mas você precisa confiar em mim quando digo que eles precisam estar 100% concentrados no papai agora...
— Eu não posso perder ele, Pyter, eu não posso – ele me abraça quando eu volto a chorar e me aperta nele, eu me permito abraça-lo ainda mais forte.
— Você não vai perde-lo! Não vai, confia em mim, eu tenho certeza que ele vai ficar bem – mesmo que ele não possa realmente me garantir isso, mesmo que nenhum de nós saiba o que está acontecendo lá dentro, mesmo assim, as palavras dele conseguem me dar um pouco de alivio, mas me recuso a soltá-lo e ele não se move nem um centímetro, até que Pietro aparece.
— E os meninos? – Keyse pergunta e eu quase tinha esquecido que ela estava aqui.
— Eu deixei eles e a Iris com o Ryan, eu achei melhor não contar nada pra eles, se não... Vocês sabem, eles iam querer vir...
— Claro, obrigada – Keyse agradece e ele dá um leve abraço nela e logo vem até a mim, ele abre os braços e eu saio do Pyter e me jogo nele, o mesmo conforto que encontrei no Pyter, encontro nele também, ele beija minha cabeça várias vezes.
— Já tem notícias? – eu nego e ele solta o ar e me aperta nele – Pelo menos quando ele acordar eu posso dizer que o arranhão foi o Pyter que fez quando tava vindo pra cá – mesmo com todo peso, com toda dor, desespero e angústia, ele é o único que consegue me fazer rir, mesmo que por um segundo bem rápido, ainda assim ele conseguiu e isso só me faz apertá-lo ainda mais.
Cada segundo parece infinitamente mais demorado e mais angustiante, eu sinto como se a qualquer momento eu pudesse me desmontar inteira, como se cada parte do meu corpo começasse a perder os que a mantém funcionando, como se não houvesse mais razão pra isso, por que essa é a verdade, por mais que eu ame nossa família e eu realmente os amo mais do que tudo nesse mundo, amo nossos filhos, nossos netos, tudo que construímos, ainda assim é ele quem me mantém acesa, viva e querendo ainda mais, sem ele eu me sinto perdida e não do tipo que não sabe pra onde ir ou por onde começar, mas perdida do tipo que não sabe quem é, eu não conheço uma Katniss sem um Peeta e eu realmente não quero descobrir, aliás, eu tenho certeza que mesmo se eu tentasse a resposta seria bem clara... Não existe Katniss, sem Peeta. Isso é a maior certeza que eu tenho.
Luíza chega e eu me solto do Pietro e sinto um outro tipo de alivio quando a vejo consolando-o, ele se manteve forte e estava aqui comigo, mas quando eles se abraçam, eu vejo que qualquer armadura que ele tivesse se desfaz, e eu sei exatamente como é isso, é aquele tipo de coisa que apenas uma única pessoa consegue fazer com você, Peeta tem esse poder em mim, assim como Pyter e Pérola encontraram isso na Keyse e no Ian, mas o Pietro sempre foi diferente, mais liberal, menos ligado a toda essa coisa sentimental, de um certo modo eu sempre o achei mais parecido comigo, não que eu tenha saído com metade do Distrito, não mesmo, mas eu nunca tinha parado pra pensar em namorar ou ter alguém de um jeito romântico na minha vida, mesmo por razões diferentes, Pietro também não, até que ele e Luíza começaram a namorar e a mudança nele é quase inacreditável, quer dizer, ele ainda é o mesmo, chega no meio da madrugada ou quando já amanheceu, tem ressacas pelo menos uma vez por mês, vai para essas festas loucas que ele adora e se mete quase na mesma quantidades de encrenca que se metia antes, porém, ele não faz mais nenhuma dessas coisas sozinho, agora quando eu preparo o chá pra tirar sua ressaca, tenho que fazer dois, por que Luiza as vezes acaba desmaiada lá em casa com ele, quando preciso encobrir a chegada dele no final da madrugada, também preciso esconder os sapatos que Luíza largou antes da escada, quando ele fica desesperado querendo dinheiro pra pagar alguma conta exageradamente alta que ele fez na balada, Luíza esta ao lado dele jurando que eles vão me pagar e não farão isso de novo, e por mais que eu tenha sim um certo ciúmes dele, eu tenho a plena certeza que ela é a pessoa dele, aquela pessoa que manterá o mundo dele erguido mesmo quando tudo em volta estiver desmoronando, assim como Peeta sempre fez comigo, assim como ele deveria estar fazendo agora, ao invés de estar lá dentro longe de mim.
