(Tema de abertura: Quem Irá Nos Proteger – Vanessa da Mata)
CENA 1: Casa da família Gonzaga/Quarto de Diogo/Interno/Manhã:
OLGA: Posso entrar?
DIOGO: Vai me fritar?
OLGA: Vamos debater.
(Diogo que estava deitado em sua cama, ajeita-se para sentar e Olga entende isso como um sim)
OLGA: Queria colocar umas idéias no lugar em relação á você.
DIOGO: Quero que saiba que eu ia te contar, mas depois. Queria falar primeiro somente com papai e Robert, para que eles...
OLGA: Eu já entendi!
(Ele fica sem jeito)
OLGA: Eu... Gostaria de me desculpar, primeiramente. Não devia ter batido em você daquele jeito, nem falado aquelas coisas de uma forma tão rígida, mas fiquei decepcionada quando soube. Diogo meu filho, essa doença não é qualquer uma, ela pode te levar desta vida! Fiquei irritada quando pensei que você tinha sido tão irresponsável!
DIOGO: Mas mãe, eu não sabia que...
OLGA: A sua parceira tinha escondido os preservativos. Sim, Narmo me falou. Mas isso também não te faz de inocente! Você tinha que ter perguntado a ela antes.
DIOGO: Só Deus sabe o tamanho da raiva que eu estou sentindo.
OLGA: O tamanho da raiva?
DIOGO: Sim. E do arrependimento também.
OLGA: Mas raiva por quê?
DIOGO: Pelo que ela fez comigo. Foi uma vagabunda! Papai tem toda a razão. Ela foi uma cachorra comigo, aprontou tanto e eu a perdoei, pra depois ela me abandonar!
OLGA: Mas meu filho, não lamente por isso. É a prova de que ela não é a mulher certa para você.
DIOGO: Gostaria de ter enxergado isso naquela noite, na churrascaria! Teria evitado pesadas ilusões e infinitos desgastes.
OLGA: Mas agora você enxerga. Por que no final das contas, é um garoto inteligente. Que fará o possível para ter uma vida normal.
DIOGO: Mas você... Está me desculpando? Achei que depois da briga que tivemos ontem não voltaria a olhar pra mim tão cedo. Fiquei bem deprimido e muito assustado.
OLGA: Eu sei meu filho, esse meu lado bruto sempre assustando vocês. Mas agora eu venho dizer que continuo não aprovando o descuido que você teve, mas que estou aqui para lhe dar toda a força que precisar!
DIOGO: Oh mãe...
(Eles se abraçam emocionados)
DIOGO: Eu não sei o que dizer... A senhora sabe o quanto é importante para mim e, acho que morreria se te perdesse. Não consigo me imaginar sem a senhora. Carregando no futuro, meus filhos nos braços, me dando colo quando for velhinha... Eu me emociono ao lembrar de todos os momentos que tive o seu lado na infância. Tudo foi perfeito! Se pudesse viveria de novo.
OLGA: Eu te amo! Quero que sempre se lembre disso. Somos uma única parte.
DIOGO: E seremos pra sempre, independente de qualquer obstáculo! Te amo, mãe.
(Eles se abraçam novamente)
Toca “I Will Be Back One Day” de Lord Huron – 00:34 á 01:11

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CENA 2: Edifício Astorga/14° Andar/Quarto de Casal/Interno/Manhã:
(Robert e Daniela conversam por telefone)
DANIELA: Preciso saber o que você acha. Minha ideia não adianta nada sem o apoio das duas partes.
ROBERT: Mas isso é estranho, não?
DANIELA: O que? Um convite pra sair? Nada demais.
ROBERT: Eu nunca imaginei a gente...
DANIELA: Se divertindo á beça?
ROBERT: Ah! Não vai ter maldade mesmo, né?
DANIELA: Com certeza! Cem por cento honestidade!
ROBERT: Então eu aceito.
DANIELA: Ótimo, passo aí pra te pegar ás oito, pode ser?
ROBERT: Hoje?
DANIELA: Claro, algum problema?
ROBERT: Não, mas tem um detalhe: eu não estou em casa agora. E acho que não ficarei aqui até as oito.
(Ambos riem)
DANIELA: Tudo bem, passo na sua casa ás oito pra te pegar, no bom sentido é claro! Afinal, Danizinha tem a virtude de sempre respeitar a vontade alheia.
ROBERT: Danizinha?!
(Eles riem de novo)
ROBERT: Você está se inovando demais!
DANIELA: Os novos tempos chegaram, beijo!

