– E a professora? Como ela te tratou? - questionou o de cabelos azuis claros, enquanto apagava o fogo e tampava as panelas para manter a comida quente. Estava mais aliviado que a professora de seu pequeno seria sua amiga, mas mesmo assim se sentia um pouco inseguro em ter Hikaru longe de si. Ser professor dele no jardim de infância que provocou essa insegurança, Kagami tinha tentado colocar Hikaru em outra escolinha na época, mas o menor insistiu em fazer a pré-escola com a mãe. Agora seria difícil aceitar que seu pequenino estava sob os cuidados de alguém mais.

– Momoi-sensei é muito legal! Fez a gente desenhar e também brincou com a gente no pátio. A gente estava brincando de pega-pega quando o Yoshiki pegou na minha blusa e disse que eu estava com o pega, mas tocar na roupa não conta, né? Ele começou a brigar comigo e o Furihata-kun disse pra gente resolver isso numa corrida. Ai eu ganhei dele na corrida e ele ficou com o pega – contou o pequeno Hikaru, enquanto sua mãe arrumava a mesa para o jantar.

– Desta vez você conseguiu ganhar do Yoshiki? – perguntou Kuroko, se abaixando e passando a mão na cabeça de seu filho. – Papai ficará orgulhoso em saber disso.

– Em saber o quê? – a voz atraiu a atenção dos dois e Hikaru correu para os braços do pai.

– Papai! Hoje na escola eu ganhei do Yoshiki numa corrida! – Kagami levantou seu pequeno no colo, com um grande sorriso.

– Mesmo? Esse é meu garotão! – Kuroko riu diante da cena, mas logo ficou sério ao ver um curativo na bochecha esquerda do maior.

– Taiga... – o ruivo deixou o menor e se aproximou de seu amado, beijando os lábios dele com doçura.

– Foi só um corte. Uma casa desabou na periferia e tinha uma mulher presa entre os escombros – ao notar o olhar ainda preocupado do menor, ele o abraçou. – Não fique preocupado, Tetsuya. É meu trabalho.

– Eu sei – sussurrou Kuroko, se abraçando mais forte a sua luz. – O jantar está pronto. Porque não toma um banho com Hikaru e depois comem?

– Está bem – com um beijo na testa dele, Kagami soltou-o e pegou Hikaru embaixo do braço.

– Ah! Mamãe! Mamãe! O monstro do banho me pegou! Ahhhh! – gritou o pequeno, entre risadas.

– Não adianta pedir ajuda! O seu destino é tomar banho agora! – Kagami tentou dar uma risada maligna e Kuroko não conseguiu evitar um sorriso, enquanto ia terminar de arrumar a mesa. Passava os dias se preocupando com seu marido, mas quem não ficaria se estivesse em seu lugar? Kagami, com seu grande e bondoso coração, escolheu ser bombeiro para ajudar as pessoas, se arriscando em prédios incendiados ou que desabaram. O telefone podia tocar a qualquer momento para que ele soubesse que no mundo já não existia Kagami Taiga.

Com um suspiro, colocou as panelas sobre a mesa. Ficar se preocupando com algo que podia não acontecer era um tanto masoquista, mas ele não podia evitar. Era uma sombra e Kagami era a luz que dava sentido a sua existência. Ficaria completamente perdido se o perdesse. E ainda tinha Hikaru... Como seria capaz de deixar Hikaru sem seu amado pai?

Medo tinha se tornado companheiro constante dele, porém sempre que seu amado estava em casa, o alívio e a felicidade tomavam conta de sua mente. Era feliz e tinha certeza que Kagami e Hikaru também eram felizes com ele. E isso bastava.

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No escuro do quarto, Takao se acomodava sobre o peito nu de seu esposo, que o rodeou com os braços. Há quantos dias não dormiam juntos? A profissão de Midorima era um saco, mas era a vocação dele e o moreno devia admitir que se sentia orgulhoso sempre que escutava que graças ao seu amado Shin-chan alguma vida tinha sido salva. Porém havia momentos em que o maior buscava refúgio em seus braços e não era necessário perguntar para saber que uma vida se perdeu na mesa de cirurgia. Essa era a rotina de ser médico.

– De manhã vou me desculpar com Seitarou – afirmou Midorima, de repente. – Você sabe, por não ter ido busca-lo na escola.

– Não se preocupe. Eu disse a ele que você teve uma emergência no hospital e ele foi muito compreensivo.

– Como sempre. Tenho muito sorte por ter vocês dois ao meu lado – o abraço se tornou mais firme. – Está com frio?

– Um pouco – confessou o menor e logo sentiu a coberta sobre eles. – Shin-chan é tão fofo!

– Pare com isso, Kazunari. Só não quero que adoeça – retrucou o maior e Takao riu levemente.

