Nosso Amor Único

Capítulo 15


CHRISTIAN

TRÊS MESES DEPOIS

Fazia alguns meses desde a nossa ida ao The Ellen DeGeneres Show, onde pedi a mão da Ana em casamento. A ONG Together With You e o Abrigo Happy Dreams estavam indo bem, sempre acolhendo e atendendo novos casos.

Nossa vida profissional também se encontrava tranquila e estável. Eu continuava pintando e expondo meus quadros em galerias para serem vendidos. Já a Anastasia havia aberto outra loja da Spicy Cherry, agora em um bairro badalado em Los Angeles.

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Fomos para a inauguração dessa nova filial da empresa da Ana e na volta, eu toquei mais uma vez no assunto “Filhos”, já expondo minha ideia de ir perguntar para a mãe dela, se a mesma nos daria a honra de ser a nossa barriga de aluguel.

Anastasia riu na hora e logo descartou a minha ideia, mas informou que tinha uma prima chamada Vanessa, que ambas eram muito amigas e que ela era solteira, então não se importaria de gerar um filho nosso e de ir morar conosco para podermos acompanhar a gravidez de perto.

Dias depois, Vanessa foi jantar na nossa casa, quer dizer, na casa da Ana, mas eu passava mais tempo lá do que em meu próprio apartamento, então eu meio que já a considerava como nossa casa.

Enquanto jantávamos, descobri mais sobre a Vanessa, que a mesma possuía 25 anos, era DJ e dona de uma boate na cidade, e que também era assexuada, ou seja, ela não tinha nenhum desejo sexual, que para Vanessa, um pedaço de torta de chocolate e transar eram a mesma coisa.

Ela ficou muito feliz e honrada com a nossa proposta dela ser a nossa barriga de aluguel e nos informou que iria providenciar, o mais rápido possível, todos os exames necessários para verificar se estava tudo bem com seu corpo, para que não corrêssemos nenhum risco com relação às doenças.

Então falei a Vanessa que enquanto ela estivesse providenciando os exames, eu e a Anastasia iríamos à clínica de fertilização, para fazermos a coleta do material para o procedimento.

Na semana passada, nós encontramos uma clínica que consideramos segura e respeitosa com relação a nossa condição e fomos fazer a coleta dos meus óvulos e do espermatozoides da Ana.

Agora estávamos aguardando a ligação do médico, que nos informaria o dia para irmos junto com a Vanessa para a mesma fazer a inseminação.

Era sábado e eu me encontrava em meu ateliê, pintando mais uma nova coleção de quadros enquanto o som baixo e relaxante de piano, de uma das composições de Beethoven, escoava ao fundo, preenchendo o local.

De repente, escutei a campainha tocar.

— Pode entrar, amor! A porta está só encostada! – gritei, ainda de costas para a entrada, pintando, pensando que fosse Anastasia que tivesse perdido a sua cópia da chave, que eu havia dado a ela assim que começamos a namorar.

— Então é aqui que você se esconde? – escutei alguém falar, então parei de pintar e me virei na hora, já ficando assustado ao reconhecer a pessoa parada perto da porta – Oi, irmã... Desculpa. Oi, irmão.

— Oi, Josh – falei, engolindo em seco, indo desligar a música, mesmo que essa não estivesse alta.

— Você mora aqui? – ele indagou, olhando ao redor.

— O que está fazendo aqui? – inquiri e o vi suspirar, demonstrando mais ainda que ele estava tão desconfortável quanto eu me encontrava, com aquele reencontro inesperado.

— Christie, eu sinto sua falta.

— Eu me chamo Christian agora – ressaltei, o corrigindo.

— Desculpa, Christian. Olha... você tem que entender que foi, e ainda é, difícil para mim toda essa mudança. Eu sei que no começo, deixei toda minha confusão tomar conta de mim, me deixando levar por um preconceito, mas você é minha... meu irmão acima de tudo.

Apenas respirei fundo, o vendo falar e se aproximar a passos lentos.

— Eu quero criar um vínculo com você de novo, Christian. Você saiu de casa sem olhar para trás. Durante esse tempo, eu pensei e abri um pouco mais minha mente. Eu quero que você me explique algumas coisas, mas acima de tudo eu quero ser o seu irmão.

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Suspirei, deixando minhas coisas de pintura em cima de um banco.

— Fale alguma coisa, por favor.

O encarei.

— Eu saí de casa, porque vocês me expulsaram com suas atitudes e palavras cruéis. Eu achei que você fosse gostar de ter um irmão, mas não, ao invés de me defender, você me chamou foi de aberração na frente de toda a escola.

— Christian, me desculpa. Eu não sabia lidar com isso. Por toda a vida eu tive uma irmã. Minha irmãzinha que eu estava ansioso para proteger dos caras idiotas, que eu ia socar muito a cara deles, aí do nada muda tudo.

Não pude deixar de dar um meio sorriso.

— Eu sei, Josh. Foi isso que o tio Carrick me disse também. Não se preocupe, que eu não sinto mais ódio de você.

— Então, vai me perdoar?

— Sim. Eu te perdoo, irmão – falei, me aproximando dele, já o abraçando.

Era tão bom ter feito as pazes com o Joshua e ter ele novamente em minha vida, mas lá no fundo, eu queria mesmo era que meus pais me aceitassem, para que assim eu tivesse eles também perto de mim.

— E olha... – Josh começou a dizer, se desvencilhando e repousando sua mão em meu ombro – Eu gosto sim de saber que tenho um irmão, porque agora podemos sair juntos por aí e pegar muitas mulheres. Que tal?

Sorri, meio sem graça.

— Sou comprometido, cara. Na verdade estou noivo.

— O quê? Sério? – ele perguntou, surpreso, e eu assenti – E quem é o cara?

— Cara? – inquiri, franzindo o cenho.

— Sim. O homem que você está noivo. Você não é gay?

Eu ri.

— Não, Josh. Eu sou hétero. Estou noivo de uma mulher, porque eu gosto de mulher.

— Oh... Bem... Então, quando vou conhecer a minha cunhada?

— Não sei. Tenho medo que você fale algo idiota para ela.

— E porque eu falaria, irmão?

— Porque Ana é transgênera igual a mim.

— Ela tinha um pinto? – Josh indagou, de boca aberta, surpreso novamente.

— Ainda tem.

— E você ainda diz que não é gay. Cara, se você for, tudo bem. Eu vou te aceitar da forma que você é. Só tenha um pouco de paciência. Estou lidando com uma coisa de cada vez, ok?

Rolei os olhos.

— Josh, eu não sou gay.

— Então você fez a cirurgia?

— Não.

— Quer fazer? Eu posso te dar o dinheiro. Eu te ajudo na sua mudança completa.

— Eu estou bem assim, irmão. Mas, obrigado. É bom saber que posso contar com você quando eu precisar.

— Tudo bem. Eu só perguntei porque pensei que você tinha mudado, por causa do volume aí embaixo – ele disse, olhando para meu short, fazendo sorri – É aquelas cuecas com enchimento?

— Não. Eu uso um packer.

— O que é isso?

— É uma prótese peniana bem realista para homens trans que querem ter uma experiência verdadeira de como ir ao banheiro e mijar em pé. E também, além de dar volume, ele serve para o sexo.

— Caramba!

— Eu abaixaria minhas calças para você ver, mas seria embaraçador – comentei, rindo.

— Não. Obrigado. Eu já vejo o meu e é o suficiente – Josh murmurou, fazendo careta, o que me fez rir ainda mais.