CENA 3: Flat Reinado/Santo Agostinho/26° Andar/Sala de estar/Interno/Manhã:
CLEITON: Nem quis saber. Você sabe que eu detesto aquela cara de coitadinho que ele faz.
CLARA: Você deveria ter se colocado mais á par do assunto.
CLEITON: Pra que? Porque eu me daria o desgaste de falar com o Diogo, pra ouvir tudo o que eu já sei? Não, agora é a próxima fase!
CLARA: Mas antes é necessário você checar algumas coisas.
CLEITON: Como o que?
CLARA: Primeiro é saber se ele ainda mantém contato com a Lara...
CLEITON: A vagabunda que chupou ele? Não, muito difícil. Ele não seria trouxa de dar uma 3° chance depois de tudo que ela fez. Imagina, a menina trapaceou com ele na sua primeira vez, e depois ainda deu um toco por causa de um exame falso!
CLARA: Mas você não pode se esquecer de que tudo isso se trata do Diogo. E outra, o resultado do exame é falso, mas nenhum deles sabem.
CLEITON: Não sabem disso e nem vão saber das outras coisas que faremos em seguida afinal, só estamos começando.
(Clara ri nessa hora)
CLEITON: Gostou do que eu falei? Pois é! Então trate de ficar preparada, já que agora, a segunda parte do plano depende de você.
CLARA: Mas antes você tem que se certificar de que a Lara não está mais com ele. Ela precisa ficar longe!
CLEITON: Pode deixar. Se eles ainda estiverem próximos, eu a retiro em um sinal só! Com a sua ajuda é claro.
CLARA: Entramos em ação e botamos pra quebrar.
CLEITON: Sabe que estou achando você animadinha demais?
CLARA: Ah, foi um certo exame que fez isso comigo.
(Eles riem e depois se beijam)
Toca “Sleep” de Stone – 00:10 á 00:50

CENA 4: Barbotel/Mesa/Interno/Noite:
ROBERT: Nunca tinha ouvido falar deste lugar.
DANIELA: Mas é tão perto de sua casa.
ROBERT: Sim, mas, não costumo frequentar bares. Muito menos bares que são hotéis.
(Ele ri)
DANIELA: Mas garanto que vai gostar deste. É um ótimo lugar, com serviço de primeira.
ROBERT: Ok.
DANIELA: Garçom! Eu quero um shop.
ROBERT: Um suco, por favor. De pêssego.
DANIELA: Obrigada!
ROBERT: Então, sobre o que viemos conversar?
DANIELA: Sobre nós!
ROBERT: Oi?
DANIELA: Sobre as nossas vidas, como estamos, como andamos...
ROBERT: Eu ando mexendo as duas pernas.
(Eles riem)
DANIELA: Sem bobeira, Robert. Quero saber de você, como anda o seu coraçãozinho?
ROBERT: Ah, batendo!
(Eles riem outra vez)
ROBERT: Ta bom, vou parar de fazer hora. Bem, digamos que ele anda se recuperando.
DANIELA: Se recuperando de que?
ROBERT: Acho que da vida. Muito difícil.
DANIELA: Está falando de alguma garota que não está mais aqui?
ROBERT: Sim. Com o passar dos dias estou aprendendo a compreender e aceitar melhor a vida.
DANIELA: Está se renovando para embarcar em outra?
ROBERT: Não sei. O tempo dirá.

