Durante uma boa parte do dia ele ficou dormindo no sofá. Ao acordar sem saber a hora, olha o relógio marcando 18h31min. Liga a televisão enquanto vai ao banheiro e lava o rosto, passando no noticiário sobre um caso recente da garota Rafaela Carolina de onze anos, que estava desaparecida e foi encontrado corpo dela numa estrada de terra quatro quilômetros de distância de onde sumiu. Há vestígios que foi abusada sexualmente antes de ser morta, olhando aquilo enquanto coloca sua máscara e luvas, diz:

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— Como conseguem fazer tamanha perversidade com uma garota de onze anos?! –aumentando o volume.

“Rafaela Carolina desapareceu dias atrás e contamos em primeira mão essa história. Hoje cedo acharam seu corpo na estrada de terra em...” –baixando o volume, nervoso com que estava vendo e como de costume conversa consigo mesmo:

— Jamais... Jamais vou fazer isso de novo... Matar pessoas, quanto mais eu matar... Mais vou me igualar a esses assassinos... Eu... Eu não vou mais fazer isso... Ainda mais crianças, eu nunca matei e nem vou... São crianças nem todas são ruins... Eu prometi a mim mesmo que jamais farei mal a uma criança. –se lembrando dos sobrinhos quando foi na casa de seus irmãos que não os machucou por não terem nada a ver com a situação.

Enquanto assistia a reportagem, seu olhar de medo ficou com olhar fixo, seus punhos se fecharam. Determinado em fazer algo, pega o celular e está carregado 100%, e querendo entender o motivo das pessoas terem ficado tão violentas principalmente os adolescentes. Relendo a matéria do adolescente que tinha sido solto, ele grava o endereço onde o ônibus estava e vai a pé para o local.
As ruas movimentadas e engarrafamento, após duas horas caminhando os carros andando em baixa velocidade. Duas pessoas numa moto tentam assaltar um motorista, já que estava por perto e cansado de observar tamanha violência sem fazer nada. Seu instinto sempre falando primeiro, ataca os bandidos, derruba o que estava pilotando nocauteando, o outro tenta atirar nele, mas a bala dispara para o lado atingindo porta-malas de um carro da frente. As pessoas saem de seus carros desesperadas, Johnny coloca mão esquerda no cano da arma e a bala atravessa perfurando a luva e a pele.
Com dor, mas no seu corpo adrenalina correndo tentando segurar o grito de aflição arremessa a arma longe e questiona:
— Dá pra parar?! –fala com tom de voz alto e grossa e ofegante – Eu não vou te matar, nem te espancar, só quero saber quem foi esse cara que foi solto?! Já que não revelaram o rosto.
— Não vou falar! –caído no chão.
— Escuta aqui, seu merda! Não quero saber se vocês têm esse maldito código de nunca delatar seu amigo, fala agora ou vou encravar essa foice no seu queixo e te arrastar na rua. –levanta a foice fazendo o gesto de perfuração.
— Não vou falar! –repetindo a mesma frase.
— Escuta, vou repetir mais uma vez, a onde posso encontrá-lo?! –encrava a faca na canela e geme de dor.
— Tá bom, tá bom... Eu falo... –gemendo de dor – Nome dele é “Armário”.

Encrava a faca mais ainda e diz:
— Para de inventarem esses apelidos, ele tem nome! Como ele é?!
— Wi... William! –ofegante sem força e seus dois braços na perna machucada – Ele é baixo e magro e tem uma tatuagem de uma espada na nuca.
— Foi difícil? Obrigado. –tira a faca da canela e começa a caminhar.

Johnny de costas o bandido pergunta:
— Quem é você?! –gemendo de dor.
— Eu não sei. Sinceramente eu nem sei se existo. –pensando no que tinha se tornado.

Com os passos lentos caminhando até o bairro onde possivelmente adolescente que cometeu crimes que foi solto esteja por lá. Johnny entra no bairro movimentado, com pessoas armadas logo na entrada, todos olham estranhamente. Percebendo que está sendo notado e o local é hostil, tira o capuz e continua a seguir seu trajeto. Porém, um dos bandidos armados chega perto dele e diz:
— Que você está fazendo aqui? Quem é você? –segurando uma AK-47 sem camisa e de bermuda e chinelo olhando para sua máscara.
— Desculpe, é que estou perdido, queria achar um primo distante meu chamado William, já que minha família toda foi morta num acidente e meu rosto foi desfigurado. –levanta a máscara do rosto e continua a falar – É que recentemente descobri que meu parente mais próximo e ao mesmo tempo distante, um rapaz chamado de Willian que mora por aqui. A onde posso encontrá-lo?

