Flashback em

–Bones? Bones! Bones!

A imagem escura e os gritos aos poucos foram desaparecendo. Ela lentamente abriu os olhos, sentindo uma mão quente em seu rosto. Ela ouviu a própria respiração ruidosa, e sentiu o suor frio escorrendo pela testa.

–Está tudo bem, foi só um pesadelo. – murmurou ele, abraçando-a contra si.

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Ela estava deitada na cama dele, suas costas repousando em seu peito. E então o pesadelo se foi, e ela se sentiu segura. Sentindo o suave subir e descer do peito dele, Brennan paulatinamente foi se acalmando.

–Com o que estava sonhando? Eu e Hodgins de novo?

Ela concordou com um movimento da cabeça, sem coragem de falar.

–Está tudo bem agora, eu estou aqui.

Lentamente, a respiração dela se normalizou. Brennan começou a relembrar os acontecimentos das últimas horas. Dela passando na casa de Booth, dos dois preparando o jantar, do beijo que ela começou e que em uma velocidade assustadora se transformou em muito mais. Acabaram por não jantar, e ainda usaram a bancada da pia para outras finalidades. Algum tempo depois, Booth a carregou para a cama, e ali terminaram a noite. A corrente de lembranças dela foi interrompida pela voz de Booth.

–Eu sei que você não acredita em Deus ou santos... - murmurou, tirando algo do próprio pescoço. – Mas eu quero que você aceite algo.

Ela sentiu um metal frio contra seu peito, e as mãos de Booth em sua nuca. Olhou para trás, e percebeu que ele estava atando o nó de um medalhão em volta de seu pescoço.

–Booth, o que...

–É meu medalhão de São Cristóvão, ele sempre me protege.

–Você sabe que um objeto não pode conter valores além...

–Sei, sei. Mas essa corrente é especial para mim. Meu avô me deu quando eu era um garoto, ela me traz segurança.

–Booth, se realmente acredita nisso, seria melhor que você usasse.

–Eu quero que você esteja segura. E eu quero que se lembre de mim nesse ano. Se você estiver bem, eu estarei bem.

Ela tocou a corrente com os dedos, sorrindo.

–Você não desistiu de viajar, não é?

–Não, Booth. Não posso perder esta oportunidade para a minha carreira. E você já acertou tudo com o exército, de qualquer forma.

–Não custava perguntar... – murmurou ele, passando a mão pelos cabelos dela, os olhos escuros e sem foco.

–Você vai voltar alguns dias antes que eu? – perguntou a voz dela, baixa.

–Vou. Nos encontramos no dia da sua volta?

–Onde?

–Se lembra do carrinho de café perto do espelho d'água? No Nationall Mall?

–Nosso lugar especial?

–Lá mesmo.

–Seria perfeito.

–No final da tarde, quando o sol estiver se pondo?

–Combinado.

Ela ergueu o corpo, se sentando na cama por alguns instantes antes de levantar.

–Aonde você vai?

–Eu realmente preciso ir para o Jeffersonian.

–Você viu que horas são? – disse ele, apontando o relógio – Quatro e quarenta e sete da manhã! Isso não é horário de estar acordado, quanto mais de ir trabalhar!

–Eu deveria ter ido ontem à noite, mas alguém me impediu.

Sorriu Booth.

–Você não reclamou na hora.

Ela não sorriu, e ele percebeu que Brennan estava erguendo as barreiras novamente. Ele não conseguiria dissuadi-la a ficar. Nem pelo resto da noite, nem pelo próximo ano.

–Ao menos eu te dou uma carona, Bones. – disse ele se levantando, conformado.

Aproveitando o momento íntimo que ainda os envolvia, ela vestindo as roupas e ele pegando algumas peças pelo chão, se aproximou da parceira, pousando um beijo no topo de sua cabeça. E foi recompensado com um sorriso.

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–Obrigada.

Flashback off

Nicholas adormeceu depois de mamar, e Booth se aproveitou do fato que Brennan estava ocupada com o bebê para realmente olhá-la. Ela trazia uma expressão cansada, olheiras das quais ele não se lembrava.

–Bones? Quando foi a última vez que você teve uma boa noite de sono?

–Eu não lembro, perdi a conta depois de algumas semanas sem dormir direito.

–Nosso garoto é noturno?

–Ele é bem tranquilo normalmente. Acorda duas ou três vezes de madrugada, mas logo dorme. O maior problema está sendo as cólicas.

–Depois do terceiro mês costuma passar.

–Na maioria das vezes, mas não é regra geral.

Ele ficou ainda abraçado a ela, o queixo em seu ombro. Não cansava de olhar para a respiração suave do menino no colo da mãe, seu peito subindo e descendo em um ritmo constante e pacífico. Depois de um ano na zona de guerra, vendo imagens terríveis que ficariam impressas em sua memória, aquele retrato de paz era tudo que poderia desejar.

–Quando eu me deito, fico ouvindo os ruídos da casa, esperando pelo choro que invariavelmente vai vir. – disse Brennan, baixinho. Ele deixou de lado seus pensamentos para prestar atenção a ela. - E se eu fecho os olhos e acordo com o choro, me culpo por ter dormido.

–Bones, você precisa descansar. Realmente descansar.

–Eu não consigo adormecer.

–Já damos um jeito nisso. Me dê ele aqui, vou colocá-lo no berço. – disse Booth, se levantando e estendendo os braços para o bebê.

Brennan fez o que ele pedia, Booth cuidadosamente pegando-o no colo.

Era a primeira vez que segurava o filho, e ficou um tempo parado, apenas mirando o garotinho, um sorriso enorme em seu rosto.

–Nós temos um filho, Bones.

Ela riu.

–Isso é bastante óbvio no momento, Booth.

Ele fingiu se zangar, fechando a cara.

–Me dê um desconto, você teve meses de vantagem para se adaptar à ideia.

Ela o mirou por alguns segundos, incerta.

–Você está... bem com isso? Em ter outro filho?

–Se estou bem? – perguntou ele mirando-a, a voz baixa para não perturbar o bebê em seu colo – O único momento que posso comparar a esse foi quando segurei Parker pela primeira vez.

Ele sorriu de forma boba, da forma que todo pai orgulhoso sorri quando segura, temeroso, o embrulhinho leve e frágil.

–Bones, era o que você queria, não era?

–Sim, mas não sei se era o que você queria. Antes da cirurgia você disse...

–Aquilo valia para clínicas de fertilização. Mas esse carinha aqui foi concebido da forma tradicional, por amor.

Ela sorriu minimamente.

Carregando o menino contra o peito, Booth o levou até onde antes costumava ser o quarto de hóspedes, mas que agora trazia suaves tons de verde e azul nas paredes. Deixou outro beijo na testa da criança, antes de sair para cuidar da mãe.

Voltou para o quarto, ajudando Brennan a deitar e cobrir-se. Deitou próximo a ela, a abraçando por trás e falando com suavidade.

–Pode dormir que eu estou aqui. Se o Nicky chorar, sou eu quem vai até lá. – ela sorriu. Não fazia nem um dia, e Booth já havia dado um apelido ao menino. Feliz, e pela primeira vez em muito tempo relaxada, ela adormeceu.

Continua...