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CENA 5: Casa da família Gonzaga/Sala de estar/Interno/Noite:
CLEITON: Desculpa não ter vindo aqui antes. Fiquei tão ansioso pra saber como você estava.
DIOGO: Pelo menos você não se afastou completamente. Afinal, depois da nossa madrugada no telefone as coisas foram simplificando.
CLEITON: Que bom saber que pude ajudar mesmo não te vendo.
DIOGO: Sempre. Você tem a ação natural de resolver tudo a sua volta. Obrigado!
CLEITON: Depois dessa acho que quem vai chorar sou eu.
(Eles riem)
CLEITON: Mas, de lá pra cá mudou alguma coisa? Algo imprevisível aconteceu?
DIOGO: Sim. Mamãe veio falar comigo. Desta vez para se desculpar.
CLEITON: Mas... Foi uma conversa amigável, entre mãe e filho?
DIOGO: Sim. Ela se mostrou um pouco firme, e ao mesmo tempo tão doce. Foram poucas as vezes que eu a tinha visto assim. É esse lado dela que me faz querer recomeçar de novo. Se você visse como ela falou comigo...
CLEITON: Fico feliz por você, Diogo. Especialmente pelas coisas estarem se ajeitando agora.
DIOGO: Bom, nem tudo parece estar se ajeitando.
CLEITON: Está falando dela? Ainda sente a sua falta?
DIOGO: Eu tento me controlar, mas penso nela o tempo todo. O pior é saber que tudo isso foi pra nada. E como se não bastasse ainda vem um resultado desses, sabe! Eu sei que fui um imbecil que agi por impulso, só que eu tenho a impressão de que essa história está errada, que não era pra ser assim. Que o que acontece hoje, não era pra estar acontecendo, você me entende?
CLEITON: Entendo claro. A gente não se conforma.
DIOGO: Não, não estou falando disso. Estou dizendo que essa história... Ela não é assim!
CLEITON: Como assim, Diogo?
DIOGO: Tem alguma coisa, a mais! Algo oculto que eu não consigo ver agora, por mais que eu tente! Ao mesmo tempo eu tenho a sensação de que o pior ainda está por vir.
CLEITON: ...
DIOGO: Ao menos se eu conseguisse enxergar que sinal é esse que eu não consigo ver, talvez eu pudesse evitar o pior, mas eu não consigo.
CLEITON: Mas você vai continuar tentando, não é?
DIOGO: Sim! Eu sei que vou descobrir que fato é esse que está tão escondido.

CENA 6: Flat Reinado/Santo Agostinho/26° Andar/Sala de estar/Interno/Noite:
CLARA: Que cara é essa? Achei que estava tudo bem.
CLEITON: Está Clara, está. Mas dependendo, pode ser por pouco tempo.
CLARA: Como assim?
CLEITON: Ele está dando uma de detetive pessoal.
CLARA: Ham?
CLEITON: Segundo ele, alguma coisa está fora do lugar. Tem algo que anda não se encaixando.
CLARA: Ele quis dizer que...
CLEITON: Ele não quis dizer nada. Por enquanto!
CLARA: O que você está querendo dizer?
CLEITON? Estou querendo dizer que precisamos dar um jeito nisso! Achamos que estávamos no controle, mas eu me enganei.
CLARA: Então temos problemas!
CLEITON: Sim. Problemas que se não descartarmos agora, poderão acabar com o nosso plano mais tarde.
CLARA: De herdar toda a fortuna da família Gonzaga.
CLEITON: Exato!
CLARA: Ele disse algo a mais?
CLEITON: Disse que Olga fez as pazes com ele. Mas isso não representa nenhum problema. O alerta, é fazermos ele parar de ficar pensando no que está oculto.
CLARA: Sim, por que aí ele pode chegar a conclusão de fazer o exame de novo...
CLEITON: Borrando tudo.
CLARA: Precisamos agir rápido!
CLEITON: Sim, por isso você irá pedi-lo em casamento.
CLARA: Que?!
CLEITON: Isso mesmo. Vai pedi-lo em casamento, vai se oferecer como esposa e parceira para cuidar dele e de sua doença.
CLARA: Cleiton, ele vai me bater.
CLEITON: Diogo está carente. Ele também me contou que pensa muito na Lara. Apesar de não querer vê-la nunca mais, isso é o que ele fala. Ele me disse que se controla para não pensar nela, mas que não resiste. Vive em uma tortura, coitado!
(Ele ri)
CLARA: Não sei, nunca conversei muito com ele.
CLEITON: Ah é? E aquele lancezinho de vocês?
CLARA: Isso já tem muito tempo! E também não tinha-mos lance nenhum, só...
CLEITON: Rum! Sei muito bem o que esse “só” significa.
CLARA: Nunca tive nada sério com ele.
CLEITON: Mas teve. Só não foi sério! Para de fazer essa cara, Diogo vai cair no nosso plano, acredite!
CLARA: E vai aceitar se casar comigo?
CLEITON: Ele está carente, precisa de alguém ao seu lado. Está estampado nos seus olhos!
CLARA: Você subestima o Diogo. Esse é o seu problema!
CLEITON: Clara, por favor. Sem psicologia. Ficou com medo?
CLARA: Faço quando?
CLEITON: O mais rápido possível. Preciso de uma aliança no seu dedo anelar esquerdo pra ontem.
(Ele ri outra vez)