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O bandido suspeitando começa a deixar de lado, vendo que era apenas um garoto com deformidade que não apresentava ameaça alguma. Nem suspeitava que Johnny estivesse com uma faca e foice nas costas escondidas debaixo da sua blusa e casaco e mentindo sobre tudo que disse. O deixando passar e apontando onde era, e chama um garoto para mostrar o caminho.
Chegando à casa, o garoto deixa o Johnny na porta e entra na casa já que a porta fica sempre aberta. Fechando-a devagar chama William, como sempre acostumado que entram sem se identificar, vai até Johnny e surpreendido pela sua roupa diz:
— Quem é você e o que está fazendo aqui?
— Da pesar que estou com muita vontade de te matar, mas não posso. Vou ser direto. Por que matou aquelas pessoas no ônibus?
— Me matar? Como assim? Era parente de uma daquelas pessoas? –começa a ri sacando uma pistola e continua falando – Vai fazer o quê? Está fantasiado como um herói por qual motivo? Vai fazer justiça igual ao Batman? Volta para casa que você não sabe com quem está se metendo. –se achando o invencível por está armado, erradamente sabia que Johnny também estava.

Johnny retira a faca e a foice das costas, por mais uma pessoa está provocando e humilhando do que é capaz como na escola no passado. William ao longe diz:
— Você parece um garoto, não quero te machucar, vá para casa. –subestimando do que ele é capaz de fazer.

Quando Johnny em silêncio o ataca e o rapaz usando sua pistola dispara contra ele, perfurando o tórax e atravessando o pulmão, descarregando a arma e ao longe os tiros foram escutados pelo os outros bandidos. Sem tempo para sentir agonia dos seus órgãos perfurados, introduziu a foice no braço esquerdo na parede prendendo-o e questiona:
— Por que você fez aquilo?! –falando alto em tom de raiva.
— Eu... Eu... Aproveitei a oportunidade... –tendo dificuldade para falar com dor da foice no seu braço.
— Oportunidade de matar pessoas inocentes para pegar dinheiro e pertences das pessoas?! Sabia que tinha pessoas indo ou saindo ao trabalho? E você não arruma trabalho, por quê?!
— Não consigo... Então, tenho que roubar, era a única saída... –de um homem armado se achando que tinha moral, em segundos tornou-se uma criança com medo do bicho papão.
— Me perdoa pelo que vou falar! Mas ser pobre não é desculpa para ser delinquente! Os anos passam e vocês só pioram, agindo como se o mundo girasse em torno de vocês do jeito que querem. Vocês têm que entender que o mundo dá voltas, quanto mais acharem que estão no topo, maior será a queda! –falando, mas nervoso.

Os homens armados de alturas diversos, eles vêem William preso com dor e Johnny parado encarando-os. Começaram a atirar, Johnny retira a foice e vai para cima deles, os tiros se ecoavam pelo bairro de calibres diferentes, aos poucos cada um sendo silenciado. Na casa, sangue espirrado no chão, da parede até o teto. Cheio de furos de balas, corpos caídos e Johnny em pé, ofegante e dificuldade em respirar.
Sai da casa com as pessoas na rua olhando assustadas para ele, já que o bairro era extremamente perigoso e comandado pela bandidagem as pessoas voltaram para as casas fingindo que não viu. Com sangue na sua roupa e perfurações, mancando na perna direita por causa das balas, não respirando normalmente. Arrastando as armas brancas pela as correntes presas em seus punhos no chão. Quase caindo sem forças, mas ficava em pé o máximo que dava, a polícia passando por ele sem percebê-los.
Durante algumas horas fez o caminho inverso da cabana, sempre se espreitando nas sombras para não chamar atenção, se desequilibrando e apoiando nas coisas. Finalmente chegando a casa na floresta, se joga de joelhos no chão exausto, e deita se rastejando até o canto do chão entre o sofá e a parede. Sozinho sem ninguém para ajudá-lo ou confortá-lo já que a única pessoa que sempre o tratou bem era sua mãe que tinha falecido há muitos anos que o abraçava e dava beijinhos em sua testa para dor passar. Com medo e aflito de como mundo sempre o tratou, sempre tentando revidar quando o atacam e no final, quem saía mais machucado era ele mesmo. Senta-se encolhido chorando de dor, lembrando que nunca teve memórias boas com outras pessoas, sempre tendo experiências ruins.
Passando a mão na barriga e no tórax, sentido dores, levanta a camiseta e as balas perfuraram o estômago, fígado e intestino, cada inspiração e expiração conforme que várias lágrimas iam caindo. Tira a máscara, e se aperta encolhido conforme cada gota ia descendo de seu rosto deformado. Seus choros não davam para ser escutado no som isolado da floresta, no final existiam duas pessoas naquela cabana: Johnny e a solidão.