A falta de ar volta assim que eu começo a pensar sobre o que pode estar acontecendo além daquelas portas, é insuportável ficar aqui, é torturante não ter notícias, e é enlouquecedor tentar pensar em outra coisa, por que tudo que se passa pela minha cabeça é no quanto eu o amo e que eu não posso de jeito nenhum perde-lo, Peeta é mais do que meu marido ou pai dos meus filhos, ele é meu melhor amigo, minha família, meu porto seguro, eu realmente não sei como explicar todas as coisas que ele significa pra mim e acho que não importam palavras ou o quanto eu tente dizer, seria impossível me fazer entender, mesmo pra eles, mesmo pros nossos filhos, nossos amigos ou qualquer pessoa que nos conheça, apenas uma pessoa conseguiria entender exatamente o que quero dizer e infelizmente ele não está mais aqui, Haymitch, ele sim entenderia, por que eu sei que assim como Peeta é a minha família, também era a dele, e por mais que eu não fale sempre dele, eu sinto tanto a falta daquele velho imbecil e arrogante, por anos ele era tudo que nós tínhamos, foi nossa família, nosso amigo e avô dos nossos filhos, eu o queria aqui agora, por que eu sei que ele entenderia por que parece tão difícil de respirar.
— Mãe?! – eu levanto a cabeça rápido demais, eles estão de pé e o médico está parado me olhando, eu me levanto e me aproximo.
— Como ele tá?
— Ele está medicado, mas ainda não está acordado...
— Por que não? O que ele tem? – ele olha em volta pra cada um e depois pra mim, como se não soubesse o que dizer e isso me deixa ainda mais desesperada.
— Só fala logo o que é – Pyter perde a paciência e o médico assente.
— O caso do Peeta é muito singular... Ele chegou aqui com um pequeno aneurisma, alguns pequenos vasos se romperam, ele teve um sangramento, mas felizmente não foi interno e não levou a nenhuma hemorragia, ainda assim era um quadro delicado, a rapidez de trazê-lo foi excelente, iniciamos logo os exames e pudemos logo iniciar o tratamento e controlar o quadro...
— Mas? – Pietro pergunta o que todos já estavam com medo de fazer.
— Como eu disse, o quadro dele é único, nós temos o histórico dele e peço desculpas pela demora, mas eu estava inclusive estudando as fichas dele e acabei tendo que entrar em contato com outros especialistas...
— Doutor, será que você pode pelo amor de Deus, falar logo, ou eu juro que não vou segurar ele quando quiser quebrar a sua cara – Pietro fala apontando o Pyter que já está emburrado e a um fio de perder a paciência.
— O que eu quero dizer é que o Peeta passou por coisas que ninguém sabe explicar, o tipo de coisa que ele aguentou quando era jovem deveria ter destruído o cérebro dele não existe ninguém, nenhum outro caso como o dele, não temos nenhuma comparação... – sinto aquele enjoo e meu estomago embrulha apenas em me lembrar de tudo que ele passou quando éramos apenas os “amantes desafortunados” – ...nem eu, nem nenhum outro médico consegue especificar as consequências de tudo aquilo, claro que já fazem anos, mas os danos estão lá... Os exames que eu pedi, a ressonância e a tomografia, são quase que impressionantes, eu... Eu realmente não posso dizer muito além do que estamos vendo, ele está se recuperando, o aneurisma foi controlado, ele agora está fora de risco, mas isso é tudo que eu posso garantir...
— Você não conhece ele... Ele... Já passou por muita coisa pior que isso – minha voz sai meio embargada, mas ele concorda.
