Not That Simple Maid

Capítulo 6 - Como me meti nessa?


Quando menos percebeu, Riley já estava dentro da BMW preta de Ward, sentada no confortável banco de couro ao lado dele. As janelas estavam completamente abaixadas, e uma brisa morna da noite revolvia seus cabelos. Riley esfregou a cabeça com sono, mas mantinha seu olhar para a cidade. Depois de passaram pelo impressionante centro iluminado, seguiram para uma parte mais reservada da cidade, onde os luxuosos condomínios residenciais se localizavam. Tudo parecia mais quieto quando saíram da avenida principal e se afastaram das multidões noturnas, e as ruas começavam a ficar cada vez mais arborizadas e organizadas.

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– É um emprego interessante o seu.... – Ward começou, totalmente a vontade no volante. – O de maid....

Riley, ao ouvir isso, corou e sentiu o sono indo embora num instante.

– AHHH, porque você tocou nesse assunto?!

Ele manteve seu olhar reto, mas esboçou um sorriso divertido. Seus cabelos lisos loiros, compridos até as bochechas, balançavam com o vento, e a iluminação dos postes deixavam-nos ainda mais dourados. Riley o encarou até seus olhos surpreendentemente verdes virarem para retribuir o olhar dela, e Riley, subitamente encabulada, virou a cabeça para a rua.

– Por que você escolheu esse emprego?

Não havia provocação na sua voz desta vez, apenas curiosidade expressa de uma forma educada.

Riley o encarou por um breve instante, apenas por se decidir que Ward parecia ser confiável o suficiente e, diferentemente dos outros garotos populares, ele realmente parecia que entenderia se ela tentasse. “Ele já sabe de um dos meus maiores segredos. Não pode ficar muito pior se ele souber de mais um,” ela pensou, respirando fundo e, percebendo que não tinha nada a perder, começou a explicar para Ward.

O carro estava subindo tranquilamente uma ladeira ao lado de um parque, de forma que toda a cidade colorida e iluminada se tornasse uma vista de tirar o fôlego, reluzindo como um baú de pedras preciosas reluzindo na escuridão da noite. Riley contou sua história calmamente, e parecia que Ward havia diminuído a velocidade, quase imperceptivelmente, apenas para escutá-la melhor.

– Oh, motivos familiares... – Ward disse quando ela se calou. Ele parecia entendê-la. – As coisas estão agitadas?

– Sim... – Riley suspirou, antes de continuar. - Por isso estou trabalhando num Maid Café num bairro próximo.

– Em vez disso, você não poderia pegar um trabalho perto de casa?

– Eu tentei, mas não há tantos empregos de meio período disponíveis por lá. E eu não conseguiria conciliar ambos, trabalho e estudos. Estando no último ano, eu não posso permitir que minhas notas caiam. Não agora.

Um silêncio se prolongou por alguns instantes, e Ward se aproximou da entrada do condomínio residencial. Um segurança perguntou seu nome, e logo que o reconheceu nos sistemas abriu o portão. Logo na entrada, a silhueta de inúmeras casas, uma maior e mais luxuosa que a outra, se espalhava pela rua principal, e focos de luz iluminavam algumas palmeiras imperiais, que balançavam com a brisa. “Nunca vi algo tão.... suntuoso!” pensou Riley, embasbacada com a beleza do lugar.

Ela não viu quando Ward, completamente indiferente àquilo tudo, a observou atentamente quando ela virava a cabeça para absorver as luzes brilhantes que vinham das enormes janelas das mansões, os jardins da frente repletos de begônias e lírios, a arquitetura única de cada casa. “Maravilhosa...”, sorriu.

– E o salário não deve ser ruim também, não é? – ele perguntou de repente, voltando ao assunto anterior com um toque de sarcasmo.

– Hum, o que é? – Riley saia do transe, piscando os olhos. – Ah, sim, é bom.

– Deve ser porque se contratam apenas as que ficam melhor de vestido de maid.... – ele a olha com uma malícia brincalhona.

– O QUE?!!! SEU ALIEN PERVERTIDO!!

Ward começa a rir, e Riley dá um soco no seu ombro, antes de se encolher enfezada.

Então eles escutam um som de batidas eletrônicas ecoando no ar, vinda de uma das casas no fim daquela ruela. Ward diminui a velocidade, e Riley pode ver alguns adolescentes perambulando, alguns metros à frente, pela calçada e pelo quintal de uma das maiores e mais lindas casas do condomínio. Com dois andares, um telhado estilo vitoriano e diversas claraboias pelas paredes esculpidas em mármore, a mansão ocupava toda a parte da frente do quarteirão.