– Me chamando pelo nome, debaixo das cobertas... Você é tão indecente, Shin-chan – provocou ele.

– Indecente, é? Vou mostrar a você o que é ser indecente – logo Midorima estava sobre o corpo de Takao e ambos trocaram um beijo cheio de paixão. Finalmente podiam passar uma noite juntos e, por isso, aproveitariam ao máximo.

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Quando o despertador tocou, marcando as 3:30 da manhã, o loiro já estava de pé, pronto para sair. E Yukio tinha acabado de terminar de fazer o chá para seu esposo. Após colocar o chá numa térmica e guarda-la na bolsa de Kise, sentiu o abraço deste.

– Yukiocchi, é perigoso andar de roupão pela casa. Alguém pode ver você – disse o loiro, mordendo o pescoço do menor.

– É perigoso ficar de roupão perto de você – virando-se, Yukio beijou os lábios de Kise e depois sorriu para ele. – Agora vá ou vai chegar atrasado no aeroporto. Se despediu de Kouta?

– Irei assim que me despedir de você – com um sorriso galante, o loiro beijou o moreno, seus corpos se colando e mostrando a necessidade que ambos sentiam em ficar juntos.

– Papai? – a voz fina os fez parar o beijo e olhar para a porta da sala. Kouta vinha arrastando seu cachorrinho de pelúcia amarelo enquanto se aproximava dos pais. – Bom trabalho hoje.

– Koutacchi! – escandaloso como sempre, Kise atravessou a sala como um raio e abraçou seu filho. – Tão fofo! Tão fofo!

– Papai, não consigo respirar – reclamou o pequeno e o loiro o soltou, beijando sua testa e se levantando.

– Eu vou indo – mais um selinho nos lábios de seu esposo e Kise saiu para a madrugada fria. O sorriso bobo de repente se desvaneceu, ao se lembrar dos acontecimentos do dia anterior, porém rapidamente voltou a sorrir. Já há muito tinha superado o passado e seu presente agora era mais do que perfeito. E faria de tudo para que assim continuasse.

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– Mas é cedo, mama-chin – resmungou um sonolento e manhoso Noa, se agarrando a sua cobertinha do Totoro e com sua nova mania de colocar “chin” nos nomes das pessoas. Mania que pegou de seu pai depois de passar uma tarde com este.

– Seu pai pediu para ficar com você hoje, não quer ir? – perguntou o de cabelos escuros, entregando para seu pequeno o copo com leite achocolatado.

– Quero muito ir. Mas eu tô com sono – o menor coçou os olhos, como para tentar convencer sua mãe.

– Peça para ele deixa-lo dormir um pouco, tenho certeza que ele não vai negar – terminando de arrumar a lancheira de seu pequeno, Himuro ouviu a campainha do apartamento tocar. – Vem cá, vamos receber o papai.

Com a agilidade característica de qualquer mãe, pegou seu pequenino no colo e foi até a porta, abrindo-a. Murasakibara baixou o olhar e ficou um pouco confuso.

– Ele não que vir? – foi a primeira coisa que disse, fazendo Himuro rir.

– Ele quer, mas ainda está com sono. Noa, fala oi pro papai – o pequeno se mexeu e estendeu os braços para o pai, que logo o pegou no colo.

– Tô com sono, papa-chin – o arroxeado riu, enquanto pegava a pequena mochila e a lancheira no braço livre.

– Ne, eu também estou com sono. Assim que chegarmos em casa, vamos dormir? Papa-chin tem uma cama grandona – respondeu o maior, sentindo como o pequeno assentia contra seu ombro.

– Qualquer coisa que precisar, pode me ligar, Atsushi. Tchau, Noa – acariciando o cabelo de seu filho, Himuro se despediu e já ia fechando a porta.

– M-Muro-chin, espera! – quando os olhares de ambos se encontraram, Murasakibara se perguntou o que tinha pra falar para Himuro. Nada lhe vinha a cabeça, então ficou calado, esperando que o menor de alguma forma mágica soubesse o que ele queria dizer. O que não aconteceu, é claro.

– Não se preocupe, Atsushi. Só peço que o leve e busque na escola no horário correto e que não comam muitos doces, pode fazer mal. Até mais – esta vez, Murasakibara não impediu que a porta fosse fechada. Demorou um pouco para se recompor e começar a andar pelo corredor.

Apenas quando teve certeza de que ouviu a porta do elevador se fechando, Himuro se mexeu. Ou melhor, caiu. Com as costas coladas na porta, suas pernas perderam as forças e acabou sentado no chão. Tantos anos tinham se passado e com um segredo tão grande... Porque? Porque ainda sentia esperanças de que Atsushi lhe dissesse algo que os aproximaria de novo? O único que restara daquela paixão ardente foi Noa, nada além dele.

Então porque desejava tanto ouvir o que Murasakibara parecia querer lhe dizer?

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