— Eu não tenho duvida nenhuma que ele é uma das pessoas mais fortes que eu já vi...
— Ele é!
— Eu só estou fazendo meu dever de informa-los sobre o quadro dele, agora está estabilizado, ele precisará ficar essas 24 horas aqui em observação, mas logo que ele acordar vocês poderão vê-lo...
— E isso vai demorar quanto tempo?
— O efeito dos remédios deve acabar em 20 minutos...
— Obrigada – Luíza fala depois que todos apenas fazem silêncio, o médico assente e já ia se afastar, mas acaba voltando.
— Eu posso não saber o que vai acontecer exatamente, mas eu sei de uma coisa, ele passou por tudo aquilo e viveu todos esses contrariando a qualquer expectativa, então eu realmente acredito que ele vai ficar bem...
— Ele é um Mellark, faz parte da nossa linhagem contrariar os outros – Pyter fala e o médico sorri, então sai, Pietro vem até a mim e me abraça.
— Eu disse que ele ia ficar bem, agora só temos que esperar 20 minutos e então ele vai poder reclamar que não pode ficar aqui até amanhã por que tem muita coisa pra resolver – eu acabo sorrindo por que realmente isso é bem a cara dele.
Assim que se completam os 20 minutos, uma enfermeira aparece e avisa que ele está acordado e nós podemos vê-lo.
— Nós já vamos, você deveria ir na frente – Pyter fala e me dá um sorriso, eu não penso em rejeitar a proposta e apenas sigo a enfermeira.
Assim que entro no quarto sinto meu coração disparar, ele está deitado, com aquele roupão horrível de hospital, parece abatido e cansado, mas abre um sorriso largo quando me vê e estica a mão pra mim, seu dedo tem uma espécie de pregador na ponta, mas eu corro até ele, seguro sua mão, depois acaricio seu rosto e seu cabelo.
— Você quase me matou de susto – ele diminui um pouco o sorriso e segura minha mão.
— Eu tô bem...
— Você tá num hospital, Peeta...
— Eu sei, quando eu posso sair? – eu acabo rindo, me inclino e beijo sua boca.
— Só amanhã!
— Amanhã? Eu não posso passar o dia inteiro aqui, eu tô ótimo...
— Ah mas você vai... Você não sai daqui até eu ter certeza absoluta que você tá fora de risco
— Kats...
- Não, Peeta, você não vai sair daqui até o médico dizer que você está de alta – eu falo firme e ele me olha, então sinto aquele desespero aumentando de novo – Você não tem noção de como eu me senti, Peeta, não tem noção de como foi ver você caído naquele chão... Imóvel, inconsciente, sangrando... Você... – as palavras desaparecem, meu choro toma o lugar e eu volto a tremer.
— Ei, calma, eu tô bem agora – ele me puxa pra mais perto dele e me abraça, mesmo com os fios entre nós eu me aperto nele, por que preciso saber que ele está aqui.
— Licença! – a porta é aberta, eu enxugo meu rosto com as mãos e olho na direção dela, Pyter entra primeiro – Ninguém conseguiu segurar ela – ele explica enquanto Pérola entra no quarto, eu me afasto da cama e deixo que ela se aproxime do pai, assim como eu ela se joga na cama sem se importar com os fios e o abraça forte.
— Ela chegou assim que você veio pra cá e tava deixando todo mundo louco lá fora – Pyter fala fazendo uma careta, Pietro também entra no quarto e vai direto até o Peeta.
Depois que os três falam com ele e se certificam que ele está bem, nos deixam sozinhos novamente.
— Ei, vem cá – Peeta estica a mão pra mim e me aproxima da cama – Me perdoa? – eu aperto sua mão e me sento na beirada da cama, com a mão livre eu acaricio seu rosto.
— Não tem nada pra ser perdoado, só... Deixa eles cuidarem de você... Deixa eu cuidar de você – ele sorri concordando, então eu me inclino sobre ele e o beijo.