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– Então aquela é que é a festa..... – Riley sussurrou, momentaneamente incapaz de prestar atenção em algo mais.

– ...pois é....

E com isso, o carro dobra numa estreita e escura rua do quarteirão ao lado, de forma que, ao desligar os faróis, permanecesse invisível dentro das sombras.

“Então, aqui estamos....” Riley suspirou, voltando em si. Pegou sua bolsa, e fez menção de abrir a porta, quando reparou que Ward permanecia estranhamente quieto, como se estivesse refletindo sobre algo.

– Você não vem?

Ele continuou silencioso, talvez observando a casa pelos retrovisores, mas subitamente virou-se para ela.

– Mudança de planos. Ligue para sua amiga, Hanna.

– Espera, Hanna? Ela está aqui?

– Considerando o fato que ela namora o quaterback do time, e que essa é uma festa dos Walker, sim, eu acredito que ela esteja lá.

Riley concorda com a cabeça, finalmente se recordando.

– Ligue para ela vir abrir a porta para você. Entre, e logo no hall de entrada, à esquerda, tem uma enorme escada que dá para o segundo andar....

Ward explicava com a maior naturalidade, como se ela nem estivesse para entrar de penetra numa festa e invadir a maior casa que já vira, tudo de uma vez. Sentiu suas pálpebras ficando pesadas, com o sono vindo, mas balançou a cabeça para afastá-lo.

– Me dá seu celular – antes de poder contestar, Ward já estava gravando o número dele na sua agenda. - Quando você estiver lá em cima, entra pela última porta que vai dar para essa janela aqui e me liga, ok?

Riley viu a janela que ele estava apontando do carro. Era grande, como uma veneziana envidraçada, com uma estreita cerca de ferro em espiral. Embora ficasse no segundo andar, não era tão alta em relação ao solo.

– Perguntas?

– Você é sempre assim com todo mundo que conhece, ou foi só que eu dei sorte? – Riley disse, abusando no sarcasmo.

– Acho que eu posso dizer que você incita o que há de pior em mim, senhorita maid..... – e Ward responde ao sarcasmo com um longo olhar malicioso.

Tentando evitar suas bochechas em corar, Riley vira para sair pela porta, porém ela sente um vulto antes muito próximo da sua cabeça, e fica estática.

E vê Ward sorrindo para ela, com os olhos verdes brilhando na escuridão. Ele segurava seu prendedor de cabelos, que até aquele momento estava preso num coque baixo.

– Mas o que.....? – seu coração acelerado falha sua voz.

– Assim fica melhor.

Depois que percebeu o que aconteceu, a garota se apressa em sair do carro o mais rápido que pode, para disfarçar seu rubor. “Mas que atrevido!”

A rua estava completamente deserta, tranquila, se não fosse pelo caos e a música alta que parecia balançar as paredes da mansão a sua frente. Discou o número de Hanna, que depois de cinco toques atendeu com a voz um pouco ofegante, a barulheira na festa obrigando-a a gritar no celular.

Tentou resumir o básico para ela, uma tarefa mais difícil do que havia pensado, e ao terminar a complicada ligação, se dirigiu resmungando até a porta, evitando os olhares inquisidores de alguns adolescentes no quintal da frente. Então a grande porta da entrada se abriu, e Hanna passou por ela.

– Não acredito que você está aqui!

Hanna usava um vestido preto bem curto e justo, que evidenciava suas curvas, e saltos tão altos que Riley pensou como ela estava conseguindo se equilibrar em cima deles. Seu cabelo castanho estava um tanto bagunçado nas pontas, mas no geral, sabia que era sua velha amiga que estava a sua frente. Inesperadamente foi tomada por uma onda de saudades.

– Hanna, você está linda!

– Obrigada! – Hanna sorriu, e em seguida a conduziu para debaixo de uma árvore, se afastando da entrada. – Riley, eu escutei bem? O Logan te trouxe? Cadê ele?

Hanna sorria com extasiada animação, e procurou o garoto ao redor.

– Estou aqui porque estava devendo um favor àquele idiota mental...

– E como foi que você ficou devendo para ele?! – Hanna lançou uma piscadela, transbordando malícia.