CENA 7: Barbotel/Mesa/Interno/Noite:
ROBERT: Nossa, que demora.
DANIELA: Sim, pra trazer um shop e um suco.
ROBERT: Serviço de primeira?
(Ela ri)
DANIELA: Bem, tem sempre a primeira vez pra tudo.
ROBERT: Olha, eu vou ao banheiro.
DANIELA: Nem chegou o suco e já está apertado.
(Robert sorri e se levanta da mesa)
DANIELA: Robert, espera! Você sabe onde fica?
ROBERT: Sim, ali no fundo. Vi a placa.
ADÉLIO: Espero que eu não me arrependa de ter vindo aqui você.
CLÁUDIO: Até parece que veio obrigado.
ADÉLIO: Como pode ser tão cara de pau? Sou eu quem vai pagar a conta esqueceu?
CLÁUDIO: Vai pagar porque ficou me devendo um favor. Espere! Daniela Bolgari?!
ADÉLIO: Onde?
CLÁUDIO: Ali.
(Ele aponta para a mesa onde Daniela está sentada, com as mãos cruzadas olhando para as mesmas)
ADÉLIO: Milagre essa mulher está aqui. Sempre frequenta lugares de alto nível.
CLÁUDIO: Por isso que estamos aqui. E como se não bastasse o destino me presenteia com essa visita inesperada.
ADÉLIO: Cláudio, não quero passar vexame aqui. Cláudio!
(Adélio o grita ao vê-lo ir na direção da mesa de Daniela)
CLÁUDIO: A gente não se conhece de algum lugar?
DANIELA: Olha, semana passada eu fui no castelo do terror do parque Guanabara, pode ser de lá.
CLÁUDIO: Acho que deve ter sido do nosso final feliz da outra boate.
DANIELA: Como assim? Do que você está falando?
CLÁUDIO: Você não está me reconhecendo? Já ficamos várias vezes.
(Ela se levanta)
DANIELA: E veio aqui querendo o que? Um autógrafo?
CLÁUDIO: Não, o repeteco.
DANIELA: Que repeteco?
(Cláudio a puxa pela camisa tascando-lhe um beijo na mesma hora em que Robert volta do banheiro e vê a cena. Ele resolve ir embora sem fazer escândalos)
GARÇONETE: Ham... Com licença?
(Ela interrompe o beijo deles)
CLÁUDIO: Sua indelicada! Não está vendo que estamos ocupados?
GARÇONETE: Moço aqui não é lugar pra isso. Moça, seu shop mais o suco de pêssego...
CLÁUDIO: Suco de pêssego! Eu adoro suco de pêssego, como adivinhou? Naquela noite não bebemos suco.
DANIELA: É, obrigada! Esse suco não é pra você está bem?
(Ela agradece a garçonete e toma o suco de Cláudio)
CLÁUDIO: Achei que estivesse me esperando!
DANIELA: Esperando o que? Eu nem te conheço! Dá licença!
(Adélio se aproxima deles)
ADÉLIO: Cláudio vamos embora, estão todos olhando.
CLÁUDIO: Adélio você me deve um jantar, esqueceu?
ADÉLIO: Devia. Porque depois deste espetáculo eu não te devo mais nada. Vamos embora.
CLÁUDIO: Adélio, você não manda em mim. E vai me pagar o jantar!
ADÉLIO: Não vou te pagar nada. Se você não quer vir, azar o seu!
(Ele se retira do ambiente)
DANIELA: Acho melhor você ouvir o seu amigo.
CLÁUDIO: Ele é o meu primo, não meu amigo.
DANIELA: Ótimo, agora com licença. Ei, você foi a garçonete que me atendeu quando cheguei, não foi.
GARÇONETE: Sim, eu mesma.
DANIELA: Pode me dizer se viu o garoto que estava junto de mim quando chegamos? Ele disse que ia ao banheiro, mas está demorando.
GARÇONETE: Claro, ele foi embora.
DANIELA: Embora? Mas porque, quando?
GARÇONETE: Porque eu não sei, só sei que ele foi embora. Não tem nem dez minutos.
DANIELA: Mentira...
GARÇONETE: Sim, vi quando ele saiu. Foi agorinha mesmo.
DANIELA: Ok, obrigada!
(A garçonete se vira)
DANIELA: Putz!
(Ela leva as duas mãos sobre a cara)

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Amanhece ao som de “Jardins da Babilônia” de Kid Abelha – 02:18 á 02:42