— Desculpa atrapalhar – a voz vem logo em seguida da batida na porta, é o médico, eu me levanto da cama, mas não me afasto e continuo segurando a mão do Peeta – Eu estou com seus últimos exames – ele levanta umas pastas grandes e eu e Peeta nos olhamos, então ele se apressa em nos explicar, basicamente disse o que já tinha dito para nós do lado de fora, mas com algumas atualizações, os exames mostram que o aneurisma realmente foi controlado, que ele está reagindo muito bem as medicações e provavelmente receberá alta amanhã de manhã se tudo continuar indo bem, porém como ele disse antes não temos como saber como o corpo dele realmente irá reagir, devido as torturas e toda pressão quando éramos jovens eles não sabem como o corpo dele pode continuar reagindo, mas ele realmente parece confiante e eu tento ficar também, mas quando ele sai e nos deixa sozinho Peeta me olha daquele jeito de quem me conhece mais do que qualquer outra pessoa.
— Não vale a pena! – ele fala e eu tento parecer confusa.
— O que?
— Pensar no que você está pensando... O passado, já passou, já foi...
— Mas é por ele que você está aqui – ele sorri e concorda me puxando pra mais perto.
— É por ele também que eu me casei com você e sou o cara mais feliz do mundo todo – eu não me animo muito, mas ele beija minha mão sorrindo – Você se arrepende disso?
— Nem por um segundo – não preciso pensar, a resposta sai imediatamente.
— Eu amo você! – dessa vez eu sorrio.
— E eu preciso de roupas, não posso ficar andando pelo hospital de roupão – olho pra minha roupa e ele concorda – Eu vou pedir um dos meninos pra ficar com você e vou em casa pegar algumas coisas, tudo bem?
— Aproveita e liga pra padaria, avisa o Benny que temos que fazer o pedido do forno pra padaria do 7 ainda hoje – ele fala e eu acabo rindo.
— Você não para nunca? – ele também ri e dá de ombros.
— Falou aquela que estava distribuindo as cestas básicas dois dias antes do Pietro nascer – eu faço uma careta – E é por isso que eu te amo tanto...
— E por que eu melhorei bastante na cozinha – ele dá uma gargalhada tão alta que me faz rir mesmo tentando parecer brava – Eu vou deixar passar por que você está em recuperação – eu aviso e me afasto – Eu não demoro – mando um beijo no ar e saio do quarto.
Na sala de espera os meninos já estão lá e ansiosos pra ver o avô, eu explico que vou em casa pegar algumas coisas e trocar de roupa e Pietro avisa que me leva e quando saímos do Hospital os meninos estão correndo pra ir ver o avô enquanto Iris está pendurada nos ombros do Pyter segurando vários balões coloridos que eu tenho certeza que arrancarão vários sorrisos do Peeta, e isso é suficiente pra me fazer entrar no carro sorrindo mais aliviada.
— Voltando a nossa conversa de antes... – Pietro fala e me olha rapidamente enquanto dirige, eu não minto a cara de confusa, realmente não sei do que ele está falando.
— Que conversa?
— Sobre o que eu fiz de errado dessa vez pra você ficar irritada hoje de manhã...
— Ah aquilo... Não foi nada, eu só... Você me conhece... Não era nada
— É exatamente por que eu te conheço que eu sei que era alguma coisa
— Nada importante – ele me olha duvidando.
— É por causa do pedido? – eu sei que ele virou o rosto pra mim, mas intencionalmente eu olho pro lado de fora – Mãe? Foi isso, não foi?
— Eu só achei que você não estivesse com pressa...
— Não é pressa, eu só... Eu amo ela, mãe – sua voz se torna aquele tom mais doce que sempre tem quando ele fala dela e dessa vez eu o olho, mas logo estacionamos na Vila, eu desço e ele também, dou a volta e o encontro em frente a porta de casa.
— Eu sei que você a ama e sei que ela te ama também, e isso me faz feliz, ver vocês tão bem é... O melhor que eu já sonhei pra você – eu toco seu rosto e sorrio, ele também sorri e coloca a mão por cima da minha.