– Nem me pergunte! – Riley olhou para escuridão na rua, onde o carro preto de Ward estava estacionado. – Mas a questão é que preciso da sua ajuda para entrar nessa... hã... festa.

– Mas é claro!!

– Mas fale baixo! Quero ser o mais discreta possível! E sair rapidinho! Talvez se você me encobrir pela multidão, eu possa...

Hanna a interrompeu, erguendo os braços em exasperação.

– Eu não acredito em você! Um dos caras mais GATOS da escola te leva para uma FESTA numa casa dessas, e tudo o que você pensa é em discrição e sair rapidinho?! Você tá de brincadeira comigo?

– Hanna, não estou aqui para...

– Não importa, Riley, pense em você por um instante! Você não sai para se divertir a meses, só trabalha, trabalha, trabalha! – pelo tom de voz da garota, ela estava tentando dar uma bronca, mas não conseguia ficar muito brava com a amiga. – E a gente mal se vê a meses também....

Riley parou e encarou a amiga, se dando conta do peso das suas palavras. Eram verdadeiras, e doloridas. Abraçou Hanna, o mais forte que podia.

– Me desculpe....

Depois de se separarem, Hanna limpou os olhos e segurou as mãos da sua amiga, recompondo-se.

– Não tem problema. Fico feliz que esteja aqui. E vou te ajudar! Mesmo que essa situação inusitada não tenha nada a ver com um certo garoto...

– Hanna!

E Riley riu com as gargalhadas da amiga. “Como senti sua falta!”

– Olha, amiga, - Hanna começou, olhando as roupas de Riley. – Vestida assim todos vão te notar. Você precisa se misturar um pouco... Já sei! Espera um minuto aqui!

E saiu em disparada para dentro da casa, deixando a porta escancarada. O celular de Riley vibrou, e uma mensagem de um número recém-gravado de um certo alguém apareceu na tela. Eram apenas três simples pontos, de impaciência, e Riley respondeu com toda a educação: “Não pode esperar, não?!” Na escuridão, viu os faróis do carro de Ward acenderem e apagarem logo depois. “Idiota!” rolou os olhos.

– Aqui está!

Hanna voltara, e segurava um vestido roxo escuro, sem mangas ou alças, que parecia tão curto e justo quanto o seu próprio.

– Ah, não! Eu não vou usar isso!

– Você queria se misturar, não é? Isto é a sua discrição.

– Espera, de onde você pegou isso?

– Ah, fui até o quarto de Kate e peguei emprestado. – Hanna respondeu, como se aquilo fosse mais que trivial. – Acredite, ela tem menores que este, e não fará falta alguma.

– Mas, mas...!

Como resposta, Hanna apenas arqueou as sobrancelhas como dizer, “você quer se misturar ou não?”

Derrotada, Riley foi até um canto afastado, escondida atrás de uns arbustos bem podados, e vestiu a (minúscula) peça de roupa. Saiu do breu vermelha de vergonha, puxando a barra do vestido para baixo. O tecido aderia perfeitamente no corpo, destacando sua cintura e busto, muito mais do que Riley imaginaria. “É bom mesmo que isso me faça invisível naquela festa”

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– Minha nossa!! Você está absolutamente in-crí-vel!! – disse Hanna, deixando o queixo cair, e elevando a voz. – Nunca pensei que você pudesse estar tão feminina!

“Isso porque você não me vê todo dia no Maid Café,” pensou Riley, e instantaneamente uma imagem do Ward daquela tarde a veio à cabeça. Começou a dobrar suas outras roupas, numa tentativa de esquece-la.

– Bom, com sorte, ninguém vai reparar nos seus pés. – Hanna diz, notando o par de all star cinza desbotado que vê a amiga usando sempre. – Ou seria melhor eu pegar emprestado uns saltos também?

– NÃO! – Riley se apavorou subitamente com a ideia. – Não, o vestido está ótimo!

Hanna ainda bagunçou um pouco os cabelos de Riley, deixando-os um pouco mais volumosos, e deu batidinhas em sua bochechas para parecerem mais rosadas. Desejou boa sorte a amiga que se virava em direção à porta, e pegou a bolsa e roupas de Riley, antes de se dirigir a rua.

Mas antes de cruzá-la, virou para a casa no exato momento em que Riley entrava pela porta, com uma expressão mais curiosa do que temerosa, para dentro de uma bagunça indefinida de música eletrônica, corpos dançantes e luzes coloridas. Sorri.