CENA 8: Casa da família Gonzaga/Quarto de Diogo/Interno/Manhã:
ROBERT: Pode acreditar.
DIOGO: Não que eu esteja duvidando, só não faz sentido.
ROBERT: Pois é! Mas com mulheres nada tem sentido.
DIOGO: É verdade. E ela viu que você flagrou?
ROBERT: Não! Assim que eu vi saí do bar de fininho. Não quero mais olhar na cara dela tão cedo. Me chamou pra sair e espera eu ir ao banheiro pra beijar o primeiro pau que aparece.
DIOGO: Que chato! Olha, no seu lugar eu acho que teria no mínimo jogado o copo de cerveja ou do suco, na cara dos dois! Mas eu também tenho uma coisa pra contar.
(Robert senta na cama do irmão e mostra interesse)
DIOGO: Mãe ontem veio aqui falar comigo.
ROBERT: Sério?
DIOGO: Ela veio se desculpar.
ROBERT: Hum, pelo visto a culpa chegou cedo desta vez.
DIOGO: Ou a vontade de reconciliação. Você precisava ter visto as coisas que ela me disse. Daquela maneira tão doce que sempre foi comigo.
ROBERT: Tenho poucas lembranças dessa maneira.
DIOGO: Não parecia aquela mãe que tinha me batido.
(Eles conversam ao som do instrumental)

CENA 9: Casa pacata/Sala de estar/Interno/Manhã:
ADÉLIO: Você não tem o direito de me exigir isso!
CLÁUDIO: Claro que tenho. Ontem você fechou a porta do seu quarto, mas hoje você vai se acertar comigo.
ADÉLIO: Me acertar de que jeito? Não te devo nada.
CLÁUDIO: Me deve um jantar!
ADÉLIO: Eu devia, você quis dizer. Antes de você aprontar o que fez ontem, naquele lugar que estava cheio de gente.
CLÁUDIO: Ah, não faz drama Adélio. Já está na hora de você parar com essas suas tempestades em xícaras de leite. São inúteis.
ADÉLIO: Você é que passou da hora de virar gente e se comportar como um homem de verdade.
CLÁUDIO: E um homem de verdade precisa de ser sistemático como você? Ou dar sermões e palestras por aí?
ADÉLIO: Na maioria das vezes que você está acordado, penso se por dentro da cabeça, você tem almôndegas vencidas ao invés de um cérebro que lhe ajude a pensar.
CLÁUDIO: Você fala como um enxadrista que conhece todas as táticas e estratégias humanas.
ADÉLIO: Claro, só você não vê as coisas que faz!
CLÁUDIO: Não fiz nada demais, apenas matei a saudade...
ADÉLIO: De uma garota que nem te conhece.
(Adélio sorri em tom de deboche)
CLÁUDIO: Ela me conhece sim. Só fez aquilo por charme.
ADÉLIO: Charme? Ah, por favor. Você precisa parar de ficar se comportando como um otário, a mulher estava acompanhada.
CLÁUDIO: Otário aqui é você! E ela não estava acompanhada!
ADÉLIO: Sim, eu sou muito otário de ficar te dando conselhos. Até parece que uma mulher como Daniela Bolgari, saidinha do jeito que é vai ir num lugar daqueles sozinha.
CLÁUDIO: Você que sempre foi esse garoto travado e detesta quando faço sucesso entre as garotas. Vive tentado me por pra baixo através de suas asneiras.
ADÉLIO: Então porque ela te dispachou e começou a procurar pelo Robert?
CLÁUDIO: Robert? Que Robert?
ADÉLIO: Ai Cláudio, eu desisto de tentar salvar você. Já vi que você vai ter que aprender pela rejeição já que as palavras não adiantam no seu caso. Ah, não te devo mais nada, pra encerrar o assunto.