— Eu amo você, mãe! Não importa quanto eu ame outra mulher, você é e sempre será a primeira mulher da minha vida – ele afirma e beija minha testa demoradamente – Além do mais eu tava pensando que... Bom, não queria esperar muito pro casamento... Vai que eu perco a coragem né – ele faz uma careta e eu acerto um tapa nele.
— Não ouse – ele ri.
— Tô brincando – ele levanta as mãos – Mas eu realmente não queria esperar muito, mas nós ainda não temos uma casa ou um apartamento, então eu pensei que pelos menos até nos acharmos...
— Sim, é claro que sim, isso seria perfeito – eu nem espero ele terminar e já comemoro abraçando ele apertado, ele ri.
— Tem certeza?
— Absoluta! – eu afirmo e ele beija minha bochecha várias e várias vezes.
— Então não precisa mais ficar com ciúmes, você ainda pode lavar minha cuecas – eu acabo rindo, mas lhe dou outro tapa, mesmo que seja ele mesmo quem lava as próprias roupas a vários anos, ele só não tira do varal por que sempre esquece.
— Eu vou buscar as cosias e voltar pro hospital – ele concorda e entramos juntos.
Quando volto pro hospital, Pérola e Louise que estão com Peeta, ele acabou de receber o almoço e eu aproveito pra comer algo junto com os gêmeos que brigam por um ultimo pedaço de bife no refeitório do Hospital, Keyse acaba proibindo os dois de pegar e Pyter que come o bife rindo e fazendo caras e bocas para os meninos, até que Keyse briga com ele também e arranca uma gargalhada alta da Iris e enquanto estou com eles tenho ainda mais orgulho da familia que formaram, do quanto são unidos e visivelmente felizes, como mãe eu me sinto totalmente realizada quando vejo isso.
Depois do almoço eles vão embora, apenas Pérola fica comigo, como Peeta precisa descansar por causa dos remédios, ela me faz companhia na sala de espera e aproveitamos para colocar o papo em dia, ela conta sobre a nova coleção e que agora irá fazer roupas para crianças também e está tão animada com isso que eu me animo também, mesmo não entendo nada de moda, mas entendo sobre ela estar feliz e ela está, então eu também estou.
A noite todos eles voltam, veem Peeta, ficam um tempo e dessa vez todos vão embora e fico só eu, tenho permissão pra passar a noite no quarto com o Peeta e na verdade acho que eles sabiam que eu não aceitaria outra resposta.
— Você não vai dormir nesse sofá, vai? – Peeta pergunta reprovando com uma careta.
— Não é tão ruim quanto parece – falo enquanto ajeito as almofadas.
— Para de bobeira e vem logo pra cá – ele levanta o lençol que está por cima dele e se afasta pro lado.
— Peeta, você tem que descansar, não vou dormir aí com você...
— Se você não vier, eu vou pro sofá, e bom, eu não sou médico, mas eu acho que não é recomendável – ele me encara e eu sei que ele fala sério e também sei que dormir ao lado dele é tudo que eu quero então eu vou logo pra cama e assim que me deito ao seu lado ele passa o braço em volta de mim, minha cabeça encaixando no peito dele – Agora sim – eu o sinto sorrir e acabo sorrindo também, coloco minha mão por cima do braço dele e fecho os olhos me sentindo relaxar.
— Peeta? – eu o chamo depois de alguns minutos em silêncio, ele meio que geme, meio que solta um som abafado, olho pra cima e ele indica que eu fale – Promete que você não vai me deixar? Por que eu não suportaria isso... Você tem que prometer – mesmo sabendo que é em vão, que não podemos controlar nada, mesmo sabendo que a vida acontece e segue do jeito que ela quer independente de nossas vontades, ainda assim eu preciso ouvir ele prometendo.
— Eu não vou a lugar nenhum! Não sem você – ele me dá um leve sorriso – É uma promessa – eu balanço a cabeça confirmando e volto meu rosto para os eu peito sentindo seu cheiro mesmo misturado a esse cheiro de hospital e quando ele afunda o rosto no meu cabelo eu relaxo de verdade pela primeira vez no dia, por que ele está aqui e aqui, nos braços dele é o meu lugar.

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