CENA 10: Flat Reinado/Santo Agostinho/26° Andar/Sala de estar/Interno/Manhã:
CLARA: Como isso vai acontecer sem ser armado? Ele não pode suspeitar de nada.
CLEITON: Já cuidei dessa parte.
CLARA: Como?
CLEITON: Combinei um falso encontro com ele no Shopping Diamond Mall, aqui perto. Você vai estar lá por mera coincidência e depois fará sua atuação.
CLARA: E se ele questionar como eu sei da...
CLEITON: Você diz que estava na clínica onde a mãe dele tem convento e ouviu a balconista comentando com alguém. Simples!
CLARA: Não sei se o Diogo cairá nessa, Cleiton!
CLEITON: Ele está carente. Aposto que a primeira ajuda que aparecer logo será aceita. E essa ajuda tem que ser a sua!
CLARA: Tudo bem. Então é hoje!
CLEITON: Questão de algumas horas.
(Ele sorri)

CENA 11: Casa da família Gonzaga/Quarto de casal/Interno/Dia:
(Narmo e Olga conversam por telefone)
NARMO: Estou muito orgulhoso pelo que você fez ontem.
OLGA: Confesso que peguei um pouco pesado com ele. Quer dizer, peguei bem pesado! Tinha que me desculpar, minha consciência ficava me atormentando.
NARMO: Mas isso mostrou o quanto você é uma mãe de verdade! O quanto você é valiosa.
OLGA: Sim, tenho certeza de que ele viu isso. Estou muito feliz e aliviada.
NARMO: E eu estou satisfeito em ver o seu desempenho em corrigir os erros, Olga!
OLGA: A gente vai por partes, né?
(Ela ri)
NARMO: Sim, e você tem se saído muito bem.
OLGA: Você é que sempre se sai bem me apoiando, ficando ao meu lado. Me dizendo sempre as coisas que preciso ouvir... Devo muita coisa á você! E pode ter certeza que nessas horas, o meu sentimento por você é muito maior do que qualquer coisa ruim que já tivemos.
NARMO: Você sabe que eu te amo mesmo com as nossas brigas, né?
OLGA: Sei sim Isso é recíproco. Tenho orgulho de ser sua mulher!
NARMO: E eu de ser seu marido.
OLGA: Obrigada por conviver comigo e me aceitar Narmo!

CENA 12: Shopping Diamond Mall/2° andar/Livraria Saraiva/Interno/Dia:
(Diogo está vendo os livros de uma prateleira e de repente se esbarra com Clara)
CLARA: Oh, me desculpe. Eu não vi... Diogo?!
DIOGO: Clara. Há quanto tempo!
(Ele tenta disfarçar o incômodo)
CLARA: Que foi? Está incomodada com algo?
DIOGO: Não, eu só não imaginei que fosse te encontrar aqui, numa livraria!
CLARA: Pois é, o tempo muda as pessoas.
DIOGO: Está pensando em comprar algum destes?
(Ele aponta para os livros da prateleira ao lado deles)
CLARA: Bem, eu estava apenas olhando, mas sempre tem um que nos chama a atenção.
DIOGO: É verdade!
CLARA: Eu estou indo comer na praça de alimentação, você vem comigo?
DIOGO: Eu estou esperando alguém...
CLARA: Oh não, vai ser rápido!
(Na praça...)
CLARA: Eu não sei se tenho a autorização mas preciso lhe falar algo.
DIOGO: Claro, o que é?
CLARA: Você não vai ficar zangado?
DIOGO: Imagina, pode falar.
CLARA: Eu... Estava saindo á algumas horas da clínica que a sua mãe tem um convênio...
DIOGO: Sim.
CLARA: E escutei uns murmúrios...
DIOGO: Eu não quero falar sobre isso.
CLARA: Diogo!
DIOGO: Clara por favor. Não sabe como está sendo difícil para mim conviver com isto. Quase perdi a minha mãe, minha vida parece que nunca mais vai voltar a ser a mesma, não sou mais o mesmo.
CLARA: Mas eu não estou aqui para te julgar.
DIOGO: Como assim?
CLARA: Assim que pensei em você, me lembrei do garoto suave e alegre que eu conheci. Enxerguei o seu brilho sendo esmagado pela doença, mas isso não pode acontecer.
(Ele entristece)
DIOGO: A parte mais difícil para mim foi ser rejeitado pela pessoa que plantou isso em mim. Não tem nada pior do que a sensação de ter sido usado.
CLARA: Sim, e eu quero te dar esse apoio.
DIOGO: Como assim?
CLARA: Eu não quero deixar você sozinho num momento desses, Diogo. Tudo que você precisa agora é de uma orientação, de um ombro amigo, de uma parceira...
DIOGO: Aonde quer chegar?
CLARA: Eu quero me casar com você. Sim, eu quero estar ao seu lado e lhe ajudar no que for preciso para vencer esse mal terrível que te pegou da maneira mais covarde que existe.
(Congela em Clara. Toca Hero – Thick As Thieves).